E vamos de terror mexicano, aliás o primeiro longa metragem de terror produzido no pais que eu assisti na vida e que me deu curiosidade de procurar por mais obras, visto que os nossos hermanos tem uma crença ferrenha no sobrenatural, que é o ponto do filme de 1986 com direção e roteiro de Carlos Henrique Taboada.
A história é bem simples e nos leva a uma dupla de amigas de pouco mais de dez ou onze anos: uma mais conservadora e medrosa e a outra mais liberal e adepta de histórias de fantasmas, bruxas e múmias que instigam sua imaginação e a faz resolver colher ingredientes para um suposto veneno para matar fadas.
A narrativa foca a todo momento nas duas não tendo muitos personagens realmente ativos ou que venham a fazer alguma diferença na trama e tudo gira em torno da imaginação e do poder da sugestão das meninas.
Tudo começa com a menina Verônica ouvindo uma história de terror de sua babá e ela se imagina como sendo a assassina do conto degolando a vítima.
Da transição da história para a parte "real" da trama, a babá diz à Verônica que a estripadora da história não era uma menina como ela mas sim uma bruxa velha que havia tomado a forma de uma criança.
No início da introdução aos créditos iniciais, temos um vislumbre de um quadro retratando Verônica que aos poucos vai se tornando uma velha horrível e esta solta uma gargalhada de bruxa.
Agora sim iniciando de fato o filme, somos levados à escola do povoado simples onde Verônica vive e estuda onde neste exato momento temos a chegada da nova aluna do estudo fundamental recém chegada Flávia Gorivar a qual a professora deixa Verônica incumbida de orientar a novata e de emprestar seu caderno para que a menina copie toda a matéria do semestre.
Verônica não perde tempo e debocha de Flávia dizendo que ela tem nome de aranha igual a que a menina diz ter em casa para ajudá-la a fazer feitiços.
Depois da aula, Verônica volta para casa e toma um banho enquanto a babá lhe conta outra história do mesmo naipe da anterior.
Descobrimos que Verônica perdeu a mãe muito cedo em um acidente de carro e que por isso ela vive com a avó.
Do outro lado, em sua casa, Flávia dá boa noite aos pais e pergunta-lhes se ela pode ter uma aranha de estimação o que obviamente lhe é negado.
Verônica ouve uma história de fantasmas antes de dormir e menciona à babá sobre fazer pacto com o diabo.
Na manhã seguinte, algum tempo depois de ouvir que uma das professoras irá embora, Verônica diz para Flávia que ela tem o dom de prever o futuro através de um amigo bruxo que conta tudo para ela.
Mais tarde, Verônica leva Flávia para sua casa e mostra à ela uma ave empalhada alegando que aquele é o tal amigo que conta para ela sobre o que vai acontecer no futuro e completa dizendo que ela mesma é uma bruxa.
Em outro momento, Flávia pergunta ao pai se as bruxas existem e este afirma categoricamente que não.
Mais tarde, Flávia tem aulas exaustivas de piano sob a batuta da exigente senhorita Ricard.
No dia seguinte, Verônica pede para a amiga para não falar nada sobre seu amigo bruxo para ninguém e como Flávia é cética, ela desafia a suposta bruxinha a mostrar seu amigo empalhado se mexendo, porém a menina arrega.
Logo depois, as meninas voltam a falar sobre bruxismo e Verônica atrai Flávia até um dos quartos onde se esconde. Flávia chega logo em seguida e vê uma velha imóvel a encarando pondo-se a correr e gritar.
À noite, Flávia geme na cama e se acorda assustada com a ventania indo buscar alento nos braços da mãe que se converte numa bruxa velha que gargalha até que descobrimos que aquilo tudo era só um sonho.
Na manhã seguinte, começando a mudar de opinião, Flávia pergunta para Verônica se ela pode fazer um feitiço para se acabarem suas aulas de piano.
Verônica leva a menina até um quartinho escuro onde acende velas pretas dizendo ser um agrado ao diabo e o invoca através de uma página de partitura.
Logo depois, Verônica fura seu dedo e o de Flávia para oferecer o sangue delas como parte de um pacto com o tinhoso. Verônica pede que Flávia dê algo ruim como oferenda para que ela possa queimar e o escolhido é uma partitura.
No dia seguinte, Verônica compra briga com uma coleguinha da escola por conta de seus lápis de cor e na hora da aula, a bruxinha empresta seu estojo à colega e de dentro dele sai uma cobra causando o caos.
Como a culpa recai à Flávia, a menina é castigada com um bom tempo trancada num quartinho escuro e no dia seguinte, ela despreza Verônica que foi quem a dedurou injustamente.
Mais tarde, Flávia retoma as aulas de piano até que num determinado momento, ela é deixada sozinha enquanto a senhorita Ricard sai para fazer um chá. Com a demora, a menina chama pela professora e a procura até encontra-la morta jogada no chão revelando seu rosto pela primeira vez.
Ouve-se dos pais de Flávia que a professora já havia tido dois infartos e que ela fumava muito sem nunca se cuidar adequadamente.
Na manhã seguinte ao sepultamento da professora, Flávia pede para Verônica que não conte nada sobre o feitiço para ninguém e a bruxinha encanada com uma boneca da amiga pede ela como moeda de troca pelo seu silêncio e com a negativa de Flávia, Verônica ameça invadir o quarto dela a noite para leva-la.
À noite, Flávia tem seu sono interrompido por gargalhadas de bruxa e simplesmente não prega o olho.
No dia seguinte, Verônica fica encantada com uma caneta dourada que Flávia ganhou do pai que está nos EUA e fica com ela à força.
Em outro momento, Verônica convence Flávia a matar aula para ir até um cemitério do povoado para ver múmias instigada por uma história que a babá lhe contou dias atrás.
Em casa, Verônica ouve da babá que bruxas e fadas são inimigas e esta menciona os ingredientes para se fazer um veneno para matar fadas.
Verônica descobre que os pais de Flávia irão leva-la ao rancho da família e obriga a amiga a leva-la junto.
Chegando no rancho, as meninas vão brincar no celeiro e Verônica convence a amiga a fugir para visitar o cemitério do povoado. Depois do breve tour, as meninas vão até um lago adjacente ao rancho onde a bruxinha diz para Flávia que a morte da senhorita Ricard foi obra do diabo em resposta ao pacto.
De volta ao rancho, as meninas se divertem com as charretes do pai de Flávia até Verônica dar de cara com um caldeirão e convence a amiga a fazer veneno de fada nele.
Verônica diz que as fadas se reúnem em volta das flores em noite de lua cheia e justamente lá é que o veneno é depositado. Depois, as duas vão até o lago para pescar e planejam como e onde conseguir os ingredientes.
As duas se dividem momentos depois para caçar lagartixas e depois pegam um barco à remo para cruzar o lago que dá num brejo onde elas caçam sapos.
Horas depois, as meninas chegam à casa grande do rancho completamente sujas e levam uma bronca da mãe de Flávia além de serem banhadas.
No dia seguinte, o próximo passo segundo Verônica, é conseguir uma cobra, terra de cemitério e a cruz de uma lápide, o que faz Flávia arregar.
Mais tarde, Flávia pergunta para Verônica se a senhorita Ricard pode voltar dos mortos e é persuadida a ir até o cemitério para que a alma penada da defunta veja que a menina não tem medo.
No meio da madrugada, Verônica convence Flávia a acompanha-la até o cemitério para pegar a cruz. Lá, as duas são pegas pelo coveiro e ao serem levadas de volta, as meninas levam uma bronca do pai de Flávia e a menina menciona o veneno de fada.
Verônica passa o dia aborrecida com Flávia por ela ter falado sobre o veneno.
Flávia segue Verônica até o celeiro e a menina ameaça cortar a língua da dedo-duro e ainda barganha a cadelinha de estimação da amiga, Hippie como punição.
Faltando poucos dias para as meninas voltarem para casa, Verônica diz para Flávia que já conseguiu todos os ingredientes para o veneno, toma a cachorrinha da amiga e a obriga a recitar um juramento de obediência e lealdade.
Chegando a noite, as meninas vão ao celeiro para preparar o veneno no alto do palheiro. Flávia vê na sombra de Verônica a silhueta de uma bruxa misturando os ingredientes no caldeirão e gargalhando.
Flávia desce do palheiro para acalmar Hippie que não para de latir e repentinamente, ela risca um fósforo sobre a palha ateando fogo e posteriormente retira a escada de acesso.
Quando Verônica percebe que está presa às chamas é muito tarde e ela grita pela amiga que apenas a observa inalar a fumaça.
Flávia se retira do celeiro e do lado de fora, ela esboça um sorriso maligno se deleitando com a desgraça da amiga que vai aos prantos...
O filme tem uma pegada bem obscura se passando em uma época mais remota e simples, o que faz com que a ambientação seja valorizada com as construções de época, os casarões antigos que dão uma imersão legal para filmes sobrenaturais.
Uma coisa curiosa, é que a obra foca tanto nas protagonistas que os personagens adultos são retratados no maior estilo Charlie Brown, ou seja, nunca mostrando seus rostos, só que claro ao contrário do desenho clássico da nossa infância, os adultos não falam uma linguagem indistinguível. Aliás, o único momento em que vemos o rosto de um adulto é quando um personagem morre, como é o caso da professora de piano e logo mais, vemos apenas de relance o rosto do coveiro do cemitério do povoado e nada mais.
O terror do filme é puramente sugestivo nunca mostrando nada realmente sobrenatural deixando claro que Verônica nunca foi uma bruxa, porém a cena final nos deixa com a pulga atrás da orelha com a mudança de posição de Flávia que foi de franguinha assustada para uma garota de sangue de barata de zero a cem muito rápido.
Outro destaque são os efeitos especiais que apesar de simples ficaram muito legais para a época.
Par terminar, o filme conta com o rosto conhecidíssimo entre os fãs de novelas mexicanas (como este que vos fala) da atriz Ana Patricia Rojo, filha do saudoso grande ator Gustavo Rojo, aqui interpretando Verônica que já projetava a até então atriz mirim para aquilo que ela hoje faz de melhor: os papeis de vilã. No Brasil, ela ficou bastante conhecida como as algoses das mocinhas de novelas muito famosas como Maria do bairro, Carinha de anjo, Esmeralda, Cuidado com o anjo, Um caminho para o destino e muitas outras. Só por isso, o filme vale uma boa assistida.
Trailer:
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