E se tratando de trash, eis que aparece um clássico do terror com elementos de ficção científica oriundo dos anos 1950, o antro das obras sci fi guinada pela influência da icônica série antológica Além da imaginação: A bolha assassina.
Muitos nem conhecem a versão mais velha do cult que ganhou as telonas trinta anos depois totalmente repaginado e modernizado, trazendo o principal do argumento original com muita encheção de linguiça e um novo mocinho seguindo a onda da década que eram os garotos desordeiros cabeludos de jaqueta de couro e pilotando motos envenenadas.
É por conta da familiaridade que eu vou focar no enredo do remake de 1988 durante esta postagem, mas eu irei traçar um paralelo entre a versões para apontar as principais diferenças lá pelo final do resumo.
A trama é a mesma e foca na colisão de um meteorito com a Terra de onde sai uma criatura gelatinosa no formato de uma bolha que cresce a medida que assimila os corpos de suas vítimas e só os malditos adolescentes poderão por fim a ameaça iminente.
Tudo começa na cidade de Arboville na California onde está havendo uma partida de futebol americano entre duas equipes do ensino médio, onde o artilheiro Paul Tyler discute com o amigo Scott Jeske sobre a melhor maneira de chegar na crush, Meg Penny que é uma líder de torcida, para convida-la para sair, oque ele consegue depois de ser esmagado por praticamente todo o time rival.
Perto de lá, na floresta de Elke's Grove, o bad boy Brian Flagg tenta saltar de uma ponte improvisada entre dois barracos com sua moto, porém falha miseravelmente tendo como único espectador, um velho morador de rua debochado.
Do outro lado, numa lanchonete típica, o xerife Herb Geller corteja a garçonete Fran Hewitt a convidando para sair. Na saída, Herb aborda Brian dizendo para ele se comportar, devido a sua fama de rebelde desordeiro para evitar problemas com a lei.
Logo depois, Brian vai até a garagem de seu amigo Moss Woodley para pedir algumas ferramentas emprestadas para consertar sua moto.
À noite, o mesmo morador de rua da floresta presencia a queda de um OVNI nas proximidades, além da copa das árvores.
Na farmácia, Scott compra algumas camisinhas para o encontro de hoje a noite, porém diz ao farmacêutico que está fazendo um favor para o seu amigo tímido que é nada menos que Paul.
De volta a floresta, o morador de rua encontra o objeto que caiu do céu que é uma espécie de meteorito e que está ficando em uma cratera. Deste meteorito sai uma gosma gelatinosa rosada pulsante que agarra o braço do velho.
Na casa de Meg, ela se prepara para ir a um encontro com Paul enquanto seu irmão caçula Kevin se prepara para ir ao cinema com seu melhor amigo Ed para verem um filme de terror, o que a mãe do garoto reprova.
Ao receber Paul, Meg o apresenta ao seu pai, que para a surpresa do jovem é o mesmo farmacêutico que lhe vendeu as camisinhas por intermédio de Scott.
Na floresta, enquanto conserta a moto, Brian vê uma luz branca brotando atrás das árvores e ao se virar, dá de cara com o morador de rua que toma uma de suas ferramentas para tentar decepar a mão que está tomada pela bolha do espaço, porém ao ser impedido, o velho foge.
Paul e Meg que estão a caminho da cidade cortando caminho pela floresta, acabam cruzando com Brian e o morador de rua e acabam atropelando o velho. O casal coloca o idoso no banco de trás do carro se dispondo a cancelar o programa que tinham marcado para levar o ferido ao hospital. Delirando, o velho balbucia "caiu do céu, caiu do céu!" e Paul para tirar a dele da reta, intima Brian a acompanha-lo para que possa depor ao xerife, enquanto que o bad boy desconfia acreditando que o mauricinho quer aproveitar sua reputação manchada para dar um jeito de jogar a culpa para cima dele.
Ao chegarem ao hospital, o casal de jovens se responsabilizam pela burocracia para a entrada do morador de rua no estabelecimento enquanto Brian resolve ir embora antes que sobre para ele.
Paul vai até a máquina de refrigerante para buscar algo para Meg beber e no caminho, vê de relance o morador de rua tendo um espasmo e um repentino inchaço no pescoço pela fresta da porta de seu quarto e grita pela ajuda do médico.
Assim que o doutor chega ao quarto do velho e tira o cobertor dele para examina-lo, percebe-se que a bolha derreteu a metade de cima de seu corpo e depois fugiu.
