Agora sim o primeiro lançamento do ano, visto que Nosferatu é uma produção original de 2024 adaptando um dos clássicos monstros da Universal para a nova geração: o lobisomem, figura que andava bem esquecida e que não recebia uma produção digna há décadas.
Diferentemente do filme de 1941, esta nova adaptação só carrega o nome mesmo, pois a história é bem diferente a começar pelo fato que se passa nos dias atuais e nas entranhas de uma floresta no Oregon.
Co-produção da Blumhouse, o filme foi orçamentado em aproximadamente vinte e cinco milhões tendo arrecadado até o presente momento pouco mais de dez milhões segundo uma pesquisa prévia, o que já reflete no que está por vir e que eu vou deixar para as considerações finais. Por enquanto vamos para a história que nos leva até um jovem escritor que descobre que seu pai desapareceu de sua terra natal e nisso, ele parte de férias com a família para a fazenda onde ele viveu sua infância.
Chegando lá no entanto, uma criatura misteriosa os ataca e os persegue iniciando um jogo de gato e rato...
Tudo começa com um breve vislumbre da natureza, uma vespa sendo atacada por um bando de formigas em fúria seguido de uma passagem para a fazenda da família Lovel onde Blake vive com seu pai que é meio que um guarda florestal.
Depois de uma breve narração sobre a antiga maldição do lobisomem, somos levados a manhã seguinte na mesma fazenda onde o pai de Blake o prepara para sair para fazer uma patrulha pela floresta. O pai o orienta sobre como sobreviver na floresta quando ele já não estiver mais vivo assim que os dois chegam lá.
Blake se separa do pai visando seguir um cervo com a mira de uma espingarda, mas logo é encontrado levando uma bronca.
Os dois logo ouvem um barulho estranho indo se esconder numa torre de vigia e prevendo que algo ruim se avizinha, o pai de Blake o leva de volta para casa e desce até o porão que serve de abrigo e tenta contato com um amigo chamado Dan para quem ele pede reforço.
Trinta anos se passam e agora Blake é um homem da cidade grande, escritor e pai da menina Ginger que assim como ele na infância é tão imprudente quanto e assim como era seu pai, Blake agora é rígido com a filha.
Depois do passeio no centro, pai e filha voltam para casa e posteriormente a mulher da casa, Charlotte que vive pendurada no celular à trabalho e é tão desligada quanto Ginger.
Passada uma breve discussão de casal, Blake anuncia ter recebido uma carta do Oregon comunicando o falecimento de seu pai e ele menciona seu afastamento de suas raízes quando ele cresceu.
Logo depois, o casal dá uma volta juntos e tem um d.r onde Blake diz para Charlotte que quer que ela e Ginger sejam mais presentes em sua vida já que agora elas são a única família que ele tem na vida e sugere passar uns dias de férias na fazenda de sua infância.
Após um breve momento de indecisão por conta do trabalho, Charlotte aceita passar um tempo fora e prontamente a família se lança à estrada até que depois de um certo tempo eles se perdem em uma área sem sinal de celular.
Ginger percebe uma pequena torre de vigia com um homem armado e sugere ao pai que peça informações. Ao faze-lo Blake descobre que o rapaz é Derrik, um amigo de infância e filho de Dan, o amigo do pai de Blake.
Derrik se dispõe a ajudar a família e vai com ele no carro para guiá-los até escurecer e do nada, brota uma pessoa misteriosa no meio do caminho fazendo Blake perder o controle e capotar.
Ao se certificar que todos estão bem, Blake vê Derrik ser abduzido por uma criatura peluda e prontamente ordena uma evacuação.
Sozinho no carro, Blake quase é tragado pelas garras da criatura que carrega o corpo de Derrik consigo.
Os Lovel saem do veículo finalmente e seguem a pé por poucos metros até chegar à fazenda sãos e salvos.
Blake deixa as garotas na cozinha e faz a vigia por todas as janelas enquanto consegue uma lanterna visto que a casa está no breu total. Depois, ele vai até o porão para verificar o disjuntor e restaura a energia subindo de volta para o piso superior rapidamente para tranquilizar Ginger.
Por algumas horas, Blake vela o sono da filha que se acorda tentando digerir o que aconteceu com Derrik e o pai faz um discurso emotivo sobre pais e filhos.
Na sequencia, Blake vai até Charlotte que pergunta o que está acontecendo porém o marido não consegue ter uma resposta plausível sobre o que é a criatura que os atacou.
Sem perda de tempo, Bake vai até o porão tentar conseguir ajuda pelo rádio comunicador onde sente um forte odor vindo do freezer one encontra carne seca. Ao tentar come-la, acaba sentindo dor na mandíbula atingida na capotagem e cospe um dente, fora que se descobre que ele tem um rasgo no braço fruto do ataque da criatura ao qual Charlotte trata com curativos.
Horas depois, Blake coloca travas numa porta despertando a preocupação de Ginger e de Charlotte que o observam caladas.
Em seguida, Blake vai até a cozinha onde ouve um barulho estranho vindo do piso de cima e o segue por um jogo de escadas chegando a uma parede adjacente ao forro do segundo andar onde encontra uma aranha.
Após rapidamente passar mal, Blake volta à cozinha onde a criatura o puxa pelo pé o derrubando, mas Charlotte aparece bem na hora o puxando, porém o marido é nocauteado e só recobre a consciência um tempo depois no sofá da sala.
Ao se levantar, Blake dá uma olhada em Ginger e procura por Charlotte que está no porão tentando conseguir alguma ajuda com o rádio comunicador dizendo que o marido está doente, que já não é mais o mesmo desde que foi atacado e que nem se quer consegue mais falar. Charlotte o flagra ouvindo tudo aquilo e o recolhe dizendo estar preocupada com ele ate perceber que o mesmo está se mijando.
Charlotte o deita e o faz tentar escrever o que ele está sentindo e com uma caligrafia digna de um mal alfabetizado ele diz que está morrendo. Neste momento, Blake fica fora da realidade não conseguindo mais entender o que a esposa fala e Ginger aparece se preocupando com um sangramento repentino na mão do pai oriunda do corte no braço que está apodrecendo.
Feito um animal, Blake se levanta e fica no cantinho da parede mordendo a pele podre de seu braço e sugando seu sangue. Logo depois, ele encara Charlotte com uma cara de auto piedade.
Desesperada, Charlotte vai até o porão onde pega um jogo de chaves e uma bateria e depois vai até a cozinha pegar uma faca. Por seguinte, ela tira a família da casa e os leva para uma caminhonete velha que ela tenta fazer pegar justamente com o uso da bateria e com muito custo consegue. Blake passa por uma mutação onde seus dentes se tornam caninos e ele começa a perder cabelo. Repentinamente, a criatura aparece e ataca os Lovel os forçando a se esconder no teto de plástico de uma estufa.
A criatura entra na estufa e começa a rasgar o teto com suas garras bem onde Ginger está e ela quase cai sendo salva pela mãe.
Blake aponta para casa correndo desembestado. As garotas vão logo atras e Charlotte acaba trancando o marido para fora, mas o deixa entrar pelo apelo de Ginger que tenta consolar o pai e tenta também alcançar seu coração, porém em seu campo de visão, ele só consegue ouvir ruídos abafados e indistinguíveis rosnando para a menina.
Repentinamente, Blake vomita rios de sangue e rosna para Charlotte, mas se detém no mesmo momento. A criatura invade a casa estourando a porta e ataca Blake iniciando uma luta enquanto as garotas se afastam.
Charlotte ataca a criatura com um espeto de lareira e Blake complementa atacando com uma mordida no pescoço matando-a. Logo, Blake percebe que a criatura licantrópica tem uma tatuagem no braço: aquele era o pai de Blake que virou lobisomem, ele não estava morto na real e sim desaparecido.
Blake se arrasta para fora de casa e se contorce na grama completando sua transformação em lobisomem enquanto uma luz se forma à sua frente.
Dentro de casa, Ginger pergunta para a mãe sobre a ''doença'' do pai e Charlotte responde que certa vez há um bom tempo, o avô da menina saiu para caçar e se contaminou com a mesma doença e que ele a passou para Blake.
As garotas ouvem um barulho se aproximando e Charlotte desconfiada se arma com uma faca.
Blake aparece do nada e ataca Charlotte completamente descontrolado e a desarma forçando-a a pegar Ginger e se esconder com ela em um celeiro onde ela encontra e ativa uma armadilha para urso. O breu não impede que Blake localize Charlotte e Ginger já que ele tem a visão aguaçada à noite. No entanto, ele acaba caindo na armadilha que o segura enquanto mãe e filha fogem.
Pelo breu da floresta, as garotas fogem desesperadas enquanto Blake as persegue correndo em quatro patas até chegarem ao carro da família.
Com a aproximação de Blake, as garotas se escondem em uma torre de vigia onde são surpreendidas por Blake. Charlotte mira um rifle no marido e Ginger diz que o pai quer que a mulher acabe com tudo de uma vez. Sem pestanejar, Charlotte efetua um só tiro fazendo Blake agonizar até morrer.
Charlotte diz ao marido que está com ele e depois da despedida, ela pega Ginger iniciando um caminhada que se estenderá até um riacho que corta uma vasta montanha...
Eu não vou mentir, mesmo se tratando de uma produção da Blumhouse que tem dado mancada nos últimos anos eu realmente acreditei que desta vez teríamos um filme de terror como os clássicos porém, o roteiro é fraco, não consegue adquirir uma consistência bacana e se quer tem uma violência gráfica descente.
A esperança por algo prestável estava nas mãos do diretor Leigh Whannell que em seu currículo tem o clássico O homem invisível de 2022, fora que ele co-protagonizou ao lado de Cary Elwes e Tobin Bell o primeiro capítulo de Jogos mortais e ainda fez parte do elenco principal da franquia de filmes Sobrenatural; porém desta vez ele derrapou e não conseguiu trazer outro fruto de sucesso.
A figura do lobisomem se escondeu por quase 99% do filme aparecendo apenas nos quarenta e cinco do segundo tempo e numa figura mais humanoide do que bestial, fora que calva e ereta, usando roupas e tudo mais. Além disso, a cena de transformação definitiva de Blake em lobisomem foi breve, broxante e se quer teve um belo e enorme vislumbre da lua cheia, nem mesmo um uivo icônico, nada mesmo. Não tem como defender a falta da implementação do básico.
Eu até achei interessante e totalmente válido o artifício da valorização da família, os valores e o laço entre pai e filha, porém precisava ter sido melhor desenvolvido e mais profundo.
A atuação do elenco é boa, isso é um fato, porém a canseira do roteiro e a insistência de prolongar todo o suspense tirando o terror de verdade até o último minuto foi de cair o cu da bunda.
O ano mal começou e já temos uma bela peça digna da framboesa de ouro, não dá mesmo.
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