O que parecia improvável em meados do final do milênio passado acabou acontecendo cerca de vinte e três anos depois da adaptação cinematográfica de uma das obras mais arrepiantes de Stephen King: Carrie, a estranha, uma sequencia que ninguém pediu, basicamente geral odiou e hoje é mais esquecido que o Chaves na vila quando todo mundo vai para Acapulco.
Numa tentativa pífia de conquistar um novo público e de trazer de volta às telas de uma forma renovada o clássico de Brian de Palma de 1976, uma sequencia adaptada aos dias atuais foi lançada uma continuação de Carrie desta vez focando todo o protagonismo em outra jovem que desde de muito pequena despertara poderes psíquicos muito poderosos.
Mostrando que a adolescência é um problema longe de se erradicar, o filme nos apresenta a um grupo de rapazes que tem um esquema de conquistas visando o maior número de transas com as garotas da escola e acabam incluindo em seu jogo de prazeres, a protagonista sem saber que ela esconde poderes além da compreensão.
O que se segue então é um jogo de conquistas e mentiras enquanto a protagonista tenta controlar suas habilidades e o seu coração apaixonado, antes que um novo e sangrento massacre possa acontecer.
O filme abre com uma mulher pintando uma parede de vermelho cercada de velas e imagens sacras enquanto implora para que alguém fique longe da filha dela, a pequena Rachel Lang.
A mulher é Bárbara que acaba sendo denunciada por vizinhos sendo dada como louca e levada por uma junta de enfermeiros de um sanatório enquanto um assistente social oferta à Rachel sua ajuda e sua realocação em uma instituição de acolhimento até que ela possa ser redirecionada à um lar adotivo seguro.
A menina se recusa e seu ódio e medo despertam seus poderes ocultos que faz com que objetos de sua casa se movam sozinhos fazendo com que ela se tranque no armário para se acalmar consciente de que ela provocou aquilo.
Os anos se passam e agora Rachel é uma adolescente vivendo sob os cuidados de Boyd e sua mulher que vivem uma relação tóxica e distante.
Depois de mais um café da manhã caótico, Rachel vai para a escola onde ela é a garota esquisita e com amigos contados nos dedos e assim como qualquer outra instituição do ensino médio, abriga uma série de adolescentes retardados que só querem saber de sexo e tudo que não presta.
Lisa, uma das poucas amigas de Rachel caminha completamente anestesiada até o terraço de uma das instalações da escola e simplesmente se joga para a morte, o que faz com que os poderes de Rachel voltem a se manifestar fazend0 com que as portas dos armários batam sozinhos.
No refeitório, os jovens Mark Bing e Erik Stark discutem o ocorrido com muito bem humor e revisam um caderninho com anotações de quantas vezes cada um do grupo já transou e com quantas garotas da escola cada qual recebendo uma pontuação medida pela facilidade pela qual cada uma se deixa levar e se elas eram ou não virgens e Lisa era justamente uma dessas coitadas que caíram na conversa de um deles.
Um tempo depois, na diretoria da senhora Sue Smell, Rachel é interrogada pelo xerife Kelton e ela confirma que Erik e a falecida tinha um caso recente antes desta ter se matado além de dizer que a menina tinha perdido a virgindade com ele.
Jesse Ryan, um dos rapazes do grupo de Mark está saindo recentemente com Tracy Campbell, porém diferente dos amigos o rapaz está visivelmente afetado com o que aconteceu com Lisa.
À noite, os poderes de Rachel fazendo com que uma colher se mexa mas a jovem consegue controlar.
Boyd aparece no quarto da filha e diz que Walter, o cachorro de estimação da jovem fugiu fazendo com que ela corra até a varanda em pânico. Ao encontrar o animal, ele é atropelado por uma caminhonete de carga de porcos. Rachel grita por ajuda e seus poderes fazem com que o carro de Jesse que passava por perto simplesmente pare e depois de um breve papo, o rapaz tocado pelo ocorrido resolve ajudar a colega com o cachorro levando-o até o veterinário.
Depois que o cachorro estabiliza e fica na clínica para observação, Jesse convida Rachel para ir até uma lanchonete e lá, os dois começam a se abrir e o rapaz sabendo que Lisa era uma amiga da garota ele se solidariza e a leva de volta para casa.
Na manhã seguinte, Rachel sonha com a morte de Lisa enquanto fala com Sue que compartilha um trauma de adolescência: o massacre ocorrido no colégio de sua cidade natal pelos poderes descontrolados de sua amiga Carrie White do qual ela sobreviveu por muita sorte.
Sue tenta convencer a aluna à se abrir sobre o que verdadeiramente a aflige desconfiando que ela esconde algo e os poderes de Rachel despertam fazendo uma caneca se mexer.
Na saída da diretoria, Rachel culpa Erik pela morte de Lisa dizendo saber o que ele fez e posteriormente, durante um treino de futebol americano, o xerife Kelton interroga o rapaz que não consegue negar seu envolvimento com Lisa e isso lhe custa uma suspensão na próxima partida que será decisivo para o time da cidade, além de uma audiência obrigatória com um promotor de justiça pelo crime de abuso sexual.
Erik se reúne logo depois com Mark e menciona sua suspeita de que Rachel entregou sua cabeça e resolve se vingar por ter ficado de fora do jogo.
À noite em casa, Rachel ouve a porta principal bater e a tensão faz seus poderes baterem as janelas até por fim receber uma ligação indecente de Mark que a ameaça.
Depois, Mark, Erik e um amigo chamado Chuckie Portter voltam a bater à porta de Rachel. Erik tenta invadir por uma janela mas ao levantá-la, Rachel faz com que a mesma se feche com força prendendo os dedos do rapaz que foge com os outros enquanto a garota chama a polícia.
Com tudo calma, Boyd e a mulher chegam e Rachel recebe outra ligação de Mark a ameaçando se continuar expondo os podres de Erik.
Na manhã seguinte, Rachel confronta Jesse sobre sua possível participação no susto da noite anterior mas ele se isenta e a convence a saírem juntos.
Jesse por sua vez confronta Mark que confirma as ameaças à Rachel e os dois tem uma breve briga.
Enquanto isso, Sue faz uma sessão terapêutica com Rachel tentando faze-la confirmar que ela tem poderes psíquicos e a garota acaba se descontrolando ao fazer um vazo se quebrar. Sozinha e pasma, a diretora relembra o massacre de Carrie.
À noite, Rachel sai com Jesse como combinado e os dois acabam tendo um momento afetuoso que culmina com a chegada de uma chuva. Dentro do carro, os jovens trocam algumas palavras e se beijam iniciando as preliminares. Rachel no entanto, se contém e diz que é virgem.
Em paralelo, Sue vai até o sanatório onde está internada Bárbara, mãe biológica de Rachel e ela tenta descobrir quem é o pai da garota. Quando Sue pergunta sobre os poderes de Rachel, Bárbara fica agitada mas acaba revelando que seu ex-marido era Ralph White, pai de Carrie e que ela sempre escondeu os poderes da filha pois já sabia do passado da meia-irmã da menina e temia represálias.
Sue convida Rachel para visitar os escombros de sua antiga escola e revela que aquele foi o palco do maior massacre já ocorrido em sua cidade natal e tudo foi graças os poderes mentais de Carrie, o que faz a aluna se agitar.
Como último recurso, Sue revela para Rachel que ela é irmã por parte de pai de Carrie White e que ela assim como a própria Carrie herdaram os poderes de seu pai, Ralph. Em pânico, Rachel sustenta a verdade que sua mãe contara a vida toda se pondo em estágio de negação.
Durante a audiência com o juiz e o promotor, Erik entrega seus amigos, mas devido ao fato de seu pai ser um advogado muito importante e que está disputando um cargo político naquele mesmo ano, cujas eleições ocorrerão nos próximos meses, sua denuncia é varrida para debaixo do tapete e as acusações dadas como contraproducentes.
Mais tarde, Rachel vai até uma perfumaria agora mais calma e encontra Deborah, uma colega que simpatiza com ela e é inimiga de Tracy Campbell e ela incentiva a jovem a investir em Jesse o pintando como incorruptível.
Em paralelo, Mark se faz de arrependido pelas merdas do passado e empresta para Jesse as chaves da casa de férias de sua família para que o amigo tenha uma noite romântica com Rachel no fim de semana que se avizinha.
Chegado o dia, Jesse apanha Rachel totalmente caprichada no visual. Os jovens vão até a casa de férias de Mark onde começam um lance e depois de um breve recuo eles finalmente transam.
Na manhã seguinte, Rachel volta para casa na ponta dos pés entrando pela janela do quarto, mas Boyd que a esperava a estapeia e a castiga com uma semana sem sair de casa.
Sue volta ao sanatório e pede para Bárbara que confirme à filha que ela é filha de Ralph White e que a autorize a leva-la consigo até uma clínica especializada para que ela seja ajudada enquanto ainda é tempo.
Enquanto ocorre a esperada partida pelo campeonato da escola, Sue dá o seu jeito para tirar Bárbara escondida do sanatório.
Ao saber através da rádio local que transmite o jogo que Jesse foi ferido durante uma jogada, Rachel foge pela janela e chega na partida bem no momento em que o time da escola é sagrado campeão graças ao touch down decisivo de Jesse.
Depois da partida, Rachel é convidada por Deborah e sua amiga Monica para ir até a casa de férias de Mark para festejar a vitória do time enquanto Jesse acaba tendo que pegar uma carona com Tracy ao encontrar seu carro todo vandalizado.
Sue chega ao estádio logo em seguida descobrindo que Rachel foi para a festa.
Enquanto isso, Tracy faz uma incursão em sua casa para trocar de roupa e tudo como desculpa para enrolar Jesse e deixar Rachel desprotegida.
Na festa, geral trata Rachel muito bem e a convidam a beber e dançar. No meio da festividade, o caderninho de transas é exposto e Rachel descobre que Jesse fazia parte do esquema e a fazem acreditar que ela era mais uma trouxa e detentora das maiores notas já que ninguém queria nada com ela.
Os rapazes ridicularizam a memória de Lisa e terminam de humilhar Rachel exibindo no telão uma gravação da primeira vez da garota com Jesse para confundi-la ainda mais.
Rachel perde a noção da realidade devido o despertar de seus poderes e estes causam um terremoto na casa seguido por estilhaços das paredes de vidro que causam a morte de vários jovens fazendo os que sobram correr de pânico.
Completamente inconsciente, Rachel usa seus poderes para mover uma espada de decoração se mover sozinha empalando um dos rapazes contra uma porta e sem perceber também acaba empalando Sue do outro lado assim que esta chega.
Em seguida, Rachel faz vários cd's soltos se mexerem e como shurikens, eles cortam mortalmente uma horda de jovens.
Tudo começa a pegar fogo e alguns jovens ainda em pé são atingidos pelas chamas enquanto Mark, Erik e Deborah que o tempo todo estava mancomunada com os rapazes fogem até um salão de armas para se protegerem.
Os rapazes voltam a correr chegando no salão da piscina onde tenta atirar em Rachel que usa seus poderes para ofuscar os olhos de Deborah além de usar o arpão da garota para perfurar o saco de Erik o matando.
Rachel desarma Mark até que Bárbara chega a fazendo reagir e nisso, o rapaz acerta um tiro na jovem a fazendo cair na piscina. Ela usa seus poderes para fazer a lona cobrir a piscina completamente e faz Mark cair na água saindo logo em seguida enquanto ele morre afogado.
Bárbara abraça Rachel exausta e totalmente consciente, mas acaba enlouquecendo e desconhece a filha dizendo que o diabo está nela a abandonando em prantos e pedindo à Deus para ela morrer.
Jesse aparece fazendo Rachel reagir mas ela usa seus poderes para derrubar uma pilastra sobre Monica que morre. O rapaz convida a amada para fugir com ele, mas Rachel expõe o caderninho das transas dizendo não acreditar nele, porém o amor fala mais alto e ela perdoa o namorado.
No entanto, quando o casal ia se abraçar a escadaria para o andar superior se rompe e cai sobre Rachel que empurra Jesse ficando completamente presa.
Rachel pede para que Jesse vá embora e diz ama-lo sendo coberta pelas chamas. Em seu último ato de amor, a jovem usa o resto de seus poderes para impulsionar Jesse até a lona da piscina para que ele escape de ser eletrocutado.
Um ano depois na universidade, Jesse agora cria Walter, o cachorro de Rachel que se recuperou e do nada, ouve uma janela bater. Ao se sentar sobre uma penteadeira para estudar, Jesse vê o reflexo de Rachel no espelho e ele a beija apaixonadamente até que ela se despedaça como se fosse vidro num momento CGI muito pobre até mesmo para a época.
No final alternativo, neste último momento, Rachel cospe uma cobra de CGI na boca de Jesse que sufoca, se contorce e por fim é jogado contra o espelho.
Esta última cena também carrega o uso de um CGI muito ruim, então por certo a produção acabou optando pelo menos pior, ainda que para mim o corte rejeitado seja mais interessante para um final mais medonho.
Não vou ser completamente negativo, apesar das falhas e do roteiro mal concluído e até mesmo chupinhado do primeiro Carrie, o filme até que tem um desenvolvimento legal e uma protagonista minimamente interessante.
O núcleo escolar está muito bem representado para os padrões da época trazendo todos os estereótipos de adolescentes irritantes e irresponsáveis em um bom filme de terror jovem.
A forçada de barra veio mesmo com a continuidade sanguínea desnecessária de Carrie como se somente seu pai pudesse espalhar os poderes psíquicos adiante. Eu até achei bacana como ligaram a trama ao clássico de 1976 trazendo de volta a veterana Amy Irving no papel de Sue, além das constantes cenas em flashback de Carrie a estranha que nos trazem um rápido vislumbre de Sissy Spacek no papel de sua vida.
Contudo o final da personagem é muito preguiçoso e fez com que o legado de Carrie acabasse sendo enterrado para sempre junto com a última testemunha (lúcida).
O arco final nem precisa falar nada, foi um total copia e cola do original até mesmo referenciando o vestido longo e vermelho que Rachel usa na festa, o que faz este filme ficar parecendo um remake noventista bem antes mesmo da primeira readaptação da obra de Stephen King ganhar as telas da tevê em 2002.
No mais, o filme é bem mediano no quesito história e cenas de terror, mais passando para um drama jovem com alguma pitada de suspense e ficção científica. Já no conteúdo técnico como eu já falei lá em cima, o uso de CGI está deveras primário, muito longe do que já era possível de se produzir na época. Orçamento curto? Talvez.
Trailer:
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