Desta vez eu trago um clássico dos anos setenta com trocentos títulos diferentes e que é baseado num caso que assombrou uma cidade adjacente ao Texas por um período de poucos, porém inesquecíveis meses: um assassino em série nunca identificado e tão pouco capturado.
O filme não tem apenas um foco apesar de nos apresentar como protagonistas a força policial local em busca do assassino. Mas a dinâmica em si é em alguns ataques ocorridos durante o tempo em que o Fantasma, como foi apelidado esteve em atividade.
Por isso que a história não é fixa, ela vai variar de ataque em ataque mas não deixa de ser um terrível slasher clássico só que ocorrido de verdade na segunda metade dos anos 1940.
Tudo começa com uma narração sobre a rotina de reconstrução pós guerra no condado de Texarkana, cidade que fica na divisa entre Texas e Arkansas e um novo trauma que se instalou na pacata comunidade.
Exatamente em 1946, a sensação de calmaria de Texarkana foi interrompida com a aparição de um assassino em série apelidado pelos populares de o Fantasma e que se tornou uma lenda local pelos próximos anos que viriam e é lembrado até os dias de hoje.
Agora sim começando a dramatização do filme real, somos levados ao jovem casal Sammy P. Fuller e Linda Mae Jenkins em um típico namorico ao luar no alto de uma colina vistosa onde se podia ter um vislumbre de toda a cidade e das estrelas, mas que o que interessava aos jovens era partir para o amasso nos fundos do carro do rapaz já apresentado.
A aproximação sorrateira do Fantasma, um homem misterioso usando luvas de couro e uma fronha como máscara chama a atenção de Linda Mae e o mesmo se faz presente frente aos namorados arrombando o veículo facilmente e atacando Sammy.
Logo depois de tirar o rapaz de ação, o maníaco ataca Linda Mae que não consegue reagir à altura e é encontrada na manhã seguinte rastejando na lama por alguém que passava casualmente no local.
As autoridades locais logo caem de cara nas investigações que parece não levar a canto algum.
Semanas depois, agora somos apresentados ao casal Emma Lou Cook e Howard Turner (que por suposto serão as próximas vítimas do fantasma).
Num final de tarde chuvoso, David Norman Ramsey da polícia local de Texarkana faz uma ronda pelos limites da cidade até ouvir um par de disparos distantes. Ao se aproximar, David encontra uma outra viatura como a dele porém vazia e segue pistas em outra direção.
Depois de visar à base da polícia, David segue a pé e encontra um jovem morto à bala que nada menos é que Howard Turner e mais afrente Emma Lou amarrada abraçada a uma árvore.
Com o pânico, os moradores de Texarkana esvaziam a loja de armas local para se protegerem, reforçaram suas janelas todas as noites e passaram a evitar sair depois do pôr do sol, pois é o período onde o Fantasma ataca.
O xerife local J.R Sullivan requisita a ajuda do capitão Morales, um ranger gabaritado para liderar uma caçada mais efetiva ao assassino em série e este dita suas regras para poder trabalhar sem falhas. David é designado como parceiro de Morales e eles ainda contam com a escolta do esquentado policial e atendente de ocorrências Trumman também conhecido como Sparkplug.
Os locais dos primeiros crimes voltam a ser investigados desta vez por Morales e sua primeira investida é uma emboscada que consiste em disfarçar seus homens como jovens moças para ficarem de vigia em um baile de formatura dos jovens da escola preparatória que vem a acontecer em uma noite tranquila.
Depois de horas de comemoração pacata, o baile se encerra e somos apresentados aos jovens Roy e Peggy Loomis que ficaram por último e resolvem fazer o caminho de volta juntos (pura desculpa para namorar) enquanto que perto dali, Morales e David fazem uma ronda.
No meio do mesmo parque junto ao barranco onde ocorreu o primeiro ataque, Roy e Peggy começam a namorar e rapidamente, o Fantasma espreita o casal até se agarrar ao capô do carro que dispara e nisso, Roy acaba caindo para fora do veículo e Peggy perde o controle do volante e bate, porém escapa ilesa.
Roy é facilmente abatido e Peggy que vê tudo horrorizada foge pela floresta até dar de cara com o Fantasma que a agarra e a arrasta a amarrando à árvore tal qual fez com Emma Lou anteriormente. Em contrapartida, Roy volta a si e corre mas é alcançado e executado com dois tiros.
Depois, o Fantasma saca uma faca e se dirige até Peggy e a tortura com seu trombone até desmaia-la.
Na manhã seguinte, a polícia cerca o local do crime e Morales exige que o parque todo passe por uma varredura atrás de evidências.
Com isso, a recompensa pela cabeça do Fantasma que já era enorme acaba aumentando e é requisitada a ajuda do doutor Kress, um psiquiatra muito influente para traçar o perfil do assassino local.
Cuja analise de Kress, o assassino é instável porém não louco e sim muito inteligente e pode se misturar sem ser detectado. Fora isso, ele se sacia sexualmente de forma muito fora do usual, o que explica a tortura com o trombone que mais parecia um prazer sexual do que qualquer coisa.
