Seguindo recomendações, finalmente resolvi assistir à produção espanhola do final de 2021 exclusiva do catálogo da Netflix e que é um senhor folk com elemento de terror sobrenatural e suspense.
Escrito, roteirizado e dirigido por David Casademunt, a história se passa numa Espanha devastada pela guerra no século XIX e nos apresenta a uma família que vive tranquilamente numa fazenda humilde isolada até que certo dia, um soldado ferido aparece boiando num barco mortalmente ferido.
Este, em suas últimas forças, tira a própria vida mas descobrimos que ele tem família e então o patriarca dos protagonistas resolve procurar pela família do morto para entrega-lo, mas antes revela para seu filho que quando era criança, sua irmã viu uma misteriosa entidade do mal conhecida como a besta e que o simples contato visual foi o suficiente para condena-la à morte.
O homem então parte e deixa o filho com sua mulher por vários dias sem nunca voltar e o isolamento e a insegurança faz com que ambos acabem perdendo o pouco de sanidade que lhes resta e ainda tem que enfrentar o perigo iminente da presença da besta...
O filme abre com uma narração falando sobre uma guerra que se abateu na Espanha do século XIX o que fez com que alguns civis acabassem se isolando em áreas rurais para fugir dos horrores da época.
E é justamente nesta época que se passa o filme e somos apresentados a um casal formado por Salvador e Lucia que vivem numa fazenda humilde no meio da relva com seu filho único Diego que é um menino inseguro e medroso.
Na meio da noite, Diego acorda inquieto precisando usar a latrina precisando acordar seu pai que o escolta no meio do breu até chegarem na casinha, onde o menino se desconcentra ao ver por entre a fresta da casinha um grupo de espantalhos horríveis que Salvador usa para afastar aves de sua horta e para delimitar o território, já que mais além da fazenda ocorria a guerra do qual a família prefere se isolar.
Na manhã seguinte, Salvador tenta ensinar Diego a abater um coelho de sua criação para o consumo, mas como eu já disse, o menino é covarde e exita perdendo o animalzinho que foge dele.
Um tempo depois, o menino pergunta para a mãe o que acontecerá ao coelhinho se ele ir além da fronteira, mas Lucia o tranquiliza dizendo que o animal é sagaz e sabe se cuidar diante do perigo.
Alguns dias se passam na tranquilidade até que chega o aniversário de Diego e ele ganha uma espingarda do pai com seu nome talhado no cabo que faz com que Lucia entre em divergência com o marido por achar que o filho ainda é muito novo para empunhar uma arma.
A mulher por sua vez, presenteia o menino com um telefone feito com latinhas e barbante e mais tarde conta histórias leves de terror, e nisso, Salvador resolve contar sobre a lenda de uma besta maligna que vive a solta na natureza e que persegue as pessoas para se alimentar do medo delas.
Lucia recolhe o filho para dormir mas ele acaba ficando inquieto pensando na besta.
Na manhã seguinte, Diego acorda ao ver o pai armado na beira do lago e ao ir vê-lo, descobre um barco boiando com um soldado ferido dentro dele aparentemente morto.
Salvador ordena que a mulher e o filho voltem para a cabana enquanto ele cuida do moribundo.
Em poucos instantes, Diego vê o soldado parado na porta principal apontando para a relva e depois atira em si mesmo com a espingarda.
Salvador arrasta o corpo para fora da cabana e Lucia exige que o soldado seja levado de volta para o barco e deixado boiando como ele chegou, mas o marido tem outros planos.
Mais tarde, Diego tenta acalmar o pai que está aéreo e este fala novamente sobre a besta revelando que quando era criança, sua irmã mais nova Juana alegou ter visto a besta mas ele não acreditou. A menina que estava sobre a janela quando ocorreu, se debruçou sobre a mesma e se jogou para a morte, uma vez que a janela estava no piso superior da casa onde morava.
Besta completa dizendo que uma vez que a besta vê sua presa, esta é condenada á morte.
Na manhã seguinte, Salvador prepara seu cavalo para cruzar a fronteira e levar o corpo do soldado até a família dele.
Lucia e Diego passam dias esperando pela volta de Salvador até que numa dessas noites, o menino precisa usar a casinha e a mãe o escolta, mas ele não consegue se quer cruzar a porta e acaba tendo que mijar num pote.
Na manhã seguinte, mãe e filho seguem cuidando da horta, dos coelhos e a falta de notícias de Salvador deixa a mulher cada dia menos esperançosa e depressiva.
Diego então cuida da mãe enquanto ela está doente até que chega o dia do aniversário dela e ele prepara sozinho uma torta para comemorar e mais tarde tenta animar a mãe a convencendo de brincar com o telefone de latinhas.
Lucia pressente algo vindo do lado de fora, além da fronteira e ordena à Diego que está fora que volte e tranque as portas.
Mais tarde, quando Diego já está na cama, ele vê uma menina que sabe seu nome e pergunta se ele viu a besta (é a fantasma da menina Juana). Depois, ela se debruça sobre a janela e se atira para a morte. A fantasma no entanto abre os olhos rapidamente apenas para dizer que a besta está vindo.
Numa noite chuvosa, Lucia acredita estar vendo algo escondido atrás dos espantalhos e desfere alguns tiros de espingarda. Depois, ela sai da cabana e deixa Diego sozinho em pânico.
Lucia volta em pouco tempo dizendo que o que quer que ela tenha visto antes já foi embora e depois de um tempo, mãe e filho descansam.
Na manhã seguinte, Diego tenta ir sozinho até o curral, mas Lucia o proíbe. O menino tenta sair na marra, mas se depara com um dos espantalhos bloqueando a porta principal.
Ao saírem, mãe e filho veem a relva toda destruída e Diego corre até a gaiola dos coelhos onde Lucia obriga que ele escolha um dos animaizinhos para o abate pois eles estão ficando sem comida. O menino não aceita, mas Lucia faz o trabalho sozinha e cozinha o coelho ao qual Diego se nega a comer e deixa a mesa revoltado de dentro da cabana.
Lucia o segue e mira a espingarda sobre o menino e diz estar vendo um invasor. Um lençol se solta do varal e cobre Diego que apenas ouve um embate que acontece entre a mãe e o invasor que ele teme ser a besta que é afastada e foge.
Ao conseguir se desfazer do lençol, Diego ai até a mãe e diz que está acontecendo igual que com sua tia Juana, mas Lucia diz que a menina se matou por que ela era doente da cabeça por que apanhava dos pais.
À noite, os nervos de Lucia estão atacados e ela vê a besta se aproximando novamente. Ela pede ao filho para abrir a porta principal e quando o menino o faz, um vento muito forte sopra e o joga contra o chão.
Repentinamente, mãe e filho veem a bolsa de Salvador jogada no chão e Diego pensando que o pai voltou vai até o lado externo da cabana e grita por ele sem sucesso. No entanto, o sentir a presença da besta se aproximando, o menino volta para dentro da cabana correndo a mil.
Lá dentro, o menino revista a bolsa do pai e a mãe diz que o marido ficou sem munição e que isso significa que ele não vai mais voltar.
Diego sai de casa para socorrer seus coelhos com medo que a besta os pegue, mas Lucia lhe dá uma bofetada de mão cheia.
Na manhã seguinte, Lucia ensina Diego a acertar um inimigo em seus quatro pontos vitais com uma faca caso ele precise se defender, mas o menino ainda é covarde e se recusa a matar.
Os dias se seguem e mãe e filho agora se isolam totalmente dentro da cabana. Lucia está praticamente fora de si e Diego cuida dela.
Um certo dia, o vento sopra pela casa fazendo com que a porta bata com força.
Lucia diz ter ouvido passos vindos do telhado e obriga Diego a escalar a chaminé. Chegando até o alto, o menino encontra algo que o deixa com muito medo e o faz cair aterrissando completamente imundo.
Depois de toda a confusão, mãe e filho tomam banho e Lucia pede ao filho para testar seu fôlego como eles normalmente sempre fizeram, mas como o menino está desconfiado ela mesmo o faz e fica tempo demais sem emergir preocupando Diego que a puxa ilesa para fora da água.
Um tempo depois, Diego tenta tirar a espingarda da mãe enquanto ela se distrai talhando um em pedaço de madeira por acreditar que é mais perigoso que a arma fique nas mãos da louca.
Diego acaba vendo um vulto passando por uma fresta do teto e nisso. Lucia ameaça se degolar se o menino não devolver a arma para ela. Diego o faz sem pestanejar e corre até o quarto para se esconder e lá, através de uma fresta na parede ouve a mãe conversar sozinha pelo telefone de latinhas.
No mesmo instante, Diego vai até a mãe que diz que "Ele" vai entrar e entrega o telefone ao menino que tenta ouvir o que tem do outro lado. Tudo era apenas uma distração para Lucia se enforcar, mas o menino a impede.
Minutos depois, Diego amarra a mãe na cama e de coração partido sacrifica seu coelho preferido para servi-lo como ensopado para Lucia que delira chamado por "Ele". Diego a acalma e a faz dormir, até acordar no meio da noite ao ver uma das latinhas rolar até a cama.
O menino agarra a latinha e ao sentir que há alguém do outro lado esticando o barbante, ele joga o brinquedo que volta para ele. Diego pega a latinha novamente e ouve alguém do outro lado dizendo que o está vendo.
Em pânico, Diego solta as amarras da mãe e fica em alerta, mas num breve momento de descuido, o menino perde a mãe de vista e encontra os cabelos da mãe cortados pelo chão.
Depois, ele a encontra ninando uma representação da besta que ela talhou na madeira.
Insana, Lucia diz que na manhã seguinte ela e o filho não irão trabalhar, apenas se divertir e o menino pede para ir até a latrina. Ela acata mas empurra o menino dizendo que a besta a quer e tranca Diego no quarto partindo para a cozinha.
O menino golpeia a porta com toda sua força e ao conseguir arrebenta-la, encontra a mãe com jogada no chão com um corte no pescoço.
No mesmo instante, Diego ouve a besta se aproximando e esta entra dentro da casa. Sem medo, o menino grita para a entidade ir embora e depois atira nela. Na sequencia, ele pega uma garrafa de querosene e espalha o líquido por toda a cabana e ateia fogo.
Diego arrasta a mãe para fora e a coloca numa carriola fugindo da cabana que jaz em chamas.
Lucia acaba não resistindo e Diego a sepulta submergindo seu corpo no lago ao nascer do dia. Do outro lado do lago, Diego vê o vulto da besta refletido e limpa sua mente se lembrando dos bons momentos que viveu com a mãe.
Por fim, ele caminha relva aberta em busca de seu destino...
Não vou mentir, eu não esperei muito e o filme entregou justamente o pouco proposto mas ainda sim foi uma experiência legal, apesar de ser só mais um terror de isolamento com elemento sobrenatural, prejudicado por horas a fio de diálogos e jumpscares forçados.
Se você assistir esperando demais vai se decepcionar por que a entidade em questão ensaia para no final aparecer bem pouco e é puro CGI (até que bem feito, mas é CGI no final das contas).
Fica subentendido na cena final que Diego está condenado à morte por que ele chegou a ver a besta e percebemos isso, por ele acaba ficando marcado com uma cicatriz em uma das mãos tal
qual aconteceu com a mãe precedendo sua queda depois de perder sua sanidade, o que significa que a entidade não só se alimenta de medo mas brinca com suas vítimas até por fim elas não aguentarem mais e morrerem. Provavelmente é o que iria acontecer com Diego e por isso que ele simplesmente se lançou sem destino na cena final. Mas ele superou seu medo? Sim, mas a besta aparece refletida na água do lago e das duas às uma, ou independente de supera-la ou não a vítima morre só por estar marcada ou a entidade passará a perseguir o menino até ele morrer mesmo não podendo se alimentar com seu medo. Foi o que eu entendi.
No mais, o filme tem uma ótima ambientação, uma fotografia bem opaca e sóbria que colabora com a atmosfera de medo, desesperança e incerteza que paira pelo filme. A direção, os efeitos especiais são até que competentes, mas no caso dos efeitos dava para dar uma melhorada, mas quem sou eu?
A química entre os atores que interpretaram Diego e Lucia é muito boa e garantiu cenas inesquecíveis e imprevisíveis, além de garantir que o público fique amarrado na tela até o desfecho, ainda que o resultado final tenha sido bem mediana, não um desperdício, mas um potencial mal explorado.
Trailer:
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