Filmes de terror sobrenatural sempre tem que ter uma mansão como marca registrada, muito mistério e assombrações inexplicáveis em seu enredo, é quase uma obrigação.
Essa onda começou desde os primórdios do cinema e meio que se consolidou entre os anos 60 e 70 com seus enredos simples, efeitos práticos e maquiagens bons para a época, mistérios de dar nó na cabeça e muitos gritos de donzelas indefesas.
Eu não sou o maior fã do subgênero, mas eu tenho que destacar essa pérola razoavelmente esquecida de 1976 que me conquistou pela trama direta ao assunto, um plot twist avassalador apesar de chupinhado de Psicose e um desenvolvimento que lembra bastante o que viria a ser anos depois O iluminado.
A trama gira em torno do escritor Ben Rolf, sua mulher Marian e o filho David que resolvem se mudar seguindo o anúncio de uma mansão antiga pertencente a família Allardyce, no qual a matriarca e mãe dos locatários ainda vive lá reclusa no quarto do último andar.
Como parte do contrato os Rolf deverão cuidar da senhora Allardyce, devido a sua idade avançada, já que seus filhos não moram por perto e não podem dispor de tanto tempo para cuidar da idosa por um valor mensal simbólico desde que respeitem sua extrema privacidade.
Tempos depois do negócio ser fechado, a família fixa moradia no local trazendo consigo, Elizabeth, a tia de idade de Ben.
Depois de dar uma geral na piscina da casa, Ben e David resolvem nadar para passar o tempo. Depois de mergulhar até o fundo, Ben acaba encontrando um par de óculos com uma das lentes trincada.
Logo depois, os dois começam a fazer uma brincadeira que consiste em Ben lançar David de suas costas até a água, divertindo o garoto a princípio. A brincadeira no entanto acaba saindo de controle quando Ben se empolga e acaba agarrando David tentando afogá-lo. Assustado, o garoto recolhe seu visor de mergulho, acerta a cara do pai e sai correndo para dentro de casa.
Depois do acontecido, Ben tem um pesadelo com uma memória do passado: o sepultamento de sua mãe quando ele ainda era muito jovem e a estranha presença de um chofer de óculos escuros com um sorriso ameaçador que o intimida.
Dias depois, ainda atordoado pelo acontecido, Ben consegue o perdão do filho e tudo fica em paz até a noite, quando Marian e Ben resolvem nadar na piscina e misteriosamente acabam ficando empolgados iniciando uma transa, porém, Marian vê a luz do quarto da senhora Allardyce aceso e tenta impedir Ben de continuar a força, já que ele queria de toda forma consumar o coito.
Ainda naquela noite mal dormida, Ben resolve dar uma olhada em David que dormia profundamente. Ben chama pelo filho que não responde, bate na porta e vê que ela está trancada sem motivos, tentando arrombá-la. Ao entrar finalmente, Ben encontra David desmaiado sem respiração.
Desesperados, Ben e Marian levam o menino para fora de uma janela para ele pegar ar puro, reagindo assim.
Marian e Elizabeth comentam o acontecido, e a tia de Ben se diz confusa com o fato da porta estar trancada uma vez que ela esteve lá para cobrir o sobrinho neto já que estava frio. Marian então cogita a possibilidade da velha ter trancado a porta, as janelas e ainda de ter desregulado o aquecedor a gás, o que ocasionou a asfixia do garoto.
Elizabeth nega as acusações e começa a evitar Marian e a senhora Allardyce, depois que sua cuidadora (no caso Marian) não deixou conhece-la outro dia pessoalmente devido a sua política de privacidade, sendo evasiva a todos os argumentos da idosa.
Pouco tempo depois, Elizabeth começa a passar muito mal em seu leito, sendo amparada por Ben e os dois são misteriosamente agraciados com a presença sobrenatural do chofer do carro funerário da mãe de Ben que os ataca.
O susto foi suficiente para Elizabeth ter um enfarto e morrer. Marian por sua vez, parece indiferente a dor de Ben que cogita a possibilidade de ir embora da mansão o quanto antes, porém sua mulher se nega terminantemente, por conta do contrato e do compromisso com a senhora Allardyce.
Ben vê debaixo de uma chuvarada, a mansão se destelhando sozinha e regenerando seu forro instantaneamente sem qualquer explicação plausível.
Farto, Ben pega David ainda de pijama e coloca contra a vontade no carro deixando Marian para trás. Várias árvores caem se colocando no caminho até que Ben bate a cabeça no painel e fica em choque, sendo levado de volta a mansão por Marian que chama um médico. O doutor o seda para que Ben se acalme, porém ele entra num estado catatônico, sendo cuidado pelo filho e a mulher.
Certo dia, David resolve nadar e Marian deixa Ben numa cadeira de rodas a borda da piscina enquanto vai buscar um roupão para o filho se secar.
David por sua vez resolve mostrar ao pai que ele já consegue mergulhar até o fundo, porém a água fica revolta e o menino não consegue sair de lá se desesperando.
Marian olha horrorizada de longe e tenta gritar pelo filho, enquanto Ben tenta vencer sua paralisia para salvar o menino. De dentro, Marian, depois de trancada misteriosamente, quebra uma das janelas com a base de um abajur e pula na piscina já calma, tirando David de lá, enquanto Ben, agora livre de seu estado vegetativo se lamenta por não ter conseguido salvar o filho.
Depois do trauma, Marian aceita ir embora da mansão de uma vez, mas antes sobe até o quarto da senhora Allardyce se despedir. Com a demora da mulher, Ben buzina do carro e nem assim obtém sucesso, resolvendo subir ele mesmo para trazer a mulher de volta. Ao chegar lá, encontra a misteriosa senhora sentada de costas em sua velha cadeira, imóvel e calada. Furioso com o silêncio de sua benfeitora, Ben vira a cadeira de frente para ele e se depara com Marian de peruca grisalha e travestida como a senhora Allardyce concluindo assim que ela assumiu o tempo todo a personalidade da velha e que por isso ninguém além dela se aproximava dos aposentos da idosa e que ela foi responsável pelos atentados contra a família.
Horrorizado com a descoberta, Ben começa a gritar e a senhora Allardyce/Marian se levanta da cadeira enfurecida empurrando-o em direção a janela. Descontrolado, Ben cai do alto de cara no para-brisa do carro já sem vida. Em pânico, David grita pela mãe correndo para todo canto, até que a mansão começa a ruir e os escombros caem sobre ele, matando-o numa cena antológica.
O filme termina com uma cena focando numa estante cheia de fotografias antigas em molduras finas de época, enquanto os filhos da senhora Allardyce dizem que a mansão se regenerou como sempre foi e que sua mãe (possuindo definitivamente Marian) estava com eles mais uma vez. Ao fim da cena, a câmera foca nos retratos de Ben, David e Elizabeth, as vítimas recentes dos irmãos Allardyce que oferecem almas em troca da vivência da alma de sua mãe ainda que se hospedando no corpo de outra pessoa.
A mansão macabra inicialmente é um filme lento e enrolado, tomando forma no final da primeira metade e ficando cada vez mais viciante até o fim, prendendo o espectador até o clímax, afim de descobrir e entender o que de fato estava acontecendo no local.
Apesar do enredo envolvente, algumas pontas ficaram soltas (pelo menos para mim) como por exemplo a identidade do misterioso chofer fantasma que aterroriza os sonhos de Ben, sua conexão com a família Allardyce e por que ele intimidava tanto o jovem Ben ou se tudo isso era só um medo bobo de infância personificado pelo poder de manipulação da mansão.
Trailer: