Atualizando meu catálogo de filmes baseados em obras do lendário Stephen King eu fui ver só depois de velho este clássico do qual eu pouco ouvi falar na infância. Boa parte do que eu conheço eu só fui ver na vida adulta por falta de interesse ou acessibilidade ou conhecimento no passado e essa é uma das que se encaixam no grupo da falta de conhecimento.
O que eu tenho de memória passada desta obra foi um fragmento de cena exibido em algum segmento memorável de alguma cerimônia de premiação do Oscar, mas é bem vago mesmo, não tem como ser bem específico e o máximo que eu me lembro é esse fragmento de uma das cenas de tortura com a grande Kathy Bates no papel da antagonista Annie Wilkes.
O longa é bem simples, bem realista na medida do possível, narrando as consequências de um fanatismo obsessivo e psicótico e como isso afeta o ídolo em questão que é um romancista que sofre um acidente e acaba sendo acolhido e mantido em cativeiro justamente por sua maior fã no mundo. Vai vendo...
O escritor romancista Paul Sheldon comemora a finalização do mais recente capítulo de uma série de livros de romance cuja protagonista é uma mulher de caráter forte e cativante chamada Misery Chastain. A obra será publicada e distribuída pelo pais em breve, depois que Paul entregar o rascunho á editora.
Pronto exatamente para entregar sua bolsa com o rascunho, Paul se dirige para o Colorado debaixo de uma nevasca que se transforma numa tempestade fazendo-o capotar no meio do nada.
Inesperadamente, um anjo da guarda aparece no meio da nevasca e tira Paul desacordado de dentro do carro e também resgata seu rascunho precioso com muito esforço.
Paul acorda dois dias depois na residência da amável Annie Wilkes, uma ex-enfermeira que foi quem o encontrou, tratou de suas feridas e preparou um leito em sua própria casa com todos os detalhes para seu hóspede uma vez que ele não pode ser removido para um hospital devido a gravidade de suas feridas nas pernas, fora que a nevasca segundo Annie ainda persiste e isso também atrapalha para levá-lo ou para que alguma ambulância possa chegar até lá.
Com este tempo sem notícias de Paul, sua amiga pessoal e empresária Marcia Sindell comunica as autoridades o desaparecimento de seu cliente, mas o xerife Buster descarta uma investigação no momento.
Annie se revela uma grande fã das obras literárias de Paul e por sua obra de caridade ela ganha acesso antecipado ao rascunho de sua nova obra que ainda não tem um nome definido.
O xerife resolve dar uma passada no chalé onde Paul deveria estar hospedado e o gerente como era de se esperar não tem notícias do romancista.
Enquanto alimenta Paul, Annie acaba se empolgando com um assunto aleatório de seu dia a dia e tem um acesso de fúria.
Passando pela estrada, Buster e sua assistente Virginia encontram uma árvore quebrada e vestígios de um carro levantando a hipótese de um acidente e os dois regressam logo em seguida ao seu caminho.
Os dias passam e Paul descobre que Annie é mais do que uma simples fã ao conhecer sua porquinha de estimação batizada com o nome de Misery, mesmo nome da protagonista de suas obras mais famosas.
Depois de ler todo o rascunho de Paul, Annie tem outro acesso pois não está nada satisfeita em descobrir que seu ídolo matou Misery e como punição ela revela ao seu hóspede que ninguém sabe onde ele está agora e que ela jamais irá dizer.
Paul tenta fugir de seu cárcere a noite, mas devido suas fraturas não terem sarado ainda, o máximo que ele consegue é cair da cama. Annie só o encontra no dia seguinte jogado no chão e depois de devolvê-lo á cama promete dar a ele uma surpresa.
Puxando sua churrasqueira até o quarto de Paul, Annie despeja todo o rascunho sobre a grelha e o enxarca com álcool e obriga seu hóspede a queimar tudo pois este jamais será publicado.
Com o desaparecimento de Paul completando muitos dias, Buster começa uma incessante busca pela região sobrevoando de helicóptero coincidentemente sobre a casa de Annie e dá meia volta depois de não encontrar nenhum sinal do Mustang 65 de Paul que simplesmente sumiu graças a intervenção de sua carcereira.
No dia seguinte, Annie providencia uma cadeira de rodas, uma mesa, uma máquina de escrever e exige que Paul reescreva toda sua última obra do jeito que ela quer e que desta vez Misery viva.
Depois de conseguir tirar Annie de casa fazendo-a comprar um tipo de papel especial, Paul aproveita para destrancar a porta de seu quarto com um grampo mas não consegue ir muito longe. Paul tenta usar o telefone, porém Annie foi mais rápida e removeu todo o recheio deixando só a carcaça do aparelho.
Sem saída, Paul resolve investigar a casa e furta uma cartela de analgésicos. Logo depois, sai da cadeira de rodas e se arrasta pelo chão da cozinha onde encontra um faqueiro. Ao ouvir o carro de Annie se aproximar, Paul deixa tudo no lugar e volta para seu cárcere sem despertar suspeitas.
Seguindo as investigações, Buster encontra o carro de Paul enterrado e as autoridades encerram as buscas dando o escritor como morto, porém o xerife e Virginia desconfiam que isso não procede.
Depois de muitas rejeições por parte de Annie, o novo rascunho de Misery sai como ela queria e Paul convida sua fã para um jantar em comemoração.
Paralelo a isso, Buster adquire uma cópia de cada obra de Paul na esperança de que em algum dos livros haja alguma pista que o leve até o escritor desaparecido.
Paul tenta dopar Annie para fugir, porém ela derruba o copo com o remédio e o plano vai para os ares.
Os dias continuam passando e Annie se mostra apática e depressiva por conta da chuva. Ela mostra a Paul uma arma e diz a ele ter vontade de usá-la.
Aproveitando que Annie foi dormir, Paul aproveita e pega uma das facas da cozinha e logo depois encontra uma pasta cheia de recortes de jornal que noticiam as mortes de dois homens e várias crianças que foram pacientes de Annie quando ela ainda tinha licença de enfermagem. Na ocasião ela chegou a ir presa e até tentou se suicidar.
Na manhã seguinte, Paul acorda atordoado e amarrado a cama. Annie aparece e revela ter descoberto o grampo que dava a Paul acesso á casa e sua faca.
A sangue frio, Annie coloca um bloco de madeira entre as pernas de Paul e depois torce seus pés com uma marreta numa cena agoniante.
Buster investiga um dossiê sobre uma ex enfermeira assassina de bebês que é nada menos que Annie e em sua declaração aos jornais sobre sua prisão ela menciona uma frase retirada de um dos capítulos de Misery. Com a pulga atrás da orelha, Buster começa a investigá-la.
Tempos depois, Annie dopa Paul e o esconde no porão quando ironicamente Buster bate sua porta perguntando se ela tem conhecimento sobre o desaparecimento do escritor.
Enquanto enrola o xerife, Annie diz que se inspirou em seu ídolo para se tornar escritora e que já tem um rascunho quase pronto para a edição, ou seja, ela quer manter Paul como seu escravo e usurpar a autoria de suas obras para lucrar sob suas costas.
Paul acorda e emite um ruído que chama a atenção de Buster que estava de saída. O xerife dá meia volta e segue o barulho até o porão onde encontra Paul, porém Annie segue Buster e o mata com um tiro certeiro.
Para evitar o pior, Paul manipula Annie para que ela o deixe terminar o livro. Enquanto Paul escreve, Annie prepara um brinde, seu revólver e leva consigo um palito de fósforo.
Paul, que havia roubado uma embalagem de álcool, enxarca o novo rascunho e pega o fósforo para queimá-lo.
Surtada, Annie atira em Paul e o ataca entrando em luta corporal. Depois de acertar Paul, Annie leva uma rasteira e bate a cabeça na máquina de escrever ficando inconsciente. Isso porém não a detém e ela logo acorda iniciando um novo ataque, porém Paul é mais rápido e arrebenta uma estátua de porco de ferro na cabeça de Annie matando-a de uma vez.
Dezoito meses depois de seu cárcere, Paul se recupera e comemora finalmente o lançamento da edição definitiva de Misery e apesar de Annie já não oferecer mais riscos, o escritor ainda carrega sequelas psicológicas de seu trauma que um dia ele há de superar.
Simples, porém bastante eficaz, o enredo soube prender e incomodar nos momentos mais torturantes que é quando o filme realmente pega. Não seja a ser extremo, mas é forte e pontual em alguns segmentos devido a direção competente.
O clima mórbido de suspense ficou na medida e as atuações colaboraram muito no resultado final que foi um thriller que apesar de caminhar lentamente é bastante detalhista e bem desenvolvido não deixando nenhuma lacuna. O enredo trabalha perfeitamente bem uma narrativa com pouco menos de três ou quatro personagens ativos sem ficar monótono e arrastado.
Eu não cheguei a ler ainda a versão impressa da obra, mas eu chuto que não deve ter muito o que diferenciar, apenas que o conteúdo cinematográfico deve ser mais compacto e direto ao ponto. Enfim, se algum dia eu adquirir o livro, formarei uma opinião mais madura sobre.
Trailer:
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