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domingo, 16 de janeiro de 2022

Onibaba, a mulher demônio / Onibaba (1964)

 



O cinema oriental sempre foi muito rico em obras que mesclam o misticismo do folclore nipônico e as épocas históricas retratadas pelos valentes samurais, a luta de um povo oprimido pelo regime feudal e as constantes guerras pelo poder do orgulhoso império japonês quase sempre mal representado.

Uma obra que não deve se deixar esquecer com o tempo é a sessentista Onibaba que retrata muito bem uma época miserável onde os pobres camponeses sobreviviam como podiam (e como não podiam também) abraçando um roteiro cheio de sensualidade, terror sobrenatural oriundo de uma parábola budista sobre a fidelidade, o adultério e suas consequências.

Tudo se inicia durante um turbulento período do século XVI, onde duas mulheres cujos nomes nunca são revelados, sendo uma jovem e uma mais velha, esta sogra da jovem, ganham a vida saqueando (depois de atirarem em um poço) samurais feridos, mortos ou desertores para vender seus pertences ao mercado negro da província local, por um punhado de moedas ou de algo para comer.

Certo dia, aparece na humilde morada das duas protagonistas, Hachi, grande amigo e companheiro de guerra de Ichi, filho da senhora e portanto marido da jovem. Hachi diz estar fugindo da guerra praticamente perdida, onde Ichi fora levado a morte em batalha.

Dia após dia, Hachi passa a perseguir a jovem com segundas intenções até que consegue que a viúva de Ichi desenvolva uma forte atração por ele. A jovem, mesmo reprovada pela agora sogra passa a procurar Ichi todas as noites para fornicar com ele sem o menor escrúpulo, afinal o morto é Ichi e não ela e um dia ela teria que refazer sua vida íntima (mas tinha que ser tão rápido?).

A velha tenta fazer a cabeça da jovem com um papo puritano sobre adultério, dizendo que ela está desonrando a alma de Ichi e que poderá pagar ardendo nas chamas do inferno, que será perseguida pelo demônio e coisa e tal, porém os hormônios da jovem falam mais alto e ela simplesmente resolve ignorar os conselhos da velha como qualquer jovem irresponsável do século XXI faria hoje em dia.

Sem sorte, a velha decide apelar para o bom senso de Hachi pedindo que ele deixe de procurar sua nora, a quem ela ainda considera como filha, pois segundo a mãe de Ichi diz, ela é dependente da jovem para realizar os saques e nas plantações até que os homens voltem da guerra e tomem as rédeas da economia e do serviço braçal na lavoura.

Perseverante, a velha tenta como último trunfo se oferecer como escrava sexual para o amigo do filho, mas ele mostra total desinteresse e ainda diz que não pretende se casar com a jovem, pois só quer dela um alívio momentâneo para suas carências carnais.

De mãos atadas, a velha se conforma em ver os dias passarem, até que a rotina é quebrada com a chegada de um samurai mascarado que pede a velha que o conduza até o outro lado do denso matagal pois ele se perdeu do caminho da guerra.

Concordando com a proposta, a velha pede como recompensa que o samurai a deixe ver o seu rosto, pois segundo ele, vem de boa família e é o samurai mas bonito de seu grupo. Ele se nega e ainda tenta matá-la, porém ela é mais astuta e o atrai até o poço onde embosca suas presas e o samurai se torna mais uma de suas vítimas.

Com a ajuda de um lenço, a velha desce até o fundo do poço e saqueia seus pertences, entre eles obviamente, sua máscara que sai com tanta dificuldade que rasga a pele do defunto, como se o ornamento estivesse colado com Super Bonder.

Aproveitando-se de que aquela é uma máscara Oni (máscara que retrata o rosto de um demônio), ela se veste com um largo quimono branco e coloca a máscara para assustar a jovem, se passando por uma assombração demoníaca, tal como ela disse que aconteceria a nora se esta continuasse traindo a memória de Ichi. Ela passa noites a fio neste mesmo ritual.

Sem se dar por vencida pelo suposto demônio, a jovem resolve arriscar tudo e sai no meio de uma chuvarada, e depois de conseguir se desvencilhar de seu algos, se encontra com o amante que até então pensou ter sido abandonado por ela. Depois de se resolverem, fazem amor lá mesmo ao relento e só então a jovem volta para casa.

Ao chegar na cabana, ela encontra sua sogra aos prantos, dizendo não conseguir tirar a máscara. Ela ainda suplica a jovem para ajudá-la a tirar, e esta concorda desde que a sogra pare de interferir em sua vida íntima e que ela permita-a poder continuar vendo Hachi.

Trato feito, a jovem mete-lhe um par de machadadas até conseguir tirar a máscara com pele e tudo, igualmente foi com seu antigo dono revelando o que sobrou do rosto da velha em carne viva.

Pasma, a jovem diz a velha que ela foi amaldiçoada pela máscara e que agora ela se tornou um demônio de verdade, dando início a uma perseguição frenética mato a dentro.

Do outro lado, se descobre que o samurai que portava a máscara Oni estava vivo e este assassina Hachi.

De volta a perseguição, a jovem atrai a sogra para o poço e a faz cair para a desgraça, porém antes de seu inevitável final trágico ela grita "Eu sou um ser humano!"

Onibaba é uma obra muito bem montada, fotografada e coreografada. O preto e branco dá uma imersão melhor nas cenas noturnas, as cenas de chuva e de vento. O pouco elenco que o longa trás dá um show de interpretação e a atmosfera dos momentos sobrenaturais protagonizados pela velha sob o manto da Onibaba são de arrepiar ainda nos dias de hoje.

A sensualidade das cenas de erotismo são quase que completamente explícitas e sem pudor algum o que em uma obra Hollywoodiana da mesma época seria inaceitável e que certamente geraria polêmica e a censura iria reinar.

O período retratado no filme é muito bem escrito e dirigido narrando com fidelidade uma época difícil onde a espada era a lei e a pobreza extrema era a regra. A indumentária dos samurais e dos camponeses também convence muito bem; é muito difícil encontrar algum defeito técnico num filme produzido com tanto zelo e que ainda é lembrado pelos fãs do cinema da terra do sol nascente.

Trailer:

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