Bem-vindos!

Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

sábado, 29 de janeiro de 2022

O bebê de Rosemary / Rosemary's baby (1968)

 


O bruxismo nunca esteve tão bem representado no cinema como nesta que é uma das maiores e mais memoráveis obras da carreira de Roman Polanski que trabalhou tanto na roteirização quanto na direção do longa de 1968.

Tudo começa com a chegada do casal Guy (que é ator) e Rosemary Woodhouse a um condomínio de luxo em Bramford, Nova York onde mal chegam e já começam a ouvir boatos de assassinatos acerca de sua nova moradia.

Guy e Rosemary atualmente desejam muito ter filhos, mas parece que a natureza não está querendo ajudar e olha que tentativas para a fertilização não faltam, porém há algo impedindo que o bebê Woodhouse seja concebido.

Rosemary rapidamente faz amizade com Terry Gionoffrio que vive de favor com o gentil casal de idosos Roman e Minnie Castevet que a tiraram do fundo do poço quando a viram pela primeira vez como um farrapo humano.

Na noite seguinte, Terry é encontrada morta e a suspeita preliminar da polícia é de que ela tenha tirado a própria vida ao saltar da janela. O casal Castevet reconhecem Terry e sem o menor sinal de um impacto com o ocorrido, os velhinhos contestam a hipótese do suicídio friamente.

Mesmo não querendo intimidades com os Castevet, Guy e Rosemary correspondem a um convite para jantar com os vizinhos que se mostram estranhamente cordiais.

Querendo a todo custo bancar a vizinha autruista praticamente da família, Minnie apresenta aos Woodhouse sua amiga Laura Louise e ainda presenteia Rosemary com uma corrente prateada com um pingente esférico chamado de amuleto de Tanis.

Naquela mesma semana, Guy recebe a notícia de que ele ficou com um papel em uma obra que ele estava tentando entrar, porém o custo foi que o ator anteriormente confirmado para o papel, Donald Baumgard misteriosamente acordara cego naquele dia impedindo-o de atuar.

Incomodado com o custo do papel, Guy resolve dar prioridade para a família, continuando a tentar engravidar Rosemary.

Depois de um jantar romântico regado a muita bebida, Rosemary vai para seu quarto descansar e começa a ter estranhas alucinações com uma viagem de barco para uma espécie de retiro onde ocorre um culto sinistro liderado pelos Castevet, seguidos de outros idosos e Guy completamente do jeito que vieram ao mundo.

Rosemary acorda em casa ao lado de Guy muito confusa pois aquelas visões lhe eram muito reais duvidando de sua sanidade.

Coinscidentemente, um tempo depois dessa viagem alucinógena, Rosemary finalmente fica grávida e Minnie se intromete novamente apresentando aos futuros papais, seu amigo e ginecologista obstetra, o doutor Abe Saperstein para que cuide da gestação da vizinha, contrariando as recomendações do doutor Hill, o ginecologista particular de Rosemary.

A gestação tem feito Rosemary passar noites em claro, cheia de dores e como consequencia, perdera muito peso em pouco tempo.

Certo dia, aparece Edward Hutch, um amigo do casal Woodhouse que debate com Roman sobre a gravidez de Rosemary onde um discorda categoricamente da opinião médica do outro. Hutch tem sua atenção redirecionada para o amuleto de Tanis e no fim da noite telefona para Rosemary pedindo que vá vê-lo para que eles possam conversar, mas sem especificar o motivo.

No dia seguinte, depois de muito esperar, Rosemary resolve telefonar para Hutch e descobre por intermédio de Grace Cardiff, uma amiga de Hutch que ele adoeceu e misteriosamente entrara em coma.

Tempos depois, Rosemary resolve dar uma festa para alguns amigos porém exclui os Castevet e seus amigos intrometidos. Não só isso, por conta própria, a futura mamãe resolve parar de tomar as vitaminas de ervas que Minnie lhe receitara.

Aconselhada pelas amigas de verdade, Rosemary resolve voltar a se consultar com o doutor Hill por não confiar mais nos métodos do doutor Saperstein e pelo fato de suas dores e noites mal dormidas se tornarem um constante, mas Guy é totalmente contra. No calor de uma discução as dores de Rosemary passam na hora.

Há três semanas do parto, Rosemary recebe a noticia que Hutch morreu e no velório encontra-se com Grace que envia a ela um livro sobre bruxismo que Hutch queria mostrar a Rosemary antes de partir.

Numa das páginas do livro, está grifado a caneta uma página que fala sobre um amuleto feito com o fungo de pimenta do diabo cujo odor coinscide com o do amuleto de Tanis. Lá também estão destacadas algumas frases que são anagramas e ao desembaralhar, descobre que o nome Steven Marcato (que foi filho de um ex-residente de Bramford acusado de satanismo anos atrás) é um anagrama para Roman Castevet. Rosemary crê que ambos são a mesma pessoa. O livro ainda mostra uma passagem sobre um ritual envolvendo o sangue de um recém nascido.

Guy é confrontado sobre o assunto, porém desconversa achando que tudo não passa de frutos da imaginação fértil de Rosemary que se deixou levar pelo conteúdo supostamente ficcional de um livro de procedência duvidosa.

Tomando conhecimento do livro, o doutor Saperstein também desclassifica o conteúdo tomando-o como charlatanismo e anti-científico, mas o médico transmite um ar de quem sabe o que de fato está acontecendo e por isso receita calmantes fortes para Rosemary que os rejeita.

Minnie viaja para fora com Roman para cuidar da saúde do marido, que segundo o doutor Saperstein, tem pouco tempo de vida.

Sem tempo a perder, Rosemary marca uma consulta com o doutor Hill onde fala tudo o que suspeita sobre os Castevet e que Guy é conivente. Diz ainda que suspeita que a cegueira repentina de Donald Baumgard e a morte de Hutch foram encomendados e executados através de bruxaria.

O médico aparenta não acreditar em Rosemary, diz que irá ajudá-la, mas no mesmo instante chegam Guy e o doutor Saperstein que a levam para casa e o médico de Minnie ameaça internar a mulher de Guy em um hospício se ela continuar contando histórias.

No caminho de casa, Rosemary consegue se desvensilhar de seus algoses e se tranca dentro do apartamento. No entanto, Guy, o doutor e todos os supostos bruxos a cercam e aplicam um sedativo fazendo a jovem grávida capotar na hora.

Rosemary acorda a tempo para descobrir ter entrado em trabalho de parto mesmo desacordada e que o bebê, um menino acabou morrendo, porém ela contesta a versão.

Guy tenta convencer a mulher que nem ele e nem os vizinhos são bruxos e anuncia que os dois irão para Beverly Hills em breve.

Cuidada por uma das vizinhas, Rosemary se livra dos comprimidos que lhes foram dados e quando se fortalece, foge do quarto com uma faca na mão.

Perambulando pela casa, Rosemary chega até a sala onde descobre os Castevet e os outros idosos que se revelam finalmente como bruxos e que seu propósito era o de inseminar Rosemary para que trouxesse ao mundo o filho de satã.

Roman revela que a criança está viva e oferta a Rosemary que tome conta do bebê como mãe, já que Minnie e Laura Louise estão velhas demais para a função.

Exaurida e sem saída, Rosemary sucumbe a vontade do demônio e condena o futuro da humanidade.

Sem duvidas um filme perturbador, simples com uma velocidade muito boa de se acompanhar. O que não se pode dizer o mesmo é da sequência que veio anos depois, diretamente para a tevê e com quase nenhum ator do elenco original, com uma história fraca, arrastada e forçada.


Trailer:



sábado, 22 de janeiro de 2022

Mama (2013)

 


Mama foi um filme que conseguiu sobreviver de se tornar um fracasso numa época onde as produções found footage já estavam se tornando um forrmato saturado e repetitivo. Muito disso se deve ao roteiro criativo e simples, um elenco que mal chega a dez membros, mas que carregam um carisma primordial, além de efeitos especiais satisfatórios para a época mas que cá entre nós já está começando a ficar mal envelhecido.

A trama começa cinco anos antes do evento principal, onde o corretor Jeffrey Desange, movido pelo desespero e pela depressão oriunda de uma crise financeira, tira a vida de seus sócios, sua mulher e se põe a fugir com suas filhas Victória de 3 anos que tem problema de vista desde muito cedo, forçando-a a usar óculos de grau e a pequena Lilly de poucos meses.

Depois de derraparar na pista congelada a caminho de uma montanha longinqua, Jeffrey chega até uma cabana com a clara intenção de matar suas filhas e depois se suicidar, porém ao preparar sua arma e apontar para Victória, depois de tirar-lhe os óculos para não ver seu algós definitivo, logo é surpreendido por uma força sobrenatural que o arrasta, o suspende no ar e o estrangula até morrer.

Se passaram cinco anos desde o desaparecimento das meninas e Lucas, o irmão gêmeo de Jeffrey e tio de ambas, tem gasto tudo o que podia e não podia com grupos de busca que finalmente conseguiram acabar com a angústia de um tio que não sabia a anos o paradeiro de suas únicas familiares. Quem não parece muito interessada em bancar a nova mãe é Annabel, namorada de Lucas, roqueira e totalmente sem vontade de ser mãe, fato constatato em sua primeira aparição onde ela fica feliz e agradecida por seu teste de gravidez ter dado como resultado negativo.

De companhia do grupo de buscas, Lucas chega junto deles a floresta na montanha onde Jeffrey deixou as meninas e as encontra num estado lastimável: completamente sujas, revertidas a seu estado selvagem por conta de seu isolamento social forçado.

As duas são levadas para um abrigo de menores ficando aos cuidados do Dr. Dreyfuss, psiquiátra que resolve isolar as duas para dar início aos seus estudos e formar uma opinião sobre como proceder no tratamento de resocialização das meninas.

Victória, por ter tido mais contato com a civilização e alguns poucos anos de conhecimento social ainda consegue falar e reconhecer objetos e pessoas, e é o que acontece ao ver Lucas, por ser idêntico a Jeffrey ela acredita ser seu pai, mas o tio das meninas explica a elas o que sucede no momento.

Uma audiência de custódia determina que Lucas e Annabel poderão ter a guarda provisória das meninas desde que elas sejam monitoradas por câmeras escondidas, fora um monte de regras e as vizitas constantes da assistente social Jean Podolski.

Quem consegue se readaptar a vida civilizada é Victória que recebe novos óculos, porém Lilly continua agindo feito uma menininha das cavernas, andando de quatro, comendo borboletas, dormindo debaixo da cama e proferindo um vocabulário muito curto porém fluente além de um apego incondicional a irmã, rejeitando qualquer outro contato humano.

Conforme as pequenas fixam moradia no casarão de Lucas, coisas estranhas vão acontecendo e a presença de uma força sobrenatural, a mesma que as salvou da morte precóce as segue com o intuito de continuar tomando conta das duas. Uma entidade misteriosa e possessiva que não permite que ninguém mais se aproxime de Victória e Lilly, Ela já chega demonstrando isso empurrando Lucas das escadas deixando-o em coma.

O dr. Dreyfuss nesse momento investiga alguns vídeos de sessão de hipnose de Victória realizada por ele mesmo disposto a se aprofundar neste caso que a cada passo dado se mostra mais e mais estranho. O psiquiátra acaba sendo reportado por Annabel, agora única responsável pelas meninas, ter ouvido uma vós feminina cantando uma canção de ninar vinda do quarto das pequenas.

Paralelo a isso, Dreyfuss investiga um caso de uma mulher chamada Edith Brennan que há vários anos fugiu de um hospício.

No hospital, Lucas tem um sonho com uma mulher misteriosa em uma floresta apontando o dedo  insistentemente para a direita e entra em choque. O ataque faz com que ele desperte para o alívio da família que o visita quando ele está mais disposto.

Annabel tenta dar uma chance para seus instintos maternos adormecidos ao se aproximar de Victória, mas aos prantos a menina diz que não pode ceder por que seria muito perigoso para a mulher do tio.

Jean faz uma vizita de rotina muito inconveniente, e Annabel suspeita que a profissional só está esperando um pretesto para tomar a guarda das meninas e deixa Lucas ainda internado no hospital avizado.

Durante uma nova sessão de hipnose, Dreyfuss ordena a Victória que fale sobre a misteriosa entidade (da qual ele preliminarmente já tinha conhecimento) a quem elas batizaram com o nome de Mama. Histérica, Victória se nega a falar até que a própria Mama aparece bem em frente aos seus olhos intimidando-o em fúria. Dreyfuss dá a sessão como encerrada e resolve ir até a cabana nas montanhas onde Victória e Lilly foram encontradas para investigar a fonte de tudo.

Annabel, tem um sonho estranho: nele, uma mulher misteriosa foge de um hospital psiquiátrico de freiras com um recém nascido nos braços que se pré supõe que seja seu filho, logo depois de ter assassinado uma religiosa. Por seguinte a mulher é perseguida pela polícia e termina por se jogar com o bebê num penhasco para a morte.

Ainda investigando a cabana, Dreyfuss invoca Mama que aparece mais uma vez matando-o lá mesmo.

Annabel acorda e acaba encontrando Lilly dormindo no quintal. Atenta, a menina acorda e é arisca com Annabel, que está começando a desenvolver um sentimento de ternura, mas Lilly faz o possível para fugir de seu abraço. Quando se sente acalentada nos braços de Annabel, Lilly se acalma e protagoniza um momento fofo.

Depois de receber um relatório sobre as sessões de terapia de Victória e uma foto desfocada de uma misteriosa mulher, Annabel resolve se infiltrar nos arquivos do dr. Dreyfuss para furtar todo o material que ele coletou das meninas até o presente momento.

Lucas, já de alta resolve se dirigir até Clifton Forge, local que tem conexão com a mulher do sonho que é nada menos que Edith Brennan a mulher que se jogou no penhasco no passado.

A aproximação de Annabel com as menina faz Mama ter um surto, atacando as três com sua ira. Ela não está disposta a permitir que as meninas tenham outra referência materna que não seja ela, já que foi ela que as salvou da morte e tomou conta de ambas quando ficaram órfãs.

Jean, que lá estava infiltrada, acaba sendo atacada e possuída pela Mama que no primeiro instante rapta as meninas. Annabel ao descobrir o que aconteceu suspeita que a entidade malígna levou as meninas para Clifton Forge.

No caminho, Lucas e Annabel se reencontram e ao chegar na cabana onde supõe que as meninas estejam, só encontram o corpo apodrecido de Jean.

Cientes de que lá perto tem um penhasco, eles juntam todas as peças do quebra-cabeças: Mama é a alma penada vingativa de Edith Brennan, que viu em Victória e Lilly o filho que o mundo tentou lhe tirar e se as suspeitas do casal se confirmarem, Mama pretende repetir o último feito de sua vida levando as meninas para o além consigo.

O casal corre a toda velocidade até chegar ao penhasco onde se encontram com Mama e as meninas. Esse tempo que se passou, Lucas que já havia matado a charada, encontrou e desenterrou os restos mortais do bebê de Edith e agora barganha pela vida das meninas.

Lilly porém, quer ir com a Mama por ter nela sua única e verdadeira mãe, já que ela fora abandonada com Victória ainda nas fraldas e por isso não tem nenhuma lembrança do pai ou de sua verdadeira mãe e que ela teve que aprender tudo do zero sem um contato materno ao contrário de Victória.

Mama ataca Lucas e Annabel, tirando Lilly de seus braços e com ela corre até o penhasco.

Victória resolve por conta própria ir junto com Mama e Lilly para acabar de uma vez com esse inferno, porém Annabel desperta seu coração materno declarando seu amor para ambas. A menina agora entende e acredita que Annabel será não só uma boa tia, mas uma ótima mãe que ela tanto precisa. A menina se despede de Mama aos prantos e esta envolve Lilly numa especie de manto metaforando seu ventre e salta com a menina para a eternidade. Ao saltar, as duas se convertem em dezenas de morcegos que pairam pelos céus de Clifton Forge.

Aos prantos e de corações destroçados, tios e sobrinha choram a partida da pequena Lily que agora encontrou a paz nos braços de sua mãe, e pelo espírito de Edith que agora pode descansar pela eternidade, pois ninguém poderá separá-la de sua cria. Nunca mais.

Mama conseguiu uma crítica favorável, mas não ao ponto de se tornar um filme cult memorável. Eu pessoalmente considero uma obra muito boa e recomendável, e olha que eu não sou fã de found footage, porém como esse elemento é quase vago dentro da narrativa dá para levar em conta. 

Trailer:



domingo, 16 de janeiro de 2022

Onibaba, a mulher demônio / Onibaba (1964)

 



O cinema oriental sempre foi muito rico em obras que mesclam o misticismo do folclore nipônico e as épocas históricas retratadas pelos valentes samurais, a luta de um povo oprimido pelo regime feudal e as constantes guerras pelo poder do orgulhoso império japonês quase sempre mal representado.

Uma obra que não deve se deixar esquecer com o tempo é a sessentista Onibaba que retrata muito bem uma época miserável onde os pobres camponeses sobreviviam como podiam (e como não podiam também) abraçando um roteiro cheio de sensualidade, terror sobrenatural oriundo de uma parábola budista sobre a fidelidade, o adultério e suas consequências.

Tudo se inicia durante um turbulento período do século XVI, onde duas mulheres cujos nomes nunca são revelados, sendo uma jovem e uma mais velha, esta sogra da jovem, ganham a vida saqueando (depois de atirarem em um poço) samurais feridos, mortos ou desertores para vender seus pertences ao mercado negro da província local, por um punhado de moedas ou de algo para comer.

Certo dia, aparece na humilde morada das duas protagonistas, Hachi, grande amigo e companheiro de guerra de Ichi, filho da senhora e portanto marido da jovem. Hachi diz estar fugindo da guerra praticamente perdida, onde Ichi fora levado a morte em batalha.

Dia após dia, Hachi passa a perseguir a jovem com segundas intenções até que consegue que a viúva de Ichi desenvolva uma forte atração por ele. A jovem, mesmo reprovada pela agora sogra passa a procurar Ichi todas as noites para fornicar com ele sem o menor escrúpulo, afinal o morto é Ichi e não ela e um dia ela teria que refazer sua vida íntima (mas tinha que ser tão rápido?).

A velha tenta fazer a cabeça da jovem com um papo puritano sobre adultério, dizendo que ela está desonrando a alma de Ichi e que poderá pagar ardendo nas chamas do inferno, que será perseguida pelo demônio e coisa e tal, porém os hormônios da jovem falam mais alto e ela simplesmente resolve ignorar os conselhos da velha como qualquer jovem irresponsável do século XXI faria hoje em dia.

Sem sorte, a velha decide apelar para o bom senso de Hachi pedindo que ele deixe de procurar sua nora, a quem ela ainda considera como filha, pois segundo a mãe de Ichi diz, ela é dependente da jovem para realizar os saques e nas plantações até que os homens voltem da guerra e tomem as rédeas da economia e do serviço braçal na lavoura.

Perseverante, a velha tenta como último trunfo se oferecer como escrava sexual para o amigo do filho, mas ele mostra total desinteresse e ainda diz que não pretende se casar com a jovem, pois só quer dela um alívio momentâneo para suas carências carnais.

De mãos atadas, a velha se conforma em ver os dias passarem, até que a rotina é quebrada com a chegada de um samurai mascarado que pede a velha que o conduza até o outro lado do denso matagal pois ele se perdeu do caminho da guerra.

Concordando com a proposta, a velha pede como recompensa que o samurai a deixe ver o seu rosto, pois segundo ele, vem de boa família e é o samurai mas bonito de seu grupo. Ele se nega e ainda tenta matá-la, porém ela é mais astuta e o atrai até o poço onde embosca suas presas e o samurai se torna mais uma de suas vítimas.

Com a ajuda de um lenço, a velha desce até o fundo do poço e saqueia seus pertences, entre eles obviamente, sua máscara que sai com tanta dificuldade que rasga a pele do defunto, como se o ornamento estivesse colado com Super Bonder.

Aproveitando-se de que aquela é uma máscara Oni (máscara que retrata o rosto de um demônio), ela se veste com um largo quimono branco e coloca a máscara para assustar a jovem, se passando por uma assombração demoníaca, tal como ela disse que aconteceria a nora se esta continuasse traindo a memória de Ichi. Ela passa noites a fio neste mesmo ritual.

Sem se dar por vencida pelo suposto demônio, a jovem resolve arriscar tudo e sai no meio de uma chuvarada, e depois de conseguir se desvencilhar de seu algos, se encontra com o amante que até então pensou ter sido abandonado por ela. Depois de se resolverem, fazem amor lá mesmo ao relento e só então a jovem volta para casa.

Ao chegar na cabana, ela encontra sua sogra aos prantos, dizendo não conseguir tirar a máscara. Ela ainda suplica a jovem para ajudá-la a tirar, e esta concorda desde que a sogra pare de interferir em sua vida íntima e que ela permita-a poder continuar vendo Hachi.

Trato feito, a jovem mete-lhe um par de machadadas até conseguir tirar a máscara com pele e tudo, igualmente foi com seu antigo dono revelando o que sobrou do rosto da velha em carne viva.

Pasma, a jovem diz a velha que ela foi amaldiçoada pela máscara e que agora ela se tornou um demônio de verdade, dando início a uma perseguição frenética mato a dentro.

Do outro lado, se descobre que o samurai que portava a máscara Oni estava vivo e este assassina Hachi.

De volta a perseguição, a jovem atrai a sogra para o poço e a faz cair para a desgraça, porém antes de seu inevitável final trágico ela grita "Eu sou um ser humano!"

Onibaba é uma obra muito bem montada, fotografada e coreografada. O preto e branco dá uma imersão melhor nas cenas noturnas, as cenas de chuva e de vento. O pouco elenco que o longa trás dá um show de interpretação e a atmosfera dos momentos sobrenaturais protagonizados pela velha sob o manto da Onibaba são de arrepiar ainda nos dias de hoje.

A sensualidade das cenas de erotismo são quase que completamente explícitas e sem pudor algum o que em uma obra Hollywoodiana da mesma época seria inaceitável e que certamente geraria polêmica e a censura iria reinar.

O período retratado no filme é muito bem escrito e dirigido narrando com fidelidade uma época difícil onde a espada era a lei e a pobreza extrema era a regra. A indumentária dos samurais e dos camponeses também convence muito bem; é muito difícil encontrar algum defeito técnico num filme produzido com tanto zelo e que ainda é lembrado pelos fãs do cinema da terra do sol nascente.

Trailer:

domingo, 9 de janeiro de 2022

Holocausto Canibal / Cannibal Holocaust (1980)



Quando se trata de chocar o público com um conteúdo impactante ultra realista e revoltante, o italiano Ruggero Deodato tira de letra essa matéria. Uma das obras mais chocantes (e envolta de muitas polêmicas na época em que foi realizada) da sétima arte é Holocausto canibal, um filme absurdamente perturbador que foi banido em dezenas de países e motivos para isso não faltam.

O filme começa com uma música amena e dramática que abre os créditos e segue com um deslumbre da natureza, onde a maior parte do longa se passa numa tentativa de tranquilizar o público antes do impacto.

Tudo começa quando um grupo de repórteres norte americanos liderados por Alan Yates resolve cruzar o oceano em busca de catalogar imagens inéditas de uma tribo aborígene oriunda de uma ilha conhecida como Inferno verde que fica entre o Brasil e o Perú. 

Algumas semanas se passam sem nenhum sinal de vida de Alan e dos outros e para investigar, um antropólogo que atende pelo nome de Harold Monroe comanda um grupo de buscas que ao adentrar a mata já se estranham com um grupo de nativos que os atacam, mas eles se defendem.

Adentrando as entranhas da florestas o horror já começa quando eles encontram um cadáver em osso puro e como se não bastasse ainda presenciam ao longe e em silêncio uma espécie de ritual de castigo no qual um nativo tortura sua parceira por esta ter cometido adultério. Harold bem que tenta intervir mas é advertido que o melhor é não se envolver com essa gente.

Para conseguir passe direto na tribo, os homens de Harold tomam um dos nativos como refém e repolsam entre os aborígenes, que pertecem a uma de três tribos que povoam o local. Esta e uma segunda conhecida como a tribo do pântano são amistosos, mas o grupo de buscas toma conhecimento que a terceira tribo, a das árvores são hostis com forasteiros e Harold e cia. confirmam isso ao serem barrados de um ritual de mutilação.

Não muito depois, Harold descobre por intermédio dos nativos que Alan e sua equipe se comportaram de maneira muito desrespeitosa com os nativos e suas leis e que por isso foram punidos com a morte, porém não são especificado os detalhes.

Depois de um banho no riacho, a equipe de Harold encontra os restos mortais de Alan e dos outros expostos a céu aberto como se fosse um mural da vergonha.

De volta a civilização, Harold é entrevistado por um telejonal bastante influente que promete ao público exibir em horário nobre o documentário de Alan que fora recuperado do Inferno verde depois  que as buscas se encerraram.

Para valorizar a exibição do material, Harold resolve anexar uma série de depoimentos de amigos e familiares de Alan e dos outros como uma homenagem póstuma, porém a descoberta do mal caratismo do falecido repórter e seus companheiros vem a tona, mostrando o quão mal eles eram vistos por todos.

O que se segue são imagens em tempo real do material filmado por Alan desde o desbravamento da mata do Inferno verde que se inicia com um verdadeiro animalicidio (se é que essa palavra existe). A equipe começa a matar algumas espécies de animais da fáuna local para o consumo de forma bárbara e crua sem o menor sinal de remorso.

Não bastasse isso, ainda são obrigados a amputar sem nenhum preparo, higiene ou anestesia uma das pernas de seu guia após ele ter sido mordido por uma cobra cujo veneno é letal.

Logo depois, Alan e os outros encontram alguns nativos e atiram em um deles para que este os leve pacificamente a aldeia.

Chegando lá eles não perdem tempo e começam a documentar uma verdadeira barbarie: para dar maior veracidade ao material, a equipe de Alan ateia fogo as tendas dos nativos sem se importar com sua dor e suas súplicas. Aquilo era como um passseio no parque para os recém chegados que se deleitavam aos risos.

Depois de ver todo o material, Harold recorre a justiça vara vetar a exibição do documentário ao mesmo tempo que a emissora disputa para levá-lo ao ar de qualquer maneira pois o material lhe valerá a maior audiência que eles jamais tiveram.

Harold apresenta o documentário em uma exibição privada para as autoridades que assistem as atrocidades já mencionadas além de imagens agora para nós inéditas. Uma delas é uma cena icônica que se tornou a marca registrada do longa, a mulher empalada.

Depois disso, Alan e os outros ainda atiram e violentam algumas nativas o que fez a gota do balde transbordar para os nativos que os capturam, os castram, decapitam, e esquartejam a equipe de demônios que tiraram a paz do lugar, numa cena muito chocante fechando o documentário.

Horrorizado com a chacina, o representante do comitê de ética ordena que todo o documentário seja queimado para a tranquilidade de Harold.

De longe uma das produções mais chocantes da história e também das mais problemáticas. O hiper realismo das cenas e dos efeitos práticos rendeu ao criador do longa Ruggero Deodato uma série de processos dos quais ele teve que responder em juizo: foi necessário levar a público os atores do longa para que fosse comprovado que todos eles estavam vivos, incluindo a atriz que fez o papel da mulher empalada. O truque do empalamento e outros efeitos práticos tiveram que ser demonstrados ao juiz para que ele se convencesse que não aconteceu crime algum.

O único delito real que Deodato cometeu foi as mortes dos animais anteriormente mencionados. Tudo que foi visto no filme acerca dos animais é real: todos morreram barbaramente, porém ninguém acabou respondendo pelos mal tratos, pois na época ainda não existia nenhuma ONG de proteção aos animais.

Trailer:



sábado, 8 de janeiro de 2022

Campo 731 - Bactérias, A maldade humana / Men behind the sun (1988)

 


A segunda guerra mundial, foi sem dúvida alguma o período mais negro, o mais terrível e o mais triste da história. Se engana quem pensa que apenas os nazistas alemães foram os carrascos de toda uma geração de judeus, ciganos, negros e outras minorias; o Japão teve sua própria mancha eternizada nos livros e acervos históricos. Essa mancha se chamava Campo 731 (ou Unidade 731), que foi um grande conglomerado de prisões secretas, campos de concentrações e de extermínio e também laboratórios, onde os civís chinenes abatidos pelo exército japonês passaram por exeriências que para muitos custou a vida.

Um dos grandes monstros da terra do sol nascente atendia pelo nome de Dr. Shiro Ishii, um médico militar cuja ambição era desenvolver uma arma bactereológica forte o suficiente para derrubar a China e seus aliados e para isso era necessário submeter os prisioneiros chineses a uma bateria quase infindável de textes de resistência: ao calor escaldante, frio intenso e a pressão delirante. Também eram contaminados com vírus de todo tipo de doenças para analizar até onde eles podiam resistir.

No início do filme já somos brindados com a execução de um desertor que farto das condições em que se encontrava tentou escalar um cercado elétrico. A execução era um castigo para servir de exemplo para os outros seguirem, pois Ishiro não permitia que ninguém saisse do campo 731 vivo para contar a história, seja um prisioneiro ou um soldado.

Aos que ainda sobraram, Shiro ordena um duro treinamento de resistência debaixo da neve dirigido pelo seu braço direito.

Ao mesmo tempo, um dos subordinados de alta patente leva novos prisioneiros ao campo, porém no caminho se aborrece com o choro de um bebê de poucos meses assustado no cólo de sua jovem mãe. Sem o menor escrupulo, o militar toma a criança dos braços da mãe e o enterra numa cova rasa de gelo até que o menor morre instantaneamente de hipotermia pondo sua mãe em choque (e quem não ficaria?).

Mais testes são realizados nos prisioneiros a quem os militares de Shiro consideram como "troncos". Estes por sua vez são dissecados vivos para examinar possíveis alterações em seus órgãos após serem expostos as expêriencias já citadas.

A seguir, uma prisioneira que fora exposta amarrada pelos braços a uma nevasca densa, é levada para dentro do laboratório. Com seus membros completamentes congelados, a mulher é levada para um pequeno chuveiro onde tem seus braços banhados em água quente. O que se segue é uma das cenas mais antológicas e fortes do filme: Shiro puxa sem remorso as peles dos braços da pobre, deixando-os ao osso puro exposto para todos verem a sangue frio sem a menor reação de arrependimento a dor alucinante que a jovem sofria aos olhos de seus algoses.

Em outro setor, outro prisioneiro também com os braços congelados, tem seus dedos arrancados a golpes de um bastão causando uma dor agonizante ao inocente rapaz. 

Os meses se passam, as torturas continuam e o calor do verão que chega, faz com que o Japão passe por um período de escacez de suprimentos e a falta de soldados faz com que homens ainda mais jovens sejam recrutados para o exército nopônico se suprir.

As atrocidades não param. De um lado, um grupo de prisioneios são amarrados a explosivos por não servirem mais aos propósitos do ditador, enquanto do outro, mais um infeliz é subjulgado, preso a uma câmara de baixa pressão, onde o sofrimento é tão duro, que junto com um suor intenso, vem a inconsciencia da vítima que defeca seu próprio intestino.

Sem a menor intenção de parar, um grupo de militares atrai um menino mudo até o laboratório. Lá ele é adormecido a força com clorofórmio e passa por uma autópsia assistida ainda vivo, tendo seus órgãos arrancados e jogados em frascos imersos.

O que resta deste anjinho é levado ao crematório onde junto a uma pilha inimaginável de cadáveres é incinerado como se fosse carvão fresco pronto para um bom churrasco.

Fartos destas condições desumanas, a própria tropa jovem tenta linchar o braço direito de Shiro jogando-o numa câmara de água gelada e o espancando sem dó.

Shiro conduz pessoalmente uma experiência grotesca com um gato, onde ele é salpicado com uma substância que atrái muitos ratos. Os roedores o devoram vivo levando os prisioneiros a revolta e a uma tentativa de rebelião que termina com muitos deles mortos.

Com o bombardeio de Nagasaki e aliança da China com a Rússia, o Japão se vê na obrigatoriedade de abortar as missões estratégicamente.

Em campo aberto, os prisioneiros iniciam uma tentativa de fuga dando prioridade a um companheiro que tem consigo as provas necessárias para revelar ao mundo a existência do campo 731 e suas insanidades.

Com o cerco se fechando, Shiro dá ordens expressas para que os prisioneiros que restam sejam todos mortos e incinerados; também manda que o laboratório e toda sua pesquisa seja destruída para que não haja nenhum indício no caso de uma invasão inimiga. Shiro ainda ordena que seus subordinados tirem suas próprias vidas para que ninguém possa delatá-lo no caso de serem pegos.

O ato que se segue é um grande extermínio onde nenhum preso consegue escapar com vida, tudo é destruído, o complexo é implodido e os corpos incinerados.

Debaixo de uma chuva, de mala e cuia, Shiro dá as últimas ordens antes de partir de trem para um esconderijo em outro país.

Um último prisioneiro que conseguiu se esconder com a ajuda dos jovens soldados, tenta um último ato desesperado de retaliação ao ditador, porém é abatido nesta que é a última cena do longa.

Sem dúvida, esse é um dos filmes mais fortes e mais perturbadores da história. Ótimas atuações, efeitos práticos tão realistas que conseguiram colocar o telespectador em dúvida. Agoniante, o conteúdo chocou diversos países onde o filme foi banido e para vê-lo em sua integra, só por debaixo dos panos. É difícil uma recomendação deste filme, pois ele pode trazer danos psicológicos para quem não tem um bom preparo, mas fica a cargo de cada um.


Trailer:



quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Cemitério Maldito / Pet Sematary (1989/2019)



A morte é uma fase inevitável da vida, um assunto doloroso e difícil de se lidar, principalmente quando se é ou se tem crianças. O casal Creed formado por Louis e Rachel sabe bem como é, pois tiveram que passar por experiências perturbadoras e inesquecíveis em mais uma obra assinada por Stephen King em duas versões.

Louis, que é médico, se muda com sua mulher e os filhos Ellie e Gage para uma pequena cidade rural afastada da civilização, mas a civilização faz questão de se fazer presente indo até eles na forma de um caminhão de carga de inflamáveis que quase ceifa a vida do caçula Gage se não fosse a rápida intervenção de um senhor que se apresenta como Jud Crandall, o vizinho próximo que conhece bem a movimentação desses caminhoneiros irresponsáveis.

Um dia depois do susto, Crandall e os Creed passeiam pelo bosque até que adentrando a copa, o atencioso vizinho lhes mostram um cemitério que segundo dizem os populares foi construído por crianças para enterrar seus mascotes e que atrás dele há um segredo que deve ser deixado de lado.

De volta a casa, Ellie ainda pensando no cemitério fica cheia de dúvidas sobre a morte de animais já que ela tem um gato chamado Church que é sua adoração. Louis explica superficialmente para acalmá-la já que ele não tem coragem de falar abertamente sobre a morte por considerar a filha muito pequena e frágil.

Tão forte é a repulsa pelo tema que Louis ainda não lida bem com a perda de pacientes e é o que acontece naquela manhã, quando um homem atendendo pelo nome de Victor Pascow dá entrada na emergência com um traumatismo craniano após sofrer um atropelamento brutal possivelmente assinado pelos caminhões monstruosos que transitam a rodovia que corta a cidade.

A perda de Pascow e a forma com que ele morreu, faz Louis ter um sonho a noite com o fantasma do paciente que o leva até o cemitério de animais onde ele adverte o patriarca dos Creed para não mexer com a morte e tão pouco com o cemitério.

Louis acorda assustado e percebe que seus pés estão cobertos de lama. Teria ele ido de fato ao cemitério como sonâmbulo?

Não muito depois, Crandall avisa Louis que um gato cuja descrição bate com a de Church apareceu morto na rodovia atropelado. Louis constata que se trata do mascote de Ellie e o bom vizinho o aconselha a enterrar o bichano no cemitério de animais e não contar nada a menina, aproveitando que Rachel levou os filhos para passar o final de semana com os avós.

Louis assim o faz e na manhã seguinte, Church reaparece vivo, coberto de terra e praticamente novinho em folha, porém fechado e evasivo com o pai de sua dona.

Questionado, Crandall conta a Louis que quando era criança, tinha um cachorro e este quando morreu foi enterrado no cemitério de animais e voltou dos mortos igualmente evasivo e violento.

Passado o fim de semana, Louis busca a família no aeroporto e Ellie diz ter sonhado que Church morreu e fora enterrado no cemitério de animais. Coincidência?

Um suicídio ocorrido com Missy, uma amiga dos Creed que sofria de câncer terminal faz Ellie voltar a abordar o assunto morte. Rachel aproveita para contar um trauma forte de infância que a persegue desde sempre: quando ela era pequena, ela era obrigada pelos pais a tomar conta de sua irmã mais velha Zelda que nasceu com uma severa distrofia muscular e uma aparência cadavérica que fazia a pequena Rachel ter muito medo.

Certo dia, os pais a deixaram sozinha com Zelda e essa foi a oportunidade para Rachel simplesmente se negar a prestar socorro quando a irmã sufocou com sopa até morrer.

No dia seguinte, os Creed e Crandall resolvem fazer um piquenique perto da rodovia ao mesmo tempo que soltam pipa para se distrair. Totalmente avoados, eles não percebem quando o bebê Gage se afasta para pegar um brinquedo que escapou de suas mãos em direção a rua movimentada.

Louis e Crandall tentam alcançá-lo mas é inútil: o menino morre covardemente atropelado chocando a todos que não suportam a desgraça recém caída sobre eles.

Depois de um velório conturbado e tomado pela dor da perda, a família e o vizinho tentam retomar a rotina, até que Crandall aparece e conta a Louis uma história sobre um antigo morador lá de perto que enterrou seu filho morto na segunda guerra mundial no cemitério de animais e ele voltou a vida, mas igualmente aos mascotes violento. Sabendo do ocorrido, os populares encurralaram pai e filho zumbificado em sua cabana onde eles morreram queimados pelos vizinhos furiosos.

Se aproveitando que Rachel e Ellie foram para Chicago ficar com os avós da menina, Louis vai até o túmulo de Gage onde encontra o fantasma de Pascow que diz a ele ter aparecido no sonho de Ellie para dar-lhe um aviso.

Em Chicago, Rachel lembra-se de ter ouvido Ellie mencionar o sobrenome Pascow sendo que a menina nunca teve conhecimento do paciente fatal de Louis e tenta telefonar para o marido, mas ele está muito ocupado desenterrando Gage. Sem poder esperar, Rachel freta um voo de volta para casa e no meio da viagem tem um sonho com o fantasma de Zelda que quer puni-la por ter sido negligente.

Nesse meio tempo, Louis já enterrou o garotinho no cemitério de animais na esperança que ele volte para os vivos.

Depois de desembarcar, Rachel aluga um carro precário que não demora muito e ela sofre um acidente. Mesmo não enxergando Pascow, Rachel consegue ouvi-lo telepaticamente e ele tenta orientá-la para que ela possa evitar o pior, porém é tarde, Gage já despertou para a felicidade do pai.

Gage vai direto para casa onde surrupia o bisturi do pai e se dirige para a casa de Crandall que ao ouvir seus passos se arma com um canivete pois já esperava pelo pior.

Infelizmente, Crandall é pego de surpresa quando o pequeno morto-vivo rompe o tendão do bom vizinho imobilizando-o. Logo depois faz um rasgo em sua boca e começa a mastigar seu pescoço ferozmente.

Nesse meio tempo, Rachel chega a casa e encontra Church vivo. Com a pulga atrás da orelha ela vai até a casa de Grandall e depois de outra aterradora visão com Zelda, Rachel encontra o corpo do vizinho e seu caçula vivo lá mesmo bem diante de seus olhos.

Amanhece e Louis acorda, dando por falta deu bisturi. Logo após, ele ouve uma risadinha macabra de criança pertencente a Gage e depois de receber uma ligação do sogro perguntando se Rachel chegou bem de viagem, Gage telefona para o pai dizendo que "brincou" com Crandall e com a mãe.

Realizando que fez o que todos pediram para ele não fazer, Louis vai até o laboratório e prepara duas seringas com uma substância letal. Uma delas ele testa em Church que volta para os mortos instantaneamente.

Correndo contra o tempo, Louis vai até a casa de Crandall onde tenta atrair o filho para uma emboscada, mas o que encontra são os corpos do vizinho e o de Rachel que estava enforcada na escotilha do sótão. Não bastando, ainda é pego de surpresa por Gage que pula em suas costas.

Os dois lutam duramente até que Louis triunfa conseguindo abater o filho com o uso da injeção letal. Logo depois, ele cerca a casa de gasolina, pega o corpo de Rachel e ateia fogo no local que é consumido aos poucos.

Longe de voltar a lucidez, Louis enterra Rachel no cemitério de animais mesmo com a súplica de Pascow, certo que desta vez vai dar certo já que o cadáver está fresco ao contrario de Gage e Church que já estavam frios. Porém, acontece o que já era esperado, Rachel volta dos mortos, beija o marido e o apunhala para dar fim as profanações sofridas pelo cemitério de animais.

O enredo da versão de 2019 não muda muito em relação ao original. De diferente mesmo só o fato de que é Ellie e não Gage quem morre, o que dá uma imersão maior e melhor nas cenas da menina em sua forma pós vida, um show de atuação da pequena. Fora isso, não temos e existência da personagem 

A personagem Missy simplesmente não existe e Pascow só aparece na primeira cena quando vem a óbito e faz apenas uma aparição como fantasma. A mística por trás do cemitério é maior e mais detalhada com a aparição de uma procissão de crianças misteriosas com máscara de animais da qual Ellie acaba fazendo parte depois que morre. Além disso, descobrimos nesta versão que Crandall fez o experimento da pós vida com sua própria esposa que também acaba se juntando aos mascarados, como se fossem espíritos protetores do cemitério.

O pequeno Gage faz a ponte entre o mundo dos vivos e dos mortos ocupando o suporte que Ellie fazia no original sendo que ele apesar da pouca idade é quem via Pascow em seus sonhos e recebia seus avisos, além de ter pesadelos premonitórios que são considerados apenas sonhos ruins. Enquanto a Ellie, desde que revive ela já tem uma noção que ela morreu e meio que fica dividida entre estar satisfeita ou não por ter sido poupada do descanso eterno enquanto Louis permanece evasivo tentando convencer a filha de que nada aconteceu e que ela está perfeitamente bem.

Apesar de não muito querido pela crítica, eu pessoalmente gosto mais do remake em alguns aspectos como o final onde Ellie com a ajuda da mãe revivida (e que ela mesmo matou por se sentir rejeitada) consegue abater Louis e enterrá-lo no cemitério de animais fazendo do pequeno Gage o único vivo da família. Neste final ainda a família retorna para o caçula dispostos a viverem como uma família feliz... então tá, né?

Trailer (Versão de 1989):


Trailer (Versão de 2019):





quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Acampamento Sinistro / Sleepaway Camp (1983)

 


Se tem um filme que conseguiu provar que até um slasher tranqueira cheio de falhas e de clichês, com um roteiro previsível e nada inivador, somado a um elenco fraco cheio de desconhecidos pode se tornar um clássico cult, esse sem dúvidas é Acampamento sinistro.

O filme começa anos antes do enredo principal se desenrolar. John é um homem divorciado e pai dos gêmeos Peter e Angela, com quem aproveita as calorosas férias de verão em um lago adjacente ao famigerado acampamento Arawak.

Perto dalí estão três jovens a bordo de uma lancha, que por pura irresponsabilidade do condutor, perde o controle causando um acidente fatal para dois dos três membros da família de John.

Oito anos depois, Angela, a única sobrevivente do acidente, se tornou uma pessoa super introvertida e calada devido o trauma. Ela vive desde o acidente com sua tia, a avoada Martha e seu primo Ricky.

Como as férias chegaram, Martha que e médica consegue vaga num acampamento para jovens junto de um par de atestados médicos para seu filho e sobrinha. O acampamento ironicamente é o Arawak.

Lá, Angela tem uma péssima recepção se tornando o motivo de ranço da patricinha vadia, Judy por quem Ricky tem uma queda, mas por outro lado é bem tratada por Ronnie, o líder dos monitores que trata de faze-la se sentir em casa.

Por não ter se adaptado ainda ao cardápio do local, Angela é direcionada por Ronnie até o chefe da cozinha, Artie para que ela escolha o que quiser comer.

Artie é notoriamente um abusador de menores e não perde tempo em tentar se aproveitar de Angela por acreditar que ela é uma presa frágil, porém antes que pudesse terminar de tirar a cinta, ele é surpriendido por Ricky e antes que o garoto pudesse sofrer uma represália, ele é salvo pela intervenção de Mel, o diretor sessentão do acampamento que fazia uma inspeção.

Não muito mais tarde, Artie é pego de surpresa por alguém misterioso que o agarra por trás a força fazendo-o colidir com um caldeirão quente que o deforma quase que totalmente.

Depois que Artie é levado pelos paramédicos, Mel suborna a Ben e os outros cozinheiros para que não deixem que o acontecido vaze sob hipótese alguma e muito menos entre os acampantes.

Depois de jogarem baseball a tarde toda, os garotos se preparam para um baile a noite que mal começa e Angela já é alvo dos valentões comandado pelo sarrista Kenny, que caçam briga com Ricky e desta vez também com seu amigo Paul, que sente uma empatia muito grande com a prima introvertida do garoto.

Na mesma noite, antes de dormir Kenny e os outros saem para dar uma volta e o garoto convida sua ficante Leslie para andar de canoa, porém a embarcação vira e a garota deixa o piadista sozinho tirando sarro debaixo da canoa onde é abatido pela pessoa misteriosa.

No dia seguinte, o monitor que cuida do lago, encontra a canoa de Kenny virada e o garoto morto, chamando rapidamente Ben que mais uma vez passa pano pelo bem da reputação do local.

Angela continua passando por provocações desta vez vindas de Meg, amiga de Judy e amante de Mel, que também tem antipatia pela prima de Ricky. Outro que também provoca quem está quieto é Billy, que encontra seu fim quando está soltando um barro na casinha. A pessoa misteriosa rasga a tela do banheiro e solta uma colnéia cheia de abelhas depois de trancar a porta.

Farto com mais uma morte, Mel resolve fechar o acampamento, mas antes ele quer pegar o assassino com suas próprias mãos e este ele julga ser Ricky por ter uma forte implicancia dele.

Ao cair da noite, Angela resolve corresponder aos encantos de Paul, porém antes que conseguisse avançar o sinal, a garota tem uma lembrança de quando ela e Peter viram as escondidas o pai tendo relações homo afetivas e na hora se afasta do crush.

Em outro momento, já sabendo dos pombinhos, Judy resolve afrontar Angela se insinuando para Paul e não bastando isso, ainda se aproveita do fato de Angela não querer nadar de forma nenhuma para junto de Meg jogá-la no lago.

Ricky vê tudo e é impedido por Mel de interceder, porém a chegada de um dos monitores faz com que Mel solte o garoto, que tira a prima da água.

Depois que tudo se normaliza, o tempo passa e Meg que havia marcado um encontro com Mel, vai para a canaba vizinha tomar banho. Lá, ela é esfaqueada por trás sem chance de sobreviver.

Em contrapartida, Paul consegue se desculpar com Angela pelas investidas de Judy e ainda consegue descolar um encontro para mais tarde com a garota.

Sem aguentar mais esperar, Mel procura por Meg e ao descobrir que ela está em uma das cabanas se banhando ele vai para lá e encontra o cadáver da amante. Inconsolável e revoltado, Mel resolve fazer justiça com as prórpias mãos e procura por Ricky sozinho.

Neste instante, Eddie, um dos monitores está afastado acampando ao ar livre com as crianças menores até que uma dela reclama que não consegue dormir e que quer voltar pro acampamento. Sem paciencia ele vai até um telefone próximo e aviza ao acampamento que ele e os meninos irão voltar.

Em sua cabana, Judy está sozinha alisando seus cabelos, quando a pessoa misteriosa a ataca com sua própria chapinha e a mata asfixiada com o travesseiro.

Do outro lado, Mel encontra Ricky e o confronta deixando-o inconsciente. Na mesma hora, o diretor do acampamento avista alguém que o atinge com uma flecha no pescoço matando-o.

Ao retornar para os garotos, Eddie encontra apenas os corpos brutamente assassinados e alerta os amigos para que chamem a polícia pois tem um psicopata a solta.

Juntos, os monitores perambulam por todos os lados a procura de pistas, até que se deparam com Angela, sem roupa acariciando a cabeça decaptada de Paul revelando a garota como a assassina do Arawak e não só isso, ela é na verdade um garoto! Ela é Peter!

Num rápido flashback é revelado que a tia Martha queria muito uma menina e não outro menino então ela rebatizou Peter com o nome de sua irmã e o fez se passar por menina esse tempo todo, não bastasse o trauma de infância Peter ainda teve que passar por uma crise de identidade de gênero, o que fez dele um psicopata trans, o primeiro de todo subgênero slasher.

Essa reviravolta totalmente inesperada foi o que fez o filme ser cultuado por uma legião de fãs e gerar mais duas sequências, sem Felissa Rose no papel de Angela, além de uma quarta parte que nada mais era do que um recapitulando da trilogia. 

Apenas em 2008 depois dos fãs baterem muita panela, uma sequência direta do primerio filme, desta vez com Felissa devolta ao seu único papel de destaque na carreira além do retorno dos interpretes originais de Ricky e Ronnie que foi razoávelmente bem.


Trailer:



Os meninos / Who can kill a child? / Quién puede matar a un niño? (1976)

 


E se as crianças cansadas de abusos e mal tratos advindas das mãos dos adultos resolvessem virar o jogo e se rebelar contra seus carrascos? Assim pensou Narciso Ibañez Serrador em 1976 ao transportar para as telas aquela que com certeza foi a maior e mais polêmica de suas criações cinematográficas de forma crua e descarada.

O longa começa com pouco mais de oito minutos de um documentário com imagens reais e chocantes de crianças através dos tempos e dos mais remotos países passando pela pobreza extrema, a fome, torturas oriundas do holocausto nazista, da guerra do Vietnã, da pobreza extrema de alguns países africanos, etc, com uma narração reflexiva ao fundo e constantes cantaroladas de uma criança a cada corte.

A transição do preto e branco para as imagens em cor dão início a parte ficcional da trama seguindo a já mencionada cantarolada de criança quee nos transporta até uma lotada praia espanhola em Benahavís, onde aparece um corpo feminino boiando até o litoral que rapidamente entra em aglomeração.

Logo depois, somos apresentados ao casal de turistas ingleses Tom e Evelyn, que chegam de ônibus justamente em Benahavís cuja população está agitada por conta de uma festa típica local.

Enquanto passeiam pela costa, Tom e Evelyn param para comprar alguns rolos de filme para sua câmera enquanto vislumbram pela televisão da loja uma matéria jornalistica sobre uma guerra civil que está ocorrendo em Bangkok que os deixa horrorizados. O dono do local diz que o mundo enlouqueceu e quem acaba sofrendo as consequências da violência e da fome são as crianças.

Ao anoitecer, o casal aproveita uma festa local para se deliciar com os fogos de artifício horas depois de dar entrada em um hotel.

Depois da festa e de uma reflexão sobre as crianças, Tom e Evelyn finalmente seguem viagem para a ilha de Almanzora, para poder fugir da movimentação e do barulho já na manhã seguinte.

Chegando a costa, eles percebem que o vilarejo onde abortaram está visivelmente abandonado. Na rua, o carrinho de sorvete tem sua mercadoria estragada pelo calor, a lanchonete não tem ninguém, nem clientes e nem garçonetes, porém a tevê e a máquina de assar frangos seguem ligados aparentemente há muito tempo já que a carne está queimada.

Tom resolve ir a mercearia no fim da rua procurar vestígio de seres vivos e provisões, enquanto Evelyn descansa já que está grávida de vários meses. Não demora muito e uma menina estranha e sorridente atendendo pelo nome de Lourdes aparece do nada e logo se encanta com a barriga de Evelyn acariciando-a num momento tenso.

Enquanto isso, Tom encontra a mercearia vazia porém não detecta a presença de um corpo feminino brutalmente assassinado.

Sem dar tempo para um diálogo, a menina vai embora rapidamente tão logo o telefone do local toca, porém ninguém atende. Tom chega logo depois com pão, salsichas, sardinhas e alguns presentes. 

Por duas vezes o telefone volta a tocar e Tom atende ouvindo uma vos bem baixa pedindo socorro em algum idioma europeu, porém a pessoa não consegue terminar de falar pois a ligação é interrompida.

Depois dos últimos acontecimento, o casal resolve continuar procurando uma pensão para ficarem até que Tom ouve risadas de uma criança e quanto sai para averiguar dá de cara com uma menina atacando um idoso com sua própria bengala eufórica e só evade do local as gargalhadas quando o velho sucumbe sem que Tom consiga fazer nada além de levar o corpo para dentro da casa do idoso.

Sem a mínima vontade de se dar por vencido, Tom percorre as vielas do vilarejo até ser surpreendido com um grupo de crianças brincando de piñata com o corpo de um homem e no lugar de um bastão usavam uma foice curvada no maior estase.

Atordoado e de estômago embrulhado, Tom volta até a lanchonete onde Evelyn o interroga sobre o real motivo deles estarem naquele fim de mundo. Sem muita conversa, os dois rumam direto para a pousada meditar sobre o que fazer com os pequenos psicopatas. 

Antes que pudesse investigar o porão da pousada em busca de alguma pista, Tom ouve os gritos de socorro de Evelyn e ao descer flagra um homem perturbado com um pedaço de garrafa na mão fitando sua esposa como alvo.

Depois de acalmar o nativo, o mesmo conta que o vilarejo vivia seus dias normais e felizes até que um grupo de crianças de procedência desconhecida iniciaram uma chacina aos adultos e tomaram as outras crianças como aliadas. Um dos poucos sobreviventes, o homem tentou intervir, mas segundo ele mesmo diz "quem pode matar uma criança?", uma clara referência ao título original do filme, que por essas terras fora porcamente adaptado.

A conversa é interrompida com um telefonema estranho de uma mulher de sotaque holandês, a mesma que horas antes havia telefonado na lanchonete mais uma vez pedindo socorro as escondidas até que alguém arromba a porta do local onde ela estava escondida e a chamada cessa novamente. Tom pergunta ao nativo de onde teria partido o telefonema, já que aparelhos de telefone são uma verdadeira raridade naquele lugar esquecido por Deus e a única linha por lá faz apenas chamadas locais. O homem responde que há uma linha junto ao correio e é para lá que Tom vai sem perda de tempo.

Chegando lá em dois pulos, Tom não encontra nada anormal, mas estranhamente ouve-se o soar dos sinos da igreja. No local, ele encontra um grupo de meninas rindo que fogem ao vê-lo. Adentrando a sacristia, Tom encontra um grupo de meninos empolgados tentando tirar as roupas de uma mulher inconsciente. Os fedelhos também evadem e Tom constata que a mulher está morta.

Farto, Tom volta a pousada e alerta Evelyn e o nativo para que fujam de lá imediatamente, até que surge a filha do nativo em prantos pedindo ajuda. Apesar das súplicas de Tom para que o homem não fosse, ele se vai com a filha e ao cruzar a esquina ouve-se um grito: o homem foi abatido.

Tom ordena a Evelyn que corra mesmo que seja difícil no estado dela, mas a fuga não dura muito, já que um grupo de crianças os intercepta bloqueando a entrada do vilarejo. Por sorte, o casal encontra um jipe abandonado de depois de muito tentar, Tom consegue dar partida e no caminho, diz que levará ambos para o outro lado da ilha, pois lá há casas e talvez um barco para que eles alcancem a liberdade .

Lá, encontram uma senhora que diz que o único barco que presta está com seu marido que é pescador e que ele só volta para casa no final do entardecer. A senhorinha convida o casal para um chá até que eles são pegos de surpresa pelos filhos curiosos da mulher que lhes dá uma bronca por importunar os forasteiros.

Não muito depois, duas outras crianças de fora aparecem estabelecendo um tipo de conexão telepática com os filhos da senhorinha hipnotizando-os. Fula, a mãe das crianças ordena que eles vão tomar banho mas é ignorada pelos olhares frios e intimidadores dos pequenos e sem perceber um grupo de crianças está de tocaia no alto do monte atrás da casa.

A essa altura, Tom e Evelyn já haviam dado pinote retornando a cidade. Lá eles se refugiam na delegacia onde encontram um corpo de uma pessoa fortemente armada. Tom recolhe a arma enquanto as crianças cercam o local e tentam arrombar a porta principal com um ariete.

Sem perceber, Tom e Evelyn são mirados por um menino de posse de um revólver no alto das grades de uma cela. Certeiro, Tom dispara contra o garotinho que aparentava não ter mais do que sete ou oito anos, matando-o numa cena chocante até para os dias de hoje.

Tom diz a Evelyn que até o presente momento ninguém jamais teve coragem de matar uma criança e que por isso elas não tinham medo mas agora sim elas tem. Caladas e em ordem as crianças fogem de lá dando um tempo de paz ao casal exausto.

Os dois resolvem passar a noite lá para poder fugir logo de manhã, mas o sono de Evelyn é encurtado quando do nada ela começa sentir dores e alega que seu bebê a está matando por dentro e que em nenhuma de suas outras gestações ela havia sentido algo assim. Ela ainda diz que o bebê está se tornando um dos psicopatas, pois ela se lembra que a menina Lourdes tocou diretamente em sua barriga e isso pode ter influenciado o feto de alguma forma.

Exausta e vertendo muito sangue pelas entranhas, Evelyn morre para o desespero de Tom.

Ao amanhecer, Tom caminha até a saída do vilarejo onde mais uma vez é recepcionado pelas crianças que tentam vencê-lo com sorrisos fofos e olhares brilhantes e inofensivos, porém o viúvo de Evelyn não cede ao joguinho dos fedelhos e dispara a esmo abatendo vários capetinhas simultaneamente.

Aproveitando a brecha, Tom chega ao cais e desamarra um barco a motor, porém as crianças que sobraram o atacam com faca, tesoura e tudo que encontram por perto.

O barco da guarda costeira aparece e Tom tenta sinalizar para os oficiais que interpretam erroneamente a cena de espancamento das crianças e um dos guardas disparam matando Tom que some no mar.

Sínicas, as crianças fingem-se assustadas abraçando os guardas aos prantos enquanto que as outras recolhem os corpos dos amiguinhos. O guarda pergunta onde estão os outros e uma das meninas aponta para o vilarejo. Ao dar as costas, o oficial ouve um "adeus" e uma risada feminina. Quando vira de volta, é alvejado por sua própria espingarda depois que seu navio fora saqueado pelos pequenos delinquentes.

Um dos meninos, no comando de um dos barcos se despede das demais dizendo que vai "brincar" com crianças de Benahavís, pois segundo ele, ainda há muitos lugares no mundo cheio de crianças com quem "brincar", dando a entender que os pequenos demônios pretendem se espalhar e seguir com a chacina perpetuando seu reinado de sangue.

Os meninos foi uma obra bastante judiada pela censura (com razão, sejamos francos) fazendo-a se perder por anos até ser resgatada e distribuída sem cortes em mídia física.

Claramente a obra inspirou Stephen King na crianção das suas "Crianças do milharal (Colheita maldita)" uma vez que o livro de King fora escrito pouco tempo depois que o filme ganhou certa notoriedade.

Um filme chocante e contemplativo, cheio de suspense com uma atmosfera de medo ímpar. A qualidade de direção e de montagem é impecável, além de ter uma ambientação muito bonita e bastante atrativa que parece não ter envelhecido nada para os dias de hoje já que continua causando o mesmo choque que na época em que foi lançado. 

Em 2012 foi lançado um remake mexicano do filme com o nome original de Come out and play, ou como ficou conhecido por aqui Brincadeiras de criança. Mas isto é conversa para uma próxima vez.

Verdadeiramente é um conteúdo aconselhável apenas para quem tem estômago forte e não tem medo de enfrentar a realidade. Super recomendo!


Trailer: