Entrando um novo mês começa uma nova temática com um filme que eu gosto muito, tem um valor nostálgico nas alturas e faz parte de um dos subgêneros que eu mais gosto: o do ataque animal.
Se aproveitando do sucesso imensurável de Tubarão, o arrasa quarteirões de Steven Spielberg várias produtoras entraram na corrida do ouro cinematográfico para garantir seu longa metragem de predador marinho incluindo Michael Anderson.
O representante dos grandes mares escolhido para trazer uma nova onda de tensão e neurose aos espectadores foi a Orca, um mamífero que na época sofria com o rótulo de predador assassino e que passava por uma onda infindável de caça predatória visando sua carne, seu óleo corporal e tudo mais que fosse aproveitável (não que hoje não tenha mais caça às baleias, mas o ano era 1977 não existiam ONG's protetoras de animais e hoje as Orcas são em sua maioria bem tratados como atrações de parque aquáticos e já até tivemos a famosa franquia de filmes Free Willy para acabar com os rótulos negativos desses mamíferos).
E é bem sobre isso a premissa do filme: nós temos um grupo de caçadores a procura de um tubarão que acaba acertando um tiro de arpão acidentalmente em uma Orca fêmea e prenha que além de sofrer um aborto ainda morre deixando seu viúvo furioso e sedento por vingança.
A partir daí a Orca macho passa então a caçar o capitão do navio trazendo o terror para um vilarejo de pescadores e um grande dilema ao protagonista: acreditar que o mamífero é um ser inteligente e este está tentando desafiá-lo para vingar as mortes de sua fêmea e seu filhote ou acreditar que a Orca apenas está seguindo seu instinto assassino e atacando a esmo tudo e todos a sua volta, além de faze-lo refletir sobre as consequências de seus atos e que o homem e a baleia não são tão diferentes um do outro.
Tudo começa em alto mar onde temos o vislumbre de um mergulhador não identificado desbravando o oceano, um tubarão branco cuidando de sua vida e logo mais a frente um navio de caça batizado com o nome de Bumpo tripulado pelo capitão Nolan, o imediato Novak, o timoneiro Paul e sua namorada Annie.
O tubarão em questão, é uma espécie branca rara da qual Nolan está a procura, porém o mergulhador que se revela como a bióloga marinha Rachel Bedford, juntamente de seu parceiro Ken, acaba afugentando o predador de seu destino fatal por ser uma ativista que luta pela preservação da vida marinha.
Nolan tem uma breve rusga com Rachel alegando que o tubarão branco vale muito e este dá meia volta se dirigindo até o bote de Ken quase ceifando sua vida. O capitão então, convida Rachel para subir a bordo para esfriar os ânimos enquanto o parceiro da bióloga volta para terra firme.
A cena corta para alguns dias depois em uma palestra dada por Rachel que discursa sobre seus atuais estudos sobre a vida das orcas.
Na mesma manhã, Nolan começa uma caçada a uma Orca macho que mergulha afastado do bando e o capitão logo ordena ao imediato Novak para efetuar um tiro de arpão, porém a munição acaba ferindo a fêmea da Orca que em agonia pela hemorragia imparável se choca de cabeça na hélice do barco até ficar inconsciente.
Nolan ordena que o mamífero seja suspenso até o convés para o descarne até perceberem que o animal ainda está vivo e usa suas últimas forças para abortar seu filhote ainda não formado debaixo de uma trilha sonora agoniante somada as reações dos tripulantes que tornam a cena intragável e perturbadora tudo isso aos olhos inconsoláveis do macho.
Anoitecendo, a Orca macho colide duas vezes contra o barco fazendo Nolan ir até o convés para ver o que está acontecendo. Ao se dar conta de que se trata do mamífero viúvo, Nolan resolve evitar mais problemas e ordena á Novak que solte o corpo da fêmea no mar.
Ao faze-lo, Novak acaba caindo na água e acaba sendo morto devorado pela Orca que antes de ir embora lança um olhar perturbador sobre Nolan como se estivesse passando uma mensagem de que a sua vingança só está começando.
De manhã, a Orca macho remove o corpo da fêmea com a ajuda de seu bando deixando-o encalhado na praia regado a uma trilha sonora comovente e bastante triste.
Horas mais tarde, Nolan encontra o corpo da fêmea na beira da praia e Rachel que está ao seu lado o acusa de pesca predatória e nisso, o nativo do vilarejo adjunto da praia conhecido como professor Jacob Umilak aparece e diz ao capitão que o macho da Orca irá persegui-lo se ele não ir embora por que ele viu sua fêmea ser morta e estes mamíferos tem a particularidade de não esquecer de um rosto (lembram a cena de agora a pouco quando o macho fixou o olhar sobre Nolan? É disso que se trata, Nolan está marcado agora).
Logo depois, Nolan vai até a igreja mais próxima para tentar aliviar seu aparente remorso e consegue um pouco de aconselhamento com o padre local.
Ancorando no vilarejo de pescadores de South Harbour, Nolan presencia um ataque da Orca macho aos populares no cais.
A noite, o corpo da Orca fêmea é finalmente removido e enterrado.
Al Swain, o representante do comitê de pescadores alerta Nolan que a Orca macho que atacou o cair agora está predando os peixes deixando o vilarejo sem o seu ganha pão e o responsabiliza, mas o capitão é cético quanto a história de que a Orca macho quer vingança.
Por desencargo, Nolan vai até o farol onde tem um breve encontro com a Orca macho que o faz ter um flashback do aborto da fêmea e uma lembrança de um acidente de carro.
De manhã, os pescadores iniciam um embate entre si e Umilak diz á Nolan que os populares estão furiosos com eles por que a ''Orca do capitão'' continuam provocando estragos e que o mamífero não vai parar enquanto o capitão não ir embora.
Nolan estuda sobre as baleias através de um livro de Rachel descobrindo que esses mamíferos tem um tipo peculiar de comunicação.
A noite, Nolan monta acampamento junto ao farol e diz á Rachel que está disposto a matar a Orca macho depois da bióloga o aconselhar a recolher a ancora de uma vez. Apaziguando a situação, Nolan fala sobre o estudo sobre as baleias que ele leu e que se o livro estiver certo, ele irá olhar nos olhos da Orca de volta em sinal de um pedido de perdão.
Ainda no meio do papo, Nolan fala sobre um trauma do passado onde sua mulher sofreu um acidente fatal quando voltava da maternidade. Um motorista bêbado entrou na contra mão e colidiu com sua mulher tirando a vida dela e de seu recém nascido.
Do outro lado, a Orca macho provoca um incêndio em uma refinaria que se alastra afetando algumas moradias dos pescadores. Nolan vê os estragos ao longe, mas não consegue fazer nada, pois o mamífero foge como se estivesse dando um aviso.
De manhã, Nolan recebe um telefonema de Al Swain que o ameaça pela destruição da refinaria e pelos pescadores que ficaram desabrigados e na sequencia, o capitão é notificado que os reparos de seu barco estão feitos.
Nolan telefona para Rache dizendo ter dispensado sua equipe para evitar que eles tenham o mesmo fim que Novak e que está disposto a dar um ponto final nesta perseguição. Rachel o coloca contra a cruz e a espada fazendo pensar no que vale mais: a segurança da cidade indo embora ou a obsessão dele em matar o mamífero que só está querendo acertar as contas.
Mentindo mal, Nolan diz que não irá mais perseguir a Orca acalmando Rachel.
Do outro lado, Paul tenta conseguir combustível para poder deixar a cidade com Annie, mas o frentista local se nega a vender qualquer coisa á ele ou a qualquer membro da equipe de Nolan como represália pelos estragos causados. Umilak que lá está diz ao timoneiro que os populares não deixarão mais Nolan ir embora, por que agora é uma questão de honra que o capitão resolve seu problema lá mesmo.
Enquanto isso, a Orca ataca a cabana a beira mar onde Nolan está acampado com Annie que está com as pernas feridas e dependente de muletas. A cabana perde parte do alicerce inclinando, o que faz Annie ser arrastada até a porta onde ela fica pendurada.
Nolan e Paul se dirigem rapidamente até a habitação e mesmo tentando alcançar Annie com uma rede de pesca não conseguem evitar que ela tenha suas pernas arrancadas pelas presas afiadas da Orca o que provoca a sua morte.
A Orca foge e Nolan grita esbravejante que ela venceu e parte imediatamente de South Harbour levando Rachel, Paul e Umilak junto, além de um novo parceiro, Kenneth.
O barco parte e a Orca dá um empurrão na embarcação fazendo Nolan declarar guerra. O capitão tenta lançar uma banana de dinamite mas Rachel o impede e acaba ficando enjoada. Ao se debruçar para vomitar, quase tem sua cabeça arrancada pelo mamífero se não fosse a ação rápida de Nolan que a puxa.
Nolan segue a Orca mesmo esta sinalizando para que não o faça e acaba perdendo o mamífero de vista até que este emerge do outro lado do barco tragando Kenneth para dentro de sua boca para a morte numa cena com um breve frame que dá para captar o uso de tela verde (dá para relevar, afinal estamos falando de uma obra setentista com um orçamento humilde de seis milhões).
Os dias vão se passando e a equipe adentra ao mar ártico enquanto Nolan está enlouquecendo pelo cansaço.
Paul lança um bote na água e é pego de surpresa pela Orca que o devora. Nolan se acaba pela dor das perdas e jura para Rachel que o dia seguinte será definitivo.
Mais tarde, com a aproximação de um iceberg, Nolan resolve arriscar tudo e prepara um arpão e acerta em cheio a Orca que arrasta o barco fazendo-o se chocar com as calotas polares. Os blocos de gelos se soltam como se fossem pesados pedregulhos Umilak acaba sendo soterrado e morto no processo.
O barco é virado com o impacto e Nolan leva Rachel até uma formação de rochas congeladas e firmes e volta a atirar na Orca. Tomado pelo olhar de súplica da Orca que já está perdendo suas forças, Nolan exita e o mamífero no maior estilo ''pegadinha do Mallandro'' empina a calota em que o capitão está fazendo-o cair na água.
Nolan é arremessado até as rochas e morre com o impacto sendo arrastado pelas águas até seu corpo desaparecer no mar gelado.
Com a vingança concluída, a Orca vai embora após observar Rachel e como se lembrando que a jovem salvou sua vida anteriormente evitando que ele fosse explodido, ele a poupa pagando sua dívida de gratidão sumindo no mar debaixo de uma trilha sonora emocionante e dramática.
Trilha sonora essa que foi brilhantemente composta pelo lendário Ennio Morricone e segue o selo de qualidade do maestro que compôs grandes clássicos em todos os gêneros.
Como já mencionado, o filme distribuído pela Paramount Pictures e a Dino de Laurentis Pictures foi produzido com um orçamento de seis milhões e angariou o montante de 14,7 milhões. Não foi um grande lucro, mas ao menos o filme tem hoje um status de clássico.
A trama é muito bem montada e ambientada além de ter uma direção competente conseguindo trazer um misto de sentimentos. E apesar do filme não ser propriamente de terror ele trás sim momentos de tensão e pânico muito bons, com cenas de ataques muito bem trabalhados (claro, tirando a morte de Kenneth pelo motivo que eu já mencionei) como por exemplo a destruição da refinaria.
Entre os poucos nomes conhecidos do elenco temos o saudoso Richard Harris de Um homem chamado Cavalo, Fúria Selvagem, Jogos patrióticos, Gladiador além dos capítulos A pedra filosofal e A câmara secreta de Harry Potter onde imortalizou o Alvo Dumbledore pela última vez, como o capitão Nolan; Will Sampson, estrela de clássicos como Um estranho no ninho e Poltergeist 2 - O outro lado, deu vida ao nativo Umilak e Robert Carradine, astro de A vingança dos nerds 1 e 2, a série Lois & Clark - As novas aventuras do Superman e Fuga de Los Angeles no papel de Paul.
No mais, o filme ainda funciona bem e na minha opinião anda bem esquecido sendo que em outra época era figurinha carimbada das tardes do SBT (sim as tardes) passando direto no Cinema em casa sem o menor filtro. Eu mesmo não pude assistir ao filme na época pela minha pouca idade mas assim como vários outros sempre me aguçou a curiosidade e assim como os outros eu tratei depois de uma certa época de baixa-los e assisti-los tendo o mesmo impacto que eu certamente teria na época. Então pode dar uma boa olhada por que eu recomendo, não se deixe levar pela idade do longa metragem, ele ainda funciona e vale muito a pena.
Trailer:
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