Seguindo a todo o vapor com o mês dos remakes, trago-lhes uma das várias adaptações da obra literária de Henry James intitulado A volta do parafuso publicado no ano de 1898, tendo como adaptação mais expressiva o filme sessentista Os inocentes de 1961, e trás as desventuras de uma jovem babá em uma mansão gótica onde fora contratada para cuidar de um jovem casal de irmãos órfãos ao mesmo tempo que descobre que o local é assombrado e esconde um assombroso segredo do passado do qual todos evitam trazer de volta á tona.
A até então mais recente versão da obra de Henry James tratou de modernizar sutilmente o conto original mas mantendo a essência e o mistério dando uma ou outra modificada na narrativa para que o longa não acabasse saindo genérico e repetitivo.
O preço a se pagar porém foi uma obra com múltiplos finais que consegue entregar aquilo que foi proposto muito cedo e que depois que a coisa deveria começar a engrenar, o filme simplesmente dá um ar de finalização, retrocede e manda na cara uma nova conclusão que para os desapercebidos acaba passando batido e fica com uma sensação de mal acabado. Durante a parte do resumo você vai entender perfeitamente e vai julgar por si próprio se o filme vale ou não a pena antes que eu diga a minha própria opinião sobre.
O filme começa com uma jovem pálida e assustada tentando fugir de uma mansão em seu carro tendo como obstáculo o portão da saída que demora a se abrir aparentando inicialmente estar emperrado e na sequencia, a aparição de uma entidade fantasmagórica que alcança a fugitiva impedindo-a de escapar.
Depois da introdução, conhecemos a jovem Kate Mandell preparando-se para viajar até uma mansão em Londres onde recebeu uma proposta para cuidar de uma menina de sete anos e e de vez em quando o irmão adolescente dela que e estuda em um internato.
Na cena seguinte, Kate vai até a casa de repouso onde vive sua mãe Darla que tem problemas mentais e que está pintando uma aquarela na hora da recreação da qual ela presenteia a filha na hora da despedida.
Várias horas depois de dirigir, Kate se embrenha em uma imensa área florestal até finalmente chegar a tal mansão onde ao descer do carro, a jovem encontra várias cabeças de bonecas decapitadas junto a fonte adjacente ao jardim e no mesmo local conhece a senhora Grose, a governanta que introduz á recém chegada as suas obrigações que nada mais são do que cuidar e educar da menina Flora Fairchild enquanto seu irmão mais velho Miles está no colégio interno, esclarecendo inclusive que as crianças são órfãs tendo perdido os pais há anos em um acidente próximo a mansão.
Depois de se situar na residência, Kate procura por Flora no estábulo para enfim conhece-la e acaba levando um susto com um dos cavalos, assustado propositalmente pela própria Flora como parte de uma pegadinha de boas vindas.
Flora tagarela pelo caminho de volta a mansão apresentando cada lugar para Kate incluindo um quarto que a menina morre de medo de relar os pés e que é um cômodo proibido, mas ela não diz o motivo.
Na hora do almoço, Kate convida Flora para tomar um sorvete na cidade visto que depois da perda dos pais a menina não tem saído da mansão, porém a senhora Grose proíbe a menina que aparenta ter um certo trauma.
Mais tarde, na hora de ir para a cama, Flora pergunta á Kate se ela irá embora da mansão como fez a antiga babá Mary Jessel e a jovem promete que sempre ficará com a menina e que cuidará dela.
De repente, na hora de fechar uma das janelas, Kate vê o vulto de uma pessoa que instantaneamente desaparece deixando a babá confusa.
Um tempo depois, Kate desfaz suas malas em seus aposentos enquanto ouve música até se assustar com uma manequim em tamanho real de uma tia de Flora que ela esconde no quarto de costuras junto a um outro manequim sem cabeça e com o busto coberto de taxinhas, que Flora diz ter sido obra de Miles.
Enquanto Kate recolhe os alfinetes, do nada a máquina de costura se liga sozinha assustando a babá que desliga o aparelho e se vai do local.
Na sequencia, tomada pela curiosidade, Kate faz uma caminhada de reconhecimento pelos corredores da mansão e vai até a área proibida por Flora e só encontra as janelas abertas e uma das portas batendo com o soprar do vento.
Ao recuar, Kate dá de cara com um vulto que se materializa em um garoto que nada mais é que Miles que estranhamente chegou a mansão em um horário nada apropriado e sem avisar previamente.
Pela manhã, Kate organiza alguns livros e encontra o diário de Mary Jessel e ao ler descobre que a antiga babá tinha uma adoração por Flora, porém com Miles era exatamente o oposto.
Durante o café, as crianças falam sobre o antigo professor de equitação de Miles chamado Peter Quint que gostava muito do garoto a ponto de deixar para ele uma suéter antes dele morrer.
Logo em seguida, Kate recebe uma ligação do colégio de Miles dizendo que o garoto foi expulso por espancar um colega e só não recebeu uma queixa na polícia por que a família do menino agredido que também é de família importante resolveu pensar na reputação em primeiro lugar.
Depois de colocar Flora para estudar, Kate percebe alguém caminhando pelos corredores e o segue até o quarto de Miles que diz não ter ninguém lá além dele e da babá.
Um pouco mais tarde, Kate liga para sua amiga Rose para contar como está sendo o primeiro dia de trabalho e ao se virar para a janela da sala de costura, percebe um corpo minúsculo boiando na piscina.
Sem tempo a perder, Kate corre até a piscina e se joga na água mergulhando e se encontra face a face com uma misteriosa mulher que a agarra, porém aquilo foi apenas algum tipo de visão e o que boiava de verdade era um dos manequins do quarto de costura jogado de propósito por Miles e Flora para mais uma pegadinha.
Depois de mandar os pirralhos para dentro de casa, Kate submerge em um relaxante banho de banheira até flagrar alguém a stalkeando emergindo na hora e não encontrando ninguém.
Ao se deitar, Kate leva um susto com Miles que aparece de surpresa e este pede desculpas pela má primeira impressão que ele causou e justifica a agressão ao colega dizendo que o garoto queimou as fotos do pai que Miles guardava junto aos seus pertences.
Antes de sair, Miles tenta beijar Kate e faz um convite a babá para que ele a ensine a montar a cavalo, o que acontece na manhã seguinte. Miles comanda as aulas a pulso firme exatamente como Quint fazia quando o ensinava o que incomoda Kate.
Um tempo depois, Kate e as crianças caminham pelo jardim até encontrarem um corvo devorando um dos peixes do lago e Miles pisoteia o bicho brutalizado com frieza.
Mais tarde, Flora brinca de festa do chá com alguém que não é Kate e tão pouco a senhora Grose. Mas quem seria então?
Kate por sua vez, observa o lago de dentro da mansão até Miles aparecer do nada e bater sua cabeça contra um espelho pendurado, porém esta última cena é apenas um sonho que faz a babá acordar.
Na manhã seguinte, Kate ainda sonolenta vê o vulto de alguém a observando e quando se acorda de uma vez percebe que é Flora que veio verificar se a babá ainda estava na mansão como ela prometeu.
Mais tarde, Kate convida as crianças para irem com ela até a cidade para comprar um peixe novo para o lago, mas a senhora Grose volta a proibir, porém Miles consegue reverter a situação falando com um amigo imaginário e diz á Kate que este gostou da tatuagem que ela tem na nuca.
Na hora de sair com as crianças, Kate manobra seu carro até chegar no portão de acesso a saída da mansão onde Flora tem uma crise de choro dizendo não querer mais sair pois tem medo de morrer, uma reação ao trauma do acidente que tirou a vida dos pais da menina, que salta do carro aos prantos.
Antes que pudesse ir atrás da menina para consolá-la, Kate é interceptado por Miles que diz saber do que ela tem medo e depois a ameaça de expulsão.
Kate se dirige sozinha até um orelhão adjacente ao cais e telefona para Rose para poder desabafar.
Ao voltar para a mansão, Kate encontra Flora jogando pedras no lago e usa de psicologia para levar um sorriso de volta ao rosto da menina fazendo as pazes.
Logo depois, Kate vai até Miles para falar sobre Quint, porém ele é evasivo e mal criado batendo em sua bateria para abafar a vos da babá que desiste e vai embora.
Na sequencia, Kate vai até Grose e pergunta se foi por culpa de Miles que Mary Jessel pediu demissão, mas a governanta revela que o culpado foi Quint que a perseguia com segundas intenções. Ainda diz que o professor era imoral e petulante e que encontrou a morte através de um acidente.
Mais tarde, Kate volta ao quarto de costura e encontra várias fotos jogadas no chão, entre elas uma bunda de mulher tatuada e subitamente um vulto aparece mas some no mesmo instante.
Kate volta a ler o diário de Mary Jessel que confirma as perseguições de Quint do qual a senhora Grose era totalmente omissa.
Num corte, temos Kate cavalgando atrás de Miles até se perder no labirinto do jardim, mas ao se aproximar do garoto percebe que ele assume a forma de um homem barbado; seria Quint?
Do nada, Flora aparece na frente do cavalo de Kate e antes que ela pudesse ser atropelada, a cena corta de novo deixando claro que o ocorrido foi mais um dos pesadelos da babá.
Kate delira com o fantasma de Mary Jessel aos prantos tentando dizer algo e finalmente a jovem babá volta a realidade acordando assustada.
Na manhã seguinte, Flora mostra á Kate uma pintura macabra da menina com a tal tia do manequim e faz birra para a babá brincar com Miles e ela de algo que mescla esconde-esconde com e responder as capitais dos estados e quando um dos escondidos é encontrado é como ele estivesse morto.
No breu da noite, Kate encontra primeiramente Flora que não diz onde Miles está escondido pois ela tecnicamente está morta. Kate acaba perseguindo Miles até o subsolo da mansão até chegar a uma especie de masmorra. Kate até consegue encontrar o garoto, mas ele corre e ela acaba ficando presa no porão onde se borra de medo do ambiente macabro.
Ao chegar em outro compartimento do porão, Kate suplica á Miles que pare com a brincadeira e acaba colidindo com o manequim da tia de Flora que a acerta na fuça fazendo a babá dar meia volta.
De volta a sala de estar, Kate encontra Grose e as crianças e acusa Miles de persegui-la e a governanta por sua vez acusa a jovem do mesmo.
Kate sente estar sendo espreitada e vai para os eu quarto preparar um banho até que o fantasma de Mary Jessel se manifesta na frente do espelho frente a frente com a nova babá e ao voltar para a cama, Kate sente mãos fantasmagóricas a tocando em suas regiões íntimas.
Inesperadamente. alguém tenta forçar a maçaneta da porta e é nada menos que Flora que se oferece para dormir com Kate sabendo que a babá teve outro pesadelo.
Na manhã seguinte, Kate está um caco até que ela recebe uma encomenda da mãe que é um envelope com estranhas folhas de papel completamente pintadas de preto e com rasgos no centro.
Coincidentemente, Darla telefona da casa de repouso para Kate dizendo que querem expulsá-la e a ligação é interrompida.
Ao entardecer, Kate caminha pelo lago envolto a densa névoa e repentinamente acaba sendo jogada dentro da água. Ao afundar, Kate encontra o corpo decomposto de Mary Jessel presa a galhos.
Dando o maior pinote, Kate volta à mansão com o cair da noite procurando pelas crianças que não respondem forçando-a a procurar num quarto vazio, onde debaixo de uma cama ela vê o fantasma de Mary Jessel sufocando após muito possivelmente quase se afogar no lago e na sequencia, a jovem é estrangulada pelo fantasma de Quint que na sequencia tenta matar Kate até que Grose chega.
Kate liga os pontos e realiza que Quint assassinou Mary Jessel mas Grose desconversa dizendo se importar apenas com o bem estar das crianças e no calor da discussão a governanta revela ter matado o professor de equitação demonstrando ter tido uma mínima fagulha de consideração ao próximo.
A babá acusa Grose de saber de tudo e não ter contado nada a ninguém e a empurra deixando-a só até que do nada, o fantasma de Quint aparece e empurra a velha da sacada direto para a morte certa e persegue Kate.
Kate consegue driblar o fantasma e vai até o quarto de Flora ordenando uma fuga da mansão, mas a menina tem outro ataque de pânico e foge. Sem tempo a perder, a babá vai até Miles para convence-lo a pegar Flora e fugirem os três juntos e este ciente da morte de Grose diz que não dá para fugir da mansão por que Quint nunca vai deixar, deixando claro o real medo de Flora.
Assim mesmo, Kate consegue juntar as crianças e as coloca no carro dando inicio a fuga frenética conseguindo enfim levar as crianças para a liberdade no breu da noite.
Do nada, volta a cena em que Kate recebe a encomenda de sua mãe e esta vai até o quarto das crianças e Flora diz querer ir embora da mansão e do nada, o vulto de Quint perambula pelo espelho chamando a atenção da menina.
Kate pergunta á Flora se ela viu o fantasma de Quint mas ela nega e surta junto com a babá que acaba quebrando o rosto de porcelana da menina que pragueja e chora deixando o quarto. Miles dá um esporro em Kate e num corte de cena muito inusitado, vemos a babá no quarto de um hospício onde Darla está pintando e ao ver a mãe, a babá solta um grito dando início aos créditos finais.
Essa última cena após a fuga foi introduzida como sendo um dos vários finais alternativos que Floria Sigismondi, diretora da obra coordenou e escolheu para fechar o filme que já estava ficando arrastado e sem ideia já que tudo que precisava ficar explicado estava explicado e quando finalmente a coisa ia andar para frente o longa termina de forma abrupta deixando o público com uma sensação de ''mas... como assim?''.
Aliás, esta cena final onde Kate se encontra junto a mãe no hospício tem uma leitura mais clara quando aceitamos a ideia de que ela enlouqueceu e que o que ela viu quando avistou o rosto da mãe foi na verdade o seu próprio rosto que é quando ela se dá conta que ela ficou louca.
Vale salientar uma diferença desta versão para a adaptação sessentista que é o fato de que Mary Jessel e Quint eram amantes e que a relação deles era conturbada, fora que no clássico nós temos um minimo entendimento de que Miles foi possuído pelo espírito de Quint enquanto que Mary Jessel dá a entender que possuiu ainda que não de forma total a senhorita Giddens, a contraparte de Kate, por isso que teve aquela cena absurda no final onde a babá beija o menino moribundo na boca! (desculpe o spoiler, e é por isso que eu recomendo primeiramente ver a versão clássica e depois o remake.
Falando em remake, no mesmo ano de 2020, a Netflix adaptou a obra original no formato de mini série dando origem a A maldição da mansão Bly, criado e escrito por Mike Flanagan (de O clube da meia-noite e Doutor sono) que tem uma pegada mais voltada ao sobrenatural e explora bem a mansão em questão trazendo personagens inéditos e novos mistérios além dos clássicos.
A série no entanto foi bem fraca e ainda se rendeu a lacração criando um dispensável par a protagonista só para encher linguiça e tirar o foco de outras subtramas e personagens que fazem parte delas. Vai por sua conta e risco.
Voltando aos órfãos, o filme tenta emular uma atmosfera de tensão, porém os jumpscare são muito manjados e genéricos, os personagens até tem algum carisma como a pequena Brooklynn Prince (de O urso do pó branco) que deu vida a Flora e até conseguiu implantar a dúvida e ser um misto de fofa com macabra, mas ainda faltou profundidade a personagem e uma exploração bem maior.
Já a atuação de Finn Wolfhard, astro de Stranger Things, It - A coisa e os filmes mais recentes da franquia Os Caça-fantasmas no papel de Miles foi pontual e convincente. Ele conseguiu irritar, passar uma noção de mistério e suspense, diferente da atriz Mackenzie Davis que interpretou Kate que não me agradou tanto a começar pelo seu visual excessivamente jovial e sua atuação mediana que começa no nada e termina em lugar nenhum.
Enfim, o filme no geral é bem mediano, não agradou ao público que se saturou de mais do mesmo e não enxergou nenhuma inovação e nem de nada e isso inclui a minha pessoa, eu vi pelo menos umas três vezes ao filme para ter certeza que eu não estava sendo injusto, mas não dá, o filme não se ajuda e piora a cada vez que eu vejo.
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