Começando o ano com o pé direito, eu vos trago uma das maiores e mais icônicas obras de Dario Argento que aqui caprichou em todos os sentidos trazendo uma trama recheada de mistérios e assassinatos.
A obra da vez nos leva até o assassinato de uma médium que deixa lacunas o que faz um pianista próximo à vitima a buscar o assassino por todos os lados entrando num jogo de gato e rato que custará várias outras vidas interligadas por um grande mistério.
Tudo começa com uma breve introdução nos mostrando um assassinato na noite de natal tendo como única testemunha uma criança da qual conseguimos ver apenas suas meias cano longo.
Na cena seguinte, somos levados ao ensaio de uma banda de jazz seguido de uma conferência sobre telepatia em um grande teatro sendo apresentado pelo também músico Marc Daly. Ele apresenta a médium recém chegada à Itália Helga Ulman que tem poderes telepáticos.
No meio da apresentação, Helga sente forças desconhecidas interrompendo suas frequências mentais e a fazendo ter uma visão da morte sendo tudo narrado de viva voz ao público.
Neste mesmo instante, um espectador do qual enxergamos através de sua perspectiva deixa o teatro visivelmente cansado e vai até o banheiro onde após se refrescar veste um par de luvas de couro preto com zíper dourado.
Retomando o caminho até o hall do teatro, a pessoa misteriosa vê Helga deixando o local com Marcus.
Temos o vislumbre de um quarto com alguns brinquedos espalhados sobre um carpete preto, além de um canivete e por seguinte, vemos os olhos esbugalhados da pessoa misteriosa passando uma sombra negra envolta das pálpebras.
Enquanto isso, no quarto de hotel onde está hospedada, Helga sente uma presença sinistra enquanto atende ao telefone. Quando sai para averiguar, dá de cara com a pessoa misteriosa que lhe desfere várias facadas a matando e por seguinte, esta toma posse de uma caneta e alguns papeis.
Do outro lado, Marcus encontra seu amigo do grupo de jazz e assim como ele pianista, Carlo bebendo para se aliviar do lado de fora do clube Pianoforte. Ao voltarem seu caminho para o clube, a dupla ouve um grito vindo ao longe e se dividem.
Marcus se vira para trás e vê do alto da sacada do hotel Helga sendo acertada por um cutelo e finalmente tendo sua cabeça arremessada contra a janela que se parte a cortando.
Sem perda de tempo, Marcus corre até o hotel e segue um rastro de sangue até o quarto de Helga onde encontra o corpo da telepata, mas não o assassino que neste meio tempo conseguiu fugir e já está longe demais para ser alcançado.
A polícia chega em questão de horas e inicia uma investigação. Quem também chega é a bisbilhoteira jornalista Gianna Brezzi que quer um furo a todo custo.
Depois de toda confusão, Marcus reencontra Carlo e pergunta ao amigo se ele viu o assassino sair do hotel e ele diz te-lo visto por trás.
Na manhã seguinte, ocorre o sepultamento de Gianna com poucas pessoas presentes contando Marcus e Gianna.
No caminho de volta, Gianna oferece uma carona em seu mini carro para Marcus tendo com ele um papo carismático até chegarem à um café onde o pianista é deixado.
A cena corta até uma encenação melodramática no teatro entre Marcus, seu amigo o professor Giordani e um outro ator enquanto Gianna os assiste.
Depois do ensaio, Marcus recebe Gianna em sua casa e os dois compartilham suas carreiras, interesses e seu caráter culminando com uma disputa de queda de braço onde a jornalista leva a melhor facilmente.
Instantes depois, Marcus vai até a casa de Carlo pra procura-lo e é recebido por sua mãe, Marta que se vangloria de sua época áurea como atriz. A senhora diz que o filho não está, mas que ele poderá ser encontrado na casa de um tal de Massimo Ricci que descobre-se ser um travesti e amante do pianista quando Marcus o procura.
Massimo diz à Marcus que Carlo não anda bem psicologicamente e o deixa aos cuidados do amigo. Na saída, Marcus pergunta à Carlo se ele viu um quadro estranho que sumiu do quarto de Helga na noite do crime que ele diz representar algo importante.
Depois de um breve boletim televisivo que fala sobre uma possível testemunha ocular do assassinato de Helga, a cena corta para uma apresentação de piano, um dueto entre Marcus e Carlo e já na cena seguinte Marcus toca piano solitariamente em sua casa.
Nisso, temos o vislumbre de um toca fitas executando uma melodia natalina bem brevemente.
Inesperadamente, alguém usando sapatos que rangem invade a casa de Marcus que ao se dar conta que há um invasor, se arma com um enfeite de cerâmica em forma de pássaro. Marcus agarra o aparelho de telefone assim que este toca e ao mesmo tempo que o pianista diz à Gianna do outro lado da linha que há alguém o stalkeando, uma pessoa sussurra do outro lado da porta de entrada que irá matar o dono da casa cedo ou tarde.
Horas depois, Marcus recebe Giordani e outro amigo que dizem ter traçado o perfil do assassino de Helga e o declaram como um esquizofrênico que sofreu algum tipo de trauma no passado e que sempre que tem ataques recria o momento em questão para revive-lo em looping. Além disso, é mencionada um rima de uma cantiga que de alguma forma está relacionada com a motivação da morte da telepata.
Logo depois, Marcus investiga um livro que contém uma pista sobre o crime e liga para Gianna pedindo pra que ele consiga o contato da autora do tal livro que se chama Amanda Righetti.
Temos novamente um vislumbre do quarto com carpete preto e os brinquedos espalhados no chão. Entre os brinquedos desta vez, está uma boneca sem roupa e com uma corda no pescoço premonisando uma morte. Vemos também as luvas de couro do assassino e seus olhos maquiados e saltados.
Esta mesma boneca vai parar no hall de entrada da casa de Amanda Righetti que a encontra ao chegar ao lar e ao mesmo tempo, pressente que há alguém escondido em algum cômodo. Nisso, as luzes se apagam e os passarinhos de estimação se agitam em suas gaiolas.
Na sequencia, em seu esconderijo, o assassino põe para tocar a fita com a melodia natalina rapidamente.
Um corvo invade e tenta atacar Amanda que o perfura com uma agulha de tricô. Depois, vemos o assassino vestido com um sobretudo se aproximar e acertar a cabeça da escritora com uma lanterna.
Amanda no entanto, rasteja até o banheiro, mas é pega pelo assassino que bate sua cabeça contra a parede e depois abre a torneira de água quente da banheira, arrasta Amanda desacordada e a afoga.
O assassino foge acreditando te-la matado, mas em suas últimas forças, a escritora deixa uma mensagem na umidade da parede até finalmente morrer.
Horas depois, Marcus chega à casa de Amanda e encontra seu corpo. Na sequencia, Gianna busca Marcus e no caminho de volta os dois tem uma discussão que termina em pizza.
Na manhã seguinte, Marcus investiga a localização de um casarão que ilustra uma página do livro de Amanda onde pode haver alguma resposta. Logo depois, Marcus liga para Giordani e relata o ocorrido com a escritora mencionando o fato dela ter morrido apontando para a parede que esconde algo.
Depois de muito rodar pelo país, Marcus encontra o casarão do livro e um vizinho diz que o local pertenceu anos antes a um homem chamado Carl Schwartz, um escritor alemão já falecido.
Em paralelo, Giordanni investiga o banheiro onde morreu Amanda com a ajuda da governanta. Quando a velhaca deixa a água quente da torneira correndo, Giordanni percebe a marcação do corpo feita pela polícia e se dá conta de que ela deixou uma mensagem na umidade da água, já que para ela ter tido sua face queimada justamente no banheiro é por que foi usada a água fervendo, o que ocasionou a umidade.
Voltando ao casarão, o vizinho deixa sua pequena filha Olga incumbida de levar Marcus até o casarão, ao qual a menina acredita ter fantasmas.
Marcus entra sozinho no casarão empoeirado e chega a um cômodo onde ele percebe uma pintura na parede escondida em uma camada fina de reboco. Ao raspar o reboco podre, o pianista descobre a pintura de uma criança segurando uma faca ensanguentada sorridente junto à uma árvore de natal e uma outra pessoa ensanguentada.
Ao subir um jogo de escadas próximo, Marcus é acertado na testa por lascas de vidro. Marcus vai embora assim que começa a anoitecer enquanto um pedaço do reboco do quarto misterioso se solta revelando uma terceira pessoa na pintura que nada mais é que o assassino da história.
Giordanni tenta entrar em contato com Marcus neste exato momento, mas não obtém retorno já que o pianista está dirigindo. O professor pressente que há alguém se aproximando de seu escritório e se arma com um punhal.
Inesperadamente, aparece um boneco minúsculo movido à corda vestido de garçom caminhando em direção a Giordanni que desfere um golpe arrancando parte da cabeça do brinquedo o derrubando.
Da janela, salta o assassino que o agarra e bate os dentes de Giordanni em tudo quanto é quina e depois o esfaqueia até a morte.
Rapidamente, Marcus toma conhecimento do ocorrido e contacta Gianna a convidando para viajar para a Espanha. Depois de se despedir da jornalista, Marcus liga para Carlo, mas a mãe do rapaz atende e tenta enrola-lo novamente com a história de sua carreira como atriz bancando a louca.
Anoitecendo, Marcus tenta escalar a mansão de Schwartz abrindo um buraco na parede do andar superior e acaba ficando pendurado com a queda da escada e de sua picareta. Depois de conseguir se salvar e de recuperar sua picareta, Marcus adentra o cômodo que dá no quarto com a pintura e golpeia a mesma com a picareta abrindo um rombo que dá num cômodo escondido onde encontra um cadáver esquelético sentado em uma cadeira que faz o pianista desmaiar.
Marcus acorda na manhã seguinte ao lado de Gianna enquanto a mansão pega fogo.
Depois de receber alta, Marcus é levado por Gianna até a casa do vizinho de Schwartz onde encontra Olga de posse de um desenho feito à mal que retrata exatamente a ilustração da parede da mansão. A menina diz te-lo pego escondido na escola onde estuda ao limpar os arquivos como punição por uma travessura.
Marcus vai até a tal escola com Gianna e ao chegarem aos arquivos exploram tudo que data dos anos de 1950 à 1952.
Gianna sente uma presença não muito longe e se afasta de Marcus para averiguar. Ao tentar ligar para a polícia, a jornalista ouve uma voz a chamar e desaparece. Ao encontrar algo que o empolga, Marcus se dá conta que Gianna sumiu e ao procura-la numa sala de aula, encontra numa lousa o desenho de uma pessoa enforcada e no mesmo momento, brota Gianna com um punhal encravado em seu peito.
A polícia ruma até a escola enquanto Marcus deixa Gianna para tentar encontrar o agressor e o invoca gritando saber quem ele é e eis que ele aparece munido de um revólver: Carlo!
Carlo diz te-lo advertido para não procurar o assassino e nisso, o inspetor da polícia aparece pulando pela janela já atirando e o assassino aproveita para fugir. O mal caráter pula o portão e corre até a rua sem perceber a aparição de um furgão que o atropela e não bastando, uma corda se solta do veículo prendendo a perna do pianista com um gancho que o arrasta pelo asfalto.
Com a alta velocidade do veículo cujos ocupantes ignoram o que acontece do lado de fora, Carlo bate a cabeça no meio fio e no mesmo momento, um outro carro passa com as rodas por cima da cabeça do nocauteado a estourando em pedaços.
Não muito mais tarde no hospital, Marcus recebe do médico a notícia de que Gianna ficará bem depois da cirurgia.
Caminhando pela rua, Marcus se lembra que Carlo estava com ele quando Helga foi assassinada o que significa que ele não era o assassino e nisso, o verdadeiro assassino que o stalkeia. Ele ainda se lembra do quadro desaparecido da casa da telepata e vai até lá onde encontra um espelho refletindo uma das pinturas.
Marcus então, finalmente fica face a face com o verdadeiro assassino de Helga: Marta, a mãe de Carlo que o culpa pela morte do filho dizendo que ele o estava tentando protege-lo. Ela revela então sua
terrível verdade: na noite de natal de quando Carlo era só uma criança de madeixas loiras, a ex-atriz teve um conflito com seu marido por que ele queria voltar a interna-la num sanatório e com a negativa ela cravou uma faca nas costas do marido na presença do filho.
É a mesma criança da cena inicial do filme que pegou a faca ensanguentada tal qual a pintura da parede e o desenho de Olga.
Marta tenta atacar Marcus com um cutelo e o persegue fazendo-o cair de frente para a cabine de um elevador onde o pingente em forma de pedra preciosa da atriz se prende na grade da cabine. O elevador se eleva puxando o colar de Marta que é decapitada no mesmo instante.
A cena final é Marcus vendo boquiaberto o corpo de Marta sendo refletido em uma enorme poça de sangue enquanto sobem os créditos.
O filme é um verdadeiro clássico com tudo que um bom giallo tem direito trazendo sem filtros toda violência que o cinema italiano podia proporcionar na época.
A trilha sonora em sua maioria foi composta pela banda de rock progressivo Goblin nos brindando com ótimas cenas de tensão.
A estrela da vez é Daria Nicolodi que entre os anos 1974 e 1985 foi casada com Dario Argento se tornando uma das grandes musas do giallo no período tendo atuado em Tenebre, Suspiria, A mansão do inferno, Phenomena, Terror na ópera e em 2007 ela fechou a trilogia das mães em O retorno da maldição: a mãe das lágrimas. Em prelúdio para matar, ela deu vida à jornalista Gianna.
Voltando ao filme, a trama joga muito bem com o mistério, mas meio que se perdeu no ato final e pelo menos para mim, deixou uma lacuna iniciada lá no primeiro ato: na cena em que Helga está dando uma palestra no teatro e tem um surto mental. Me deu a entender pelo cansaço do assassino que ele teria estabelecido um elo telepático com a médium que seria o motivo de te-lo deixado cansado, porém no desenrolar de toda a história nada sobre Marta ou seu filho serem dotados de poderes mentais é esclarecido. Não que fosse mudar alguma coisa, mas enfim, é só uma observação.
No mais, a obra tem tudo de atrativo, as mortes são criativas, violentas e a única coisa que eu não gostei muito, foi da cena em questão que o jovem Carlo segura a faca ensanguentada que mais parecia um glacê seco e reto. Fora que a borda e o gume da faca não foi melecado de sangue falso pra dar a imersão de uma arma branca completamente ensanguentada, fora que o sangue está reto, grosso e parado ao invés de escorrendo e pingando. A cena é icônica mas envelheceu mal demais.
Trailer:
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