A maior obra de George Romero sem sombra de dúvidas. Um cult claustrofóbico muito bem produzido, dirigido e montado que conseguiu se tornar um marco para a época que foi filmado.
Numa época em que um bom filme de terror andava meio escasso, afinal ainda não haviam surgido as grandes franquias Hollywoodianas e nós só tínhamos produções isoladas com apenas uma única parte e nada mais.
A história começa quando os irmãos Bárbara e Johnnie vão visitar o túmulo da mãe numa cidade afastada em seu aniversário de morte. Depois de prestar as homenagens á falecida, Bárbara é atacada por um homem cambaleante, aparentemente desorientado e irracionalmente agressivo.
Johnnie então a protege do estranho que o ataca ferozmente, mas no embate, Johnnie acaba morrendo e Bárbara atordoada corre para o carro mas a falta da chave a faz acionar destravar o ponto morto fazendo o veículo bater.
Bárbara então corre até chegar numa velha casa de campo, onde depois de sofrer outro ataque é salva por Ben, um homem negro, armado que diz também ter sido atacado por essas pessoas aparentemente mortas em vida sem explicação. Ben logo trata de interroga-la na tentativa de conseguir um veículo para escapar de lá, mas o carro de Johnnie quebrou na fuga de Bárbara como já foi mencionado anteriormente.
Lá na casa, pouco mais tarde, eles encontram a família Cooper, formado por Harry, Hellen e a filha Sarah, misteriosamente doente repousando no porão. Ainda são apresentados ao sobrinho do dono da casa Tom e sua noiva Judy Rose, cientes dos ataques e dispostos a oferecer amparo aos novos amigos.
Ben então ordena a todos que lacrem as janelas com tudo o que puderem, pois os mortos vivos não tem força o suficiente para entrar na casa na ignorância. Todos menos Cooper se propõem a colaborar, e o safado ainda proíbe Hellen de dar qualquer tipo de auxílio a Ben ou quem quer que seja, dizendo aos demais que o porão é o local mais seguro da casa e que ele sua família ficarão lá esperando que alguém de fora venha resgatá-los.
Tom logo se lembra que que seu finado tio deixou uma bomba de gasolina perto do seleiro, porém o painel está lacrado e ele desconhece o paradeiro da chave, pondo toda a casa para procurar enquanto lutam para manter os constantes ataques dos mortos vivos sob controle.
Em outro cômodo, Ben encontra uma velha tevê e ao ligá-la, ouve a mídia local reportar hipóteses absurdas sobre os ataques e ainda manda instruções para se protegerem dos mortos vivos.
Prontos para percorrerem um curto trajeto com a única caminhonete em funcionamento, Tom, Ben e Judy Rose, depois de encontrarem uma possível chave, rumam até o local, mas o líder da turma acaba ficando para trás e quando Tom e Judy chegam até o painel da bomba de gasolina, percebem que a chave que eles haviam encontrado era a errada. Desesperado, Tom acaba atirando na bomba na tentativa de arrombá-la mas acaba provocando um incêndio que cumina na morte do casal com a explosão do carro.
Furioso, Ben volta para dentro depois de um bate boca com Cooper que tranca as portas com Bárbara lá dentro ainda em choque.
Enquanto isso, Hellen, de volta ao porão se depara com a pequena Sarah desperta e de pé, porém, ela já havia se tornado uma dos mortos vivos, atacando a mãe que não consegue reagir.
De volta ao hall da casa, Ben e Cooper se atracam até que Sarah chega ao local disposta a fazer novas vítimas. Ben pede a Cooper que dispare, porém, obviamente ele se nega e atira em Ben, que devolve os disparos, logo depois de mandar a pequena Sarah para a vala.
Cooper foge se esconder, enquanto Ben, ferido pede a Bárbara que vá buscar ajuda, porém pode ser tarde demais, afinal os mortos vivos conseguiram arrombar a porta principal e aos montes invadem o local causando a maior confusão além de levarem Bárbara.
Na manhã seguinte, um grupo de populares armados chegam a fazenda e encontram apenas Ben que estava escondido e matam ele sem nem perguntar nada juntando-o aos demais morto vivos em uma fogueira.
Esse é o final do original no entanto. No remake, depois do embate entre Ben e Cooper, Ben se esconde no porão depois da morte do irritante pai de Sarah e fica por lá até o amanhecer sem saber que há rastro de mortos vivos por lá.
Bárbara é resgatada por um grupo de caipiras local que se juntaram para caçar os mortos vivos com o aval do governo e das forças armadas e ao derrubar a porta do porão, são pegos de surpresa por Ben que foi transfigurado em um dos mortos vivos.
Rapidamente, o amigo de Bárbara é abatido com um tiro na cabeça. Afetada, Bárbara se afasta e leva um susto com Cooper que estava escondido em outro cômodo e este está hipocritamente feliz em vê-la porém leva um head shot da moça que diz aos caipiras que tem mais um para a fogueira.
A cena final é a varanda da casa de campo cheia de caipiras e agentes do governo fazendo fogueiras e rinhas de mortos vivos que ainda não tinham sido abatidos. A câmera dá um close em Bárbara e ouve-se o som do click de uma câmera fotográfica e logo depois, a tela fica em um tom de sépia envelhecido dando vários clicks em imagens dos mortos vivos na fogueira e outros sendo exibidos como troféu ao som de um instrumental de heavy metal simplesmente maravilhoso típico da época.
A noite dos mortos vivos popularizou um nicho antes limitados a filmes tranqueiras e sem relevância e trouxe consigo uma enxurrada de outros filmes com a temática.
O filme ainda recebeu uma série de continuações oficiais e outra continuação espiritual A volta dos mortos vivos, que se tornou uma série própria e ainda se tornou um cult estabelecendo muitos conceitos que viriam a ser seguidos futuramente como a explicação definitiva que os zumbis tem fome de cérebro e não de carne.
Além de tudo, o clássico de 1968 recebeu um ótimo remake em 1990 e um vergonhoso reboot em 2006, fugindo completamente do roteiro original que não vale nem a pena ser mencionado.
O filme original foi produzido pela lenda George Romero, considerado o pai do gênero de filmes de mortos vivos. O filme se tornou um cult, apesar de ser um filme independente, por se tratar de um tema inovador e cheio de tabus para a época, como o fato de Ben, ser um personagem negro liderando um grupo de brancos, algo incomum na época, fora efeitos de sangue e desmembramentos bem feitos para a época, além de se ter uma atmosfera emersivamente bem sombria, a quase ausência de trilha sonora e filmagem propositalmente em preto e branco que casou muito bem com o filme, deixando-o assustador e claustrofóbico, o melhor do gênero sem dúvidas.
Além de tudo isso, ainda tempos um confronto de personalidades entre ambas as Bárbaras (a de 1968 e a de 1990), que são total contraparte uma da outra: enquanto a original era um protótipo de mocinha assustada que passa o filme quase todo lobotomizada, chorando e vendo seus amigos sendo mortos, a Bárbara de 1990 já é mais ativa, corajosa e decidida, dividindo o protagonismo igualmente com Ben o que proporcionou finais diferentes para cada geração.
A Bárbara do remake ao contrário da original, desde o inicio briga contra os mortos-vivos e até encara se armar com tudo o que tiver pelo caminho e ainda é mais participativa no momento do isolamento da casa e ainda divide com Ben, o ódio mortal por Cooper, coisa que a original nem de longe tinha.
Quem também se sobrepôs, foi o personagem Harry Cooper, que na versão de 1990, conseguiu ser infinitamente mais odiável que o original, devido a brilhante atuação do saudoso ator Tom Towles que convenceu com sua performance.
Aliás, destaque para o personagem Ben da versão de 1990 que foi vivido pela lenda Tony Todd de O mistério de Candyman, Terror no pântano e Premonição que também mandou muito bem na atuação.
Trailer (Versão de 1968)
Trailer (Versão de 1990)