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Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

sábado, 16 de novembro de 2024

O Pacto / Suicide Club / Suicide Circle / Jisatsu Sakuru (2001)

 


Seguindo com o nosso mês do terror oriental, vamos para o que talvez seja o top 10 filmes mais perturbadores do cinema nipônico, com roteiro e direção de Sion Sono e que trouxe uma trama complexa e cheia de gatilhos difíceis de se digerir.

A trama se inicia com o suicídio coletivo de um numeroso grupo de colegiais na linha do trem fazendo um grupo de detetives se mobilizar para descobrir a fonte, a motivação e a ligação entre outros casos parecidos que vem assolando o Japão.

Conforme a trama avança, o suicídio acaba se tornando uma doença que se espalha entre todos os cidadãos da mesma cidade onde tudo começou, o que aguça além da curiosidade da polícia, uma jovem hacker anônima que se comunica constantemente com a junta de detetives mandando informações em forma de enigmas que podem desvendar o que de fato pode estar acontecendo e o porque.

Tudo começa no dia 26 de maio na estação de trem de Shinjuku. Jovens colegiais totalmente comuns esperam pela condução como todos os dias. A aproximação do trem que leva à Tóquio faz com que um grupo destes estudantes do ensino médio se juntar na frente da linha de forma horizontal onde todos dão as mãos uns para os outros iniciando uma contagem.

Com a chegada do trem, os colegiais inesperadamente se jogam na frente do veículo que não tem tempo de frear ocasionando um banho descomunal de sangue por todo o canto além do desmembramento de absolutamente todos que morrem incontestavelmente nesta tragédia.

Depois da introdução, somos apresentado a girl band Dessart formada por cinco adolescentes entre doze a quatorze anos (estimo eu), se apresentando num estúdio para um pequeno grupo de fãs delirantes, deixando claro que aquelas meninas de aparência inofensivas são o mais novo hit do país.

Na sequencia, somos levados a um hospital onde as enfermeiras Sawada e Yoko Kawaguchi fazem plantão noturno ouvindo a banda Dessart, até que Yoko resolve sair para ir à padaria buscar algo para comer com a colega.

Sawada, que fica com o segurança Jiro Suzuki descobre através do mesmo sobre o suicídio coletivo em Shinjuku, porém a enfermeira não crê no ocorrido e deixa o colega sozinho na guarita. Não muito depois, Jiro ouve um barulho vindo de um quarto escuro adjacente e ao verificar, não encontra nada fora do normal voltando ao seu posto quando recebe uma ligação de Sawada perguntando sobre Yoko que ainda não voltou da padaria.

O plantão segue com uma ronda de Jiro pelo hospital onde encontra por Yoko, mas encontra apenas Sawada no meio de um apagão ainda sem respostas sobre o paradeiro da colega. Tranquilamente, Sawada caminha até a janela onde se despede de Jiro e se joga para a morte.

Um tempo depois, somos apresentados aos detetives Kuroda, Murata e Shibuzawa que se integraram a uma equipe para investigar a onde de suicídios que se instalou entre os jovens na estação onde as opiniões se divergem desde um acidente muito estranho até uma possível seita suicida.

O detetive Shibu recebe um telefonema de uma jovem anônima que se identifica como "a morcego" e esta manda para ele o link de um site com um gráfico montado por ela com o número e a identificação por sexo dos jovens que se suicidaram em Shinjuku explicando que há algum tipo de padrão e que logo mais ela entrará em contato novamente com mais informações que ela for descobrindo sobre o caso. 

Depois, os detetives vão até o achados e perdidos da estação guiados pelo gerente que mostra á eles uma bolsa feminina deixada por alguém sobre a linha do trem depois do ocorrido e dentro dela sai um odor muito forte. Ao levar a bolsa para o laboratório, se descobre que o conteúdo da mesma é um pacote com um rolo de pedaços de pele humana costurados uns nos outros e os cortes de pele coincidem com as cicatrizes encontradas nas vítimas onde falta um pedaço de couro no tórax, o que significa que são as peles dos suicidas.

Depois de um longo dia de investigação, Kuroda se despede de Shibu e o primeiro é recebido em sua casa por sua esposa Kyomi num clima agradável e antes do início do jantar, Kuroda chama pelos seus filhos Toru e Sakura para uma reunião, porém os jovens estão mais interessados em ver uma apresentação das Dessart pela televisão.

Chegamos ao dia 28 do mesmo mês de maio e somos levados à um colégio do ensino médio durante o recreio que transcorre tranquilamente. Um grupo de alunos no terraço da sala de aula falam sobre suicídio como se fosse algo normal e legal e de repente, uma das meninas sobe até o parapeito da construção dizendo na maior zoeira que irá tirar a própria vida, até que um grupo de amigos segue o embalo dando as mãos uns aos outros formando uma linha e com exceção de três deles, o resto se joga para a morte.

Dois dos três que sobram se mostram enjoados e uma garota se abraça com o amigo ensandecida se joga com ele e morre. A última que sobra diz aos outros ser a co-fundadora do clube do suicídio e se joga para a morte.

Sem perda de tempo, os detetives Kuroda e Murata vão até a escola cobrir o ocorrido abrindo uma investigação de viés criminal dividindo a equipe.

O suicídio começa a se espalhar pela cidade levando os cidadãos a se matarem sem motivo aparente e sem o menor remorso enquanto a polícia segue tentando identificar a quem pertence cada pedaço de pele do rolo de acordo com o DNA dos corpos.

Uma jovem chamada Mitsuko que presenciou um suicídio de perto é interrogada por Murata sobre o fato de que a vítima fatal não tem um pedaço de pele faltando no corpo, o que o descarta como membro do já famoso clube do suicídio. Shibu é designado para manter contato com Mitsuko caso ela se lembre de qualquer informação que ela tenha se esquecido pelo calor do susto.

A investigações seguem a todo vapor e a Morcego manda uma nova mensagem para os detetives dizendo que o clube do suicídio pode estar relacionado com a internet.

À noite no hospital Jiro segue fazendo uma ronda em um quarto escuro quando encontra um grupo de pessoas misteriosas vestidas de branco que desaparecem.

Na casa dos Kuroda, Toru consegue entrar no site restrito que a Morcego acredita ser a fonte para os suicídios em massa e junto do pai direciona uma mensagem anônima para a administração do portal na esperança de se comunicar.

Enquanto isso, Murata recebe um telefonema anônimo de um jovem dizendo que o clube do suicídio não existe e aciona Kuroda.

Os dias se passam e os detetives recebem um telefonema anônimo que é gravado e a pessoa do outro lado da linha exige que a mídia tenha conhecimento do clube do suicídio do qual aparentemente ele faz parte e diz que naquela mesma noite mais de cinquenta pessoas irão se matar na estação de Shinjuku e menciona "o sexto elo" desligando em seguida.

Paralelamente, Kuroda investiga a sexta pele do rolo buscando uma conexão com o sexto elo e justamente esta tem uma tatuagem, o que pode significar que o suicídio em Shinjuku pode ter sido motivada por um crime.

Chegando o dia estipulado pelo anônimo, Kurata e os outros se espalham por Shinjuku procurando por alguém que tenha tatuagem, ou seja, que venha a se tornar o próximo sexto elo, o que confirma que irá acontecer de fato um novo suicídio massivo.

Com a chegada do trem, é iniciada uma operação para evitar a aproximação dos jovens à plataforma e ninguém salta. No entanto, um grupo de jovens dão as mãos e ficam de zoeira fingindo que vão saltar por puro deboche.

Com a partida do último trem, a operação se encerra sem nenhuma morte.

Na sequencia, somos levados a uma sucessão de atuações teatrais aleatórias enquanto a cidade fica obcecada pela morte.

Em uma residência comum, uma família assiste a um comercial das Dessart anunciando o lançamento de sua própria marca de chocolate que aguça o desejo da filha caçula de um homem com o qual ela assiste à tevê. A menina pede ao pai para comprar o tal chocolate e ele diz para ela pedir para a mãe. A menina se dirige até a cozinha onde a mãe está cortando nabo e pede o chocolate para ela. A mãe, totalmente fora da razão, corta os próprios dedos como se fossem hortaliças.

Seguido disso, vemos um quarteto de amigas fazendo uma atuação dramática no palco de um teatro quando do nada as quatro colocam cordas em seus pescoços e se enforcam.

Depois, um vendedor de comida numa barraquinha móvel toma uma overdose de comprimidos.

Em outra casa, uma jovem se senta com a cabeça junto ao forno ligado com a clara intenção de se matar.

Em um palco aberto, uma dupla encerra uma apresentação de stand up. O comediante obeso se despede do público após a última piada tirando a própria vida com uma facada na jugular. 

Na casa da família que via o comercial do chocolate das Dessart, a mãe segue cortando os dedos e desta vez vemos os membros picados banhados em um molho de sangue enquanto a menininha entra em pânico.

Uma atrás da outra, essas pessoas aleatórias vão sendo mostradas mortas enquanto toca uma canção das Dessart. Coincidência?

Kuroda chega em casa exausto e não percebe Sakura por trás coberta de sangue dando a entender que ela tentou o suicídio também.

A polícia é acionada quando uma gangue invade a casa da Morcego a raptando e estes se denominam como membros do clube do suicídio. A garota é levada junto de outras até um clube de boliche dentro de sacos de pano branco, onde a Morcego conhece o líder chamado de Gênesis que mostra que não está para brincadeira ao matar um cachorro pisoteado dentro de um dos sacos.

Do nada, Gênesis começa a cantar enquanto seus lacaios promovem um estupro coletivo com as garotas sequestradas e em seguida, as mesmas são esfaqueadas até a morte, menos a Morcego.

Neste meio tempo, a polícia chega à casa de Kuroda onde a mulher e os filhos do detetive tiraram a própria vida e numa investigação, se descobre que o sexto elo das peles, aquela com uma tatuagem pertence ao Toru.

Uma ligação anônima é feita diretamente à Kuroda (aliás por várias vezes  essas ligações ocorriam e quem estava do outro lado da linha sempre era uma criança) perguntando ao detetive se ele é ligado consigo mesmo tanto quanto é ligado à família. A criança ainda completa dizendo que quando o detetive morrer, sua ligação com a família será mantida, mas a ligação dele consigo mesmo já não existirá mais, será perdida.

Uma voz de menina diz à Kuroda que ele não consegue chorar e isso faz dele um idiota. Kuroda toma o revólver de um dos colegas, diz á anônima que ela está errada e atira contra a própria boca morrendo.

A Morcego, sai do saco onde estava presa e ao se deparar sozinha no clube de boliche, faz uma denúncia para a polícia através do computador do local.

Gênesis organiza o passo final de sua operação se entregando para a polícia com seus seguidores ficando claro que a gangue não tem ligação nenhuma com o clube do suicídio. Ao ser levado detido, Gênesis deixa uma mensagem enigmática para a mídia relacionada com a letra de uma música das Dessart que diz que "a vida é invisível à olho nu e que a vida é como um quebra-cabeças". Em paralelo, vemos uma apresentação da jovem banda cantando esta mesma música.

A vida segue de forma melancólica para a Morcego que está sã e salva e assim segue os dias.

A jovem recebe uma ligação, mas acaba ignorando e ao se virar para um poster das Dessart, percebe uma mensagem subliminar em forma de código numérico de acordo com os números estampados nas blusas das integrantes e os números que elas mostram com os dedos das mãos. Ao juntar os números em ordem, percebe-se que cada inicial número é referente a uma letra do teclado de um telefone que forma junto a palavra "suicídio" e os números são de uma linha telefônica direta e exclusiva que pertence ao clube do suicídio e quem está do outro lado da linha é nada menos que a criança anônima que vem jogando psicologicamente com os detetives este tempo todo.

Enquanto isso, Shibu recebe um telefonema da central de polícia informando que outro suicídio em massa aconteceu descartando definitivamente o Gênesis como responsável pelo clube do suicídio.

Dias depois, a Morcego vai até a zona restrita de um prédio com um cartão escrito um código dado a ela pelos anônimos.

Uma narração reflexiva da criança anônima fala sobre a ligação com o mundo e a razão da vida da Morcego. A mesma chega até um palco de teatro onde as cortinas se abrem e ela é recebida com aplausos por um grupo de crianças muito pequenas que perguntam se ela é ligada a si mesma assim como ela está ligada às outras pessoas. Ela responde que sim e recebe aplausos novamente encerrando sua "entrevista" com o fechar das cortinas.

A Morcego e outras jovens da mesma faixa de idade são levadas à uma sala onde elas tem um pedaço de sua pele arrancada revelando uma tatuagem, sendo anexada a um novo rolo.

Tempos depois, Shibu ao lado de um forense analisa o rolo de pele onde consta o pedaço da Morcego.

Mais tarde, um grupo de estudantes se dirigem à plataforma ouvindo um ringtone de uma música das Dessart até se juntarem em uma linha. O trem chega ao mesmo tempo que Shibu, porém nem a Morcego e tão pouco as outras garotas pulam; elas entram normalmente no trem e embarcam sãs e salvas.

Na tevê, a porta-vos das Dessart anuncia o fim da banda aconselhando aos fãs viverem como quiserem e segue um número musical da banda enquanto rolam os créditos finais.

O filme deixa uma mensagem subentendida de que o clube do suicídio não existia de fato e que na verdade, aquelas pessoas que se mataram no decorrer do filme já estavam propensas a faze-lo por que elas já não andavam bem psicologicamente, talvez que a rotina repetitiva e a tranquilidade da cidade fictícia da obra estava tão tediosa que a saída para estes jovens problemáticos foi jogar com a própria vida para sair da mesmice.

A existência das Dessart e a ligação com o grupo de crianças do clube do suicídio para mim se subentende como uma alegoria, uma distração para confundir o público fazendo acreditar que geral estava sendo hipnotizado pelas músicas, que sei lá, houvesse alguma mensagem subliminar nas letras, mas isso no final era pura loucura, como vemos quando o Gênesis é preso e menciona a letra de uma das músicas, ou seja, o cara tava vendo coisa onde não existia e colocou na girl band a culpa para as suas insanidades.

No início, eu pensei que o filme só queria ser moralista e que Sion Sono já estava ficando sem criatividade para o roteiro, mas foi um grande engano, o filme é mais profundo do que parece e o universo da obra ainda foi expandido para uma sequencia chamada A mesa de jantar de Noriko e um mangá de volume único com uma história bem diferente da original. A sequencia eu já assisti e não é tão pesada quanto a primeira parte e nem tão profunda, mas é aceitável. Já o mangá eu ainda não li, mas já tenho planos de adquirir um exemplar por que eu fiquei fascinado pela complexidade da obra.

Voltando ao filme, ele realmente está cheio de momentos gatilhosos e muito sangue, porém, boa parte do efeito prático ao meu ver está deveras datado, o sangue na cena da mãe picando os dedos por exemplo, parece mais uma poça de tinta guache vermelho cereja, o efeito funcionou melhor quando tem gente se jogando e o sangue jorra aos montes, esse sim está bem feito ainda, o que segura o longa metragem.

No mais, o filme é muito bem estruturado, tem uma trilha sonora bacana e acerta muito em dividir o elenco entre vários núcleos com o mesmo peso, sem nenhum protagonista recebendo todo o brilho, abrindo subtramas que movimentam a narrativa e não a deixa massante. Nem mesmo aquela sucessão de cenas aleatórias de figurantes se matando ao som das Dessart ficou fora de proposta, cada segmento encaixou perfeitamente dando um banho de gatilhos ao espectador desavisado.


Trailer:




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