Grito de Horror / The Howling (1981)

 

Muito mencionado dentro do nicho de filmes de terror, Grito de horror eu tenho que confessar que eu só fui assistir recentemente e me surpreendi positivamente com o conteúdo. Aliás, não fazia a ideia até uns tempos atrás de que The Howling, no original era uma franquia, então comecei pelo primeiro e não tenho a menor pressa pelas sequências por que algo me diz que são puros caça niqueis para aproveitar o feedback do pioneiro.

Elogiado por Stephen King, o conto original foi escrito por Gary Brandner e levado ás telonas em 1981 trazendo um filme de lobisomem coincidentemente no mesmo ano em que era lançado outro grande clássico absoluto: Um lobisomem americano em Londres, de John Landis e certamente não teve uma notoriedade maior por que acabou sendo ofuscado pela concorrência, ainda que esta só venha a ter recebido o título mais do que justo de cult um tempo depois quando chegou ao mercado de home vídeo.

E eu devo concordar com o mestre King, o filme apesar de notoriamente ter sido feito com um orçamento modesto, ele ficou bem produzido com uma maquiagem no limite do aceitável e uma cena de transformação tão boa quanto a produção icônica de Landis. Mas antes de me aprofundar no lado técnico da coisa, vamos começar pela premissa da obra que nos leva até uma repórter de televisão que anda recebendo telefonemas anônimos de um maníaco e quando arma uma arapuca com a polícia para agarra-lo, acaba sendo vítima de uma experiência traumática que a faz sair de férias em uma colônia de terapia, onde a coisa só vai tomar proporções ainda mais perigosas com os segredos escondidos no local.

Tudo começa com uma onda de misteriosos assassinatos de jovens garotas na cidade coincidindo com as constantes ligações de um maníaco chamado Eddie Quist á repórter de televisão Karen White que em conluio com a polícia e a emissora onde trabalha arma uma arapuca para o serial.

Karen recebe uma ligação do maníaco marcando um encontro numa vídeo locadora decadente dentro do quartinho de filmes adultos onde ela vê em uma televisão, um vídeo caseiro de uma jovem amarrada sendo violentada. Ao finalmente ver a face de Eddie sobre a penumbra, Karen se desespera e seus gritos fazem a polícia sair de seu posto para agir alvejando o maníaco sem dó.

Resgatada sã e salva, Karen diz não se lembrar do que aconteceu durante seu breve encontro com o assassino e acaba ficando de molho por algum tempo em sua casa acometida pelo trauma sofrido através de pesadelos aos cuidados de seu marido Bill.

Seus amigos da emissora, Terry Fisher e seu namorado Chris Halloran investigam o quarto de apartamento de Eddie e encontram várias ilustrações feitas à mão pelo maníaco que eles levam até seu chefe e diretor do telejornal para ser usado como evidência em um documentário sobre o caso.

Depois de passar uns tempos reclusas para se recuperar, Karen volta ao telejornal para relatar sua experiência com um assassino, mas acaba sendo afetada pelas lembranças traumáticas de Eddie alucinando com a lembrança da fita com a vítima do maníaco sendo estuprada, o que a faz travar ao vivo, saindo do ar imediatamente.

Ao passar por uma consulta médica, Karen recebe de seu terapeuta, o doutor George Waggner a proposta de passar umas férias em um centro terapêutico numa colônia litorânea e de pronto, a repórter e seu marido viajam chegando no meio da noite, encontrando o local em festa country. Lá, Karen conhece Donna, Marsha e seu estranho irmão que fita a repórter com um notório interesse, além de outros pacientes.

Horas depois da festança de boas vindas, Karen acorda no meio da noite ao ter um pesadelo e ao se debruçar sobre a janela, ela ouve uivos e tenta alertar Bill que a acalma dizendo que o que ela ouviu foram cães selvagens.

Karen então resolve sair sozinha para investigar e só encontra um retalho de roupa preso em um arbusto.

Enquanto isso, Terry e Chris vão até um necrotério para cobrir a chegada de um cadáver de uma pessoa que foi atacada por um animal não identificado até que o legista se dá conta que o corpo de Eddie Quist sumiu.

Na colônia, Karen encontra sua nova amiga Donna  que a acompanha nas investigações até encontrarem um alce morto em uma vala e ao mesmo tempo, aparece o xerife Sam Newfield dizendo que há outros animais na mesma situação eque o mais provável é que tenham sido vitimadas por um coiote.

Na manhã seguinte, o xerife Newfield coordena um grupo para caçar a suposta raposa porém, nem sinal do predador nas imediações.

Subsequente, Karen passa por uma sessão de terapia em grupo reavivando seu trauma.

Mais tarde, Karen vai até a biblioteca da colônia para adquirir um livro sobre lobisomens.

Ao anoitecer, Bill procura por Marsha que anteriormente mostrou interesse nele  e tenta beija-lo sem sucesso. De volta para a cabana onde se hospedou com Karen, Bill é atacado por um lobo no meio do caminho, porém consegue se livrar e foge às pressas até chegar ao seu destino. Ao encontrar o marido ferido, Karen o leva até o doutor Waggner que faz um curativo em Bill.

Um pouco mais tarde, Bill telefona para Terry e Chris para avisar sobre o ataque do lobo e o casal viaja para a colônia sem perda de tempo chegando na manhã seguinte onde os casais aproveitam um breve churrasco, onde ninguém estranha o fato de Bill que é vegetariano estar comendo carne sem problema algum.

A noite, Karen tem outro pesadelo e ao acordar se dá conta de que Bill sumiu novamente e neste mesmo instante, ele se encontra com Marsha com quem desta vez se entrega à sedução transando com a jovem na floresta. No meio do coito, Bill e Marsha escancaram caninos afiados e um rosnado até por que fim, ambos se transformam em lobisomens.

Na manhã seguinte, Terry vai até as margens da praia e compara o panorama com uma ilustração feita por Eddie coincidindo perfeitamente. Depois, ela se embrenha na floresta e chega numa cabana no alto de uma superfície de pedras. Ao entrar, encontra outra ilustração com mesmo traço do serial killer além de vários recortes de jornal. Do nada, o local começa a tremer, ouve-se a porta bater e rosnados se aproximando até por fim, Terry ser atacada por um lobisomem, porém de posse de um machado, ela consegue cortar parte do braço da criatura fora cuja mão ainda pulsa sozinha.

Desesperada, Terry foge até chegar no consultório do doutor Waggner onde telefona para Chris.

Enquanto isso, Karen acorda com a volta de Bill e ao descobrir marcas de unhas nas costas do marido, realiza que ele a esteve traindo com Marsha e o manda para o inferno.

Chris ouve de Terry que Eddie pode estar vivo e escondido na colônia para pegar Karen. Nisso, a jovem chega o registro de Eddie descobrindo que ele tem uma irmã que é justamente Marsha e sem mais tempo para investigar, ela é atacada por um lobisomem.

Imediatamente, Chris liga para o xerife denunciando o ataque à Terry, mas o oficial garante que a jovem está segura, o que não é verdade, pois ela acaba sendo morta esganada pelo lobisomem.

Horas depois, Karen chega à cena do crime e encontra o corpo da amiga e na sequencia, é surpreendido pelo jovem que a fitava na chegada á colônia e que atendia apenas como o irmão de Marsha: ele é Eddie que indiscutivelmente está vivo. Eddie diz querer mostrar para a repórter quem ele é de verdade passando por uma transformação revelando que ele também é um lobisomem.

Ao término da transformação, Karen joga ácido no licantropo e foge até ser pega de surpresa por dois caçadores que a levam até Marsha que guarda o corpo ferido de Terry. Lá, a repórter descobre que Donna, o doutor Waggner e todos os seus pacientes são lobisomens convertidos por Marsha e Eddie e que sua vinda á colônia foi premeditada para que ela e Bill fossem também convertidos.

Marsha confronta Waggner se opondo totalmente a um convívio pacífico com os humanos o subjugando.

Chris vai até o consultório do doutor depois de adquirir um rifle e balas de prata convencido de que tem lobisomens na área, até que Eddie que já estava de volta a ação diz ao fotógrafo que Terry foi levada até seu culto licantropo para que ela se liberte. Depois de desarmar Chris, Eddie devolve a arma dele e o persuadis a atirar nele certo de que ele não será afetado, porém acaba sendo alvejado.

Enquanto isso, Karen é levada pelo culto para ser sacrificada e em paralelo, Eddie se reergue passando pela transformação que é interrompida por outro disparo, desta vez com uma bala de prata. O doutor Waggner e os outros cercam o fotógrafo e iniciam suas transformações em lobisomens. Chris por sua vez, consegue driblar a todos prendendo-os no consultório.

Chris cerca o local com gasolina e ateia fogo. Os lobisomens tentam arrombar as paredes, porém perecem ao fogo. Sem perda de tempo, Chris resgata Karen e os dois iniciam uma fuga até que um lobisomem os intercepta, mas ele acaba sendo nocauteado com um tiro.

No meio da fuga, a dupla se encontra com o xerife Newfield que se revela como um lobisomem e este atira no carro onde Karen e Chris estão fazendo o veículo vazar combustível. A dupla evade no mesmo momento em que o xerife tenta investir sobre eles, porém o carro explode atrasando o oficial. Imediatamente, a dupla toma a viatura do xerife até serem atacados pelo xerife que é executado.

Karen diz á Chris que todos precisam saber a verdade e eles voltam para sua cidade onde a jornalista se recupera. A emissora onde Karen trabalha noticia o incêndio na colônia e desta vez, a jornalista se enche de coragem e revela ao mundo, a existência de uma sociedade de lobisomens e garante ter como provar suas palavras. Inesperadamente, ela solta um grito e começa a passar por uma transformação revelando que ela foi convertida se tornando uma lobisomem chocando o público que vê o programa em toda parte do país.

Chris executa a amiga com um tiro de bala de prata ao vivo e a transmissão é cortada até que somos levados até uma lanchonete de beira de estrada onde os clientes divergem sobre a veracidade da revelação de Karen e nisso, vemos Marsha sã e salva pedindo à garçonete um hambúrguer cru...

Agora dá para entender por que até mesmo o mestre do terror Stephen King elogiou a obra original de Brandner e a sua adaptação para as telonas com a direção de Joe Dante (pai dos Gremlins, Piranha de 1978 além de dirigir o terceiro segmento do polêmico No limite da realidade, longa metragem oriundo da clássica série dos anos 1950 Além da imaginação) não fica para trás trazendo um horror de primeira. 

A obra definitivamente é irretocável: tem uma violência gráfica carregada, uma atmosfera sombria e imersiva, uma estética bacana e efeitos além do seu tempo, vide a transformação de Eddie perto do ato final que somada a maquiagem fenomenal completou todo o conjunto da obra de forma surpreendente.

O visual de alguns lobisomens no entanto estão um tanto quanto batidos para os dias de hoje, mas não é nada que estrague a experiência, muito pelo contrário, ainda hoje o filme consegue chamar a atenção com seu horror frenético e facilmente digerível apesar de previsível.

Por aqui, o filme é facilmente confundido com O grito do terror de 1995 de Stephen King, que no original se chama Mangler e não tem nada a ver com o livreto de Brandner, então fica a dica para quem quiser assistir o filme correto. Aliás, as sequências 2 e 3 de The Howling passaram por traduções brasileiras que tornaram a cronologia toda confusa por conta da falta de uma numeração aqui e um subtítulo nada instintivo ali, então guiem-se pelo título original quem quiser ver toda a franquia sem se perder.

No mais, o longa é um ótimo entretenimento já que tem o bom e velho terror oitentista além de uma pitadinha bem moderada de cenas picantes e quase que totalmente explícitas de sexo, o que faz a obra parecer pelo menos um pouquinho com um giallo italiano do jeito que o povo gosta. Vai por mim, mas nãos e anime muito, as cenas picantes são bem rápidas e pouco explícitas... mas tem.

Trailer: