Hollywood enfrentou o medo de mexer com o sobrenatural e meteu goela a baixo da crítica e do público uma sequencia para uma das franquias de filmes mais amaldiçoadas da história.
Aqui não teve nenhuma loucura, nenhum esqueleto foi profanado, mas os bastidores ainda sim seguem cheio de mistérios e a propagação dos mitos e verdades por trás de Poltergeist.
Claro que a parte dois não veio tão cedo, afinal ninguém é louco de brincar com a sorte quando as polêmicas envolta do primeiro filme ainda eram tão frescas. Mas também não dava para esperar tanto, afinal as crianças estavam crescendo e a estrela já era quase uma mocinha, então o show tinha que continuar de uma vez. Então, vamos lá...
A trama segue alguns anos depois dos acontecimentos que aterrorizaram a família Freeling no primeiro longa. Steve, Daiane e os filhos após o trauma foram viver longe de Cuesta Verde, na casa da mãe de Daiane, Jess (que sente que a neta caçula tem o dom da percepção extrassensorial) até se estabelecer em outra casa, uma vez que o chefe da família se demitiu por conta de tudo que aconteceu e que tinha certa ligação com seu antigo emprego.
Longe de lá, Tangina e seu amigo, o índio Taylor analisam um buraco oriundo da piscina da antiga casa da família Freeling onde descobrem uma série de restos mortais e resolvem avisar aos amigos o quanto antes, pois Carol Anne mais uma vez corre perigo com o sobrenatural.
De volta a cidade, Daiane leva Rob e Carol Anne para fazer compras no shopping e num momento de distração, a caçula dos Freeling se separa da mãe e acaba tentando procurá-la fora do estabelecimento. No hall, Carol Anne acaba dando de cara com um senhor de idade trajando roupas formais pretas e um chapel da mesma cor que a consola com uma cantiga religiosa até que Daiane depois de se dar conta que a filha não estava mais por perto a encontra ao lado do estranho homem.
A noite, Carol Anne ouve seu telefone de brinquedo tocar e o atende, falando com aquela que supostamente seria sua avó, sendo que a poucos instantes a menina fora ao seu quarto dar um beijo de boa noite. No dia seguinte, Carol Anne e Rob veem seus pais abraçados chorando e descobrem que a vovó Jess morreu naquela noite, tornando o evento do telefone com a caçula dos Freeling algo muito estranho.
Daiane ainda sensível com a morte da mãe, tem flashback do passado seguido de uma visão com os cadáveres apodrecidos da piscina tentando atacá-la.
Naquela mesma noite, Carol Anne recebe outra ligação em seu telefone de brinquedo do que parece ser o espírito de sua avó, porem alguém parece interromper, deixando a menina amedrontada e confusa.
No mesmo instante, os brinquedos de Rob começam a andar e falar sozinhos atacando a menina.
Steve e Daiane acordam assustados ao se depararem com os poltergeist voltando a atormentar a família resgata as crianças prontamente. Farto, Steve pega o carro, a família e resolve fugir, porém na porta de sua casa dá de cara com Taylor que se apresenta como amigo e enviado de Tangina. O velho índio ainda que não adianta eles fugirem, pois ''Eles'' continuarão seguindo a família Freeling onde eles forem.
Steve cético, larga o indígena responsável pela casa e dirige até uma lanchonete de beira de estrada para poderem se acalmar e pensar no que fazer.
Durante o conselho em família, uma cliente do local inesperadamente se dirige a Daiane e emulando a vos de sua mãe diz que eles não devem fugir e sim que devem enfrentar o mal de frente com uma família.
Assustados com o acontecido, a família abandona o local e encontra Taylor lá mesmo dizendo que eles devem ouvir os conselhos ''dela'' se referindo a mãe de Daiane que baixou no corpo da mulher da lanchonete para avisá-los do que os espera. Steve ainda cético, resolve levar a família de volta para casa. Lá seu carro tem uma pane e Taylor se dispõe a consertá-lo, maravilhando a família com uma cena impressionante onde ele consegue atrair um pequeno grupo de borboletas em voando em volta dele.
No dia seguinte, Taylor se distrai pintando uma tatuagem de rena de guerra em Rob e tem um desentendimento com Daiane que não quer envolver os filhos em mais problemas. Nesta hora, Steve chega fulo da vida por que seu carro ficou pior depois do conserto e concorda em ouvir o que Taylor tem a dizer desde que ele não toque mais em seu carro.
Naquele mesmo dia, debaixo de uma leve garoa, rumo a casa dos Freeling, aparece aquele mesmo homem de preto cantando cantigas e deixando Carol Anne intimidada e paralisada.
Steve recolhe sua filha e fica a sós com o velhote que se apresenta como Reverendo Henry Kane, com a missão de espalhar a palavra de Deus. Kane, diz a Steve para ele não confiar em Taylor por sua descendência e descrença e que sua família, principalmente Carol Anne está em perigo enquanto Taylor estiver lá, correndo o risco de toda família morrer.
Irritado, porém contido, Steve pede educadamente para o reverendo se retirar ele ele o faz. Taylor, por perto diz que Steve fez o certo pois ''ele'' estava tentando confundi-lo. Certo de quem não tem tempo a perder, Taylor diz que precisa se preparar e dá Steve uma pena preta para protegê-lo.
Naquela mesma noite, a família é surpreendida por outro evento paranormal: Rob é atacado por seu aparelho dental que se desenrola e vira um enorme rolo de arame, prendendo-o. Com muito esforço, Steve consegue conter a ameaça e vai tirar satisfações com Taylor que diz que ''eles'' querem Carol Anne, por isso estava protegendo ela.
Depois de uma noite mal dormida e protegidos por Taylor e sua magia indígena, a família Freeling é agraciada com a visita de Tangina que mostra a Daiane umas fotos do século XIX para que ela analise. Daiane reconhece Kane em uma das fotos e Tangina pede a ela que use seus poderes mediúnicos dos quais ela herdou da mãe e que Carol Anne também possuí para ver o que ela estava sentindo em relação as fotografias.
Daiane tem uma visão passada com um grupo de seguidores de uma ceita religiosa liderada por Kane presos em uma caverna junto com o religioso. A intenção deste culto era o de seus membros incluindo seu líder, Kane se sacrificarem para poder criar uma sociedade utópica.
Neste mesmo instante, Taylor passa Steve por uma espécie de ritual de iniciação para prepará-lo para o confronto iminente contra as forças do mal e ainda passa para ele uma fumaça mística. Logo depois, o índio se despede já que ele tem outro assunto longe de lá para resolver.
Na noite seguinte, Steve tenta animar a família programando algum evento para todos se divertirem, porém ninguém tem animo por conta dos sustos ocorridos naquela semana.
Não muito depois, Steve degusta sua cerveja da saideira sem se dar conta que lá se esconde uma estranha larva que é consumida por ele.
Steve, com um comportamento completamente oposto ao usual tenta levar Daiane para a cama contra a vontade dela e assusta Carol Anne com suas palavras pesadas. Diane se dá conta que aquele não é Steve e tenta se livrar de seu poder, enquanto Carol Anne corre se esconder.
Daiane consegue apelar para a chantagem emocional fazendo com que Steve se contorça e acabe vomitando um verme enorme com um rosto humanoide, que se arrasta para fora do quarto.
Steve, agora consciente e Daiane correm até as crianças, porém são separados pelo verme gigante que tenta atacar Steve que o neutraliza soprando aquela fumaça mágica, passada a ele por Taylor durante o ritual.
Depois de reencontrar Daiane e Rob, Steve vai até a garagem decidido a ir com a família até a escavação do início do filme, que era na verdade a caverna onde os restos mortais dos membros da ceita e os de Kane repousam.
Todos encontram Carol Anne escondida no carro por conselho de Taylor e confusa ela não confia no pai, que tenta convence-la que ele não está mais possuído por aquele verme asqueroso. Carol Anne abre o carro para a família, que antes de conseguir ir embora é atacada pela serra elétrica que tenta destruir o motor do carro.
Finalmente todos chegam a escavação esperados por Tangina, porém Daiane e Carol Anne acabam separadas do grupo ao entrar no ''outro lado'' mais uma vez, são atacadas pelos espíritos dos membros da ceita que não conseguem fazer a passagem.
Steve reencontra Taylor sentado ao lado de uma fogueira mística dizendo ele ter encontrado o portal que leva onde estão Daiane e Carol Anne. Steve e Rob pulam na fogueira e alcançam as garotas. Ao se juntarem, os Freeling criam uma aura dourada que repele os espíritos para a luz, porem no processo, Carol Anne é tragada se juntando a luz também.
Desolados, todos acreditam que Carol Anne fará a passagem, porém ela regressa ilesa envolta de uma aura de luz branca que era nada menos que o espírito da vovó Jess que cruzou o outro lado para salvar a neta.
A salvos no nosso plano, os Freeling, Tangina e Taylor se reencontram aliviados: Kane não fará mais mal a eles agora.
O outro lado pode não ter alcançado o hype do antecessor, mas foi uma excelente sequencia. Manteve-se o suspense, os momentos de mistérios e a introdução de novos personagens que fora das telas sofreram com a conhecida maldição da franquia Poltergeist.
Um destes foi Will Sampson, interprete do índio Taylor que nos deixou um ano após o filme por conta de insuficiência renal proveniente de uma doença degenerativa que afetou seus pulmões e o coração forçando-o a passar por um transplante.
O outro foi Julian Beck, interprete do reverendo Kane que também morreu tendo Poltergeist 2 como sua última obra. Aliás, só a título de curiosidade, bem bizarra mesmo, Beck e sua esposa Judith Malina na década de 1970 chegaram a vir ao Brasil, pois ele trabalhava com o Teatro Oficina e pasmem, tanto ele como Judith foram presos pela ditadura militar por dois meses apenas.
Voltando ao filme, o capricho do longa anterior foi mantido, além de seu elenco principal com exceção é claro, da atriz Dominique Dunne, interprete da filha mais velha dos Freeling, Dana que ainda em 1982 teve uma morte brutal sendo assassinada pelo namorado abusivo. O longa se quer justificou a ausência da personagem e nem se quer a menciona. Medo da maldição? Quem sabe...
Por outro lado, o roteiro peca ao quebrar o cânone do primeiro filme com a história do cemitério sobre o loteamento de Cuesta Verde que aqui foi mudado para um buraco contendo restos mortais dos seguidores da seita de Kane e ainda introduziram uma ligação dos mesmos com Daiane e a necessidade dos poderes mediúnicos de Carol Anne que serviu de catalizadora para conduzir os espíritos opressores dos fanáticos para o outro lado, o que é ainda mais evidenciado na terceira parte da franquia. Nada que prejudique a experiência, mas ainda sim ferra com a continuidade.
Trailer: