O Albergue / Hostel (2005)

 

O Albergue chutou o balde do politicamente correto e surpreendeu com um conteúdo totalmente cheio de violência desmedida entrando na contra mão de tudo que é permitido na indústria de filmes de terror hollywoodiana e pelos sensores de classificação indicativa.

Com co-produção de Quentin Tarantino, a obra não pisou no freio em momento algum trazendo ao espectador um nível de violência jamais antes visto que deixaria Jogos Mortais, estréia do ano anterior (que consagrou James Wan como diretor) no chinelo.

O filmes nos trás a uma dupla de jovens amigos que resolve se aventurar pela Europa como mochileiros começando por Amsterdã onde conhecem outro jovem que menciona um albergue cheio de lindas beldades afim de sexo promíscuo e tudo mais que não presta. 

Chegando lá, uma série de acontecimentos estranhos e o desaparecimento de um deles acaba levando os outros dois até um complexo onde pessoas endinheiradas pagam por momentos de prazer torturando e até mesmo matando turistas gringos que por lá tiveram o azar de passar, como os protagonistas do filme que sofrerão horas de pesadelos angustiantes.

Na introdução do filme, temos um europeu assobiando enquanto leva sangue e fluídos corporais numa espécie de quartinho de tortura.

Após a abertura somos apresentados aos californianos Josh e Paxton que conhecem o islandês Oli a caminho de uma aventura por toda a Europa onde coincidentemente os três começarão por Amsterdã como mochileiros onde o objetivo é passar por um dos melhores albergues da região onde segundo os rumores rola sexo desenfreado e drogas e bebidas pesadas sem fiscalização.

O trio mal desembarca e já se aventuram em uma boate frenética onde descolam sexo fácil com lindas garotas que estão aproveitando o embalo da música e alguns drinks.

Enquanto Oli transa numa salinha privada, Josh que é o mais tímido da turma entra numa briga sem sentido com um europeu cabeludo e ignorante sendo posto para fora do estabelecimento junto com seus amigos.

Juntos novamente, os três caminham pela cidade e encontram uma espécie de transódromo onde geral aproveita para mais uma rodada de sexo e Josh acaba sozinho com uma gostosa num dos quartinhos sem saber por onde começar.

Mais tarde, finalmente o trio chegam a um albergue onde se hospedam e lá acabam arranjando briga pois na região existe um tipo de toque de recolher, o que os faz ficarem do lado de fora da habitação, mas eles acabam sendo salvo por um jovem local que se apresenta como Alexey que diz ter vaga num dos quartos que ele divide com um amigo.

Ao chegar lá, o tal amigo simplesmente transa sem o menor pudor na frente de Alex e dos mochileiros recém chegados. Depois disso, Alex tenta os novos amigos com fotos de jovens gringas gostosas que podem lhes proporcionar sexo fácil num albergue na Eslováquia.

Sem perda de tempo, o trio vai até a estação de trem onde conhecem um aparentemente agradável idoso holandês que expõe sua vida como um livro aberto e depois apalpa Josh com segundas intensões o que provoca um mal estar com Paxton que o intimida fazendo-o trocar de acento para evitar outro mal entendido.

Horas depois, o trio chega a Eslováquia e finalmente ao albergue onde dividem o mesmo quarto assim que uma dupla de jovens gostosas deixam o mesmo dormitório para ir ao spá onde os rapazes as seguem.

Lá, as meninas se apresentam como Natalya e Svetlana respectivamente italiana e russa que também estão em busca de prazer sem compromisso com homens.

Na sequencia, geral vai a boate dançar e trocar uma ideia. Enquanto Paxton e Oli dançam com seus pares, Josh sai do estabelecimento para respirar e quase é assaltado por uma gangue de pivetes viciados em doces e acaba sendo salvo pelo mesmo velho holandês do trem que conhece bem o local e seus frequentadores.

O velho convida Josh para uma bebida e durante uma rápida conversa, o rapaz percebe que seu bem feitor tem uma tatuagem suspeita. Não muito depois, Josh é levado até um quartinho por uma gostosa aleatória e os dois iniciam um coito intenso.

Ao amanhecer, Josh e Paxton percebem que Oli ainda não voltou da boate e descobrem que ele fechou sua conta no albergue mais cedo e na sequencia fazem o mesmo se despedindo das garotas.

Uma jovem asiática chamada Kana mostra aos amigos uma foto de Oli junto com sua amiga dando a entender que os dois saíram juntos na noite anterior e que a amiga também sumiu.

Andando pelas vielas, Josh e Paxton acabam vendo Oli passar pela rua adjacente e a dupla acaba sendo atraída até um museu da tortura. Lá, eles descobrem que seguiram a pessoa errada pois esta usava uma jaqueta idêntica a de Oli. Um tempo depois, chega uma mensagem de texto do sumido. Mensagem esta que não corresponde pois temos um vislumbre da cabeça decapitada de Oli sobre uma plataforma dentro de um quarto sujo de tortura, o mesmo da introdução do filme onde um estranho de macacão e avental que também é o cara da introdução que assobia caminha por um corredor escuro onde há uma prisioneira amarrada a uma cadeira que se pré supõe ser o par de Oli e esta tem o dedo de um dos pés arrancado com um alicate.

Concluindo que Oli pode ter fugido com a amiga de Kana, Paxton mete o foda-se e resolve se divertir sem moderação enquanto Josh passando mal resolve voltar para o dormitório onde se deita.

Notoriamente avoado, Paxton deixa as gostosas no bar e vai até o banheiro onde fica trancado também passando mal deixando claro que tanto ele quanto Josh foram misteriosamente dopados.

Josh após perder a consciência, volta a si amarrado só de cueca e preso em uma sala de tortura nas mãos de um sádico usando máscara de cirurgião que vai até uma mesa cheia de instrumentos a sua disposição e acaba escolhendo uma furadeira para perfurar o peito do jovem.

O torturador se revela o velhinho holandês que diz ter tido sua carreira de médico arruinada pelo mal de Parkinson restando a ele levar uma vida vazia de empresário. Na sequencia, o holandês rompe os tendões de Josh o impossibilitando de fugir e na tentativa de barganhar sua vida por dinheiro, o rapaz descobre que seu algos foi quem pagou pela diversão e que por isso é impossível persuadi-lo.

Enquanto isso, Paxton acorda em um bar e volta ao albergue onde descobre que sua conta foi fechada e paga por um bem feitor além de ficar sabendo que Kana também já foi embora.

Do lado de fora, Paxton tenta contato com Josh pelo celular e vê Svetlana passando ao longe.

Um tempo depois, Paxton encontra um ponto turístico que coincide com o fundo da foto onde Oli foi visto pela última vez com a amiga de Kana. Na sequencia, um dos bandidinhos da gangue mirim furta o celular de Paxton que consegue alcança-lo e quase o mata esganado.

Depois, Paxton procura as autoridades e o delegado não dá nenhuma opção favorável ao rapaz de como proceder com uma investigação, o que faz o jovem investigar por conta própria o paradeiro de Josh na saída.

Caminhando junto a um bar, Paxton encontra Natalya e Svetlana que dizem que Josh e Oli foram á uma exposição de um artista e não avisaram nada pois seus celulares ficaram sem bateria e onde eles estavam não tinha carregadores.

Natalya se oferece para levar Paxton a tal exposição e os dois chegam a um galpão em ruínas guardado por vários seguranças e vários turistas interessados na exposição já estavam por lá e um deles que é asiático alerta Paxton para ter cuidado.

Paxton e Natalya conseguem entrar gratuitamente no local que é enorme e sujo por dentro. Chegando às entranhas do galpão, descobrimos que lá ficam os quartos de tortura onde em um deles, o holandês se diverte brincando de operar a barriga de Josh brutalmente aberta.

Ao presenciar a barbárie, Paxton tenta agredir Natalya mas é arrastado pelos corredores escuros onde pelo caminho vê outras vítimas em outras salas sendo torturadas até ser preso em seu próprio quarto no breu onde chora até as luzes se acenderem e nisso aparece um torturador e um capanga.

O torturador perfura Paxton com uma garra pontiaguda e se desconcentra quando a vítima tenta pedir por piedade, esbravejando em seu idioma. O torturador o amordaça e tenta corta-lo com uma moto serra fazendo Paxton vomitar de pânico sobre a mordaça.

Paxton acaba tendo alguns dedos da mão decepados e o torturador acaba escorregando numa poça de sangue tendo sua perna acertada pela serra ligada. Aproveitando que o torturador tenta recuperar sua serra, Paxton consegue se soltar e pega um revólver e atira na cabeça do sádico que empacota na hora.

O capanga do lado de fora ouve o ruído do disparo e volta ao quartinho para averiguar. Paxton volta para a cadeira se fazendo de morto e quando o capanga se aproxima acaba sendo alvejado mortalmente.

Paxton pega as roupas do torturador e uma máscara de ferro com chifres para se disfarçar e se esconde em um outro quarto onde encontra partes de corpos mutilados e um corpo fresco.

Um faxineiro aparece para remover o corpo em um carrinho onde Paxton se esconde.

Depois de tomar o elevador, o faxineiro leva os corpos a um depósito onde Paxton descobre o cadáver de Josh e se finge de morto enquanto o faxineiro separa os pedaços dos corpos para incinerar.

Paxton aproveita e o nocauteia fugindo pelo elevador seguinte chegando finalmente ao térreo onde se esconde no vestiário. Pela janela, ele vê um militar das forças armadas saindo do complexo e resolve trocar de disfarce colocando um traje de magnata encontrando um cartão de identificação do local que é um clube de caça de fachada. 

Um outro torturador desta vez americano aparece iniciando um papo sádico com Paxton dizendo ter viajado pelo mundo e exibe a tatuagem que ele tem como membro do clube que é semelhante a do médico holandês.

O maluco vai embora deixando um revólver completamente carregado e Paxton se embrenha pelos corredores até encontrar uma saída pelo estacionamento onde encontra um carro com as chaves na ignição. Paxton no entanto, recua ao ouvir os gritos de uma mulher e seu senso de justiça o faz dar meia volta em direção ao complexo.

Paxton segue os gritos e chega numa sala onde mata o torturador rapidamente. Logo, Paxton descobre que aquela é Kana e que o torturador puxou um de seus olhos completamente para fora da órbita. Em pânico, Paxton remove o olho pendurado de Kana e os dois dão início a uma fuga até serem flagrados por dois capangas, mas a dupla consegue chegar ao carro arrancando a toda velocidade o que inicia uma perseguição pelas ruas.

Chegando a entrada da cidade, Paxton é bloqueado por um carro e assim que o bloqueio é desfeito, ele vê Alexey, Natalya e Esvetlana felizes da vida dando a entender que os três estão juntos no esquema e por vingança os atropela mortalmente.

Na sequencia, a dupla é interceptada pelos bandidinhos mirins que ao receberem um saco de doces dão cobertura depredando o carro dos capangas com eles dentro.

Logo a frente, Paxton se depara com uma batida policial e deixa o veículo com Kana ao chegar a estação de trem onde os capangas estão agora.

Ao ver seu reflexo em um mural, Kana entra em choque com a sua aparência e se joga para a morte na frente de um trem em movimento.

Paxton consternado, não perde tempo e entra em outro trem pronto para partir onde relaxa até ouvir a vos do médico holandês se aproximando. Um tempo depois, o trem para e no desembarque, Paxton segue o velho psicopata até o banheiro onde o jovem o tranca e joga na cara dele o cartão do clube de tortura.

Sem piedade, Paxton decepa os dedos do velho com um bisturi, esfrega sua cara na água da privada sufocando-o e o finaliza degolando-o.

Finalmente em paz, porém com sequelas eternas pelo que vivenciou, Paxton pega outro trem de volta para a América.

Definitivamente um filme para poucos, uma produção que caprichou nos efeitos práticos trazendo um nível de violência raro para uma obra hollywoodiana que certamente fez muita gente passar mal nos cinemas.

A ambientação das salas de tortura é imersiva ao extremo nos fazendo sentir o cheiro do sangue e das vísceras ao léu além da claustrofobia que o local apertado e escuro provoca.

É simplesmente nojento e provoca incômodo a cada instante a partir da reta final onde o filme se concentra exclusivamente nas salas de tortura mostrando tudo quanto é método para deixar o espectador nauseado tamanho o requinte de crueldade esboçado pelos torturadores que por sua vez tem uma caracterização de arrepiar além de um caráter do demônio.

Ainda existem mais duas sequencias que tentaram emular a mesma polêmica que o primeiro longa, porém a falta de roteiros digeríveis acabaram fazendo as continuações serem mais do mesmo sem nenhuma inovação, focando exclusivamente na violência e zero empatia pelos protagonistas, coisa que o primeiro longa acertou e acertou em cheio.

Aliás, o filme prega uma peça no espectador fazendo-o criar um vínculo com Josh que tinha toda a pinta de um protagonista padrão e nos quarenta e cinco do segundo tempo vem a surpresa de que o mocinho de verdade é Paxton, justo o personagem que nós nem nos apegamos já que ele o tempo todo não demonstra um pingo de humanidade e consciência, mas que até o final da trama vai se redimindo e mostrando uma camada escondida de seu caráter, o que foi um grande e decisivo acerto do roteiro.

Trailer: