Nosferatu (2024)

 

E finalmente chegamos ao primeiro lançamento do ano, ainda que lá fora a adaptação do clássico alemão de 1922 tenha ocorrido no final do ano passado.

Sobre a direção de Robert Eggers, conhecido pelos clássicos A bruxa, O farol e O homem do norte, esta nova versão da obra transgressora do século passado que é uma adaptação não oficial de Drácula de Bram Stoker foi muito aguardada como sendo a promessa de agradar a fanbase com uma história que segue fielmente o que já vimos na versão de Friedrich Wilhelm Murnau e que ainda agrega muita coisa nova.

A história já é bem conhecida já que como mencionada, ela é basicamente uma releitura de Drácula, mas com algumas adaptações em nomes e datas para burlar a viúva de Stoker, o que sabemos que não deu muito certo, mas para quem quiser maiores detalhes, procure pela postagem de Nosferatu de 1922.

Mas resumindo: a nova versão segue a premissa do assistente de um agente imobiliário alemão que é mandado para as entranhas da Transilvânia para fechar o contrato de venda de um imóvel para um conde excêntrico que adota uma ligação magnética com a mulher do recém chegado e que este ainda esconde um segredo: ele é um vampiro!

Então vamos lá...

Tudo começa na Alemanha em 1838 e na cena de entrada, vemos a jovem Ellen Hutter acordando no meio da noite ouvindo vozes que a chamam e que a fazem caminhar como que vitimada por um transe hipnótico até a janela junto a varanda onde sente um forte impulso tomar conta de seu corpo.

Depois de andar alguns metros pelo jardim, Ellen fica face a face com uma figura monstruosa, pálida que a agarra pelo pescoço e num corte para a cena seguinte, temos a mesma se contorcendo no chão como se convulsionasse.

Passada a introdução do filme, Ellen acorda dando a entender que tudo aquilo que ela vivenciou nos últimos instantes foi apenas um pesadelo. Seguindo, ela é consolada pelo marido Thomas que após a acalmar precisa sair com pressa para o trabalho na imobiliária.

Após de uma breve caminhada pelas ruas do povoado que se encontra no maior caos, Thomas chega até a imobiliária onde trabalha como assistente de Herr Knock que o incumbe de viajar o mais breve para a Transilvânia para fechar um contrato de venda de um imóvel na Alemanha para um conde romeno que vive recluso em um castelo.

Horas mais tarde, Thomas anuncia para Ellen a sua viagem mas ela não recebe bem a notícia ainda abalada pelos constantes sonhos que lhe tiram a paz e pelo longo período que ela terá que ficar sozinha sem o calor do corpo de seu marido.

Na cena seguinte, temos um encontro de amigos entre Thomas e Fredrich Harding que é casado com Anna com quem tem duas filhas pequenas e um bebê que está a caminho. O jovem corretor acerta com o amigo a hospedagem de Ellen em sua mansão pelo tempo que ele terá que viajar para que ela se sinta mais tranquila e segura já que passará os dias com sua melhor amiga, a Anna.

Corta a cena e temos dois planos em paralelos: num deles, Ellen corta sua câmera nitidamente fora de si e em outro canto, vemos Knock ensandecido, nu e sentado sobre um hexagrama prevendo a desgraça que se avizinha de Thomas em sua partida.

Na manhã seguinte, Thomas parte de carruagem depois de se despedir de Ellen que é acomodada na mansão dos Harding. Um tempo depois de deixar a carona, Thomas segue cavalgando até chegar a uma colônia cigana que está em festa.

Ao chegar na taberna local, ele pede um quarto em um albergue e menciona sobre seu destino nos limites da Transilvânia, o que faz com que os populares o tratem com desdém e não bastando, uma tia que o acomoda em seu alojamento lhe dá um amuleto para abençoa-lo de todo mal.

No meio da noite, a comunidade se põe em polvorosa com a caça a um vampiro que é abatido com uma pá, porém descobrimos brevemente que tudo era um sonho de Thomas.

Na manhã que se segue, Thomas retoma sua viagem a pé por uma paisagem deserta e coberta de neve até ser recebido por uma carruagem no meio do nada, tendo sido esta enviada pelo conde Orlok, o anfitrião do jovem corretor com quem ele tem negócios a tratar.

Em questão de instantes, Thomas chegam ao gigante castelo de Orlok que aguarda o jovem com certa ansiedade.

Orlok e seu convidado se encontram finalmente face a face sobre uma mesa farta em honra à Thomas que durante um descuido ao cortar pão acaba cortando seu dedo e o sangue atiça o desejo do conde que prepara um bote.

Enquanto isso na Alemanha, Ellen caminha com Anna pela praia e conta sobre seus pesadelos e temores sobre a viagem do marido que não tem mandado uma só carta.

Depois de acordar de um desmaio, Thomas percebe a existência de marcas de mordidas em seu pescoço e volta a falar com Orlok que observa de perto um pingente em forma de coração com fotos de Ellen dentro, indagando ao corretor.

Orlok então, saca o contrato de compra da mansão que ele pretende obter que na verdade sela a liberdade do jovem que acaba ficando preso no castelo. Thomas corre por todos os lados por um bom tempo em busca de uma saída que esteja aberta e acaba chegando num depósito subterrâneo onde encontra Orlok inerte sobre um caixão.

Desconfiando que Orlok é um vampiro como em seu sonho, Thomas tenta perfurá-lo com uma picareta mas o conde acorda no mesmo instante segurando a ferramenta e nisso o jovem corre desembestado.

Longe de lá, na Alemanha, Ellen caminha em transe até acordar ao pressentir que Thomas está em perigo enquanto o mesmo é encurralado por Orlok que crava suas presas no jovem sugando seu sangue.

Após voltar de um mal súbito, Ellen fica aos cuidados do doutor Wilhelm Sievers enquanto Thomas tenta fugir do castelo por uma janela.

Mais tarde, já recuperada, Ellen caminha pela praia com Anna e Fredrich tendo uma convulsão repentina.

Enquanto isso, no sanatório do doutor Wilhelm, descobrimos que Knock enlouqueceu e agora é um dos pacientes do médico por ter sido pego comendo ratos e pombas.

Ellen segue convulsionando precisando ser contida em um leito.

Horas depois, Thomas é encontrado desmaiado no bosque pelos aldeões que o levam até um convento próximo onde ele passa por um tipo de exorcismo, voltando a si ao gritar o nome de Orlok.

Enquanto isso, um barco zarpa pelo mar Cáspio sem que ninguém se dê conta que entre os pertences do conde Orlok, o próprio se enviou em um dos caixotes junto com uma ninhada de ratos.

Em poucas horas de partida, a tripulação começa a ser acometida pela peste negra por conta justamente dos ratos que Orlok trouxe consigo.

O doutor Wilhelm apresenta à Ellen seu amigo o professor Albin Elberhart Von Franz, um estudioso sobre vampirologia.

Ellen entra em convulsão novamente e Albin não pensa duas vezes perfurando o braço da jovem para retirar um pouco de sangue. A jovem entra num estado claro de possessão na mesma hora.

Neste momento, a tripulação do barco onde está Orlok começa a se tornar uma pilha de corpos que são despejados no mar para evitar a propagação da peste assim que o navio chegar ao porto.

O único que ainda restou vivo encontra o caixote onde está Orlok e o conde desperta na mesma hora e em paralelo, Knock ataca mortalmente o enfermeiro do sanatório dando início a uma fuga pela chuva.

Ellen acorda no mesmo instante e corre para fora da mansão encontrando Thomas desmaiado no chão.

O barco chega até o porto alemão todo destruído e sem sinal de vida e nem mesmo Orlok que já havia fugido de lá de balsa com Knock conduzindo, deixando para trás os ratos que se espalham pelo vilarejo.

Em questão de pouco tempo os ratos já se multiplicaram trazendo o caos.

Enquanto isso no necrotério, Wilhelm e Albin examinam o corpo do único tripulante encontrado no barco e descobrem nele sinais de presas pelo seu corpo.

Thomas acorda ao ter um surto com a figura de Orlok que ele enxerga em Ellen.

Depois de botar as filhas para dormir, Anna caminha pelo breu de sua residência até dar de costas com Ellen que a acompanha até seu leito se oferecendo para acompanhar a amiga até seu leito e ajuda-la a dormir uma vez que Fredrich não está.

Assim que Anna dorme, Ellen a deixa e encontra-se face a face com Orlok no meio da penumbra tendo um embate com ele, mas no fim este último momento era apenas um sonho.

Ao acordar, Ellen encontra Anna jogada no chão sendo mordida por ratos.

Neste momento, a peste bubônica já acumulou incontáveis pessoas nos corredores do hospital incluindo Anna que está deveras debilitada.

Depois que Thomas se recupera totalmente, ele e Ellen tem uma discussão o que faz a jovem ter um ataque fugindo de sua consciência brevemente e ao recuperar o controle de seu corpo, ela e o marido transam loucamente.

Em paralelo, Albin mergulha de cabeça em um livro sobre vampiros descobrindo que seu principal ponto fraco é luz do sol.

Na residência dos Harding, Anna vai até o quarto das filhas e as encontra sendo mortas por Orlok que se aproxima da jovem gestante.

Na manhã seguinte, ocorre o sepultamento de Anna e das meninas ocasionando um surto em Fredrich que desconta sua dor em Ellen.

Um tempo depois, Fredrich vai até a cripta da família com marcas da peste pelo corpo e viola o caixão de Anna dando-lhe um último beijo.

Logo depois, chegam Thomas, Albin e Wilhelm que ateiam fogo aos corpos e partem em busca de Orlok enquanto Ellen entra em transe.

Ao chegar no subterrâneo do imóvel que Orlok teria comprado de Knock, os rapazes encontram um caixão que eles acreditam ser o do próprio conde. Sem pensar duas vezes, Thomas abre a tampa e saca uma estaca no peito, porém não era Orlok, mas sim Knock que em agonia deixa claro sua idolatria e cumplicidade com o conde.

Albin pede que Thomas volte para casa pois Orlok deve ter ido atrás de Ellen e fica sozinho colocando fogo em tudo incluindo os ratos que lá estão.

Enquanto isso, Orlok invade o quarto de Ellen e a desposa em transe dando-lhe um beijo. Na sequencia, o vampiro a desnuda e a possui sugando o sangue de seus seios sem perceber a chegada dos primeiros raios de sol.

Com suas últimas forças, Ellen o segura garantindo que ele derreta com o sol se desfazando nos braços da amada assim que Thomas chega.

O jovem corretor encontra Ellen já sem vida e é consolado por Albin que contempla o nascer de um novo dia enquanto o que resta de Orlok são apenas seus ossos sobre o cadáver frio de Ellen...

O filme já abriu o ano de 2025 com pé direito sendo elogiado pelo público como uma ótima adaptação que não trai em nenhum aspecto o seu antecessor de mais de cem anos.

Aliás, tamanho foi o trato dado à versão de Eggers que a estética lembra muito o clássico, como as cenas quase sem nenhuma iluminação, além de tomadas precisas monocromáticas que referenciam o método de coloração feito nos rolos de filme original de Murnau.

A cinematografia está perfeita, o longa foi rodado em 2023 em construções reais de Praga e da Transilvânia o que fez valorizar a ambientação, além do figurino que também está divino.

A caracterização de Bill Skarsgard como Orlok está ameaçadora e sua atuação emulou com meticuloso cuidado toda a figura ameaçadora do personagem, além de seu sotaque caprichado e parrudo. A única coisa que estragou pelo menos para mim, foi o bigode completamente desnecessário que de longe lembra o clássico vampiro de 1922. Mas por algum motivo agradou a uma minoria.

O filme ainda conta com a atuação de Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp no papel de Ellen que está absolutamente sombria e medonha, caprichando e muito nas cenas de ataque convulsivo e em todos os seus trejeitos.

A violência gráfica também está de parabéns tendo apelado para muito sangue e nojeira, alem das cenas em que Orlok aparece sendo visto apenas na escuridão para guardar sua aparição triunfal no momento certo, tornando-o uma figura inesquecível e assustadora até o final que fecha com um grande trabalho da equipe dos efeitos práticos e da maquiagem.

Trailer: