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Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

sábado, 26 de agosto de 2023

Seytan / Şeytan (1974)

 


Eu ainda não acredito que eu tive a coragem e a paciência para assistir a uma das mais ousadas e hilárias obras da sétima arte que plagia de forma descarada um grande clássico do terror: O exorcista.

Trata-se do turco Şeytan (em português Satã) de 1974 que trás uma carga cômica em meio a atuações pastelão, maquiagens sofríveis, efeitos práticos miseráveis e zero inovação.

A história é praticamente um ctrl+c e ctrl+v da obra hollywoodiana do ano anterior, mudando é claro a ambientação que se passa no Istambul e nos apresenta a menina Gül de doze anos que vive na alta sociedade com sua mãe que não tem nome na trama, aliás, quase ninguém tem um nome além da própria Gül.

Nós temos logo ao início a introdução clássica com um sacerdote creditado apenas como "o exorcista" que é a contraparte do padre Merrin em uma escavação arqueológica onde ele descobre uma peça satânica antiga representando uma entidade conhecida apenas como Şeytan e posteriormente um monumento erguido em homenagem ao mochila de criança feito com um orçamento de troco de pinga.

Do outro lado, temos Tuğrul Bilge que seria a contraparte do jovem padre Karras que assim como o original vive numa crise de fé com a doença degenerativa da mãe que já tem certa idade e ao invés de padre, ele é um escritor que lançou um livro sobre Seytan e que abandonou a carreira de médico.

A vida da pequena Gül corre na maior tranquilidade até a mãe descobrir que ela anda brincando com um tabuleiro Ouija e que ela fala com um amigo imaginário, que mal sabe ela ser o próprio Seytan. 

Daí para frente temos um aprofundamento dos personagens principais montando aos poucos seus respectivos background: a mãe de Tuğrul Bilge tem uma piora em seu quadro precisando ser internada num sanatório onde ainda precisa ser contida por amarras em seu leito.

Em um certo momento, temos o primeiro evento paranormal a acontecer com Gül que é quando a cama da menina começa a se mexer sozinha lançando a menina para o alto várias vezes tendo que a sua mãe pular em cima dela para tentar conte-la, o que mais parecia um concurso de touro mecânico de tão mal feita essa tomada, uma verdadeira comédia.

Um pequeno salto e temos o sepultamento tradicional turco da mãe de Tuğrul Bilge que viera a óbito entre uma tomada e outra. Consequentemente temos uma festa na casa de Gül onde a menina começa a apresentar um comportamento evasivo e obsceno com os convidados chegando inclusive a urinar em sua própria camisola (um líquido escuro que mais parecia chorume vazando do saco de lixo) depois que a mãe resolve coloca-la na cama. 

Enquanto Tuğrul Bilge tenta levar uma vida normal, Gül apresenta uma leve piora o que faz a mãe levá-la para ser examinada dos pés a cabeça pelos melhores médicos do país e nenhum deles consegue encontrar nenhuma alteração no quadro clínico da menina.

Aliás, eu ressalto aqui que eu não me segurei nas cenas dos exames tomográficos, pois as máquinas mais avançadas da época pareciam ter saído de algum desenho animado, como uma que parecia um tipo de bate-estaca que socava a cabeça de Gül com uma espécie de pistom e o outro, um aparato com ruído de tiros de metralhadora. Eu simplesmente não aguentei e ri feito criança.

Depois disso, chegamos a um momento em que a mãe de Gül chega em casa depois de ter ido a um compromisso e placidamente encontra um amigo da família morto com um tremendo rombo na cabeça nas escadas da entrada da residência, e eu tenho que concordar que essa maquiagem ficou até que legal. A questão aqui é que o rapaz estava de ama seca de Gül tal como Burke Dennings que tomava conta de Regan e posteriormente descobrimos que foi a própria sobre o efeito do demônio que o jogou da janela de seu quarto.

Após de alguns cortes nós temos o encontro entre o chefe de polícia (que investiga a morte do amigo  da mãe de Gül, que ele acredita ter sido assassinado) e Tuğrul Bilge e aqui eu quero ressaltar com muito bom humor uma curiosidade que não dá para passar batida: acontece que o ator Erol Amaç que dá vida ao oficial em outra ocasião interpretou a versão de baixo de orçamento de Spock no plágio turco de Star Trek (ou Jornada nas estrelas para os mais idosos), coisa que eu vim a descobrir fazendo a pesquisa para esta postagem. Aliás, este mesmo filme se encontra onde eu encontrei Şeytan, num canal oficial no youtube chamado Fanatik Klasik Film, caso alguém se interesse (inclusive tanto na versão SD com qualidade de VHS tanto em HD com uma qualidade de encher os olhos e alguns poucos minutos extras, porém sem legenda alguma).

O tempo vai se passando e Gül fica acamada de vez sob os cuidados da mãe que numa ocasião encontra um punhal com o demônio talhado no cabo sob o colo da filha enquanto esta dorme, ao contrário da versão hollywoodiana onde foi encontrada um crucifixo que posteriormente a menina usa para se masturbar, o que acontece aqui também de forma muito hilária devido a atuação caricata da atriz e o sangue exagerado que parecia mais com borrões de tinta Suvinil.

Além disso, nós temos a famosa virada de cabeça de 360° que a menina dá, dando claros indícios de possessão que aqui também é um show a parte já que o efeito usado aqui é claramente uma boneca de corpo estática com a atriz interprete de Gül por atrás simplesmente virando seu corpo; é bizarro de tão engraçado e isso que eu não mencionei que a menina já está começando a ficar verde e com os cabelos embolados.

Tem também a clássica cena da menina sofrendo espasmos involuntários na cama fazendo-a mexer a cabeça para cima e para baixo, mas aqui, Gül parece uma roqueira batendo a cabeça de tão hilário e mais uma vez eu não consegui me segurar e ri muito.

Este é o estopim para a mãe procurar a ajuda de Tuğrul Bilge tendo como referência os estudos de seu livro e nisso temos toda aquela preparação para o ato principal: o desdém do jovem escritor na verídica possessão, sua investigação, a entrevista gravada com a menina agora completamente possuída e cheia de marcas de cortes pelo rosto que atende o jovem escritor se utilizando de seu conhecimento multi lingual. Aliás, vale lembrar a primeira vomitada de Gül que cospe uma gosma amarela que mais parece bosta mole de bebê, direto na cara do jovem padre, o que é claro, eu incrementei ao meu hall pessoal de momentos impagáveis do longa.

Tuğrul Bilge só vem a se convencer totalmente da possessão de Gül ao presenciar um pedido de socorro enviado do subconsciente da menina em forma de uma escrita sobre a pele da barriga da mesma tal qual Regan fez no original.

Isso faz com que Tuğrul Bilge procure um velho sacerdote que é o maior representante da religião que predomina na Turquia (que até onde eu pesquisei é a islâmica apesar do país ser laico) solicitando um exorcista e então o mesmo exorcista do inicio do filme é requisitado e temos a entrada triunfal do velho lembrando muito a mesma cena épica da chegada do padre Merrin a casa de Regan. 

A partir daí, entramos na meia hora final do filme onde acontece a melhor (ou pior) parte: o exorcismo. Nós temos a chegada do velho exorcista e seu confronto inicial, seguido de várias pérolas: a vomitada de sopa de ervilha que aqui mais parece cimento, a levitação da cama de Gül possuída, o pescoço da mesma inflando feito um sapo boi enquanto ela solta um grunhido, entre outras barbaridades... é tudo muito hilário para um filme que tentou emular um clássico do terror setentista.

Aliás, tem um momento bastante ímpar que ocorre depois levitação da própria Gül desta, onde ela golpeia ambos os exorcistas que anteriormente amarraram seus pulsos, até que de repente aparece uma imagem do monumento demônio sobre a cama e a possuída se curva para ele várias vezes até se cansar e cansar a dupla.

Por fim, chegamos ao último ato que se inicia após o velho padre tomar um remédio para o coração de seu estojo; ele pede ao parceiro para ficar a sós com a possuída para seguir com o exorcismo, pois o jovem está com sua fé fragilizada devido a tortura psicológica que o demônio impôs a Tuğrul Bilge, emulando a vós de sua mãe morta além de sua própria imagem, (tal como Pazuzu fez com Karras) e só iria atrapalhar o restante do processo.

Na tomada seguinte, o velho padre inicia uma nova sessão, daí a cena corta para Tuğrul Bilge que tem uma breve conversa com a mãe de Gül e quando volta ao quarto da menina, encontra o velho exorcista sem vida e daí tem mais uma pérola deste clássico absurdo que é quando o jovem escritor tenta em vão reanimar o velho, e o que mais parece é que ele está martelando uma estaca no peito do mesmo como se estivesse exterminando um vampiro.

Então, temos o embate do jovem escritor com o coisa ruim que é engraçado também, pois ele soca o ser das trevas de forma superficial e mal coreografada. Depois, o demônio possui o jovem aos poucos e nisso, Tuğrul Bilge se joga do alto da janela rolando as escadas. A gente percebe que a queda foi mal executada, pois é notável que o ator toma impulso para rolar até o fim sempre que ele perde as forças.

Na sequencia, chega o chefe de polícia, uma vez que nesta versão não existe nenhum padre Dyer para dar a extrema unção ao padre moribundo. Ao contrário, o policial tenta tomar as últimas palavras do jovem padre que só consegue responder apertando a mão do oficial confirmando que não houve assassinato, mas sim seu suicídio deliberado até que por fim ele morre.

Gül por fim, está livre da possessão e sua mãe coloca a casa à venda, leva a filha para a igreja, templo ou seja lá que nome tem e lá, a menina encontra o velho sacerdote que deu o aval para a execução do exorcismo e aqui ele faz a parte do padre Dyer, já que Gül, ao ver a figura do sacerdote, beija a mão do mesmo com um semblante de gratidão, assim como Regan fez ao reconhecer o crucifixo de Dyer, o beija no rosto e o abraça, sendo que ela não se lembra do ocorrido enquanto estava possuída e portanto não tem lembranças claras do padre Karras que lhe salvou a vida.

Enfim, minhas impressões: esse filme para mim só vale mesmo pelas risadas, pelo status de cult que a obra alcançou ao tentar de forma ousada adaptar com poucos recursos um clássico absoluto que se consolidou com sua forma crua e extrema de se abordar um assunto controverso, no caso o exorcismo.

O roteiro copiou nos mínimos detalhes cada quadro da versão original e para a nossa felicidade (ou não) a trama aborda somente a versão com o corte final que foi para os cinemas deixando para trás tudo aquilo que só veio a ver a luz do dia com o lançamento da versão do diretor que trouxe pérolas como o caminhar da aranha, a celebre cena em que Regan possuída desce as escadas fazendo contorcionismo.

A trilha sonora se destaca pelo tema principal que copia de forma descarada o mesmo tema clássico, só que com um arranjo instrumental diferente e mais suave. Fora isso, temos outras faixas com músicas mais agitadas que lembram muito Halloween de John Carpenter e alguns clássicos giallo setentistas.

A estética do filme pode causar estranheza, mas temos que lembrar que aquilo era outra época e outra cultura, não tem como comparar a mansão cheia de cor e vida de Gül com a mansão sóbria e de paredes monocromáticas de Regan. Porém, não há como passar pano para o mal envelhecimento que é uma coisa notória visto o figurino e os penteados da época, coisa que com o nosso clássico exorcista não aconteceu, já que a obra segue irretocável e impecável até os dias de hoje em todos os sentidos.

Eu não encontrei e nem esperava encontrar nada a respeito de receita e orçamento, direção, produção ou qualquer outra coisa mas eu creio que o mais obvio é que o longa custou a bagatela de um pastel e tenha arrecadado um troco de pinga e que tenha sido produzido e dirigido por algum manolo encontrado no ponto de ônibus.

Quanto os efeitos, eu acho que já ficou claro que todo o investimento feito em cima do longa foi um belo erro, pois visto a maquiagem da menina Gül, esta dava mais vontade de rir do que gritar de medo. Aliás, traduzindo alguns comentários da postagem do filme no youtube eu percebi que várias pessoas compartilham a mesma opinião que eu sobre o fato da Gül em seu estado normal dar mais medo do que quando ela está possuída por conta de seus trejeitos e seus olhares penetrantes. Vai por mim, é a mais absoluta verdade.


Trailer:


sábado, 19 de agosto de 2023

Evil Dead Trap / Shiryô no Wana (1988)

 


Demorou, mas trago-lhes um clássico do terror japonês oitentista repleto de violência gratuita e extrema que só a terra do sol nascente poderia proporcionar.

Uma co-produção entre Satoshi Jinno e Michio Ôtsuka dirigido por Toshiharo Ikeda baseado na obra de Takashi Ishii que trás as desventuras de uma repórter em um complexo abandonado afim de investigar o local de onde saiu uma gravação anônima em VHS mandada para ela junto a muitas fitas caseiras das quais ela pediu aos telespectadores que mandassem paras eu programa de tevê.

O conteúdo da mídia no entanto é um snuff chocante com cenas contínuas de tortura e dilaceração de uma pessoa mantida encarcerada. O que a jovem repórter Nami Tsuchiya não contava é que um terrível ser misterioso escondido no local da gravação estaria atraindo ela e sua equipe de reportagem composta em sua maioria por garotas para uma armadilha mortal de onde possivelmente ninguém saia vivo.

Começando com imagens das mencionadas filmagens amadoras, temos entrelaçado uma imagem de tortura de uma mulher anônima de onde nós vemos partes do corpo de relance emoldurado em uma tela composta por tons de azul focando sempre nos olhos da vítima no maior estilo Dario Argento.

Ao fundo ouvimos uma vos mencionando o nome Hideki e finalmente a introdução corta para o início do filme que é quando saturada de ver fitas e mais fitas caseiras, a jovem repórter Nami Tsuchiya acaba recebendo um misterioso envelope com mais um VHS dentro que chama sua atenção.

Sem nada melhor para fazer, Nami põe a fita para rodar no bom e velho vídeo cassete e já de início temos as imagens de uma tortura realizada por alguém que não vemos em uma jovem que é trucidada com requintes de crueldade presa em um depósito. A imagem final é uma foto de Nami!

Encucada com o conteúdo, Nami resolve investigar o local apontado na fita, porém seu produtor tira o seu da reta dizendo a jovem que se ela resolver por os pés no desconhecido terá que fazer isso por si própria e com seus próprios recursos.

Com carta branca para iniciar um pente fino no complexo onde se encontra o depósito da tortura, Nami recruta suas colegas e amigas Rei Sugiura, Mako Abe e Rie Kawamura juntamente com seu assistente imaturo Akio Kondo que sem perda de tempo pegam estrada na Pajero da equipe.

Chegando ao local aparentemente abandonado, a equipe descobre que o local é um grande complexo cheio de depósitos, armazéns e dormitórios. Aproveitando que os portões estão mal trancados, geral adentra e se divide pelas instalações.

Nami vaga sozinho por um galpão emporcalhado até dar de cara com um jovem anônimo que diz estar procurando por alguém e que aquele não é lugar para crianças sumindo na sequencia.

Em outra instalação, Rei perambula sem saber por onde começar até quase ser acertada por um objeto suspenso e não bastasse isso ainda tem um encontro inóspito com uma cobra que só não dá o bote por que a jovem consegue dar o pinote.

Na confusão, Rei acaba indo parar em outra sala onde encontra Kondo que deixa o profissionalismo de lado e tenta seduzir a repórter.

Finalmente Mako do outro lado tira fotos enquanto Rie desconfiada fica nas beiradas em alerta.

De volta a Rei e Kondo que são um casal bem diferente, os dois acabam transando loucamente sem se darem conta de que ma entidade desconhecida paira pela construção  espreitando-os.

Rie acaba encontrando Nami e diz a ela estar com um mau pressentimento sobre o local e a chefe da equipe resolve que é hora de guardar os equipamentos e ir embora antes que escureça.

No mesmo instante, sem que as duas percebam, um homem dentro de um compartimento amordaçado a um adereço sadomasoquista tenta chamar a atenção das jovens, mas um misterioso mascarado acaba o impedindo.

Sozinha continuando suas investigações, Rei acaba encontrando larvas se proliferando no teto e na sequencia encontra um corpo apodrecido de uma mulher escondido em um armário.

Inesperadamente, um espeto enorme de ferro vindo do chão empala Rei através da barriga. Depois, outros espetos saem das paredes e perfuram a jovem até a morte.

Quando Nami e Rie chegam ao carro da equipe onde Kondo descansa, Mako aparece toda empolgada pedindo ás amigas para darem meia volta e ver o que ela encontrou em um depósito.

Entrando no tal lugar, a equipe encontra vários aparelhos de televisão e subsequente, um som estranho vindo de outro corredor é ouvido e para a surpresa de geral, o corpo de Rei aparece suspenso fazendo todos correrem e se separarem.

Rie se perde dos amigos e vaga sozinha até encontrar uma luz que a leva até o lado de fora.

Mako e Nami por sua vez encontram uma cela e o misterioso mascarado que faz as garotas correr, mas Mako acaba ficando para trás.

Do lado de fora, Rie tenta fugir sozinha com o carro da equipe até que um homem a ataca e diz que se ele conseguir matar todos os invasores ele estará livre.

Mako por sua vez vaga até encontrar uma porta bloqueada que ela abre com facilidade, mas para o seu infortúnio acaba dando de cara com o mascarado que a esfaqueia na mão fazendo-a desmaiar.

Enquanto isso, Rie é estuprada pelo estranho que menciona que ele está em grupo. Antes que pudesse dar mais alguma informação realmente importante, o maluco é perfurado por trás e morre.

Ao tentar sair do carro, Rie é fisgada por um fio de arame que a suspende e a mata enforcada.

Nami que havia apagado acorda e encontra uma saída pelo teto de um dos depósitos onde encontra o jovem misterioso que ela havia encontrado quando chegou ao complexo e juntamente a cabeça de Kondo.

O estranho diz que aquele complexo é uma antiga base militar desativada onde ele e o irmão brincavam quando eram crianças e é justamente este irmão que o rapaz está procurando.

Ouvindo uma movimentação estranha se aproximando, o jovem é acertado no ombro mas revida com disparos de seu revólver até desaparecer novamente.

Vagando sozinha, Nami encontra uma televisão transmitindo Mako aprisionada e fraca pedindo socorro. Depois, a repórter encontra vários monitores transmitindo o mesmo e com suas poucas forças Mako passa para a amiga sua localização.

Chegando até o local, Mako está amarrada a uma plataforma vertical e amordaçada sob a mira de uma besta cujo gatilho está amarrado com um barbante cuja outra ponta está atada á maçaneta, ou seja, é cilada Bino!

Mako felizmente consegue desviar da flecha quando Nami abre a porta, porém o que as duas não contavam é que há outra armadilha que a repórter incauta aciona ao esbarrar em um barbante rente ao chão e esta ativa um mecanismo que espreme a cabeça de Mako como se fosse um tomate podre.

Na sequencia, o mascarado aparece disparando um lança foguetes várias vezes contra Nami e depois a segura na parede com várias flechadas e enquanto a repórter se livra do atraso, o ser misterioso foge.

Depois de falar muita merda para o mascarado, Nami é acertada na perna e só não vira purê por que o jovem reaparece, a salva e a leva consigo.

O jovem diz á Nami que o responsável por todo este show de torturas é uma criança e depois tenta forçar o arrombamento de um par e portões.

A dupla segue por um duto subterrâneo que segundo o jovem os levará até um bosque de bambu, porém no meio do caminho o rapaz tem um ataque do coração e pára para fumar. Na sequencia, ele dá sua arma á Nami e pede a ela que siga até a saída enquanto ele vai voltar para procurar por seu irmão que agora a gente sabe que se chama Hideki.

Depois de percorrer todo o caminho, Nami chega ao tal bosque que dá justamente onde o carro da equipe ficou estacionado onde ela encontra o corpo de Rie se lamentando por não te-la ouvido quando ela disse estar com um mau pressentimento.

Nami ouve alguém chegar e se esconde atrás do carro: é o mascarado que arrasta os copos de Rie e do maluco estuprador para além do bosque.

Mesmo com medo, Nami volta pelo duto até ouvir a vos de uma mulher falando diretamente com o tal Hideki dentro de um dormitório de soldados.

Seguindo, Nami encontra um quartinho com comida e várias tevês de onde vem a gravação de uma mulher que é quem falava com Hideki. Além disso, também encontra algumas fotos penduradas em um espelho que se supõe ser de Hideki e sua família.

No dormitório, Nami vê o mascarado falando com uma criança e o maluco parece estar sendo atacado psicologicamente e nisso a repórter finalmente fica cara a cara com seu algos que é nada menos que o jovem que a salvou que é perturbado mentalmente e este demonstra isso emulando a vos de Hideki.

Nami tenta convencê-lo a se entregar para a polícia até que vários explosivos são lançados fazendo os sprinklers ativarem e começar a alagar o lugar.

Um curto circuito  é iniciado fazendo Nami fugir sendo perseguida por outras explosões o que a faz voltar por onde veio.

O jovem começa a assumir a personalidade de Hideki e ordena a Nami que atire nele o que ela faz sem pestanejar. Acertado o jovem pede a repórter que repita, mas a jovem se nega até que inesperadamente, uma estranha bola de tumor sai do corpo do rapaz.

Deste tumor sai um bebê horrivelmente deformado que é nada menos que o verdadeiro Hideki que põe Nami para correr.

Escondida na enfermaria, Nami sente a aproximação de Hideki e atira acertando uma substância inflamável que causa uma pequena explosão. Ao se recompor, Nami é laçada pelo cordão umbilical de Hideki que tenta enforca-la, mas o irmão aparece e o rompe colocando o bebê de volta em seu interior.

Sem perda de tempo, o rapaz tenta o suicídio esfaqueando o próprio peito e depois cai numa fogueira se queimando todo.

Quando Nami tenta ir embora, o corpo carbonizado se ergue agora totalmente sob o domínio de Hideki que a ataca impiedosamente. Nami no entanto agarra um caco de vidro e o acerta fazendo-o perder o equilíbrio e cair do alto de uma janela quebrando em pedaços como se fosse carvão.

Depois de deixar a base militar Nami apaga e só acorda no hospital onde um detetive a deixa a par da investigação da polícia revelando não ter encontrado nenhum Hideki o que o faz suspeitar que ele não exista de fato.

Tempos depois, Nami consegue levar o caso para a tevê e nos bastidores ela recebe algo deixado por um homem segundo sua assistente que é nada menos que o isqueiro do irmão de Hideki; mas como?

Inesperadamente, Nami começa a se contorcer de dor e de dentro dela sai o bebê do demônio, Hideki chamando-a de mamãe...

Para esta obra eu só tenho elogios. Ela começa de forma espetacular com a já mencionada edição fotográfica em tons de azul com olhares penetrantes como destaque o que com certeza foi uma inspiração a obra do italiano Dario Argento.

Eu tive um bom trabalho no início para decifrar quem era quem visto que o elenco era composto por uma maioria feminina seguindo os mesmos gostos estéticos, fora que o fato de ninguém quase nunca chamar ninguém pelo nome deu uma boa atrapalhada, mas depois de uma boa revisão com bastante atenção a coisa foi ficando mais fácil.

O enredo começou bem, definiu o background com competência, nos emergindo com sucesso num cenário claustrofóbico e conseguiu marcar a obra com seu belo trabalho de efeitos práticos e a violência sem limites, uma das principais qualidades do longa.

O filme tem um cheirinho de locadora e um aroma nostálgico. Eu não pesquisei muito a fundo então eu não tenho como saber se o VHS ou mesmo o DVD do longa metragem chegou por aqui oficialmente. Com toda certeza que na tevê aberta e mesmo nas emissoras pagas essa pérola não passou e se passou certamente foi censurada até não poder mais.

A primeira metade do longa foi a que eu mais gostei, pois temos um belo vislumbre de um slasher nipônico com sangue esguichando por todos os lados e cenas de tortura de traumatizar até o mais bruto dos brutos. Já o segundo ato, que é a partir do momento que todas as amigas de Nami já estão mortas é arrastado, muda do ataque furtivo do stalker mascarado para as explicações de todo o imbróglio que apesar de necessário foi contado as pressas, sem mostrar nenhum flash back com uma história mais direta e prática, mas isso não interfere no entretenimento.

Por fim, nós temos a trilha sonora que é certeira e assustadora sendo executada pelo saudoso guitarrista da banda ZABADAK, Tomihiko Kira. Simplesmente um primor trazendo um frio na espinha a cada acorde.


Trailer:



sábado, 12 de agosto de 2023

Frankenstein (1931)

 


Já faz um bom tempo que eu ando devendo de trazer a resenha de algum clássico filme de monstros da Universal e eu resolvi começar pelo meu preferido, a obra máxima de Mary Shelley.

O monstro artificial feito através de pedaços de homens mortos e revivido através de um raio já ganhou uma cacetada de adaptações e paródias desde a criação do cinema, mas a que marcou foi justamente a versão de 1931, que ao contrário do que muitos pensam é a segunda adaptação do livro, a primeira foi um curta metragem mudo de menos de 14 minutos produzido em 1910.

Não é só pelo fato da versão dos anos 1930 ter adaptado a risca o conto original, mas por tudo que ele representa historicamente, sua ambientação, suas atuações e sua direção certeira, mas pela cereja do bolo que dá uma identidade ímpar ao filme: Boris Karloff, o homem que deu vida á criatura do doutor Frankenstein com graça.

O caminhar, os trejeitos, a entrega do ator que passa para o público a sensação de estar frente a frente com uma criatura morta em vida de verdade e o fato dele conseguir fazer gelar a espinha, diferente do que os intérpretes posteriores fizeram. Eu não estou dizendo que não houve qualquer outra adaptação memorável, longe disso... aliás, eu sou muito entusiasta de Frankenstein de Mary Shelley de 1994 onde  o monstro artificial foi interpretado por Robert de Niro com uma maquiagem excelente, a ambientação é primorosa e tem um enredo amarrador. 

A premissa do longa dispensa apresentações já que o monstro é de longe uma das figuras mais famosas do Universalverso, mas vamos lá: a coisa se passa nos anos 1700 onde um cientista herdeiro de um rico e importante barão resolve brincar de ser Deus criando vida através de pedaços de corpos humanos que ele roupa do cemitério.

O intento funciona dando origem a um monstro de aspecto esverdeado pela podridão de pele, parafusos no pescoço e uma série de remendos pelos corpo, além da cabeça achatada e seu tamanho colossal. O sucesso da empreitada dura pouco já que a criatura perde o controle e foge do castelo causando muita confusão pela aldeia ás vésperas do casamento de seu criador.

O filme nos introduz á um side show que nos dá uma prévia da história que nós veremos a seguir sobre o monstro e seu criador, o doutor Henry Frankenstein.

Depois da introdução, o filme corta para o final de uma cerimônia de sepultamento. Após o coveiro cobrir a cova e ir embora, temos a aproximação do já mencionado doutor Frankenstein e seu criado, o corcunda Fritz que não perdem tempo e abrem o túmulo e levam o caixão recém enterrado.

No caminho para o castelo, a dupla encontram um homem executado na forca do qual Henry ordena que Fritz retire e leve a cabeça junto.

Horas depois, temos um vislumbre de uma aula prática sobre o cérebro humano conduzido pelo doutor Waldman na universidade de medicina, onde Fritz observa as escondidas e ao final da aula, o criado de Frankenstein surrupia o recipiente com o cérebro dentro.

Do outro lado, conhecemos Elizabeth Lavenza, noiva de Henry Frankenstein e seu amigo de longa data Victor Moritz e a moça demonstra uma notória preocupação ao receber uma carta do noivo.

Depois, a dupla vai até o doutor Waldman para lhe falar e este conta sobre o mais recente experimento de Frankenstein que até então já se sabe que ele quer dar vida a um corpo inanimado.

No castelo de Frankenstein, o cientista começava a conduzir seu experimento debaixo de uma tempestade cujos raios serão o fio condutor que irão reanimar um corpo sobre uma plataforma.

O corpo no entanto é um remendo de partes de outros corpos incluindo o cérebro que Fritz roubou da universidade do doutor Waldman.

Neste instante, o doutor Waldman e os jovens chegam ao castelo e são impedidos por Henry de entrar dizendo este que ele quer ficar em paz. O trio exige ver a experiência com seus próprios olhos e ao ser consentido, todos se reúnem e se acomodam no laboratório.

Henry explica a todos os presentes o funcionamento de seu aparato tecnológico e inicia o experimento elevando o corpo inanimado e que está conectado a uma séries de eletrodos até a claraboia onde os raios serão atraídos e sua carga elétrica servirá como combustível para acionar as ondas cerebrais que se espalharão por todo o corpo.

Ao final, a plataforma é emergida de volta para dentro do laboratório e o corpo de fato começa a se mover estasiando Henry de imediato.

Horas depois, Elizabeth e Victor visitam o barão Frankestein, pai de Henry para avisá-lo sobre a loucura que o filho acabou de cometer, enquanto Waldman tenta apelar para o bom senso com seu ex-aluno, Henry e este insiste em continuar brincando de ser Deus.

Em seguida, Henry apresenta formalmente ao seu professor, sua criatura: um homem de estatura assustadora, pele esverdeada pela putrefação, parafusos no pescoço, uma série de remendos pelo corpo todo e a cabeça achatada que segue a risca os comandos de vos de seu criador.

Fritz assusta o monstro com uma tocha acesa e este se descontrola tendo que ser contido por correntes em um calabouço. Lá, o monstro ataca o serviçal corcunda que revida com chicotadas. Ambos os cientistas tentam intervir mas é inútil.

Henry resolve então atrair seu monstro com uma tocha enquanto Waldman aplica de surpresa, uma injeção de inanição nocauteando o grandalhão.

Na sequencia, a dupla é alertada da chegada do barão e de Elizabeth ao castelo. As visitas são recebidas e Henry cai exausto nos braços da noiva.

Tempos depois, o doutor Waldman, interessado em controlar o monstro, segue horas a fio fazendo ajustes, mas este desperta e depois esgana o cientista dando no pé sem perda de tempo.

Paralelo a isso, Henry e Elizabeth resolvem esquecer o monstro para poder focar na cerimônia de seu casamento que ocorre tranquilamente regado a muito vinho trazendo alegria e celebração até entre os aldeões.

Do outro lado, na parte pobre do vilarejo, o monstro caminha pelo campo até encontrar a pequena Maria, uma menina linda e inocente, filha de um homem humilde que brinca junto ao lago com as flores que colhera lá perto.

Numa demonstração total de pureza, a menina que desconhece a maldade, oferece flores e sua amizade ao grandalhão que joga pétalas no lago e empolgado sem saber o que faz, joga a pequena Maria na água e esta por obviamente não saber nadar e pelo impacto causado pelo arremesso fica imóvel.

O monstro simplesmente vai embora confuso.

De volta a festa, Elizabeth tem um mau pressentimento com a demora do doutor Waldman e nisso chega a notícia de que o cientista foi encontrado morto no laboratório.

Henry tranca sua esposa no quarto e se une á Victor e outros homens para vasculhar os arredores em busca do monstro sem suspeitar de que o mesmo já chegou ao castelo e que está justamente no quarto de Elizabeth que grita chamando a atenção de todos.

Henry e os demais dão meia volta e encontram a jovem em estado de choque.

Na entrada do vilarejo, o pai da pequena Maria carrega o corpo sem vida da menina e inicia uma aglomeração na frente da prefeitura. O destroçado pai da menina denuncia o monstro de Frankenstein como assassino de sua filha e a autoridade máxima local ordena aos populares que procurem por todos os cantos o suspeito.

No maior estilo inquisição, todos se munem de tochas e rastelo de feno e se dividem pelo bosque ao cair da noite.

O monstro é encontrado no alto de uma montanha onde Henry o encontra primeiro e entra em embate sendo nocauteado facilmente.

Seguindo gritos de socorro, a multidão solta os cachorros farejadores que seguem o monstro até um moinho onde ele faz seu criador como refém.

Henry desperta e tenta fugir, mas o monstro se enfurece e joga seu criador do alto da construção onde ele é aparado pela multidão e aproveitando que o assassino está encurralado, geral ateia fogo impedindo de vez uma fuga.

O monstro se debate sem conseguir encontrar uma saída desesperadamente.

Horas depois, Henry repousa em seu castelo ao lado de Elizabeth enquanto o barão se gaba do vinho de sua avó as empregadas.

O clássico termina ai, mas o sucesso foi tanto que em 1935, a Universal deu seus pulos para produzir uma sequencia, trazendo outro clássico: A noiva de Frankenstein novamente com Karloff onde desta vez uma nova tentativa de trazer um corpo em retalhos á vida acontece e desta vez com uma mulher que servirá de par ao monstro.

No mesmo ano de 1931 também ganhava as telas, o arqui rival do monstro verde, Drácula, imortalizado por Béla Lugosi, adaptação esta do contro de Bram Stoker que também é um clássico absoluto e um grande campeão de adaptações que dividiu ambos os nichos. Eu mesmo curto ambas as obras mas sou Team Frankestein assumido.

Apesar de curto, o longa de 1931 é muito bom, é direto e cirúrgico no quesito roteiro. Seu antagonista conseguiu refletir o que Mary Shelley ilustrou em sua obra absoluta trazendo medo só de olhar para aquele rosto nada amigável.

O monstro de Karloff acabou fazendo tanto sucesso que foi referenciado em várias séries e desenhos animados por conta do ator ter estabelecido de forma extraordinária todos os clichês e modus operandi de seu personagem mais famoso como a forma de caminhar, seus grunhidos e seu estilo visual.

Mas se engana quem acha que só de Frankestein viveu Karloff. No ano seguinte ele estrelou outro clássico da Universal em A múmia, outro personagem imortal na cultura pop e igualmente referenciado nas mais diversas áreas.


Trailer:


sábado, 5 de agosto de 2023

Cão Branco / White Dog (1982)



Os filmes clássicos de ataque animal sempre tiveram um viés fantasioso sempre se agarrando á ficção científica de alguma forma para poder fortalecer o enredo e tornar sólido o argumento principal, mas a produção de Jon Davisone de 1982, dirigido e roteirizado por Samuel Fuller baseado no romance Chien blanc de Romain Gary, trouxe uma abordagem mais realista e forte.

Cão branco é uma produção massacrada pela crítica, tomada como sendo um longa metragem de cunho racista (muito injustamente diga-se de passagem) e que por este motivo foi-se esquecida com o tempo e hoje só quem é do nicho se lembra com um certo afeto do filme e defende seu argumento com unhas e dentes daqueles que não entenderam ou que fingem que não entenderam sua proposta.

A questão aqui é justamente uma luta incessante de um adestrador para reabilitar um cachorro que foi treinado para atacar apenas pessoas de cor, hábito este muito comum na época do Apartheid na África do sul e o entrave é justamente este: poderia alguém fortemente doutrinado poder se recuperar ou será que a lavagem cerebral e o ódio semeado de forma involuntária são de fato irreversíveis?

A coisa toda acontece depois que um cachorro da raça pastor alemão de pelo branco é encontrado por uma atriz apresentando um comportamento dócil na frente dela, mas pelas suas costas o animal dá suas escapadas pela cidade e ataca ferozmente pessoas de pele negra.

Quando os ataques se multiplicam e fica claro a escolha das vítimas do cachorro, Julie não tem outra alternativa a não ser levá-lo até um centro de adestramento esperando que ele possa se reabilitar ou as consequências poderão ser desastrosas.

Vamos ao enredo de uma vez...

Tudo começa no breu da noite onde acidentalmente a aspirante a atriz Julie Lawyer acaba atropelando um cachorro de médio porte, branco da raça pastor alemão que aparenta estar perdido. Por compaixão, a moça leva o animal até o veterinário mais próximo.

Depois de um breve check up é constatado que o cachorro só teve feridas leves e Julie é aconselhada pelo veterinário a levar seu novo amigo para um canil para que espere o dono aparecer e se isso não acontecer a adoção não será algo viável visto que o animal já tem idade e as pessoas tem preferência por filhotes.

Na manhã seguinte, Julie que levou o cachorro para casa espalha cartazes com uma foto do animal pela cidade com a ajuda de seu namorado Roland.

A noite, enquanto cochila vendo um filme de guerra pela tevê, o cachorro ouve um ruído suspeito vindo de fora e ao averiguar o que está acontecendo, flagra Julie sendo atacada por um desconhecido. Sem medo, o cachorro ataca o agressor ao saltar da janela e na sequencia o imobiliza mantendo-o assim até a chegada da polícia.

De manhã, Roland cancela um programa com Julie por negócios enquanto a atriz tenta impedir o cachorro de transformar sua roupa íntima em retalho, o que ela leva como uma brincadeira.

O cachorro vai até o quintal e ao avistar uma lebre selvagem acaba a perseguindo até desaparecer. Ao dar por falta do animal, Julie vai até o canil municipal procurá-lo mas não encontra. Por seguinte, o procura na carrocinha onde também sai de mãos abanando.

A noite, o cachorro perambula pela rua até encontrar um funcionário da companhia de coleta de lixo de pele negra que é brutalmente atacado até perder o controle do caminhão de coleta e colidir com uma vitrine.

Horas depois, o cachorro reaparece depois que Julie recebe um telefonema. Ao recolhe-lo da rua, Julie dá um banho no cachorro sem desconfiar que o sangue espalhado por todo o pelo do animal é de uma pessoa inocente.

Logo depois, Roland aparece e consola Julie por ter sido recusada em uma entrevista para um emprego melhor na televisão.

Dias depois, Julie leva o cachorro até o estúdio onde ela trabalha e ele acaba atacando Helen, uma amiga e colega de trabalho de Julie que é negra e a agressão acaba custando a mulher o seu papel na produção.

Roland tem uma discussão com Julie tentando convence-la a colocar o animal violento em um canil, pois isso pode custar muito caro para ambos se os ataques continuarem, mas namorada se nega por medo do animal ser maltratado e por que ela já se apegou muito ao novo amigo.

Julie então, resolve levar o cachorro até um adestrador chamado Carruthers que doma qualquer tipo de animal em sua reserva e ainda dá um show de dramalhão expondo seu hate pelo R2D2 de Star Wars (o que eu achei hilário 😅).

Carruthers conhecendo os antecedentes do animal aconselha Julie a se conformar com o sacrifício do mesmo, pois ele não pode ser reeducado.

Na saída, o cachorro ataca um funcionário do local que é negro e só não o machuca pois está contido por uma focinheira. Nisso, aparece Keys, um adestrador mais jovem e negro que diverge sua opinião com Carruthers acreditando que há uma possibilidade de reabilitação para o cachorro levantando a hipótese de que ele foi doutrinado por algum supremacista branco, sua única explicação para o motivo de apenas pessoas de cor estarem sendo atacados por ele.

Depois que Julie visita Helen no hospital, o treinamento do cachorro se inicia com Keys no comando super disposto a converter o animal.

Julie vai até a oficina de Carruthers e assiste isolada numa jaula uma demonstração de ataque do cachorro á Keys que está completamente protegido por uma roupa acolchoada. Ainda sim, o adestrador fica surpreso com a violência empregada no ataque.

Keys no entanto, consegue cansar e acalmar o cachorro e ao fim do treino o isola.

Depois da demonstração, Keys diz a Julie que o treinamento para tornar cachorros em racistas é algo que acontece desde a época da escravidão quando senhores feudais doutrinavam seus cachorros para procurar e atacar escravos fujões. A prática acabou virando um costume e se espalhou até cair no gosto dos supremacistas dos tempos atuais.

Keys ainda diz que acredita que lobotomizando esses cachorros doutrinados há de se expurgar o mal que neles reside, mas que o mais provável é que o ódio depositado no animal só tende a crescer até o momento em que ele deixará de distinguir cores e vai atacar todo mundo.

A dedicação de Keys transcende noites chuvosas e o cachorro simplesmente não demonstra nenhum sinal de evolução.

O cachorro, revoltado por não receber alimentação abre um buraco na grade da jaula e escapa no mesmo momento em que Keys faz uma ronda preocupado com a agitação dos outros animais.

Carruthers tenta esfriar os ânimos do sócio, porém o cachorro consegue escapar pulando a cerca elétrica. Nisso, Julie é notificada.

Na manhã seguinte, perambulando pelas ruas, o cachorro encontra um negro a caminho da igreja e o ataca ao entrar no templo sagrado matando-o. 

Enquanto procura pelo cachorro, Keys o encontra saindo da igreja e temendo o pior, entra no local e encontra o negro morto pondo-se a chorar reflexivamente.

Notificada, Julie encontra-se com Keys que diz acreditar que aquele pobre homem não foi a primeira vítima fatal do cachorro e que só não abriu fogo contra o animal por que ele insiste que ele pode se reabilitar e que mesmo que outra tragédia volte acontecer mais uma e outra vez ele não vai desistir.

O cachorro é recapturado e apresenta uma leve porém notória evolução, o que leva Keys, Carruthers e Julie a comemorarem o progresso com um farto jantar.

Cinco semanas depois, segue o treinamento e agora Keys tenta confundir o cachorro usando uma camisa branca, o que faz o animal desistir de morder sua barriga quando o adestrador a esconde com a vestimenta. O cachorro então se acalma e pela primeira vez permite uma aproximação.

Keys coloca o animal á prova apresentando-o a um negro desconhecido e apesar dos latido insistentes o cachorro se contém enquanto o adestrador o tem sob a mira de um revólver apenas por desencargo de consciência.

O ajudante negro de Keys consegue fazer amizade com o cachorro e o domador se alivia tomando um bom trago. Depois disso, ele telefona para Julie dizendo que o cachorro tem salvação e a atriz vai correndo até a reserva onde ao chegar encontra um senhor de idade chamado Wibber Hull e suas duas netinhas e este alega ser o dono do cachorro.

Além disso, Hull admite ter adestrado o cachorro fazendo Julie surtar desprezando-o e praticamente mandando o senhorzinho enfiar a caixa de chocolates que ele a havia presenteado naquele lugar. 

Sem estar disposto a levar desaforo para casa, Hull ameaça denunciar Julie se ela não devolver seu mascote e ela retruca dizendo que o cachorro está sendo adestrado por um negro que irá reabilitá-lo.

Enquanto isso, sem proteção alguma, Keys resolve passar o cachorro pela prova final soltando-o e oferecendo seu corpo como alvo ao mesmo tempo que ele tem o animal na mira de sua arma.

Julie chega na hora e o cachorro solta um rosnado, mas se acalma cedendo a um abraço. Pelas costas da amiga, o animal rosna novamente com a chegada de Carruthers que é brutalmente atacado. Sem outra alternativa, Keys executa o cachorro á tiros deixando-o agonizar.

Enquanto isso, Julie ajuda Carruthers a se levantar e com a ajuda de Keys, ela leva o velho adestrador para um lugar seguro deixando o cachorro sem vida, porém agora finalmente em paz.

Um final chocante e para alguns revoltante, eu sei. Mas esta foi a forma do produtor / roteirista Samuel Filler expressar o que ele e o autor da obra original Romain Gary pensam sobre a doutrinação canina, ou seja, que não há recuperação e mediante tudo o que Keys previu e que de fato aconteceu a única via pela qual o cachorro ia acabar transitando era a da morte inevitável.

Infelizmente esta é uma realidade que eu concordo, tem coisas nesta vida das quais não existe volta e a doutrinação é como uma droga: ela entra na cabeça, vicia, confunde, destrói e depois disso não tem o que fazer. E é o mesmo com as pessoas e até pior por que estas são seres racionais e ao contrário dos cachorros, as pessoas se deixam manipular deliberadamente. Mas isso é a minha opinião.

No mais, o filme apresenta uma carga dramática excelente, provoca gatilhos principalmente em quem tem carinho pelos cachorros, então já sabe...

A trilha sonora é um brinde aos nossos ouvidos e não poderia ser por menos já que quem ficou a cargo foi o saudoso e supremo maestro Ennio Morricone que sempre acertava em suas composições.

O único rosto verdadeiramente conhecido para mim foi o do também saudoso Paul Winfield que além de esbanjar talento da pele do adestrador Keys ainda tem um vasto currículo com filmes como: Marte ataca, King (onde Paul deu vida ao líder ativista Martin Luther King), A maldição dos mortos-vivos, Acima de qualquer suspeita, Os maiorais, Risco total, Olho por olho e Lágrimas de esperança, tendo sido esta última responsável por sua indicação ao Oscar de melhor ator em 1972.

Vale muito a pena uma visita ou re-visita a este longa metragem pela sua ousadia, sua direção eficaz, sua trilha sonora e sobre tudo seu enredo envolvedor e frio que aborda com muita qualidade e solidez um assunto difícil de se debater, principalmente nos dias de hoje.


Trailer: