Quem iria imaginar que uma data comemorativa tão inofensiva se tornaria a base para um filme de terror. A coisa chata é que este longa de 1980 não vingou o suficiente (pelo menos não nestas bandas), mas lá fora a obra se tornou memorável a ponto de gerar um remake em 2010 com o mesmo nome do original mas que por aqui recebeu o nome de Dominados pelo ódio.
Eu poderia fazer um contraponto entre as duas versões no final da resenha, porém a refilmagem saiu completamente tão diferente que merece uma postagem própria, coisa que talvez eu faça ano que vem. Por isso, vamos nos concentrar apenas na versão clássica que gira em torno de um trio de amigas que vai acampar no bosque e acabam sendo abduzidas por uma dupla e debiloides que tudo o que querem é encher a mãe de orgulho porém de uma forma diferente: torturando, estuprando e matando.
A coisa toda começa na cidade, durante uma reunião de um grupo de terapia de controle de raiva em um centro de ajuda chamado EGO, justamente no dia de formatura da turma.
Entre os formandos estão Ernie e sua namorada Charlie, dois hippies acompanhados de um simpática velhinha que lhes oferece carona de volta para casa ao final da cerimônia da formatura.
No meio do caminho para o bosque, o carro da senhorinha quebra forçando a proprietária a sair para verificar o motor até que dois malucos aparecem do nada e decapitam Ernie e na sequencia espancam Charlie, tudo a mando da velha que é nada mais que mãe dos agressores.
A senhorinha saca um barbante e o enrola envolta do pescoço de Charlie matando-a.
O filme corta e transita para alguns anos depois dos eventos iniciais onde ouvimos vozes de meninas que assistem á alguns slides do tempo de escola das mesmas.
Subsequentemente, somos apresentados a estas amigas que são três jovens da faculdade, a começar por Trina, uma patricinha rica que aproveita uma festa movimentada em seu quintal com direito aos melhores quitutes e uma luxuosa piscina. A apresentação se encerra após Trina receber um telegrama.
Depois, conhecemos Abbey, que é a nerd pobre que mal chega em casa e já tem que aguentar os esporros constantes da mãe doente que só sabe depreciá-la.
Por fim conhecemos Jackie, a brincalhona do trio. Em seu debut, Jackie é atacada por trás ao chegar em seu quarto até percebermos que quem a ataca é na verdade Ted, o namorado da garota que depois de um breve papo o deixa sozinho pois precisa sair imediatamente.
Jackie pega estrada em seu possante até chegar a um ponto onde suas amigas Trina e Abbey a esperam para uma noite de aventuras no bosque de Deep Barons na saída da cidade.
Fazendo uma parada em uma mercearia local, Jackie compra algumas provisões ao mesmo tempo que as meninas dão uma zoada básica no estabelecimento, chamando a atenção do gerente que é meio desconfiado e este diz ás meninas que elas se arrependerão de ir a Deep Barons.
Chegando á área florestal, as meninas pegam suas mochilas para seguir a trilha a pé até chegarem a beira do lago onde levantam acampamento após vislumbrar o pôr do sol.
Ao anoitecer, Trina e Abbey assam marshmallows na fogueira até se darem conta que Jackie sumiu. Do nada, Jackie aparece com uma faca fincada nas costas, porém tudo não passa de uma pegadinha para descontrair.
Depois de rirem a beça, as meninas se sentam envolta da fogueira para falar sobre garotos e aproveitam para fumar um baseado e acabam relembrando de uma ocasião em que Jackie levou em ex-namorado Brad, também conhecido como Dooper até um estádio de baseball.
O flashback segue com o casal se preparando para um coito no próprio campo. Enquanto Dooper se despe, Jackie vai até o painel de energia onde estão Abbey e Trina e elas acendem todas as luzes do estádio e zombam do peladão através dos alto-falantes.
De volta ao presente, amanhece e Abbey se separa das amigas para fazer uma caminhada quando do nada ela é agarrada pela canela, porém mais uma vez é uma pegadinha, desta vez de Trina.
Depois da pegadinha, as meninas se unem a Jackie na lagoa para tomar um banho e elas nem imaginam que alguém lá perto as vigiam.
Mais um dia se passa e as meninas seguem acampando até que do nada, dois mascarados aparecem, amarram as três em seus sacos de dormir e as arrastam para fora do bosque.
A dupla chega com as três e suas casas e as exibem como troféus para sua mãe e eles são nada menos que Ike e Addley, os filhos da velhinha doida do início do filme.
Depois de serem obrigados pela mãe a demonstrarem bons modos limpando os pés no capacho e a dar um beijo nela, os rapazes levam as meninas para uma espécie de academia improvisada em um quartinho apertado, onde amarram e amordaçam as meninas exceto Trina.
Ike tenta investir contra Trina por ter gostado mais dela, porém a patricinha o despreza e acaba tendo o mesmo tratamento que as amigas.
Na sequencia, a família maluca deixa Trina sozinha na academia e levam as outras duas para o quintal de casa. Jackie é desamarrada e obrigada a se sentar em uma cadeira e a fazer uma social.
Os garotos tentam forçar Jackie, mas a mãe os impede, dizendo que eles estão fazendo do jeito errado e a dupla de palermas acabam brigando entre si.
Depois, Ike coloca uma máscara e encena uma situação que termina no estupro de Jackie, enquanto Addley tira uma série de fotos instantâneas. Por fim, os garotos pedem a mãe para deixar eles levarem sua vítima para o quarto e ela consente.
De manhã, os queridinhos da mamãe demonstram hábitos estranhos de higiene ao escovar os dentes e fazer gargarejo com refrigerante e pentear o cabelo com um canivete enquanto demonstram seu ódio por música punk.
Em seguida, a dupla toma café da manhã em uma mesa imunda comendo de pauzinho em um balde enquanto Trina tenta romper suas amarras.
Na sequência, os irmãos debi e lóide levam o café para as garotas e acabam agredindo Abbey. Depois que os garotos saem do quartinho, Trina que havia se soltado cuida da amiga.
Não muito mais tarde, Ike e Addley passam por um tipo de treinamento militar muito doido no quintal coordenado pela mãe até que ela decreta intervalo e a dupla de mulas resolvem brincar de lutinha depois de um breve cochilo.
Paralelamente, Abbey consegue arrebentar a janela do cativeiro e usa uma engenhoca feita com uma corda fina e um dos sacos de dormir forrado com feno para levar Trina embalada até o chão depois de rasgar suas mãos por conta do peso.
Em terra firme, Trina solta a amiga e a ajuda a lavar as mãos feridas. Ao procurar por uma saída, Trina entra em um dos quartos e encontram a cabeça decapitada de Ernie conservada em uma caixa dentro do guarda roupas.
Ao tentar evadir com Abbey, Trina é surpreendida pelos irmãos que só não a agride por que a mãe grita apavorada por eles. Ao chegarem até ela, os garotos descobrem que ela está desesperada por que uma tal de Queenie está por perto e quer pegá-la. Queenie segundo a mãe, é sua irmã que nasceu com um tipo de anomalia que a torna selvagemente agressiva, além do fato dela ter nascido com cabelos brancos.
A mãe ainda conta que quando pequena, Queenie quase a matou, mas acabou morta pela mãe que lhe arrancou uma das orelhas, ao qual ela guarda como prova de suas palavras, palavra das quais Addley não tem muita segurança pois acha que a mãe só não o deixa sair para ajudar seu irmão por que ela não quer ficar sozinha e não é só pela questão da Queenie, mas por que a mãe não suporta a ideia de ficar sozinha em casa em hipótese nenhuma e por isso usa a história da irmã como um tipo de bicho papão.
Aproveitando a confusão, as meninas conseguem chegar ao bosque onde param para descansar debaixo de uma árvore onde escondem a espancada Jackie.
Trina volta pela trilha até encontrar seu carro, porém o veículo está completamente quebrado graças a uma intervenção porca da dupla de imbecis Ike e Addley.
Anoitecendo, Trina encontra uma viatura vindo ao longe e assim que o policial desce do veículo ela o abraça aliviada. O alívio porém termina quando ela descobre que o policial é Ike que tenta se aproveitar dela.
A patricinha consegue se livrar do maluco e corre pela trilha quase sendo acertada por um disparo.
Enquanto isso, Abbey percebe que Jackie não resistiu aos ferimentos e se choca com sua morte.
Ike segue ao encalço de Trina que por pouco não cai numa armadilha de urso. Trina aproveita que Ike a perdeu de vista e acerta um galho na cara do idiota que pragueja enquanto ela volta a correr.
Escondida, Trina tenta pegar uma pedra sem fazer qualquer barulho e ao conseguir obtê-la, a joga para o outro lado em um barranco e Ike acaba rolando ao ouvir o barulho e se estrepa todo.
De volta as amigas, Trina descobre que Jackie morreu e é amparada por Abbey que a encoraja a seguir em frente e a se vingarem dos malucos.
Falando neles, Addley não consegue se concentrar numa jogatina com a mãe e diverge com ela sobre a veracidade da tal Queenie argumentando que ele acredita que a criatura é só uma desculpa esfarrapada da velha para amedrontar os meninos e assim fazer com que eles não saiam da barra de sua saia.
Amanhece e as meninas levam o corpo de Jackie até a frente da casa dos malucos e elas deixam a amiga sentada de frente para a propriedade pedindo a ela que fique vendo a vingança acontecer.
Os irmãos por sua vez, pensam numa nova forma de recapturar as meninas para desta vez mata-las.
Addley se separa da família por um instante e é surpreendido pelas garotas que furam sua garganta e dão uma marretada em seu saco enquanto o asfixiam com uma estopa.
Sem vida, Addley é arrastado e nisso Trina é agarrada por Ike. Abbey por sua vez, pega uma lata de espuma de barbear e entorna tudo na boca do maluco que borbulha.
Na sequencia, Ike as persegue até a sala onde é acertado na cabeça com a tevê sendo eletrocutado.
Ike no entanto recobra a consciência rapidamente e agarra Trina que ao tatear uma faca elétrica, acaba usando-a para perfurar o maluco várias vezes até matá-lo.
Enquanto isso, Abbey prega uma peça na mãe com a faca nas costas e Trina aparece de surpresa agarrando e jogando a velha na cama. Abbey por sua vez a tortura psicologicamente enquanto Trina enfia um molde de peitos de plástico na boca da velha asfixiando-a.
Abbey chora de emoção e ela e Trina saem para enterrar Jackie. As meninas acham injusto ela ter morrido até que do nada, uma criatura selvagem com feições humanas com uma orelha decepada e longos cabelos brancos esvoaçantes salta de braços abertos pronta para abater as meninas até que a cena congela e corta de uma tela preta para os créditos finais. Seria a criatura a tal Queenie?
Um final estranho porém inesperado, eu sei. Mas se não fosse assim iria acabar destoando dos outros filmes do mesmo subgênero produzidos naquela década que sempre tinham desfechos imprevisíveis.
O que se dá para entender (e me corrijam se eu estiver errado) é que a tal Queenie era na verdade a mãe fantasiada para o caso dos meninos duvidarem de sua história. Mas aí você me pergunta: mas a mãe não morreu? Bom, aparentemente sim, porém talvez a velha tenha tantas cartas na manga que não seria de se surpreender que uma delas fosse conseguir prender a respiração, ou de entrar em estado momentâneo de catalepsia e que o tempo que Trina e Abbey usaram para enterrar Jackie foi suficiente para a velha recobrar os sentidos e se vestir de criatura para pegá-las na saída. Ou que ela simplesmente deu a sorte de não morrer.
Mas enfim, deixando isso de lado, os aspectos técnicos do filme são próprios da década: efeitos práticos galhofas, violência extrema e o maior atrativo é o talento para chocar com aquela breve cena de estupro que foi muito bem dirigida levando o público a revolta. As atuações também ajudaram.
O filme no entanto demorou para engrenar e chegou a irritar com todas aquelas pegadinhas bestas e uma tentativa ainda mais besta de forçar o esteriótipo de adolescentes retardadas e brincalhonas referentes as meninas. Eu mesmo achei desnecessário todas aquelas pegadinhas até a ação finalmente acontecer o que foi pouco mais de meia hora jogadas fora.
Outra coisa engraçada, é que o longa usou do personagem meio louco e de idade tal qual o louco Ralph do primeiro Sexta-feira 13 que estreava naquele mesmo ano com o mesmo argumento de avisar as mocinhas para não irem até onde elas pretendem e depois de aguentar calado a bagunça em sua mercearia, o velho dá meio que uma quebrada da quarta parede falando que elas vão se arrepender ao irem para o campo.
O ponto positivo é que as protagonistas foram muito bem apresentadas, além do fato de que o filme tem poucos personagens ativos e conseguiu levar com maestria todo o enredo envolta desta galera apesar da falta de um roteiro frenético.
O enredo é criativo, os antagonistas apesar de causarem certa revolta até que são carismáticos e conseguem tirar alguma risada, coisa que o trio de mocinhas metidas a comediantes não conseguiu fora o fato de não terem conquistado a empatia do público (o meu pelo menos não conseguiu).
Trailer:
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