Paul chama o xerife Herb pelo telefone, até que a bolha que cresceu ataca o jovem o absorvendo bem aos olhos de Meg que tenta puxa-lo para si, mas só o que consegue é arrancar seu braço enquanto ele é completamente digerido pela coisa rosada.
Passado um tempo do ataque e da fuga da bolha, os pais de Meg chegam ao hospital juntamente com o xerife e levam a jovem para casa. Sem se quer investigar adequadamente a cena do crime, Herb desconfia descaradamente que Brian tenha provocado toda a confusão no hospital.
Na floresta, Scott tem um encontro com sua namorada Vicki de Soto no banco de trás de seu carro. Para apimentar as coisas, o mal intencionado vai até o porta-malas do veículo para pegar vinho sem perceber que a bolha o espreita.
Ao voltar para dentro, Scott percebe que Vicki dormiu e tenta tirar proveito colocando sua mão dentro do decote da jovem, porém para sua infelicidade, a bolha que havia assimilado o corpo da jovem agarra sua mão saindo de seus seios.
Na casa de Meg, ela se prepara para tentar dormir, mas o que ela faz mesmo é fugir pela janela do quarto enquanto a bolha cresce.
Enquanto isso na delegacia, Herb interroga Brian com a ajuda de seu parceiro o delegado Bill Briggs pela chacina no hospital, porém pela falta de provas ele é liberado.
Na saída, Brian encontra Meg que diz que quer ajuda-lo a limpar seu nome por que ela acredita nele já que ela viu o que de fato ocorreu no hospital, mas ele a ignora e vai a lanchonete onde a garota o segue.
A garota diz á Brian que assim como ele, ninguém acredita no que ela viu no hospital e que a bolha está aumentando de tamanho. Brian tenta fazer a egípcia, mas ao ser confrontado como nunca antes, passa a ouvir a jovem.
Enquanto isso, na cozinha da lanchonete, Fran tenta desentupir o ralo da pia e seu colega George assume a tarefa também não obtendo sucesso até resolver por a mão no buraco. Ao faze-lo, a bolha que está escondida no encanamento, suga o auxiliar da garçonete pelo ralo matando-o esmigalhado. Na sequencia, a bolha emerge grudando no teto e começa a perseguir Brian e Meg que se escondem no freezer.
A bolha se arrasta até a fresta da porta, porém uma parcela de seu corpo congela e se cristaliza fazendo o resto da criatura fugir.
Enquanto isso nos fundos, Fran corre até uma cabine telefônica onde tenta ligar para Herb e acaba sendo totalmente cercada pela bolha. Acuada, Fran grita ao perceber que a coisa do espaço absorveu e derreteu Herb cujo corpo boia em seu interior.
Brian ouve os gritos vindo do lado de fora e sai para verificar mas não encontra nada, pois a bolha já fugiu com sua vítima.
Perto de lá, passa o reverendo Meeker que vê a bolha de perto, mas nada sofre após sua aproximação. Ao entrar no restaurante, o religioso encontra parte da bolha cristalizada em gelo e colhe uma amostra depositando-a em um frasco.
Ao chegar a delegacia para pedir ajuda á Herb, Brian descobre que o xerife foi para Elke's Grove e se move para lá. Um tempo depois, ao chegar no local com Meg, o rapaz vê a mesma luz branca de antes e do nada, surge um grupo de agentes trajando roupas isolantes de radiação pertencente a uma organização de restrição biológica liderados pelo doutor Christopher Meedows, que diz estudar o meteorito que caiu do espaço de onde saiu a bolha assassina.
O doutor diz que o meteorito tem a mesma propriedade do corpo celeste que causou a extinção dos dinossauros.
No cinema, Kevin, o irmãozinho de Meg e seu amigo Ed assistem ao filme de terror escondidos e acobertados pelo irmão mais velho de Meg que é lanterninha e os garotos tem que suportar um spoilerento insuportável.
Na cabine do projecionista, o profissional reclama pelo comunicador com um assistente que o ar-condicionado deu defeito e resolve dar uma olhada ele mesmo enfiando a cabeça no duto de ventilação até ser atacado e assimilado pela bolha que posteriormente faz o mesmo com o assistente.
O doutor Meedows explica aos jovens que a cidade foi isolada devido aos níveis de radiação provocados pela bolha e que ambos os dois precisam acompanha-lo para serem examinados. Os dois são colocados em um furgão onde Brian desconfia do cientista e dá um jeito de arrombar uma das portas de trás do veículo convidando Meg para segui-lo, mas ela prefere ficar enquanto o bad boy salta e foge pela floresta.
Enquanto isso na cidade, a equipe de Meedows controla a quarentena e nisso, chega o furgão com Meg que encontra seus pais e ao constar que Kevin e Ed não estão entre os isolados, a jovem dá um jeito de furar a quarentena para buscar os meninos.
Paralelamente, a bolha ataca o cinema no meio da sessão onde estão os meninos dando inicio a uma correria desenfreada. Meg encontra as crianças e foge com eles dando um drible na bolha ao entrar num duto de esgoto por onde a fuga segue.
Na floresta, Brian encontra os agentes de Meedows removendo o meteorito de onde veio a bolha e é revelado que aquilo na verdade é uma capsula criada pela organização do cientista onde a bolha hibernava para ser estudada e usada como arma biológica numa guerra contra os russos e que agora eles querem recuperar sua criação para por seu plano em prática dispensando totalmente a vida e a segurança dos civis inocentes.
Brian acaba sendo descoberto e foge pelo breu tendo como única escapatória saltar por aquela mesma ponte do início do filme que agora ele consegue e despista os inimigos. Na sequencia, Brian segue pelo cano de esgoto que está sendo invadido naquele preciso momento pelos agentes.
Nadando na água de bosta, Meg e os meninos são encontrados pela bolha que abduz Ed o derretendo e o afogando para a morte. A perseguição retoma e Meg e Kevin seguem por uma escada onde onde tem uma grade com espaço suficiente para o menino passar e a jovem pede a ele que fuja para a cidade. Meg segue por outro caminho e acaba encontrando Brian. Cercados pela bolha, a dupla tenta uma manobra de moto pelas laterais da tubulação e acabam caindo e encontram um agente ferido.
Os jovens acolhem o ferido e fogem juntos até encontrarem uma saída pelo alto de um boeiro que Meedows ordena que seja lacrado com todos lá dentro e para piorar, um furgão ainda bloqueia a tampa.
Brian toma a bazuca do agente ferido e explode a tampa do boeiro com furgão e tudo subindo logo em seguida.
Em terra firme, Brian é rendido pelos agentes e pelo delegado Bill e ele tenta convencer o oficial que Meedows é o criminoso por trás de toda aquela confusão. Nisso, parte da bolha surge do boeiro e traga Meedows para a morte. Os agentes abrem fogo contra a bolha usando inclusive uma bomba, mas a criatura emerge totalmente num tamanho colossal destruindo e matando todos a sua volta enquanto Brian e Meg correm e se dividem pelo caminho.
No meio da confusão, está o reverendo Meeker que acaba sendo atingido pelo fogo da explosão.
Meg se lembra que a bolha não suporta o frio intenso tal como aconteceu no freezer da lanchonete e lança o conteúdo de um extintor sobre a coisa enquanto geral se refugia. Do outro lado, Brian surge pilotando uma máquina de fazer neve.
No meio da destruição, o delegado Bill acaba sendo tragado pela bolha enquanto Brian aproveita para disparar neve sobre a coisa rosada que o faz capotar e ficar preso às ferragens. A bolha envolve o veículo enquanto Meg toma a arma de um agente ferido enquanto o bad boy tenta se soltar do veículo. Meg tenta ajudar Brian a sair mas acaba ficando presa, restando ao jovem que se soltou tirá-la do aperto e assim os dois fogem.
Ao se distanciarem, os jovens conseguem escapar da explosão do carro de neve que consegue congelar a bolha completamente a transformando em pedaços de cristais que na manhã seguinte são removidos pelos civis.
Dias depois, longe dali, o reverendo Meeker que sobreviveu mas ficou com o rosto parcialmente queimado, prega em uma tenda para uma comunidade pobre no deserto sobre o juízo final. Quando vai para um canto a sós, o religioso expõe o frasco com o pedaço da bolha que ele havia resgatado agora descongelada e viva, dando a entender que Meeker irá usa-la no suposto dia do arrebatamento...
Agora sim, vamos a contraparte: para começar, não existe um Brian na versão de 1958 propriamente dito, o que existe é um protagonista chamado Steve Andrews que é basicamente o Paul, só que com a reputação do Brian apesar dele não ser um rebelde e nem se vestir como tal. Já a Meg que aqui se chama Jane Martin tem uma família menos participativa e o seu irmão é bem mais novo que Kevin e até tem alguma participação lá pelo final e ao contrário de sua contraparte oitentista, o menino é bem mais inocente e delicado.
Não existe um reverendo Meeker e tão pouco uma organização chefiada pelo doutor Meedows, o núcleo da lanchonete não existe e o morador de rua na versão original é um fazendeiro que mora perto de onde caiu o meteorito. Aliás, todo esse prólogo foi referenciado no início do filme Palhaços assassinos do espaço sideral que também é de 1988 assim como o remake de A bolha assassina.
Aliás, o filme começa diretamente na floresta à noite com Steve e Jane namorando e segue o roteiro: o meteorito, o velho curioso sendo pego bela bolha, sendo atropelado e levado para o hospital.
A bolha desta versão, falando nisso é bem diferente da oitentista tendo uma aparência homogênea, mais brilhosa além de ser vermelha, como um tipo de goiabada derretida e na maioria das tomadas que ela aparece rolando pela cidade é usado o efeito de chroma key que aliás, está bem datado e tosco.
Depois muita enrolação, chegamos a reta final no cinema, onde curiosamente, os jovens estão vendo um filme de terror clássico do Bélla Lugosi e a bolha ataca sem demora dando início ao corre-corre.
Steve tem um grupo de amigos que inicialmente não acreditam na história da bolha do espaço, mas depois o ajudam a tentar avisar a cidade sobre a ameaça que se acerca, porém como era de se esperar ninguém acredita neles.
No final, Steve, Jane e o irmãozinho da garota ficam presos em um trailer lanchonete com dois funcionários enquanto a bolha cerca todo o local tentando asfixia-los. Neste momento, a policia já ciente do ocorrido se mobiliza tentando eletrocutar a bolha atirando num fio de alta tensão e aqui eu ressalto os efeitos especiais em forma de animação 2D que apesar de datados são bacanas.
Assim como no remake, os jovens chegam a ter uma experiência no freezer que os fazem lembrar que a bolha é fraca contra o frio. Geral então acumula extintores e depois de um trabalho de equipe a bolha é totalmente congelada, trancafiada numa caixa de madeira e trasladada através de uma aeronave pelo oceano ártico onde rola a última cena do filme.
Versão de 1958: enredo simples e mais direto ao ponto, sem tanta fantasia e com um elenco mais limitado. Os efeitos estão de acordo com a época, então quem não curte um bom sci fi das antigas vai dispensar. Eu mesmo gostei mas o desenvolvimento ainda carece de sustância já que boa parte do filme é encheção de linguiça e mal tem violência gráfica, o que é justificado pela época, então beleza.
Versão de 1988: infelizmente o remake é controverso, não teve uma aceitação bacana na época, o que acarretou num faturamento muito baixo de pouco mais de oito milhões comparado aos dezenove do orçamento. O que explica o por que nunca houve uma sequencia que estava muito na cara que iria acontecer por conta do plot final, o que é uma pena. Já o original teve uma sequencia chamada Beware! The blob ou ainda por três títulos alternativos: Son of blob, The Blob returns e Bloob 2 produzida em 1972 e gira em torno de um pedaço remanescente da bolha que vai parar nas mãos de um homem no pólo norte, cuja esposa acidentalmente acaba deixando fugir de seu confino. O resto vocês já sabem, muita confusão, correria e gritaria.
Voltando a versão de 1988, o filme ainda manda tudo bem com seus efeitos especiais, os práticos e sobretudo a maquiagem que é muito bem feita. A violência gráfica é muito presente no filme todo tornando a bolha verdadeiramente assustadora e ameaçadora. Além de que os ataques são mais numerosos que no original e quase todos em tela, o que já é uma boa.
Os poucos rostos conhecidos do remake são: Jeffrey DeMunn que esteve em duas obras de Stephen King, são eles: Á espera de um milagre e A tempestade do século. Em a bolha assassina ele interpretou o xerife Herb. Também temos o talento da grande Shawnee Smith no papel de Meg. Shawnee é mais conhecida pelo seu papel de Amanda Young, uma das protegidas de John Kramer, o Jigsaw de Jogos Mortais e seu filme mais recente foi o também terrorífico Caça noturna deste ano de 2024.
No mais, ambas as versões são boas, verdadeiros cult, merecem ser revistos e comparados de forma justa sem diminuir ou aumentar nenhum dos dois, já que cada um marcou época em sua respectiva década de lançamento, seja de forma positiva ou negativa, enfim.
Trailer (Versão de 1958):
Trailer (Versão de 1988):
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