Chegando com mais uma obra que eu deixei passar batido nos últimos anos, agora é a vez de mais uma produção da A24, indicada ao Oscar de melhor fotografia e orçamentada em onze milhões de dólares.
O filme é dirigido e co-escrito por Robert Eggers de A bruxa, O homem do norte e Nosferatu de 2024, o que já garante a curiosidade para quem conhece o currículo do cara e narra as desventuras de uma dupla de faroleiros que chegam à uma ilha isolada para tomar conta do farol local por um mês.
O tempo ruim e a solidão no entanto, começa a mexer com a cabeça dos protagonistas dando margem para um suspense memorável e muito bem montado com um elenco de estrelas de primeira...
Tudo começa em 1890 numa ilha da Nova Inglaterra onde desembarcam uma dupla de faroleiros chamados Thomas Wake e Ephraim Winslow para tomarem conta do farol local pelo período de quatro semanas.
Devidamente instalados em seu alojamento adjacente à área de trabalho, a dupla inicia imediatamente sua árdua jornada de trabalho puxado parando apenas para comer e revezar o sono durante o período de vigia.
Os dias se passam lentamente e percebemos que Wake já dá sinais de fadiga mental enquanto Winslow dá uma escapada para caminhar pela praia até entrar num estranho transe oriundo do canto estridente de uma sereia.
Na manhã seguinte, a rotina segue puxada para Winslow que se desdobra entre a manutenção da cisterna, o reparo no telhado do alojamento e o carregamento de um barril de querosene até o alto da torre, onde Wake o proíbe de seguir pois ele é o único que tem acesso às chaves da comporta que divide a escadaria e a torre da luz.
Depois do primeiro turno, Winslow almoça com Wake que tenta iniciar um diálogo com o assistente dizendo que o antigo faroleiro local que era seu assistente também, abandonou a ilha depois de ter enlouquecido por conta do isolamento.
Com a chegada da noite, os rapazes revezam a vigia do farol tranquilamente.
Na manhã seguinte, Winslow tem uma discussão com Wake por conta da limpeza do alojamento.
Dias depois, o tempo fecha dificultando as tarefas matinais de Winslow até a manhã seguinte quando tudo se acalma e os faroleiros retomam o trabalho atrasado, como Winslow que pinta a fachada do alojamento e acaba caindo do andaime.
Depois de voltar a si e de descansar, Winslow se abre com Wake dizendo que largou um trabalho de lenhador em uma madeireira para se tornar faroleiro por conta do ganho mais avantajado que daria a ele uma vida melhor, enquanto o veterano revela ter deixando a mulher e seus filhos por ter ficado obcecado com o farol.
O dia seguinte segue com muito trabalho para Winslow que limpa o tanque de lagostas até se deparar com uma centopeia gigante passando por trás dele. Um delírio?
Enquanto Wake segue exausto mentalmente, Winslow acaba surtando com uma gaivota e a mata a batendo contra o reservatório de água.
Uma tempestade é anunciada pela mudança do vento e a dupla de faroleiros se previnem pregando tábuas nas janelas do alojamento.
Horas mais tarde, Wake oferece um jantar e uma bebedeira de despedida para Winslow que partirá da ilha na manhã seguinte com a chegada do bote que o trouxe.
Depois de acordar da ressaca, Winslow vai até a praia esvaziar os penicos horas antes de começar uma tempestade.
Winslow acaba encontrando uma sereia desacordada no meio das algas rente ao mar e esta acaba acordando e o atinge com gritos estridentes o fazendo correr.
A noite trás uma tempestade obrigando Winslow a ficar mais tempo na ilha já que o mar está muito perigoso de se navegar e isso ocasiona o estrago dos peixes do estoque dando início a um período de racionamento.
Wake diz ao assistente que a tempestade poderá deixa-los ilhados por muito tempo.
No meio da chuva, Wake faz Winslow o ajudar a desenterrar um baú cheio de garrafas de bebida que eles bebem pelo resto da noite junto á uma prosa desconexa sobre comer capim sem os dentes que culmina com uma discussão.
No dia seguinte, Winslow segue trabalhando sem a menor paciência e resolve aproveitar o descanso de Wake para roubar o molho de chaves do farol, mas o veterano acaba acordando antes que o plano fosse bem sucedido.
Uma nova tempestade nasce com um novo dia de trabalho duro e Winslow delira com a sereia e anseia poder transar com ela em sua mente exausta enquanto na realidade ele se masturbava num depósito até alcançar o êxtase.
Os dias passam sem que a chuva cesse e a sanidade de Winslow se esvai se refugiando na bebida junto com Wake com quem dança e a dupla acaba se espancando.
Ainda bêbado, Winslow começa a delirar dizendo se chamar Thomas Howard e depois de se recompor menciona um acidente com um amigo na madeireira do qual custou a vida do mesmo e que ele não moveu um dedo para ajudar.
Os dias tempestuosos se passam e Winslow começa a perder a noção da realidade e num surto ele tenta fugir da ilha num bote, mas Wake destrói a embarcação com um machado e persegue o assistente até o alojamento.
Aos gritos, Winslow revela saber que Wake matou seu antigo assistente e que encontrou a cabeça dele no tanque das lagostas.
Wake joga psicologicamente com Winslow o fazendo acreditar que ele está delirando e que ele é fruto da imaginação do jovem faroleiro.
A dupla passa o dia bebendo e praticamente destroem toda a sala do alojamento até amanhecer.
Depois de se levantar, Winslow encontra o diário de Wake e o acusa de ter mentido em seu relatório sobre o rendimento dele durante o período que trabalhou na ilha para prejudica-lo.
Wake chama o assistente de Tom (se referindo à Tom Howard) e o acusa de ter matado o verdadeiro Ephraim Winslow, seu colega que morreu na madeireira e fora negligenciado e isso faz com que os dois comecem uma briga.
Winslow alucina vendo a figura da sereia em Wake e o espanca até voltar a si e humilhar seu chefe fazendo dele seu cachorrinho.
Com o tempo calmo, Winslow arrasta Wake até um buraco e começa a enterrar o chefe vivo, mas não sem antes surrupiar as chaves da torre do farol.
Sem perda de tempo, Winslow vai até o alojamento onde Wake ainda vivo tenta impedi-lo dizendo que a luz do farol é dele e acaba sendo executado com um golpe de machado na cabeça.
Coberto de sangue e exausto, Winslow se arrasta pelas escadas da torre até chegar na comporta que guarda a luz que é enorme, brilhante e atrai o faroleiro que abre a portinhola onde fica a lâmpada e ao agarra-la, acaba sendo eletrocutando sentindo um grande prazer que o faz gritar.
Winslow acaba rolando as escadas até cair do lado de fora amanhecendo sendo devorado brutalmente pelas gaivotas...
O farol é um baita conjunto completinho para quem gosta de um bom suspense e capricho na montagem.
O filme acertou em cheio em manter o formato reto e branco que contrasta muito bem com a fotografia belíssima da praia, somado ao trabalho competente da maquiagem e dos efeitos práticos.
Ele consegue ser visceral no momento certo e segura todo o terror corporal para jogar em momentos específicos de forma eficiente e convincente; eu mesmo adorei a violência que o filme emprega e sobretudo as tripas voando no final.
As atuações de Willem Dafoe e Robert Pattinson estão à flor da pele e a química entre eles é perfeita gerando altos diálogos memoráveis e uma pitadinha de bom humor no meio de tanto caos.
Meu único ponto fraco é que eu esperava que o farol em si fosse algo verdadeiramente sobrenatural e não uma simples alegoria de uma obra de terror de isolamento como tantas outras. Mas é claro que isso não tira o brilho do filme e com o isolamento e a paranoia como vilãs principais o filme ainda consegue se sustentar, mesmo dando essa tapeada no espectador mais incauto.
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