Mais tarde, Morales, David e Sparkplug perseguem um carro suspeito e eles não só são os últimos a chegaram ao ponto final como ainda caem com a viatura e tudo no brejo numa cena muito filme de comédia noventista da Sessão da tarde, o que não me fez sentido nenhum.
No fim das contas, o suspeito do outro veículo quando abordado revela-se apenas como Eddie Mendel, um cidadão comum que fugia da polícia com medo como qualquer outro faria e ele acaba sendo reconhecido por um sujeito chamado Johnsom que é seu credor. Eddie do nada diz ser o Fantasma mas seu relato simples e vazio não convence Morales que o vê apenas como um atraso nas investigações.
Passa-se um tempo e com a chegada do verão, os cidadãos de Texarkana tentam viver tranquilamente já que os ataques deram uma esfriada.
Numa noite tranquila qualquer, somos levados à casa do casal Lloyd e Hellen Reed onde o Fantasma aparece do lado de fora da janela e executa o marido com um tiro e depois invade a casa atirando na mulher a impedindo de ligar para a polícia.
A jovem no entanto, consegue se arrastar e sair de casa mas o Fantasma segue o rastro de sangue dela até o milharal. Aos trancos e barrancos, Hellen consegue chegar a casa de um vizinho mas ao chamar por socorro ninguém atende a principio, até que de dentro da propriedade sai um senhorzinho armado que ao ver a jovem debilitada pede à mulher que chame uma ambulância.
Seguindo a narração, é dito que Hellen chegou a sobreviver e que os ataques do Fantasma seguiram a nível alarmante causando um verdadeiro pânico e foi instaurado então um toque de recolher ao pôr do sol como medida desesperada.
O Fantasma então, dá uma sumida e David ao contrário de Morales está sem esperanças de encontrar o assassino.
Em um certo dia, Morales e David seguem uma pista do Fantasma que leva até uma mina onde eles encontram o assassino dando início à uma perseguição que se estende à linha do trem por onde o Fantasma se joga quando uma locomotiva passa dando um atraso aos policiais. O Fantasma acaba sendo baleado mas consegue fugir sendo perdido de vista pelos rapazes.
Cães farejadores são postos à procura do Fantasma que cruza o pântano não sendo mais visto. Seu paradeiro então se torna um mistério e alvo de controvérsias sobre suas supostas aparições aqui e ali e sua possível morte num dado momento da vida. Na cena final é deduzido que o assassino pode ter passado a viver misturado aos populares sem despertar suspeitas e em um vislumbre, vemos as pernas do Fantasma agora em traje civil socializando tranquilamente.
Segue a narração com o epílogo dizendo que o capitão Morales dedicou o resto da sua vida a caçar o Fantasma até se aposentar e viver seus últimos dias em sua casa no Dallas com tranquilidade.
O xerife Sullivan permaneceu por vários anos atuando no cargo sendo re-eleito por várias vezes.
Hellen Reed se recuperou do trauma e seguiu vivendo sua vida normalmente em Texarkana.
Sammy e Linda que sobreviveram ao ataque se mudaram de Texarkana e seu paradeiro se tornou um mistério.
David Ramsey serviu à polícia por boa parte de sua vida vindo a morrer em 1973.
Obviamente só para esclarecer, todos os nomes apresentados no filme foram alterados por segurança e / ou questões legais de direitos, afinal estamos falando de um crime internacionalmente conhecido que na época em que o longa metragem fora produzido se completavam trinta anos dos ataques, ou seja, mesmo após três décadas as feridas ainda estavam frescas na memória dos cidadãos de Texarkana.
O filme se tornou um clássico com o tempo e apesar de não ser explicitamente violento, é sim perturbador e imortalizou de forma competente o assassino real tal qual os relatos de sobreviventes foram descritos.
A atmosfera de tensão é muito bem montada seguindo a trilha sonora que casa bem com os momentos de terror e perseguição, isso não tem como negar.
Ao contrário de várias adaptações de casos reais para as películas esta não parece ter sido muito mexida, não tem tanto sensacionalismo quanto Hollywood está acostumado a fazer. O filme foca bem no suspense e no drama não deixando o terror de lado, por isso que a dinâmica da trama é bem devagar e chega a ser cômica às vezes, como a cena da viatura caindo no brejo.
A narração constante dá um caráter documental bacana ao filme, eu gostei muito desta alegoria pois contextualizou bem tudo o que se seguiria sem precisar mostrar com ação e simplificou a narrativa e o entendimento que em algumas ocasiões é complexo já que vira e mexe os personagens pipocam e a gente não sabe quem é quem.
No mais, o filme continua muito bom, não está tão datado apesar da época e ainda serve como um bom slasher para passar o tempo e é muito legal se aprofundar no caso real que tem muita informação para passar para quem tiver interessado em saber os maiores detalhes, eu recomendo.
Trailer: