E chegamos ao último lançamento do ano e que para variar eu demorei a conseguir assistir e mais ainda para trazer uma resenha.
A produção é a mais recente da A24 que trás uma trama cheia de suspense trazendo uma trama de cunho religioso que promete surpreender com um jogo de gato e rato.
A história é sobre mais um dia de conversão de uma dupla de irmãs aos populares batendo de porta em porta. A normalidade é quebrada quando elas chegam á residência de um homem solitário e eloquente que esconde um segredo terrível e que passa a persegui-las testando sua fé...
Tudo começa com duas jovens missionárias da igreja mórmon, as irmãs Paxton e Barnes no banco de uma praça falando sobre sexo e camisinha de forma aberta e vulgar.
Depois de serem ridicularizadas por um grupo de adolescentes, as irmãs iniciam sua missão diária de espalhar a palavra de porta em porta até chegarem à residência do afável senhor Reed.
Disposto a ouvir as garotas e a poupá-las de uma chuva que chegou de surpresa, Reed as convida para entrar em sua casa alegando que sua mulher fez torta, ofertando-a ás irmãs.
Enquanto serve a cortesia da casa, Reed faz uma série de perguntas constrangedoras e pessoais ás irmãs e depois mescla vários tópicos á prosa como uma espécie de jogo de fé. Sem paciência, as jovens exigem ver a esposa de Reed pois elas precisam seguir à risca os procedimentos que sua igreja impôs à sua pregação e o senhor vai procurar a esposa deixando um clima pesado de silencio e desconfiança.
As garotas tentam sair de fininho, porém se lembram que as chaves da trava de suas bicicletas estão em seus casacos e que Reed os levou, pedindo á ele que mais uma vez some, o que as faz tentar sair de qualquer jeito a pé, porém elas se deparam com a porta da frente trancada.
Encurraladas, Paxton e Barnes tentam sair de fininho em busca de outra saída e acabam entrando no escritório da casa onde encontram Reed na penumbra e elas pedem seus casacos de volta e que as deixem ir embora.
Os casacos são entregues mas sem as chaves e as garotas pedem ao anfitrião que abra a porta da frente, mas ele diz que não é possível faze-lo naquele momento, pois a fechadura tem um temporizador e ele não viu o tempo de travamento passar, o que significa que eles estão presos até que se inicie outra programação no equipamento.
Reed brinca mais uma vez com o psicológico das jovens deixando claro que ele não é casado e que sua mentira é equivalente a sua fé em Deus, ou seja, as irmãs acreditaram nele por que quiseram assim como elas acreditam em Deus, só que Reed mentiu para elas iniciando um jogo de desconfiança.
O dono da casa mostra duas portas de acesso em seu escritório e risca cada uma com "crença" e "descrença" e pede às irmãs que elas escolham uma das portas alegando que uma delas levará a saída.
Enquanto isso na igreja, o Elder Kennedy, o superior das irmãs se dá conta da demora e a falta de notícia das mesmas se preocupando.
Reed mostra às irmãs seu tabuleiro de Banco imobiliário (ou Monopoly) e diz que aquele jogo é uma versão distorcida de um jogo antigo chamado The Landor's Game e que este se tornou obscuro e desconhecido com o passar do tempo pela popularização de sua ramificação. Logo na sequencia, ele tira outros tabuleiros de Monopoly de versões alternativas produzidas pelo tempo.
O senhorzinho saca na sequencia uma bíblia, um Torá e um Alcorão que são os livros sagrados do cristianismo, islamismo e judaísmo. Ele compara os livros com as versões de Monopoly alegando que as três maiores doutrinas religiosas mundiais são variações de uma grande doutrina original que se perdeu com o tempo por influência do homem.
Neste mesmo instante, Elder procura pelas irmãs pela cidade toda debaixo de uma nevasca enquanto Reed faz um resumo da doutrina original que deu origem á história de Jesus.
Na sequencia, Reed volta a pedir que as irmãs escolham uma das duas portas, seguindo sua fé. As duas inicialmente se dividem entre as portas, mas Barnes confronta Reed sobre sua falta de conhecimento sobre a perseguição religiosa e insiste em seguir a porta da fé e segue um caminho escuro elo subsolo da casa juntamente com Paxton e as duas são trancadas.
As irmãs acabam em um porão escuro iluminadas apenas pela lanterna de um celular e encontram uma pequena janela no alto de uma das paredes.
Sentindo uma aproximação, as irmãs cessam sua tentativa de fuga e ficam de cara com uma mulher misteriosa usando um véu branco segurando uma torta numa bandeja ao mesmo tempo que ouve-se através do buraco de um cano que vaza muita água, uma música tocando na vitrola do escritório.
Através de um alto falante, as irmãs ouvem Reed dizer que elas irão testemunhar um milagre, o sacrifício de uma profeta (que é a mulher do véu). A tal mulher come um pedaço da torta a qual Reed diz ter acônito e esta acaba morrendo na hora.
Reed exige que as irmãs tomem o pulso da profeta para se certificar que ela morreu de fato e alega que a mesma irá ressuscitar em breve.
Elder chega neste mesmo instante à residência Reed e percebendo, Paxton e Barnes tentam gritar para chamar a atenção do superior, mas infelizmente, o cativeiro é acusticamente isolado dando fim a sua única chance de fuga.
Como plano B, as garotas veem pela fresta da porta do escritório uma caixa de fósforos jogadas e tentam pega-la puxando o tapete enquanto Reed enrola Elder tentando convence-la de que ele não conhece as irmãs.
Elder dá meia volta e as irmãs tentam fazer um sinal de fumaça com os fósforos mas os palitos não acendem e nisso, a profeta aparece viva, vomitando a torta e dizendo palavras desconexas.
Reed desce até o porão e tira a profeta do recinto e ao voltar pede que as irmãs façam um relato do milagre que elas presenciaram para que ele anote para as gerações futuras, mas Barnes volta a confrontar o maluco negando que tenha ocorrido uma ressurreição, mas sim uma experiência de quase morte alegando que ela passou por uma experiência similar quando ela precisou operar os rins.
Sem conversa, Reed passa o punhal no pescoço da irmã que capota na hora deixando Paxton desesperada gritando por socorro pela janela.
Recuperado o fôlego, Paxton se agarra a sua fé e Reed rasga o braço de Barnes até encontrar implante metálico que ele diz ser uma espécie de chip de controle cerebral que a igreja implantou para controlá-la, mas a irmã diz que aquilo é um simples micro chip contraceptivo.
Reed tenta convencer a irmã a comer a torta e provar para si mesma que ela poderá voltar à vida para provar sua tese, porém ela se nega alegando que o que aconteceu com a profeta foi meramente uma demonstração de ilusionismo, ou seja: no momento em que a mesma foi dada como morta, as irmãs tiveram um tempo de distração o suficiente para uma dublê entrar por uma porta secreta, esconder o cadáver e se colocar no lugar dela, porém o que Reed não contava é que Barnes notou que a posição da dublê estava bem diferente da posição que o corpo verdadeiro estava.
Paxton comprova sua tese mostrando a portinhola que dá no subterrâneo do porão e que a dublê usou para fazer a troca e Reed pede que ela desça para comprovar que não há nenhum cadáver lá e a ingênua assim o faz sendo trancada. A irmã tenta procurar uma saída e acaba encontrando uma espécie de calabouço com mulheres de véu branco presas em jaulas e Reed chega na hora questionando a irmã sobre qual é a religião absoluta e original.
A irmã liga os pontos de cada movimento feito por ela e Barnes desde que chegaram á residência do maluco e conclui que a religião dele é o controle, o livre arbítrio para fazer e acreditar naquilo que ele quiser e impor o controle sobre os considerados descrentes, tal qual ele tentou fazer com as garotas.
Acuada, Paxton usa o mesmo punhal usado para atacar Barnes para perfurar Reed e corre pelo labirinto subterrâneo até chegar no escritório agora aberto e ela bloqueia a porta principal voltando para o porão, mas Reed a surpreende a apunhalando na barriga caindo fraco em seguida.
Paxton reforça sua fé na oração enquanto Reed se arrasta tentando agarra-la novamente, porém ele é apunhalado por Barnes com suas últimas forças e os dois morrem.
Depois de chorar a morte da amiga, Paxton foge através de uma tela de proteção e foge pelo campo embranquecido pela neve que cessou sendo agraciada pelo pouso de uma borboleta em sua mão que voa em seguida, livre como ela...
Eu não vou mentir para vocês, o filme é extensamente cansativo no primeiro ato se resumindo a um tempo absurdo de conversa entre Reed e as irmãs e isso quase me fez desistir do filme não bastasse as quase duas horas de duração do mesmo. Mas felizmente depois da primeira metade a coisa finalmente vai e a trama aposta na sobrevivência e no mistério trazendo a figura enigmática da profeta.
Aliás, não fica muito claro se a profeta e as outras prisioneiras eram outras irmãs de religiões adversas que falharam na missão de pregar o evangelho ou se existe outro motivo para Reed prender mulheres em seu porão. De repente ele é só um sádico, vai saber...
Reed é vivido pelo britânico Hugh Grant de Um lugar chamado Notting Hill, Quatro casamentos e um funeral, O diário de Bridget Jones, entre outros e até conseguiu passar um certo ar de ameaça e uma tranquilidade ameaçadora, mas não é grande coisa, o personagem rapidamente se tornará esquecível.
Já as irmãs são interpretadas por Chloe East de Liv e Maddie no papel de Paxton e a atriz e cantora Sophie Tatcher (de Bogeyman - seu medo é real, MaXXXine e as séries Yellowjackets, Chicago P.D e o Livro de Boba Fett) no papel de Barnes. Aliás, Tatcher canta uma variação de sua música mais famosa Knockin' on heaven's door que embala os créditos finais.
Ambas atuam razoavelmente bem e conseguiram passar toda a tranquilidade e ingenuidade de uma pregadora para o telespectador, mas poderiam ter sido mais enérgicas no momento de virada, já que no início elas mostraram ter um caráter bem safado ao falar tão abertamente sobre assuntos tabus em sua religião.
No mais, o filme é bem médio, poderia ter sido bem maior no quesito suspense, mas pecou na falta de ousadia, então eu tenho segurança em dizer que o ano fechou morno com essa última produção e esperamos que 2025 tenhamos mais sorte com o ponta pé que será dado com a nova versão de Nosferatu...
Trailer:
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