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Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Os meninos / Who can kill a child? / Quién puede matar a un niño? (1976)

 


E se as crianças cansadas de abusos e mal tratos advindas das mãos dos adultos resolvessem virar o jogo e se rebelar contra seus carrascos? Assim pensou Narciso Ibañez Serrador em 1976 ao transportar para as telas aquela que com certeza foi a maior e mais polêmica de suas criações cinematográficas de forma crua e descarada.

O longa começa com pouco mais de oito minutos de um documentário com imagens reais e chocantes de crianças através dos tempos e dos mais remotos países passando pela pobreza extrema, a fome, torturas oriundas do holocausto nazista, da guerra do Vietnã, da pobreza extrema de alguns países africanos, etc, com uma narração reflexiva ao fundo e constantes cantaroladas de uma criança a cada corte.

A transição do preto e branco para as imagens em cor dão início a parte ficcional da trama seguindo a já mencionada cantarolada de criança quee nos transporta até uma lotada praia espanhola em Benahavís, onde aparece um corpo feminino boiando até o litoral que rapidamente entra em aglomeração.

Logo depois, somos apresentados ao casal de turistas ingleses Tom e Evelyn, que chegam de ônibus justamente em Benahavís cuja população está agitada por conta de uma festa típica local.

Enquanto passeiam pela costa, Tom e Evelyn param para comprar alguns rolos de filme para sua câmera enquanto vislumbram pela televisão da loja uma matéria jornalistica sobre uma guerra civil que está ocorrendo em Bangkok que os deixa horrorizados. O dono do local diz que o mundo enlouqueceu e quem acaba sofrendo as consequências da violência e da fome são as crianças.

Ao anoitecer, o casal aproveita uma festa local para se deliciar com os fogos de artifício horas depois de dar entrada em um hotel.

Depois da festa e de uma reflexão sobre as crianças, Tom e Evelyn finalmente seguem viagem para a ilha de Almanzora, para poder fugir da movimentação e do barulho já na manhã seguinte.

Chegando a costa, eles percebem que o vilarejo onde abortaram está visivelmente abandonado. Na rua, o carrinho de sorvete tem sua mercadoria estragada pelo calor, a lanchonete não tem ninguém, nem clientes e nem garçonetes, porém a tevê e a máquina de assar frangos seguem ligados aparentemente há muito tempo já que a carne está queimada.

Tom resolve ir a mercearia no fim da rua procurar vestígio de seres vivos e provisões, enquanto Evelyn descansa já que está grávida de vários meses. Não demora muito e uma menina estranha e sorridente atendendo pelo nome de Lourdes aparece do nada e logo se encanta com a barriga de Evelyn acariciando-a num momento tenso.

Enquanto isso, Tom encontra a mercearia vazia porém não detecta a presença de um corpo feminino brutalmente assassinado.

Sem dar tempo para um diálogo, a menina vai embora rapidamente tão logo o telefone do local toca, porém ninguém atende. Tom chega logo depois com pão, salsichas, sardinhas e alguns presentes. 

Por duas vezes o telefone volta a tocar e Tom atende ouvindo uma vos bem baixa pedindo socorro em algum idioma europeu, porém a pessoa não consegue terminar de falar pois a ligação é interrompida.

Depois dos últimos acontecimento, o casal resolve continuar procurando uma pensão para ficarem até que Tom ouve risadas de uma criança e quanto sai para averiguar dá de cara com uma menina atacando um idoso com sua própria bengala eufórica e só evade do local as gargalhadas quando o velho sucumbe sem que Tom consiga fazer nada além de levar o corpo para dentro da casa do idoso.

Sem a mínima vontade de se dar por vencido, Tom percorre as vielas do vilarejo até ser surpreendido com um grupo de crianças brincando de piñata com o corpo de um homem e no lugar de um bastão usavam uma foice curvada no maior estase.

Atordoado e de estômago embrulhado, Tom volta até a lanchonete onde Evelyn o interroga sobre o real motivo deles estarem naquele fim de mundo. Sem muita conversa, os dois rumam direto para a pousada meditar sobre o que fazer com os pequenos psicopatas. 

Antes que pudesse investigar o porão da pousada em busca de alguma pista, Tom ouve os gritos de socorro de Evelyn e ao descer flagra um homem perturbado com um pedaço de garrafa na mão fitando sua esposa como alvo.

Depois de acalmar o nativo, o mesmo conta que o vilarejo vivia seus dias normais e felizes até que um grupo de crianças de procedência desconhecida iniciaram uma chacina aos adultos e tomaram as outras crianças como aliadas. Um dos poucos sobreviventes, o homem tentou intervir, mas segundo ele mesmo diz "quem pode matar uma criança?", uma clara referência ao título original do filme, que por essas terras fora porcamente adaptado.

A conversa é interrompida com um telefonema estranho de uma mulher de sotaque holandês, a mesma que horas antes havia telefonado na lanchonete mais uma vez pedindo socorro as escondidas até que alguém arromba a porta do local onde ela estava escondida e a chamada cessa novamente. Tom pergunta ao nativo de onde teria partido o telefonema, já que aparelhos de telefone são uma verdadeira raridade naquele lugar esquecido por Deus e a única linha por lá faz apenas chamadas locais. O homem responde que há uma linha junto ao correio e é para lá que Tom vai sem perda de tempo.

Chegando lá em dois pulos, Tom não encontra nada anormal, mas estranhamente ouve-se o soar dos sinos da igreja. No local, ele encontra um grupo de meninas rindo que fogem ao vê-lo. Adentrando a sacristia, Tom encontra um grupo de meninos empolgados tentando tirar as roupas de uma mulher inconsciente. Os fedelhos também evadem e Tom constata que a mulher está morta.

Farto, Tom volta a pousada e alerta Evelyn e o nativo para que fujam de lá imediatamente, até que surge a filha do nativo em prantos pedindo ajuda. Apesar das súplicas de Tom para que o homem não fosse, ele se vai com a filha e ao cruzar a esquina ouve-se um grito: o homem foi abatido.

Tom ordena a Evelyn que corra mesmo que seja difícil no estado dela, mas a fuga não dura muito, já que um grupo de crianças os intercepta bloqueando a entrada do vilarejo. Por sorte, o casal encontra um jipe abandonado de depois de muito tentar, Tom consegue dar partida e no caminho, diz que levará ambos para o outro lado da ilha, pois lá há casas e talvez um barco para que eles alcancem a liberdade .

Lá, encontram uma senhora que diz que o único barco que presta está com seu marido que é pescador e que ele só volta para casa no final do entardecer. A senhorinha convida o casal para um chá até que eles são pegos de surpresa pelos filhos curiosos da mulher que lhes dá uma bronca por importunar os forasteiros.

Não muito depois, duas outras crianças de fora aparecem estabelecendo um tipo de conexão telepática com os filhos da senhorinha hipnotizando-os. Fula, a mãe das crianças ordena que eles vão tomar banho mas é ignorada pelos olhares frios e intimidadores dos pequenos e sem perceber um grupo de crianças está de tocaia no alto do monte atrás da casa.

A essa altura, Tom e Evelyn já haviam dado pinote retornando a cidade. Lá eles se refugiam na delegacia onde encontram um corpo de uma pessoa fortemente armada. Tom recolhe a arma enquanto as crianças cercam o local e tentam arrombar a porta principal com um ariete.

Sem perceber, Tom e Evelyn são mirados por um menino de posse de um revólver no alto das grades de uma cela. Certeiro, Tom dispara contra o garotinho que aparentava não ter mais do que sete ou oito anos, matando-o numa cena chocante até para os dias de hoje.

Tom diz a Evelyn que até o presente momento ninguém jamais teve coragem de matar uma criança e que por isso elas não tinham medo mas agora sim elas tem. Caladas e em ordem as crianças fogem de lá dando um tempo de paz ao casal exausto.

Os dois resolvem passar a noite lá para poder fugir logo de manhã, mas o sono de Evelyn é encurtado quando do nada ela começa sentir dores e alega que seu bebê a está matando por dentro e que em nenhuma de suas outras gestações ela havia sentido algo assim. Ela ainda diz que o bebê está se tornando um dos psicopatas, pois ela se lembra que a menina Lourdes tocou diretamente em sua barriga e isso pode ter influenciado o feto de alguma forma.

Exausta e vertendo muito sangue pelas entranhas, Evelyn morre para o desespero de Tom.

Ao amanhecer, Tom caminha até a saída do vilarejo onde mais uma vez é recepcionado pelas crianças que tentam vencê-lo com sorrisos fofos e olhares brilhantes e inofensivos, porém o viúvo de Evelyn não cede ao joguinho dos fedelhos e dispara a esmo abatendo vários capetinhas simultaneamente.

Aproveitando a brecha, Tom chega ao cais e desamarra um barco a motor, porém as crianças que sobraram o atacam com faca, tesoura e tudo que encontram por perto.

O barco da guarda costeira aparece e Tom tenta sinalizar para os oficiais que interpretam erroneamente a cena de espancamento das crianças e um dos guardas disparam matando Tom que some no mar.

Sínicas, as crianças fingem-se assustadas abraçando os guardas aos prantos enquanto que as outras recolhem os corpos dos amiguinhos. O guarda pergunta onde estão os outros e uma das meninas aponta para o vilarejo. Ao dar as costas, o oficial ouve um "adeus" e uma risada feminina. Quando vira de volta, é alvejado por sua própria espingarda depois que seu navio fora saqueado pelos pequenos delinquentes.

Um dos meninos, no comando de um dos barcos se despede das demais dizendo que vai "brincar" com crianças de Benahavís, pois segundo ele, ainda há muitos lugares no mundo cheio de crianças com quem "brincar", dando a entender que os pequenos demônios pretendem se espalhar e seguir com a chacina perpetuando seu reinado de sangue.

Os meninos foi uma obra bastante judiada pela censura (com razão, sejamos francos) fazendo-a se perder por anos até ser resgatada e distribuída sem cortes em mídia física.

Claramente a obra inspirou Stephen King na crianção das suas "Crianças do milharal (Colheita maldita)" uma vez que o livro de King fora escrito pouco tempo depois que o filme ganhou certa notoriedade.

Um filme chocante e contemplativo, cheio de suspense com uma atmosfera de medo ímpar. A qualidade de direção e de montagem é impecável, além de ter uma ambientação muito bonita e bastante atrativa que parece não ter envelhecido nada para os dias de hoje já que continua causando o mesmo choque que na época em que foi lançado. 

Em 2012 foi lançado um remake mexicano do filme com o nome original de Come out and play, ou como ficou conhecido por aqui Brincadeiras de criança. Mas isto é conversa para uma próxima vez.

Verdadeiramente é um conteúdo aconselhável apenas para quem tem estômago forte e não tem medo de enfrentar a realidade. Super recomendo!


Trailer:



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