Recém chegado em cinemas tupiniquins, o longa metragem Imaculada já vem colecionando rótulos de blasfemo, imoral e repudiante não só pela crítica especializada, mas também por representantes da igreja cristã em geral por e tratar de uma trama envolvendo a religião de forma escabrosa.
A trama gira em torno de uma noviça indo fixar residência em um convento na área rural de uma cidade da Itália e um tempo depois de sua chegada, a mocinha se descobre grávida mesmo tendo respeitado seus votos de castidade (o que é comprovado clinicamente) e a partir daí ela passa a ser adorada como uma espécie de nova virgem Maria.
Mas nem tudo são flores neste convento que esconde um segredo macabro e quando o verdadeiro propósito da gravidez na noviça vem a tona começa uma luta pela verdade e pela liberdade e sobre tudo pela vida...
A introdução do filme nos leva a uma freira creditada como irmã Mary rezando antes de retirar o véu. Feito isso, ela consegue dar um jeito de surrupiar as chaves do convento que ela usa para dar início a uma fuga.
Ao chegar ao portão principal no entanto, ela é flagrada por um grupo de freiras com as faces cobertas que aparecem na penumbra e com a ajuda do cão de guarda, elas conseguem arrastar Mary de volta para dentro e ela desmaia no caminho.
Quando recobra os sentidos, Mary percebe que está lacrada em um caixão iluminada apenas pelo fogo de um palito de fósforo que se extingue enquanto a religiosa grita por socorro sem obter sucesso e ficar no breu total.
Após o final da introdução, somos levados até um aeroporto da Itália onde a noviça Cecilia passa por uma revista de bagagem e uma entrevista para a conformação de seu visto de permanência no país que prontamente é aprovado.
Na sequencia, a noviça é esperada do lado de fora pelo diácono Enzo que é o motorista do convento e este a transporta para a sua nova morada nos confins da área rural da cidade.
Lá, Cecilia conhece a Madre superiora que designa a antipática irmã Isabelle para apresentar cada cômodo e sua cela a recém chegada.
Depois de se acomodar, Cecilia conhece a nada ortodoxa irmã Gwen que dá uma tragada em seu cigarro de forma despreocupada e esta é sua companheira de quarto.
Na cena seguinte que se passa dias depois, somos levados a cerimônia de ordenação de Cecilia e de outras noviças comandada pelo cardeal Franco Merola e traduzido para a noviça recém chegada pelo padre Sal Tedeschi.
Durante a celebração, Cecilia conta um pouco de seu passado ao padre revelando que quando ela tinha doze anos ela sofreu um acidente quase fatal em um lago congelado acreditando fortemente que Deus salvou sua vida.
Um tempo depois, Cecilia anda pela igreja sentindo uma presença a cercando e acaba entrando em uma ante sala onde encontra uma freira chorando deitada no chão e com sua face coberta e antes que a jovem pudesse oferecer alguma ajuda, a Madre superiora aparece.
A superiora diz á noviça sobre a santa Helena mãe de Constantino que em tempos bíblicos trouxe de Jerusalém um dos pregos com os quais Jesus foi crucificado o que faz Cecilia ficar tonta e desmaiar.
Ao voltar a si, Cecilia se encontra no confessionário onde seu confessor é o cardial Merola que não responde nada apenas a encarando de forma séria desaparecendo na penumbra aos poucos.
Um silêncio se instala e este é quebrado quando um par de mãos agarram a noviça pela boca e a arrastam até um quarto escuro com luzes vermelhas onde Cecilia é deitada e cercada por um grupo de freiras com as faces cobertas que apenas a observam enquanto a jovem tem seu rosto todo tocado o que a faz acordar para a realidade em sua cela, sendo que aquilo teria sido uma ilusão (ou será que não?).
Na manhã seguinte, começam as tarefas das noviças que inclui enfermaria, culinária, afazeres domésticos e a criação de animais de fazenda.
No final do dia, quando se deita para dormir, Cecilia recebe a estranha visita de uma freira de idade notoriamente com os parafusos soltos creditada como irmã Francesca que corta uma mecha do cabelo da jovem dizendo que todos a adoram.
Percebendo que a freira não fala coisa com coisa, Cecilia a leva de volta ao seu dormitório e ao deita-la percebe que ela tem uma marca de cruz em um dos pés.
Na manhã seguinte, enquanto se banha com a irmã Gwen, Cecilia tem um enjoo.
Mais tarde, Cecilia observa pela janela e acaba sendo assustada com a aparição de um pássaro negro que colide contra a janela e morre. Neste mesmo instante, a jovem freira é requisitada pela Madre superiora, o padre Tedeschi, o cardial Merola e o médico do convento o doutor Gallo, e á Cecilia é perguntado se ela está mantendo seus votos de pobreza, obediência e sobre tudo o de castidade, o que Cecilia confirma de pronto.
Após um exame na freira, o doutor Gallo confirma que ela não foi maculada, o que faz da descoberta de sua gravidez um milagre divino. Tedeschi diz á Cecilia que ela foi escolhida por Deus e que por isso ela foi salva na infância.
Na sequencia, Cecilia é vestida como a virgem Maria e adorada na frente de todos em uma cerimônia.
Passa-se o primeiro trimestre da gestação e Cecilia tem enjoos constantes, sendo que na mais recente a jovem vomita um de seus dentes.
A partir dai, Cecilia não faz mais tarefas para poder se conservar e ao seu bebê sendo tratada como uma verdadeira rainha.
Enquanto toma banho numa banheira, Cecilia é pega de surpresa pela irmã Isabelle que tenta mata-la afogada e a xinga dizendo que a escolhida deveria ter sido ela e antes que o pior pudesse acontecer, a Madre Superiora aparece.
Isabelle é contida e arrastada gritando que eles tem que tentar de novo com ela.
Cecilia é examinada e diz não estar nada bem, mas só o que importa para os outros é que o bebê está bem. A jovem freira exige do padre Tedeschi ver outro médico mas ele se nega por não considerar sua condição segura para que se deixe vazar.
Ao voltar para o pátio, Cecilia percebe que se formou uma aglomeração: Isabelle misteriosamente se suicidou se jogando da sacada.
Desconfiada que há algo errado, irmã Gwen pragueja contra a Madre Superiora e os cardeais por não estarem fazendo nada sobre a situação de Cecilia e por estarem mandando um foda-se para a morte de Isabelle.
Gwen é contida aos gritos e levada para longe.
Mais tarde, Cecilia encontra um versículo escrito atrás de um quadro e ao comparar com a bíblia acha uma passagem falando sobre o satã e aluz.
Encucada, Cecilia invade o escritório da Madre Superiora e encontra um dossiê completo da sua pessoa o que significa que ela realmente já estava destinada a ser mãe contra a sua vontade. Mas por que ela?
Não muito depois, saindo para pegar ar, Cecilia ouve os gritos abafados de Gwen e ao seguir os pedidos de socorro chega até uma sala secreta onde através de uma fresta, vê a jovem freira sendo torturada por uma freira de rosto coberto e esta arranca a língua da prisioneira.
Antes que pudesse gritar com os olhos marejados, Cecilia é pega pela irmã Francesca que mostra e dá a ela uma cruz feita com a sua mecha de cabelo. A jovem diz á freira idosa que as duas precisam fugir do convento mas a louca diz que ela jamais sairá de lá.
Horas depois, com os primeiros raios de sol, o convento todo se acorda com os gritos de Cecilia que tem uma hemorragia uterina tendo que ser levada as pressas ao hospital do doutor Gallo acompanhada pelo padre Tedeschi.
Enquanto a jovem é levada, a irmã Francesca aparece em seu quarto e se lambuza com o sangue do lençol até perceber que há algo embalado debaixo da cama. Ao abrir, descobre ser uma galinha morta.
No meio do caminho para o hospital, o padre Tedeschi ordena que o carro pare e pressentindo o pior, Cecilia salta do veículo e tenta fugir, mas o religioso e o médico conseguem recupera-la.
Horas depois de volta ao convento, Cecilia é estapeada pela Madre Superiora que a culpa por ter quase perdido seu bebê.
Um tempo depois, Cecilia encontra o padre Tedeschi que revela que o prego da cruz de Jesus tem um vestígio de sangue e que aquela é a chave para a ressurreição do nosso salvador.
O padre a leva até um laboratório onde mostra vários fetos mal formados in vitro e diz que aqueles são clones defeituosos de Jesus gerados a partir do sangue do Messias e inseminados em jovens freiras com o propósito de traze-lo de volta a vida.
Com um ferro quente com uma cruz na ponta, Tedeschi marca o pé de Cecilia o que deixa claro que a irmã Francesca num passado distante assim como outras freiras foi cobaia do convento e obviamente não se saiu exitosa em sua gravidez e que muito provavelmente, isso causou sua loucura e também o seu aprisionamento perpétuo.
Cecilia é trancada numa cela de isolamento por três meses cortando a cena para um momento em que a jovem freira se encontra com o cardeal Merola e pergunta a ele o que fará quando conseguir o seu intento. O velho responde que se o seu desejo de trazer seu filho perfeito de volta a vida não fosse da vontade de Deus, ele já o teria impedido.
Com a gestação perto do fim, Cecilia é examinada pela Madre Superiora que está empolgada, e num impulso furioso, a jovem freira perfura a cabeça da idosa várias vezes com uma cruz de ferro até a matar brutalmente.
Sem perda de tempo, Cecilia se dirige lentamente até o camarote do cardeal Merola e o mata enforcado com um roáario sendo flagrada pelo doutor Gallo que foge amedrontado.
Na sequencia, Cecilia vai até o laboratório e espalha alguma química flamejável por todo o lugar até que o padre Tedeschi aparece e a impede de queimar tudo entrando num embate corpo a corpo. Cecilia consegue se desfazer do religioso e tranca a porta doo laboratório, porém o religioso agarra seus cabelos pela grade e só solta quando a freira sangue nos olhos ateia fogo dentro do laboratório.
O padre tenta arrombar a porta e sem perda de tempo, Cecilia corre e chega até um túnel subterrâneo labiríntico onde ouve alguém chamando por ela. Ao se virar para o lado, encontra o corpo sem vida da irmã Gwen.
Cecilia volta correr até encontra a luz de uma saída minuscula e antes de poder encontrar a liberdade ela é pega pelo tostado padre Tedeschi que reza enquanto tenta forçar um parto rasgando sua barriga com um bisturi, mas a jovem é mais rápida e enfia o prego da cruz de Jesus direto na jugular do religioso que agoniza empapado de sangue e morre.
Finalmente fora do convento, em relva aberta, Cecilia força um aborto e depois de cortar o cordão umbilical com os próprios dentes pega uma pedra enorme com a qual amassa o feto morto e nisso entram os créditos finais ao som de Ave Maria.
Finalmente chegando ao campo das críticas eu posso dizer que o filme é forte, tem um enredo que começa lento enquanto vai nos apresentando a protagonista e jogando pistas sobre o plot twist final, mas isso não é ruim pois nós temos boas tomadas com jumpscare funcionais.
Os jumpscare são bem poucos e não são forçados, como eu disse eles funcionam bem e são bem distribuídos para não ficarem enjoativos e repetitivos.
Ao contrario do que eu imaginava só de ver uns poucos screenshots e trailers vazados pela internet, o filme tem uma violência bacana e efeitos práticos muito bons, aliás, o sangue como diria o Getro: ''escorre com gosto'' no embate final entre a protagonista e seu algos, o que para mim foi um acerto.
A revelação final foi muito bem guardada apesar das pistas e é competente, somada a cinematografia do convento que em determinados locais é aberta e muito bem detalhada, e em outra hora é escura, quieta e claustrofóbica.
A direção de Michael Mohan é certeira e a atuação de Sydney Sweney (de Madame teia e Era uma vez em... Hollywood) no papel de Cecilia convence muito bem já que ela consegue passar a sensação de uma jovem sem sal e totalmente comum no início e no decorrer ela vai soltando as caras e bocas chorando, gritando, etc. A maior demonstração do seu talento na minha opinião foi a cena final em que ela faz seu próprio aborto e consegue entregar muito bem ao público um semblante de dor extrema e raiva ao mesmo tempo.
Com certeza é uma das grandes surpresas do ano.
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário