Aproveitando que este ano sai mais uma adaptação do clássico de 1922 de Friedrich Wilhelm Murnal, o proibido Nosferatu, aproveito para trazer a versão dos anos 1970 produzido numa parceria entre a França e a Alemanha dirigido e escrito por Werner Herzog que trouxe cor e som para o clássico mudo que tentou em uma época conturbada trazer o que deveria ter sido uma adaptação de Drácula de Bram Stoker (mais detalhes sobre a obra de 1922 tem resenha no blog, só dar uma pesquisada rápida).
O remake setentista não diferencia muito do que já foi visto no original, mas desta vez há um pouco mais de detalhes na narrativa ainda que certos arcos tenham sido apressados para priorizar outros e a produção se empenhou em fazer o terror acontecer desde a introdução através da cinematografia e dos efeitos práticos simples, além da caracterização competente do protagonista que somada a atuação de Klaus Kinski, queridinho de Werner que soube encarnar o vampiro da noite de forma primorosa.
E como eu disse, o plot principal é o mesmo: nós temos um funcionário de uma imobiliária que é mandando pelo patrão para outro país para fechar o contrato de venda de um castelo para um conde (que nesta versão por conta de acertos entre os direitos da obra de Bram Stoker agora sim se chama Drácula e não Orlok) excêntrico sem saber que este esconde um grande segredo e um grande desejo posteriormente.
Tudo começa na cidade de Wismar na Alemanha em pleno século XIX e já na introdução do filme temos o vislumbre de uma espécie de câmara mortuária repleta de múmias preservadas de crianças em pé enfileirada uma do lado da outra ao mesmo tempo em que vemos um enorme morcego batendo suas asas em câmera lenta no breu da noite.
Morcego este que perturba o sono da jovem Lucy Harker, mulher de Jonathan que acorda atordoada.
Ao amanhecer, Jonathan vai até a imobiliária onde trabalha para Henfield e este lhe passa a missão de ir até a Transilvânia para fechar o contrato de venda de um castelo para um conde chamado Drácula cuja partida está agendada para este mesmo dia sem falta.
Com pouco tempo para se despedir, Jonathan deixa Lucy com a família dela e cavalga as pressas pelo campo até chegar a um acampamento cigano onde há uma pousada. Ao chegar na taberna local, o recém chegado pega os populares ao dizer que está se dirigindo ao castelo de Drácula e o atendente do local o adverte para não até o seu destino pois coisas terríveis acontecem no tal castelo.
O mesmo atendente leva Jonathan até um grupo de ciganos cujo líder que diz que o seu clã vivenciou coisas terríveis acerca do castelo que o marido de Lucy não iria gostar de presenciar. Jonathan ganha um livro sobre vampirismo e ao se preparar para uma boa noite de sono ele folheia algumas páginas se inteirando sobre os hábitos dos sugadores de sangue e a lenda do vampiro Nosferatu.
De manhã, Jonathan tenta alugar um cavalo para seguir viagem, mas com a negativa de um cocheiro só resta ao agente imobiliário seguir a pé seguindo uma trilha rente a uma cachoeira cuja correnteza está agitada naquele dia nublado.
O dia vira noite depois de um bom tempo em que Jonathan escala uma encosta pedregosa e ao chegar a uma nova trilha plana, o jovem vê uma carruagem se aproximar e o cocheiro oferece carona ao viajante exausto.
Com um bom tempo de viagem, Jonathan chega ao castelo de Drácula sendo recebido pelo próprio conde que sem perda de tempo inicia os tramites de venda da propriedade regado a um farto jantar em homenagem ao recém chegado.
Jonathan subitamente corta um de seus dedos e o sangue escorrendo deixa Drácula tentado a suga-lo diretamente da fonte, o que causa a estranheza do agente imobiliário já não bastasse a aparência empalidecida do anfitrião além de seus protuberantes dentes incisivos, suas orelhas pontudas e suas unhas carrancudas.
Paralelamente, Lucy tem seu sono interrompido com a chegada repentina de um morcego que pousa em sua cortina como se trouxesse um mal presságio somado ao seu pesadelo que mais parecia algum tipo de premonição, um anúncio de que algo ruim se avizinhava.
Amanhecendo, Jonathan se encontra sozinho no enorme castelo do qual ele se põe a explorar iniciando uma caminhada que parece não ter fim, enquanto que em Wismar, Lucy caminha pela praia esperando noticias de seu amado que coincidentemente escreve uma carta á ela até finalmente se reencontrar com o conde Drácula que revela ter desaparecido durante o dia por não gostar da luz do sol e não bastasse ele ainda mete um papo sobre a morte e sobre a sua rotina batida.
Drácula conhece Lucy através de uma fotografia surrada que Jonathan leva consigo e o conde se atrai pelo pescoço da moça acendendo sua ansiedade em formalizar a assinatura do contrato de venda do castelo o mais breve possível.
Mais tarde, Jonathan lê outra passagem do livro sobre vampirismo que fala sobre uma praga que afeta as colheitas trazendo a ruína.
Repentinamente, Drácula aparece frente ao leito de Joanathan tentando colocá-lo em transe através de seu olhar penetrante ao mesmo tempo que Lucy entra num estado de sonambulismo andando pela área exterior da casa onde cai desmaiada. Cortada a cena, Drácula recua após cravar suas presas no pescoço de Jonathan que só acorda do transe na manhã seguinte.
Confuso, Jonathan corre pelo castelo e se dá conta de que todas as portas estão trancadas. Ao chegar a uma espécie de porão, o jovem encontra Drácula dormindo em um caixão dando o maior pinote.
Horas depois, a carruagem de Drácula parte levando vários caixões na carga e temendo que o conde ponha em risco a vida de Lucy, Jonathan tenta fugir de seu quarto com o auxílio de uma teresa o que o faz despencar até o térreo onde desmaia por um bom tempo.
Ao voltar a si, Jonathan encontra-se face a face com um menino descalço tocando violino.
Neste meio tempo, a carga de Drácula é entregue ao cais e embarcado em um navio que irá cruzar o mar Cáspio com destino a Wismar. Ao verificar o conteúdo dos caixões, o imediato do capitão encontra ratos e terra de cemitério no interior da carga.
Em paralelo, levado ao acampamento cigano, Jonathan delira de febre enquanto Lucy permanece em seu posto de espera na praia. Depois de se recompor, Jonathan toma um cavalo emprestado e trota de volta para Wismar ao mesmo tempo em que o capitão do navio onde está a carga de Drácula inicia o diário de bordo.
Dias depois de zarpar, o navio chega a cidade e passa por uma inspeção e os agentes sanitários se dão conta de que geral incluindo o capitão chegaram mortos com uma marca de mordida no pescoço.
Lendo o diário de bordo, os agentes do governo descobrem que os tripulantes sucumbiram por conta de um surto da peste negra ocasionada pela multiplicação de ratos contaminados, o que faz a prefeitura declarar uma pandemia e como primeira medida a cidade é posta em isolamento.
A noite, Drácula desperta e parte para o cemitério de Wismar carregando seu caixão até deposita-lo em uma igreja em ruínas.
Ao amanhecer, Jonathan chega finalmente a cidade, porém a exaustão e o efeito colateral pela mordida o faz voltar a delirar cabendo as autoridades a entrega-lo á Lucy e sua família como sendo insano. Ao ser examinado por um médico, Jonathan diz que a luz do sol o incomoda.
Anoitece e Drácula espreita a casa dos Harker observando Jonathan cercado de cuidados e na sequencia invade o quarto de Lucy se apresentando a jovem.
Ao ser indagado sobre o estado de Jonathan, Drácula confirma á Lucy que seu marido não irá morrer apesar da jovem discordar e o conde sem o menor pudor oferece a ela o seu amor que lhe é negado de pronto. Percebendo que Lucy tem um crucifixo, o conde se afasta e se retira do local.
Conforme os dias se passam, começam a aparecer os primeiros mortos pela peste negra colocando a cidade num estado de luto profundo.
Enquanto Lucy cuida de Jonathan, ela lê o livro de vampirismo que o marido trouxe consigo.
Perto de lá, descobrimos que Henfield tornou-se um fantoche de Drácula que o ordena que ele vá para o leste onde há uma concentração maior da peste negra.
Lucy vai até a praça ciente da ligação do ocorrido com a chegada do conde Drácula que ela acredita ser um vampiro e alerta aos populares para pedir ajuda aos políticos mas um deles diz que a prefeitura foi dissolvida o que significa que Wismar agora não tem mais lei.
Um tempo depois, Lucy leva o doutor Abrahan Van Helsing até sua casa e mostra a ele o livro sobre vampiros de Jonathan traçando um paralelo entre os ratos e Drácula que é um vampiro, mas o médico é cético e a desqualifica e a aconselha a descansar.
Drácula perambula pela cidade deserta que a esta altura está tomada pelos ratos que já se multiplicaram.
Lucy sai de casa e vai até o depósito do cais que agora está em ruínas e encontra um dos caixões cheios de ratos o que pode provar sua tese já que a carga pertence á Drácula.
Andando pelas ruas, Lucy vê alguns populares dançando despreocupadamente em meio aos crescentes caixões como se tudo estivesse na maior normalidade debaixo de uma trilha melancólica.
Lucy é convidada a se juntar aos demais que se dizem conformados com a morte iminente e que por isso estão festejando para não perder tempo se lamentando.
Na manhã seguinte, a empregada de uma vizinha chama por Lucy e mostra sua patroa sem vida e a mulher de Jonathan percebe marcas de mordidas no pescoço da defunta o que a faz acreditar de pronto que aquilo foi obra de Drácula.
A noite, Lucy envolve Jonathan em sal grosso e prepara algumas hóstias como sua única linha de defesa contra o chupador de sangue. Neste mesma noite, Drácula invade o quarto de Lucy que é posta em transe enquanto seu algos planta suas presas em seu pescoço tornando realidade a premonição que ela teve em seus sonhos ruins através da imagem do morcego voando em câmera lenta do início do filme.
Sem que Drácula se dê conta, o sol nasce fazendo sua pupilas dilatarem e o conde se contorce em agonia ao mesmo tempo que Lucy desperta do transe sã e salva.
Ao soar dos sinos da igreja, Van Helsing chega a casa dos Harker presenciando o ocorrido e agora acreditando nas palavras de Lucy prepara uma estaca e um martelo com o qual dá um fim ao vampiro que perece frente ao seu maior ponto fraco.
De volta a si, Jonathan acusa Van Helsing de assassinato perante a autoridades policiais que prendem o médico em flagrante e nisso, percebemos o marido de Lucy sacar um par de presas deixando claro que ele se tornou um vampiro e este pede a sua amada que sele o seu cavalo.
Sem rumo, Jonathan cavalga pelo deserto enquanto os créditos descem...
Não era nada imprevisível que o longa metragem tão bem montado fosse ser indicado a várias premiações de cinema (ainda que apenas locais, não tendo chegado nem perto do Oscar) tendo ganho várias das indicações como a de melhor ator para Klaus Kinski que super mereceu, além de melhor filme e design de produção.
E realmente a parte artística do filme está de parabéns, além dos efeitos como eu já disse lá em cima ainda temos ambientação que ficou muito bem adaptada trazendo uma imersão muito bacana, além dos figurinos e da montagem que são os principais atrativos.
O filme conseguiu passar a carga de suspense e medo tal qual o original ainda que mudando uma coisa aqui e ali do roteiro como por exemplo a participação do personagem Renfield que foi bastante limitada excluindo cenas como a da internação do personagem em um hospício e e seus ataques toda vez que o conde aprontava alguma.
No mais, o remake faz jus ao original em todos os aspectos, é um bom entretenimento, mas pelo valor histórico a versão de 1922 ainda é a pedida se você quiser ter uma experiência integral da obra.
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário