Voltando à era de ouro do cinema, um nicho que eu tenho deixado de lado há um bom tempo, eu trago um cult esquecido dos anos 1930 que trás a primeira obra a abordar o tema de zumbi abertamente até George Romero popularizar o subgênero quase quarenta anos depois com a sua A noite dos mortos-vivos.
Este filme no entanto trás zumbis mais ao pé da letra, revividos através do vodu e na trama nós conhecemos um feiticeiro maligno que faz uso da arte antiga de ressuscitar os mortos para trazer uma jovem noiva de volta à vida para um milionário que é secretamente apaixonado.
A trama frenética vai trazer com uma riqueza de detalhes como funciona a arte de reviver os mortos e suas consequências além de retratar a ganância desmedida do antagonista, o feiticeiro já mencionado que tem seus próprios propósitos por trás desta história de amor não correspondido.
Tudo começa no Haiti no período da escravidão durante uma cerimônia típica de um funeral no meio da estrada por onde passam de carruagem o casal de noivos Neil Parker e Madeline Short além de seu cocheiro .
Depois de se afastarem do local e de serem comunicados pelo cocheiro sobre o que está acontecendo, o casal cruza com um homem misterioso de cavanhaque duplo e um vistoso par de sobrancelhas que toca Madeline sem dizer uma só palavra.
O cocheiro pasmo, informa aos amos que aquele grupo que celebra o funeral são zumbis, uma prática oriunda do vodu muito comum no país e logo iniciam uma evasão rápida até chegarem à mansão de um homem chamado Charles Beaumont onde são recebidos por um médico chamado Bruner.
A longa viagem de Neil e Madeline tem como finalidade a realização do casamento de ambos e o início de um emprego do jovem graças ao tal Beaumont que além e tudo forneceu sua residência para a cerimônia matrimonial.
Depois de informado pelo mordomo sobre a chegada dos hóspedes, Beaumont recebe o cocheiro de uma pessoa misteriosa que é um zumbi e este o conduz até um engenho onde outros zumbis trabalham arduamente para um homem poderoso chamado Legendre que ironicamente é o mesmo estranho que tocou Madeline na chegada.
Legendre confia à Beaumont uma pequena ampola com um líquido misterioso do qual deverá ser dado à Madeline para que o milionário possa tê-la em seu poder.
Neste momento, é iniciada a cerimônia de casamento de Neil e Madeline e Beaumont que já está em sua residência dá á jovem uma rosa embebecida com o líquido.
Do lado de fora, Legendre aguarda enquanto talha em uma vela uma boneca de vodu e a envolvendo em um lenço que ele tomou de Madeline sem que ela percebesse.
Durante o brinde dos noivos, Madeline vê a face de Legendre dentro da tigela de ponche e se põe em um estado de transe enquanto o malfeitor a desmaia através de sua boneca.
Madeline acaba morrendo e é sepultada sem perda de tempo enquanto Neil se embebeda em uma taberna de quinta.
Nesta mesma noite, próximo ao cemitério, Legendre mostra para Beaumont seus servos zumbis que em vida foram seus maiores inimigos na arte da magia negra e também seu próprio mestre que lhe ensinou tudo o que ele sabe sobre vodu.
O grupo retira o caixão de Madeline de seu sepulcro ao mesmo tempo que Neil vaga bêbado gritando o nome da amada pelo cemitério.
Ao se dar conta do roubo do corpo de Madeline, Neil vai até o doutor Bruner que diz que há a possibilidade da jovem estar viva e que está nas mãos de nativos.
Enquanto isso, Madeline desperta e fica sobre o comando de Legendre tocando piano angelicalmente para Beaumont que não se sente satisfeito com a jovem que secretamente é seu grande amor e que por isso ele recorreu à magia negra, para tê-la.
Beaumont diz à Legendre que falta o néctar da vida à Madeline e ele pede ao feiticeiro que a traga de volta ao seu estado normal, mas ao invés de acatar, Legendre oferece um brinde ao sócio que acaba caindo na armadilha se tornando vítima do líquido de controle zumbi.
Caindo em desgraça, Beaumont roga pela ajuda de seu mordomo Silver, mas o exercito de zumbis o agarram e o atiram às águas pútridas do esgoto do castelo de Legendre.
Na manhã seguinte, Neil e Bruner vão até uma aldeia à procura de um feiticeiro vodu chamado Pierre e o mesmo ao ser encontrado menciona a existência de um homem mau conhecido como "Murder" que é poderoso e pode controlar os mortos.
Um tempo depois, a dupla alcança um monte muito alto onde há um castelo que segundo o feiticeiro é o covil do misterioso Murder que é nada menos que Legendre.
Mesmo com Madeline em transe e Neil começando a perder a sanidade, o casal ainda consegue manter um elo forte que os une e os fazem sentir a proximidade um do outro.
Em paralelo, Beaumont está quase totalmente sob o controle de Legendre sem se quer conseguir falar.
Poucos instantes depois, Neil chega ao covil de Legendre se separando de Bruner e acaba desmaiando ao chegar na porta principal. Ao detectá-lo, Legendre comanda Madeline para que caminhe até Neil para mata-lo com um punhal que ele entregou anteriormente para ela.
A jovem no entanto recua e resiste ao feitiço correndo até o lado de fora do castelo enquanto Neil acorda e a encontra à beira do penhasco.
Legendre segue os dois e invoca seu exercito de mortos-vivos e Neil os alveja com tiros de um revólver sem causar qualquer dano e acaba encurralado na ponta do penhasco.
Bruner aparece de surpresa por trás e desfere uma paulada na cabeça de Legendre o nocauteando e Neil aproveita para se esquivar dos zumbis que caminham até o penhasco se jogando na sequencia.
Neil tenta fazer Madeline reagir enquanto Legendre acorda e tenta repelir os inimigos usando uma bomba de fumaça e ainda invoca Beaumont que em suas últimas forças o joga pelo penhasco para a morte.
Finalmente à salvo, Neil abraça Madeline que recobra a consciência totalmente esboçando um sorriso e reconhecendo o amado...
O filme é um clássico deveras esquecido da era de ouro do cinema trazendo Béla Lugosi, o eterno conde Drácula da Universal para mais um papel de vilão icônico imortalizando seu olhar penetrante e seus trejeitos intimidadores, o cara nasceu para o terror, não adianta.
Lugosi ainda retornou em 1936 na sequência A revolta dos zumbis por motivos mais do que óbvios.
As atuações são canastronas no maior estilo teatral da época cheio de exageros e caras e bocas, então se você não está acostumado com o terror dos anos 1930 até meados de 1950 é melhor dispensar por que muita coisa nesse período tem essa "qualidade" de atuação, bem pouca coisa mesmo se salva.
Agora deixando de lado a parte chata vamos falar sobre os prós como a cenografia e os figurinos que são bacana mesmo para uma época com poucos recursos e os míseros cinquenta mil dólares de orçamento. A produção conseguiu fazer um verdadeiro milagre.
Outra coisa que o filme acerta é na fluidez e no tempo de duração que mal chega à uma hora e dez minutos, fazendo com que a obra seja facilmente degustável além de rapidamente. É isso, não tem muito mais o que dizer, fica a recomendação para quem quiser algo diferente de quase um século atrás.
Trailer:

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