Já faz um bom tempo que eu procuro uma boa oportunidade e tempo para trazer uma resenha caprichada deste filme que eu descobri através de outro que não ironicamente é remake desta obra que eu vou aborda hoje.
Menos conhecido que Buio Omega (ou Beyond the darkness) de 1979, uma obra de Joe D'Amato, conhecido por Antropófago e Absurd, O terceiro olho é uma produção igualmente italiana do ano de 1966 com direção de Mino Guerrini e traz uma história bem menos transgressora e perturbadora que sua versão seguinte.
E a trama nos leva até as entranhas da mansão de um jovem conde apaixonado onde a soberba e o autoritarismo da matriarca imperam, o que pode e de fato trás uma desgraça atrás da outra na vida do protagonismo que num dado momento simplesmente surta pela dor do luto e pela saudade, trazendo à tona uma faceta completamente psicopata nunca antes vista.
Tudo começa no jardim da mansão do conde Mino Alberti que espera com ansiedade por sua amada noiva Laura Campi que colhe flores no jardim sendo esta mesma, o maior desafeto da Condessa de Alberti, a mãe de Mino que reprova a relação dos pombinhos e conta com a fidelidade da jovem governanta Marta que é secretamente apaixonada pelo patrão e nutre um ódio profundo pela sua prometida.
A situação entre nora e sogra se torna insustentável por conta da submissão de Mino à mãe que controla os passos do jovem conde o vigiando através de um buraco na parede onde fica um quadro adjunto ao quarto que será o ninho de amor do futuro casal.
A Condessa confidencia à Marta que não permitirá que seu filho se case com Laura e insinua de forma mórbida que uma desgraça poderia acabar com os planos de Mino.
Depois de deixar Laura por um momento, Mino tem um dedo de prosa com sua mãe que o chantageia emocionalmente implorando que ele deixe sua noiva o que prontamente ele nega encerrando a conversa.
Enquanto isso, Laura se delicia com um banho de banheira até a chegada de Marta que lhe oferece sais aromáticos e uma boa massagem enquanto aproveita para falar da relação unha e carne entre a Condessa e o filho insinuando que a jovem noiva está sobrando naquela residência.
Mino, que é taxidermista nas horas vagas estripa uma ave sem saber que na surdina, Laura corta os freios do carro de Laura que neste momento já está vestida e pronta para deixar a mansão dos Alberti mas não sem antes se despedir da Condessa que é hipócrita com ela.
Marta logo em seguida decreta a hora do almoço para Mino que pergunta á ela sobre sobre Laura e a serviçal comunica que a jovem foi embora, levantando a ira do conde que toma seu carro e dispara em busca da amada.
Em paralelo, a Condessa tem uma particular com Marta e joga na cara dela que sempre desconfiou de suas intenções para com Mino e que jamais permitiria que uma empregada a quem ela criou como uma filha desde que era criança se torna-se parte da família.
Não suportando a humilhação, Marta persegue a velha e a empurra pela escadaria, porém a Condessa ainda está viva mas leva um chute no olho com a ponta do salto e a esgana insanamente.
Enquanto isso na estrada, Laura dirige tranquilamente até que Mino a encontra e buzina para ela. Laura tenta frear porém o carro se descontrola
e desce por um barranco em disparada até cair no rio onde o jovem conde encontra sua amada morta do lado de fora do carro e com a cabeça afundada na água na beira do córrego. Mino entra em desespero (e aqui eu ressalto a interpretação hilária de Franco Nero).
Ao chegar em casa, a desgraça de Mino dobra ao descobrir que sua mãe morreu, porém ele que já estava anestesiado simplesmente se recolhe enquanto Marta atua para as autoridades se fazendo de infeliz.
Mino passa suas primeiras horas de luto completamente fora da realidade pensando no acidente de Laura e na agonia que ele acredita que sua mãe passou antes de dar o último suspiro.
Os dias se passam e Mino afoga as mágoas em um night club onde se interessa por uma striper e sem perda de tempo a convida para um programa à dois em sua mansão deixando-a momentaneamente sozinha em um dos quartos.
Depois que retorna, Mino leva a jovem até o quarto que estava reservado para ele passar suas noites de casado com Laura e que ficou abandonado e trancado desde então por ordens dele mesmo, o que fez com que o cômodo se tornasse nada convidativo.
Os dois iniciam as preliminares até que algo faz a jovem gritar apavorada chamando a atenção de Marta que está por perto. A governanta então, vai até o quarto do casal onde flagra Mino esganando a striper até a morte e depois ele chora confuso.
Mino pede que Marta o ajude a esconder o corpo e ela sugere esquartejar a jovem na oficina de taxidermia.
O tempo passa e Mino tenta se alegrar com uma arara, mas ainda está abalado e visivelmente perturbado por ter se tornado um assassino.
Mino sai para se distrair a noite e acaba oferecendo carona para uma jovem que se identifica como Loredana, um pedaço de mal caminho de vinte e dois anos de idade.
A inocente assim como a striper, cai nos encantos de Mino que também a convida para conhecer sua alcova e mata sendo mais uma vez acobertado por Marta que o chantageia com seu medo da solidão dizendo que irá embora se ele não se casar com ela, pois ela também está farta de ser cúmplice dos surtos do conde que embasbacado com a declaração de amor da empregada aceita seus termos.
Um tempo depois, enquanto colhe flores, Marta se depara com a chegada de uma jovem que é idêntica à Laura e esta se identifica como Daniela Campi, justamente a irmã gêmea da falecida que só conseguiu chegar de viagem para dar as condolências à Mino neste momento.
Mino volta a recuperar o brilho dos olhos quando recebe a irmã da amada falecida e a convida de pronto para se hospedar em um de seus quartos além de oferecer-lhe um drink enquanto Marta recupera sua amargura.
Marta tira satisfações com Milo sobre a recém chegada e ele insanamente diz que irá ''se casar com Laura" se referindo à Daniela e que sua mãe, a Condessa será informada da insolência da governanta que tenta faze-lo realizar que ele está confuso e que Laura está morta.
No meio do sono de Daniela, Marta a espreita com uma faca em punho mas acaba a acordando ao deixar cair o sino dando início a uma perseguição.
Mino que adormeceu na oficina ouve vagamente o grito de socorro de Daniela que se esconde no quarto de casal justamente onde Marta a surpreende da penumbra, porém antes que pudesse desferir um único golpe Mino aparece de surpresa e a desarma.
Ensandecido, Mino esfaqueia Marta várias vezes no peito deixando-a agonizar enquanto Daniela desmaia e só acorda minutos depois no banco do carona do carro de Mino que dispara no breu da noite.
Mino continua confundindo Daniela com Laura afirmando que os dois irão se casar.
Como o carro está com pouca gasolina, Mino faz uma parada no posto mais próximo e mira uma pistola em Daniela para intimida-la na frente dos frentistas. A jovem então, na tentativa de alcançar a trava da porta acaba apalpando o forro onde encontra o passaporte do conde jogando-o discretamente pela janela chamando a atenção de um dos rentistas na saída do veículo.
Os frentistas recolhem o passaporte e desconfiam que o carro deve ser roubado acionando o inspetor Bianchi e seus homens que telefonam para a mansão dos Alberti onde Marta ainda viva usa as poucas forças que ainda tem para se arrastar até o telefone porém não a tempo.
Felizmente, o inspetor volta a telefonar no mesmo instante e Marta consegue então chegar ao cômodo onde está o telefone e derruba o aparelho puxando-o pelo foi desferindo com muito custo um sussurro de socorro.
Instantes depois, a polícia chega a mansão onde Marta confessa todos os crimes de Mino e Bianchi instrui todas as viaturas a perseguirem o conde fugitivo.
Mino por sua vez, estaciona na praia onde conta seus objetivos futuros para com a "noiva" enquanto Daniela o confronta tentando faze-lo entender que Laura está morta. A jovem então, corre por alguns bons metros mas Mino a alcança, a agride e a violenta insanamente.
Nisso, chegam Bianchi e seus homens se guiando pelas luzes de suas lanternas e Mino tenta distorcer os fatos jogando a culpa de tudo em Daniela que rola de nojo e em prantos pela areia.
Bianchi entra no jogo de Mino sabendo que ele não irá oferecer resistência devido a sua falta de sanidade e o engana dizendo que o jovem precisará acompanha-lo para preencher a papelada da "denúncia" dos crimes de Daniela, o que ele faz tranquilamente sentando-se no banco de trás da viatura tranquilo certo de que ele conseguiu passar a justiça para trás...
Sendo breve, o filme é bem mais dramático e puxado para o suspense do que seu sucessor e a violência gráfica é bem diminuta, obviamente pela época em que foi filmado e pela nítida falta de orçamento.
O filme não faz feio, a montagem é bacana, a trama é bem desenrolada e ágil e trás uma gama interessante de talentos como o já mencionado Franco Nero, astro do eterno Django no papel de Mino, Erika Blanc de A noite em que Evelyn saiu do túmulo nos papeis de Laura e Daniela e Gara Granda do icônico Barbarella no papel de Loredana; só por isso já vale a curiosidade apesar de que nesta obra as atuações de alguns deles não foram as melhores.
A trilha sonora é muito boa e começa toda tranquila a na maior paz mas se transforma em melodias a la Psicose conforme o protagonista se transforma e começa a assassinar suas vítimas, um grande atrativo para a obra.
No mais, vale muito a pena para poder fazer um contra ponto com seu remake setentista que traz gritantes diferenças, para começar levemente, o protagonista de Buio Omega não é um conde, não tem mãe e leva a taxidermia como sua profissão. Fora que ele se aproveita disso para embalsamar o corpo de sua noiva, que nesta versão morreu vítima de magia negra imposta pela icônica governanta.
Aliás, a governanta é muito mais sanguinolenta do que o protagonista que está mais carente do que louco e o final de ambos é bem diferente e mais perturbador, então se você ainda não viu a adaptação de D'Amato, veja por que também vale muito a pena e já tem resenha no blog desde o início do ano passado.
Trailer:
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