Se tem um filme que consegue ser atmosférico ao extremo é Abismo do medo que consegue trazer um clima de claustrofobia e de insegurança regado a um subtrama de fundo que poderia ter sido ignorado se não fosse a reviravolta no final que nos deixa refletindo um bom tempo depois que o longa metragem acaba.
A coisa toda se desenvolve nas entranhas de uma caverna durante a exploração de um grupo de amigas um ano depois que uma delas perdeu o marido e a filha num acidente que guarda um segredo perturbador.
O que parecia ser só mais um terror de exploração se torna uma corrida pela sobrevivência assim que as protagonistas descobrem que naquele inóspito lugar reside um grupo de criaturas humanoides rastejantes que se eco localizam pelo faro e pelo calor. Como se não bastasse, a tal caverna não tem mapeamento e nem iluminação, o que torna uma fuga uma questão de extrema urgência e possivelmente algo que não seria possível de se conseguir...
Tudo começa com um trio de amigas fazendo rafting naquilo que para elas é só mais um dia normal.
Depois da aventura, Sarah, uma das amigas se despede das demais e se vai com seu marido Paul e sua filha pequena Jessica. No caminho de volta para casa, uma breve discussão de casal é interrompida por um acidente de carro, onde o marido acaba morrendo empalado por uma barra de ferro vinda do veículo adjunto.
Despertando do acidente, Sarah se vê em um hospital e ao se recompor procura pela filha e só encontra sua melhor amiga Beth que dá a péssima notícia de que tanto Paul quanto Jessica não conseguiram escapar com vida do infortúnio.
Um ano depois, Sarah e Beth passeiam pela reserva florestal Shatooge até chegar a sua outra amiga, Juno Kaplan junto a um chalé onde dentro estão o resto das amigas: Rebecca, Sam e Holly.
Enquanto colocam as fofocas em dia, as amigas tomam uma boa cerveja e e comem marshmallows. Apesar de já ter se passado um ano desde o fatídico acidente, Sarah ainda tem traumas e pesadelos.
Após descansar, o grupo acorda bem de manhã e faz uma caminhada até uma caverna onde elas pretendem se aventurar numa expedição. Depois de seguir uma longa trilha, as garotas chegam a tal caverna que fica no subterrâneo de uma cratera, tendo que ser necessário usar equipamentos de alpinismo para ter acesso ao interior que é profundo e completamente escuro. (Destaque para os morcegos de CGI toscos).
Horas depois de se embrenhar nas entranhas da caverna, as garotas fazem uma pausa para um lanche. De volta a trilha, as meninas precisam passar por um túnel apertado e úmido onde Sarah acaba ficando entalada e em pânico necessitando que Beth a ajude com muito cuidado para evitar que o buraco feche com um deslizamento.
Depois do susto, as garotas se dão conta de que elas entraram na caverna errada à aquela que elas deveriam ter ido explorar o que significa que elas estão perdida pelo fato de não ter o mapeamento do local.
Caminhando mais um pouco, as garotas chegam á boca de um abismo e a única forma de prosseguir é escalando até chegar á entrada da câmara adjacente.
Juno é a última a atravessar mas uma das roldanas que sustenta a corda estoura, porém ainda há um elo de sustentação, o que faz a garota se salvar por pouco e assim alcançar o resto das amigas dando seguimento a exploração.
Logo a frente, as garotas encontram pinturas rupestres em uma parede que aparentemente serve de orientação para trafegar entre as câmaras.
Holly segue na frente da trilha e acaba caindo num buraco estreito e úmido onde tem um perfuramento na perna. As garotas descem para ajudar a amiga e em paralelo, Sarah explora sozinha um túnel próximo onde ela vê um vulto e ao voltar para onde as amigas estão o grupo tem uma divergência e depois voltam a seguir caminho por outro túnel que dá num aquífero.
Não muito longe, as meninas encontram uma cova rasa cheia de ossos e em seguida dão de cara com uma figura humanoide creditada como Crowler que as assustam e depois foge pelas paredes.
Sem tempo a perder, as garotas fogem, mas Holly que está debilitada pela perfuração acaba ficando para trás se tornando alvo do Crowler que a mata com uma mordida no pescoço.
Beth entra em luta corporal com outro Crowler atacando-o com seu equipamento de alpinismo. Na confusão, Juno se atrapalha e acerta Beth no pescoço e a deixa agonizar sem poder fazer nada.
Sam e Rebecca seguem juntas enquanto Sarah que sofreu uma queda acorda em uma outra cova cheia de ossos humanos que ela captura com sua câmera Tecpix.
Longe dos monstros subterrâneos que fazem um banquete com Holly, Sarah tenta se manter imóvel e calada ao se dar conta de que os Crowler não conseguem enxergar. Sam e Rebecca também se dão conta do ponto fraco das criaturas e se livram de tudo que transmita luz para não atrair os inimigos através do calor além de ficarem imóveis também obtendo sucesso.
Depois de constatar que os Crowlers estão longe, Sarah acende uma tocha com o isqueiro que era de Holly ampliando seu campo de visão.
Rebecca acaba sendo interceptada por um dos Crowler que a ataca mas antes que ela pudesse cair em desgraça, Juno aparece e a salva matando o bicho horroroso.
Do outro lado, Sarah encontra Beth ainda viva e esta diz a amiga que Juno a atacou sendo desdenhada. Beth então entrega a amiga um cordão que ela tirou de June que tem cravada a frase que Paul gostava, ficando claro que aquilo foi um presente do falecido e que ele e Juno eram amantes, o que aliás se suspeita numa das cenas iniciais do filme onde vemos Juno e Paul muito juntos de forma suspeita.
Não suportando mais as dores da agonia, Beth pede á Sarah que acabe com ela e sem escolha, ela esmaga a cabeça de Beth com uma pedra. Nisso, uma das criaturas capta Sarah e a ataca, porém ela está tão puta que mata o Crowler em segundos.
Na mesma hora, aparece um Crowler com feição feminina que se aproxima do corpo do outro Crowler e afugenta Sarah que corre e acaba caindo num poço profundo de sangue. Lá, Sarah é atacada pelo Crowler feminino e só consegue se livrar graças a um pedaço de osso pontiagudo que ela usa para perfurar o olho da mostrenga que afunda.
Outro Crowler aparece seguindo o faro de Sarah que também a mata e dá um grito no maior estilo Arnold Schwarzenegger no filme Predador que é ouvido ao longe pelas amigas que ainda estão vivas.
Juno tenta localizar o posicionamento do grito mas o que ela encontra através de sua lanterna é uma horda de Crowlers se arrastando.
Enquanto Sarah tenta se deslocar por outra câmara, Sam tenta fugir escalando pelo teto, porém um Crowler a pega de surpresa e a mata. Na sequencia, Rebecca também é pega por um Crowler que a devora ainda viva.
Juno corre até cair num lago onde se livra por muito pouco de um Crowler que estava submerso. Depois de cruzar o lago, Juno se reencontra com Sarah e as duas continuam a busca pela saída, porém acabam sendo interceptadas por um grupo de Crowlers iniciando um confronto frenético onde a dupla sangue no zóio provocam uma verdadeira chacina de criaturas subterrâneas.
Depois que tudo se acalma, Sarah confronta June sobre o cordão e o caso que ela tinha com Paul e depois a abandona a própria sorte para ser devorada pelos Crowlers remanescentes. Enquanto isso, Sarah acaba caindo em uma cova junto a um caminho iluminado que indica a saída da caverna.
Finalmente livre, Sarah volta para um dos carros e se dirige para longe daquele inferno aos prantos.
Nisso, um caminhão madeireiro passa por Sarah que vomita de exausta. Ao se virar, ela vê uma versão morta-viva de Juno. Nisso, a câmera corta e Sarah se dá conta que ainda está presa na caverna e que esses últimos instantes foram coisa da sua cabeça. Ao se recompor, ela vê uma alucinação de Jessica com um bolo de aniversário.
A câmera se afasta e só ouvimos a aproximação e os gritos dos Crowlers.
Este final dá margem a uma teoria muito discutida entre os fãs do longa que diz que os Crowlers na verdade são fruto da imaginação de Sarah e que foi ela quem matou suas amigas por conta de seu trauma não superado e isso é válido já que no finalzinho nós temos a cena da suposta fuga que não acontece e por seguinte a alucinação com Jessica.
O filme foi produzido no Reino Unido e foi orçamentado em 3.500 libras arrecadando mais de 57 milhões de dólares se tornando um sucesso de crítica e de bilheteria o que garantiu uma sequencia logo em 2009 que infelizmente foi muito inferior a primeira em todos os aspectos.
O longa de 2005 conseguiu criar um clima de claustrofobia perfeito, com uma cenografia que passa a imersão perfeita de escuridão, aperto e umidade, além da presença dos Crowlers que têm um visual aterrorizante e uma presença intimidadora que valoriza muito a montagem.
A subtrama de Sarah poderia muito bem ser esquecida em meio a tanto pânico e ação desenfreada se não fosse o plot final e a teoria que só se perdeu por que a continuação canonizou a existência dos Crowler, mas ainda sim validou a condição mental da protagonista que se mantem desequilibrada numa tentativa de se fazer um certo mistério sobre as criaturas da caverna.
No mais, o filme tem uma violência gráfica excelente, uma maquiagem muito bem feita e só pecou em algumas poucas cenas que escracham o uso de CGI e também do chroma key, mas não é nada que tire o brilho da produção.
Trailer: