O sucesso incontestável de O Poço de 2019 trouxe de certa forma tardiamente, uma sequencia que não é bem uma sequencia e que já vem acumulando críticas pela falta de inovação e de profundidade com os novos personagens que tinham tudo para despojar de carisma e ganhar o público, mas que só conseguiram ser vagos e misteriosos.
A premissa não muda muito se comparado ao primeiro filme e nos leva de volta ao Poço, uma prisão vertical que separa as celas em 333 níveis e que os presos recebem uma plataforma de comida que passa por cada um dos níveis sob regras rígidas de consumo o que acarreta em castigos duros para quem as burla. E a sacada é que a comida vai ficando cada vez mais escassa conforme desde de nível até sobrar basicamente nada para quem está nas entranhas do último nível.
Nesta nova desventura nós temos uma dupla completamente oposta que luta entre seguir ou se opor ao sistema ao mesmo tempo em que precisam sobreviver aos constantes ataques dos considerados bárbaros, aqueles que relutam em seguir as regras e comem tudo o que querem.
A meta deste segmento, é alcançar um nível específico para poder encontrar uma pessoa conhecida como O ungido, uma espécie de Messias que mantém geral andando nos trilhos de forma igualitária. O problema porém, é que esta entidade pode não ser o que se espera no final das contas.
Tudo começa com uma leva de prisioneiros passando por uma entrevista antes serem conduzidos aos seus devidos níveis, pedindo aos responsáveis pelas refeições do Poço aquilo que eles desejam comer todos dos dias em que estiverem encarcerados, a única política justa do local, tendo como exigência rígida que cada preso coma apenas aquilo que ele pediu e que só possa comer outra coisa se um outro indivíduo compactuar com uma troca.
Chegamos então ao nível 24 ondem residem Zamiatin: um homem grande, forte, de cabeça raspada, voz grossa, atitude explosiva e que foi preso por tentar colocar fogo na casa com os pais dentro e que teve como pedido alimentar-se de pizza; e Perempuan, uma jovem misteriosa que tem algum tipo de ligação do passado com o Poço, como visto na introdução, com um grupo de crianças que são prisioneiras se divertido no playground do presídio, tendo como sua comida pedida croquetes.
Um certo dia, Zamiatin prova da falta de código de lealdade entre os presos quando em uma das descidas da plataforma de comida ele percebe que todo o recheio das duas pizzas foram comidas restando apenas a massa, o que o faz comer o que é dos outros as escondidas como vingança e isso acaba iniciando uma briga entre a dupla e outros presos do andar superior.
Horas depois, com a chegada de mais uma refeição, a plataforma acaba trazendo junto o corpo de um prisioneiro sem vida e já em seguida, dois prisioneiros que se jogam do andar de cima querendo briga e é o que acontece. Subsequente, uma mulher de um dos níveis superiores é atacada com chamas e jogada para baixo caindo no nível 24.
Após a briga, um dos prisioneiros do nível 23 é desmaiado e amarrado enquanto seu parceiro, Robespierre depois que tudo se acalma diz que irá descer de nível até encontrar uma pessoa conhecida como o Ungido, que é uma espécie de salvador e que irá garantir que todos sejam tratados de forma igualitária.
Robespierre, diz que esta pessoa, que se chama Dagin Babi passou vinte dias sem comer nada e que alimentou seus companheiros com a carne de sua própria coxa.
Um tempo depois, outra refeição é trazida e Robespierre desce a plataforma com seu parceiro ainda imobilizado preparado para concluir seu objetivo.
Os dias se passam e Perempuan e Zamiatin são transferidos para o nível 180 onde apesar da comida limitada a dupla segue as regras de consumo e descarte, que diz que a comida de um prisioneiro que morreu tem que ser jogada fora, pois se ela for consumida por outros prisioneiros haverá um castigo.
Conforme o tempo passa, vamos conhecendo um pouco mais dos protagonistas: Zamiatin é um homem lógico, perito em cálculos e que deixou mulher e filhos, enquanto Perempuan é mais imaginativa acreditando em sua imaginação, coisa que ela demonstra desde o início desenhando a figura de um cachorro na parede.
Os dias se passam e a dupla vai sentindo o peso da limitação de comida, o que faz com que Zamiatin que já não estava bem de saúde tendo constantes ataques de tosse, agora simplesmente cai de cama tendo que ser cuidado por Perempuan. Não bastando isso, os dois ainda tem que passar por uma tremenda pressão psicológica por conta de seus "vizinhos" de níveis superiores e inferiores.
Descobrimos que a família de Zamiatin no geral o expulsaram de casa e que seus negócios deram todos errados por conta de sua postura explosiva e sua falta de disciplina, o que fez com que os pais do homem o inscrevesse para ficar confinado no Poço na esperança dele se ajeitar.
Sentindo que seu fim se avizinha, Zamiatin pede para Perempuan que ela conte para a família dele como foram seus últimos dias caso ela consiga sair do Poço. Nisso, o grandalhão ateia fogo em si mesmo com seu isqueiro e depois se joga em chamas para a morte.
Perempuan recebe depois de um tempo uma nova parceira que não tem um dos braços e passa para ela as regras de consumo do Poço.
Com a chegada de uma nova refeição, as mulheres decidem subir com a plataforma para procurar as pessoas que andam causando rebuliço por não concordar com o sistema, conhecidas como os Bárbaros e nisso, alguns dos prisioneiros favoráveis a posição delas descem junto dando início a um embate com alguns considerados bárbaros residentes do nível 55.
A parceira de Perempuan revela estar no Poço há vários meses e diz ter conhecido o ungido Dagin Babi que é implacável com os ditos bárbaros punindo-os com a retaliação.
Tornando a descer a plataforma, presenciamos a chegada de um corpo amarrado por baixo sem vida e nisso, Perempuan e a parceira descem até um nível muito baixo onde encontram um grupo grandioso que é solidário com quem tem fome. Seria se tudo não passasse de uma armadilha e que aquele grupo são nada menos que os asseclas de Dagin Babi que é um homem que usa uma venda nos olhos.
Um rapaz com síndrome de down que acompanhou o grupo de Perempuan desde o nível 55 revela á Dagin Babi ter ouvido as conversas entre as garotas enquanto fingia dormir que consistia em seguir parcialmente o sistema, o que vai contra o código do salvador que determina punição as duas, deixando claro que a parceira de Perempuan já havia sido punida antes perdendo seu braço e agora, esta é acorrentada sem roupa na plataforma, enquanto Perempuan tem um dos braços decepados.
Enquanto assiste sua parceira sumir, Perempuan tem um devaneio com as crianças do playground do Poço e na sequencia, ela passa a dividir uma cela com o velho e traiçoeiro Trimagasi do primeiro filme, que assim como Zamiatin meteu um foda-se no sistema e consumiu tudo o que lhe deu na telha.
Virando a casaca, Perempuan se junta á Trimagasi e um grupo de bárbaros para fugir do Poço, mas primeiro, eles se fartam com a comida que chega na plataforma sem pensar nas regras.
Dabin Babi e seus aceclas se aproximam do nível onde Perempuan e seu grupo está prenunciando uma guerra, seguido de falsas promessas por parte do falso Messias aos bárbaros que resolverem mudar de lado.
Com a falta de comida, o grupo de Perempuan começa a perecer e os que sobram não tem outra escolha a não ser canibalizar os que já se foram. Uma das seguidoras de Perempuan diz a ela que a jovem pode ludibriar os fiscais do Poço assim que eles fizerem o recolhimento dos mortos e do lixo usando a substância do giz que a jovem usou para fazer o desenho na parede para burlar o olfato dos cachorros dos guardas para que ela passe por morta.
Depois de muita espera, a plataforma desce com o grupo de Dagin Babi escondido no maior estilo Cavalo de Troia dando início a um embate.
Quase entregando os pontos por estar sendo esganada, Perempuan recebe uma ajuda de Trimagasi que lhe entrega sua faca para que ela mate seu agressor.
Perempuan e Trimagasi são os únicos que sobrevivem enquanto que Dagin Babi agoniza pedindo para a jovem acabar com seu sofrimento, coisa que lhe é negado e ele morre por conta própria. Depois de jogar o corpo do ungido pelo Poço, Perempuan se despede de Trimagasi que resolve ficar naquele nível devido o cansaço.
Horas depois de desmaiada por conta de inalar o gás dos guardas que fazem a troca de presos entre os níveis, Perempuan acorda junto a pilha de corpos e vê os guardas fazendo a remoção dos corpos se locomovendo pelos níveis livremente através de um mecanismo de gravidade zero.
Perempuan se finge de morta e depois rasteja até ficar longe do campo de visão dos guardas e acaba chegando até o nível 333 onde está um menino desacordado que ela resolve levar consigo prenunciando seu final precoce enquanto tem outro devaneio com as crianças do playground do Poço.
Um tempo depois, Perempuan chega a um nível superior onde tem um grupo que a acolhe e os créditos sobem repentinamente. Durante o rolar dos créditos, vemos o mesmo momento final do primeiro filme entre Trimagasi e Goreng que após chegarem ao nível mais baixo do Poço, encontram a menina oriental Mali e a colocam na plataforma como uma mensageira da esperança para os presos de níveis superiores.
Perempuan chega logo ma sequencia e reconhece Goreng que a abraça e por fim os dois se beijam fechando o filme.
Então, vamos lá: o filme passa de maneira muito subjetiva um passado mal conduzido de Perempuan onde se subentende que ela era uma artista que se envolveu diretamente com o acidente de uma criança. Devido este acidente foi que ela se inscreveu no Poço, como maneira de tirar o peso de sua consciência e é por isso que no ato final, ela tenta salvar um menino.
O envolvimento de Perempuan com Goreng deu margem para várias teorias, entre elas que eles são um casal, aliás é mencionado bem vagamente que ela tem um filho, então este argumento é válido. Outra teoria diz que Goreng teve envolvimento com o acidente que Perempuan provocou vitimando uma criança e que portanto eles apenas teriam um envolvimento afetivo, amantes? não sei.
Pois bem, como já foi dito lá em cima, o filme não inovou no roteiro apesar deste ter flertado com a critica social ao fanatismo extremista, além da já explorada crítica ao capitalismo e a desigualdade, porém desta vez a abordagem não pegou e o filme foi só um amontoado de situações cheias de cortes frenéticos e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo em diversas ocasiões.
A aparição dos protagonistas do primeiro filme e de alguns personagens secundários foi um fan service já esperado pela maioria, mais ainda sim foi uma surpresa para poucos, eu mesmo não imaginava que iam fazer este link entre as duas obras, revelando no final que ambos os filmes estavam na verdade coexistindo e não que O Poço 2 fosse de fato uma sequencia direta do primeiro. isso significa que futuramente pode ter um Poço 2.5? Não sei se seria necessário e qual o princípio este teria e em que ia agregar comparado ao que já conhecemos.
No mais, o filme continua com a mesma atmosférica sufocante do primeiro, a cinematografia continua sombria e palpável, além das atuações que seguem como manda o figurino, então neste quesito não tem muito o que reclamar, o problema foi a falta de novidades mesmo. O que é uma pena, eu estava hypado com este filme, mas infelizmente ele foi bem morno, apesar de ter me prendido.
Aliás, eu esperava mesmo uma exploração mais aprofundada e mais clara do passado de Perempuan e isso o filme não fez, além de ter dado uma bela de uma confundida com cenas do presente e do passado, o que me fez ficar perdido entre um corte e outro, então pode ser bem possível que em alguma parte eu narrei de forma fora da cronologia... culpa do roteiro.
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