Seguindo nossas postagens recorrentes de meio de semana com um filme recente que eu super demorei para assistir e trazer uma resenha bacana pela falta de disponibilidade em alguma plataforma (oficial ou não) e pela minha agenda abarrotada com outros conteúdos na fila já semi prontos. Mas ok, agora está pronto, revisado e pesquisado o melhor que eu consegui.
Aliás devo destacar que eu tive que apelar para o bom e velho piratex para conseguir assistir e mesmo assim não encontrei o filme com legendas em português e como meu inglês é podre eu precisei fazer aquilo que me dá mais preguiça nesse mundo: pesquisar!
O filme Starve Acre é derivado de um livro de mesmo nome de 2019 escrito por Andrew Michael Hurley e que recebeu por aqui o título de Terra faminta, o mesmo do filme quando desembarcou oficialmente por essas bandas. Se trata de um folk horror da Grã Bretanha dirigido e roteirizado por Daniel Kokotajlo e nos leva até uma comunidade campestre européia antiga de onde é passada de geração em geração uma lenda sobre uma árvore que tem o dom de curar a terra, mas este é só um pano de fundo para uma trama que nos apresenta uma família que vive de forma conturbada com os ataques violentos e inconscientes do filho pequeno que afirma ouvir vozes e assobios em sua cabeça.
O pai que é arqueólogo se joga de cabeça em uma escavação no quintal da própria casa onde ele passou sua infância traumática até que em um ataque de asma do filho este acaba falecendo e trazendo a depressão e o distanciamento dos pais além de trazer à tona um segredo vindo desta mesma terra que vai mudar a dinâmica da família drasticamente.
Tudo começa na mencionada casa de campo da família protagonista onde Julliette coloca seu filho único, Owen para dormir normalmente. Na manhã seguinte, Julliette e seu marido Richard levam Owen para brincar com as outras crianças em um parque, até que do nada o menino tem um de seus estranhos ataques de fúria atacando um pônei no olho.
Preocupados com o comportamento do filho, Julliette e Richard levam Owen para ser examinado pelo doutor Monk repassando à ele tudo o que o filho alegou e este é monitorado com eletrodos em sua cabeça sem ter qualquer diagnóstico revelado de pronto.
Os dias (não se quantos já que o filme não é muito claro com suas passagens temporais) se passam e um tempo depois que Richard sai para trabalhar, Owen tem um ataque de asma precisando ser levado para a clínica do doutor Monk, mas o menino acaba morrendo.
Mais um tempo se passa e o canal que já não era muito próximo se afastam mais ainda movidos pela depressão pela dor da perda. Enquanto Julliette se isola em sua casa, Richard monta acampamento em seu quintal onde começa a escavar seguindo as anotações do diário de seu pai onde vemos brevemente uma passagem que fala sobre o sacrifício de uma criança.
Em um outro momento, Richard leva sua cunhada Harrie para passar um tempo com eles e entreter a cabeça de Julliette para que ela possa reagir e voltar a viver normalmente.
À noite, Richard repousa sobre um amontoado de terra em seu quintal como se esperasse por algo ou alguém.
Enquanto isso, Julliette que adormece em frente a televisão ligada e então vemos muito brevemente o fantasma de Owen nos pregar um jumpscare.
Neste tempo que se passa, Richard recebe da universidade uma caixa com a ossada de um animal pequeno para analisar em sua própria casa e sua obsessão pela escavação chama a atenção de seu vizinho e amigo Gordon.
Do outro lado, Julliette recebe a visita da bondosa senhora Forde que é médium e diz que ela pode ajudar a fazer o espírito de Owen descansar e com a ajuda de Julliette e Harrie ela promove um cerimônia sobrenatural causando uma atividade paranormal quando as chamas das velas se elevam repentinamente.
Dias depois, Richard nota que a ossada enviada para ele sofreu uma espécie de regeneração passando a ter pequenas veias e um coração diminuto. O tempo e a obsessão pela estranha transformação do esqueleto distancia ainda mais Richard de Julliette e entre um tempo indefinido (eu já falei que o tempo não ajuda) que se passa, o esqueleto sofre outra regeneração ganhando uma camada fina de carne além de globos oculares em formação.
Richard passa a cuidar do cadáver que agora já se percebe ser de uma lebre como se fosse um filho.
Mais dias se passam (ou não, vai saber) e Richard percebe que o cadáver da lebre sumiu da caixa onde ele o colocou e nisso, percebemos o animal completamente reconstituído e agora milagrosamente vivo.
Julliette invade o escritório de Richard descobrindo a lebre e com a ajuda do marido, ela atrai o animal para uma armadilha levando-o para a natureza para poder soltá-lo e depois disso eles simplesmente transam.
Depois do coito, Richard conta à mulher sobre seu passado traumático quando o pai o forçava a ficar do lado de fora da casa à noite com pouca ou nenhuma roupa, passando o maior frio como se quisesse sacrificá-lo.
Certo dia, depois de muito escavar no quintal, Richard encontra um enorme cepo de uma árvore que é a mesma que consta no diário de seu pai e que segundo consta em uma lenda folclórica local, esta tinha a propriedade de curar a terra.
Enquanto isso, Harrie encontra o diário do pai de Richard e lê a passagem sobre o sacrifício de uma criança e nisso temos certeza que esta era o próprio Richard. Segundo a lenda também, os próprios populares da comunidade cortaram a árvore mística e enterraram para evitar futuros novos sacrifícios. Estarrecida, Harrie leva o diário para a irmã ver...
Neste meio tempo, a lebre voltou pra a residência de Richard e Julliette e o casal o acolhe e cuida dele como se fosse um bebê, como se Owen tivesse reencarnado no animal?
Julliette tenta alimentar a lebre com pedaços picados de maçã, o que o animal recusa e posteriormente, os papais de pet colocam o bicho para repousar em um cesto enquanto Julliette folheia o diário do sogro mais uma vez.
Repentinamente, Steve, companheiro de trabalho de Richard aparece do lado de fora casa gritando "que veio por ele" se referindo à lebre.
Enquanto isso, Harrie que é a única que vê uma certa esquisitice na atitude paternal do cunhado e da irmã tenta fazer uma ligação em um orelhão distante, mas Gordo, o bom vizinho a encontra e a alerta sobre o rumo que as coisas irão tomar na vida da família que agora está obcecada pela lebre tal como o pai de Richard foi pela entidade à qual ele queria dar o filho de sacrifício.
Voltando a casa, vemos Julliette com uma faca na mão cheia de sangue que ela usou par atacar fatalmente Steve que agoniza nos braços de Richard.
Julliette segue suas loucuras dando banho de banheira na lebre e Richard acaba rendido à loucura.
Minutos depois, Gordon aparece no quintal da casa do casal e arrasta o corpo semi morto de Steve até uma cova rasa enquanto que a senhora Forde faz outra cerimônia espírita junto ao local.
Harrie que já está de volta ao lar, é instigada pelo cunhado a aceita a lebre como parte da família e quando esta se debruça para acariciar o novo sobrinho, Richard lhe acerta uma martelada certeira na cabeça a fazendo se contorcer até a morte.
Julliette por sua vez, dá de mamar à lebre diretamente de seu peito enquanto Richard canta uma canção de ninar...
Como eu disse lá no começo, o filme tem raízes no livro homônimo, então creio eu que toda a sistemática da lenda da árvore e de uma entidade chamada Jack Grey estejam melhor detalhados na versão impressa e se eu digo isso é por que eu ainda não lí e sinceramente eu não sei se devo por que, apesar de eu não levar muito em consideração as críticas, geral tem negativado a avaliação da obra e como se trata da avaliação do público consumidor e não de uma crítica especializada eu prefiro desta vez acreditar.
Mas enfim... eu achei o filme deveras estranho, não explorou tudo o que podia, não usou de todo o terror que devia mesmo a obra tendo quase uma hora e quarenta e não me passou muita credibilidade apesar da equipe dos efeitos práticos ter caprichado no design dos restos do esqueleto da lebre e toda a sua fase regenerativa. Isso sim ficou muito bem feito.
Outra qualidade que o filme tem em meio à muita mal feita é a fotografia do campo e a cinematografia do vilarejo onde o filme passa uma pequena parte. A construção britânica antiga é realmente de encher os olhos e toda a trama é muito bem ambientada. Aliás, o filme se passa na década de 1970 e isso é bem predominante se vocês prestarem bem atenção.
Mas voltemos aonde o filme não funciona que é a passagem de tempo indistinguível, não que isso atrapalhe, mas incomoda já que a gente não consegue ter uma noção de dias, ou meses ou ainda anos, então entre uma tomada e outra parece que se passaram horas.
Starve acre foi lançado em 2023 em festivais restritos de cinema pela Europa mas só agora em 2024 que foi distribuído e lançado de forma mundial tendo uma recepção morna. Já o livro chegou por aqui antes (milagre) e como eu disse teve uma recepção bem negativa, então fica ao seu cargo decidir se vale a pena degustar ambos os formatos de Starve acre.
No mais, para a minha pessoa, o filme é morno, ele acerta bem no terror trazendo umas cargas de mistério e nonsense, mas tem problemas narrativos podendo ter explorado melhor a parte folclórica através de flashbacks que poderiam contar melhor e de forma mais verossímil como e quando a lenda ocorreu, qual a participação do pai de Richard e sobretudo deixar explicado o que para muitos ficou implícito: teria Owen sido sacrificado ou de fato, como Richard menciona em um determinado momento, ele queria que o filho crescesse naquela casa tendo a infância que ele não teve por conta dos traumas?
Trailer:
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