[🔴REC] / REC (2007)

 

Depois que a Bruxa de Blair colocou em evidência o subgênero found footage não demorou para que outros grandes e gananciosos produtores de filmes de terror e suspense pusessem a mão na massa para trazer aos cinemas suas próprias crias focando em jump scares aleatórios e deixando quase sempre de lado os enredos.

Mas REC foi confeccionado com toda pompa e circunstância cuidando para que cada detalhe fosse meticulosamente aproveitado. Não era só mais um footage genérico focado em câmeras de baixa resolução com tomadas tremidas, gritaria e corre corre, mas sim uma história com profundidade e cheia de reviravolta e tudo isso em menos de uma hora e vinte minutos, deixando no final um gostinho de quero mais além da sensação de que ainda tinha mais alguma coisa por vir.

A coisa toda gira em torno de uma repórter que cobre o dia a dia de um corpo de bombeiros até que uma chamada é feita de um condomínio onde uma idosa precisa de ajuda médica, mas ao chegarem lá as equipes de bombeiro e de reportagem descobrem que existe um vírus misterioso se espalhando no local obrigando aquele quadrante a ficar isolado.

Os contaminados que ainda estão no condomínio começam a agir como mortos-vivos atacando e espalhando o vírus para suas vítimas que aos poucos se transformam fazendo com que o perigo aumente exponencialmente a medida que o tempo passa tornando a sobrevivência dos remanescentes quase impossível.

Tudo começa com a jornalista Angela Vidal e seu câmera man Pablo fazendo uma reportagem dentro do corpo de bombeiros mostrando sua rotina diária guiados pelo representante Manu que mostra um panorama geral no refeitório, os dormitórios e também na área de lazer que é uma quadra onde nos momentos de descontração geral joga basquete.

Durante uma rápida jogatina, Manu recebe uma chamada vinda de um condomínio suburbano relatando um acidente ocorrido no apartamento de uma idosa latina chamada Conchita que segundo os vizinhos, tem problemas mentais e está causando o maior alvoroço.

Angela vai ao local junto com Manu e os rapazes para clipar as imagens do salvamento e ao chegar ao apartamento da idosa não conseguem nenhuma resposta ao chama-la obrigando os bombeiros a arrombarem a porta. Ao fazerem isso, a velha Conchita que estava ensanguentada e enlouquecida ataca um dos bombeiros com uma mordida no pescoço.

Numa tentativa de remover o bombeiro para o portão que dá acesso a rua, os moradores do local dizem que o condomínio foi isolado pela polícia trazendo a ira de Angela que implica com as autoridades exigindo que o ferido seja levado ao hospital devido a gravidade de seu quadro.

Do nada, ouve-se um barulho de queda e as câmeras captam um bombeiro estirado no chão depois de se jogar (ou ser jogado) do alto de um dos andares superiores.

Na sequencia, Angela e a polícia que ficou no interior do condomínio sobem até o apartamento de Conchita que surta novamente iniciando um ataque, até que um dos policiais a abate com um tiro na testa.

De volta ao hall, a ira dos condôminos se estendem por não terem notícias vindo de fora e para completar ainda temos a jovem mãe da menina Jennifer que está desesperada pois a filha está doente com amigdalite e o pai dela está do lado de fora esperando para entregar o antibiótico da menina.

Para piorar, um dos condôminos revela que o telefone, rádio e televisão estão inoperantes naquele setor restando pedir informações á portaria, mas o porteiro além de não ter qualquer noção do que está havendo ainda joga sua frustração sobre os moradores e sobre Angela.

O próprio policial que está na quarentena com os demais não sabe o que está acontecendo ao certo e este pede calma e tempo para que a situação se normalize.

Horas se passam e Angela segue entrevistando um estagiário de medicina que cuida dos feridos e logo depois conhece melhor cada morador incluindo a fofa menina Jennifer que diz que seu cachorro de estimação está internado numa clínica veterinária.

Depois de averiguar com as autoridades de fora, o policial informa á todos que a ordem de quarentena foi emitida por conta de uma suspeita de contaminação de um vírus que está causando uma epidemia e que em breve os técnicos da assistência sanitária chegarão para fazer exame de sangue em todo mundo.

A assistência sanitária chega pouco tempo depois impedindo a reportagem de Angela de cobrir a chegada da ajuda de fora. Um tempo depois, movida pela curiosidade, Jennifer acidentalmente liga a câmera de Pablo que registra secretamente o que está ocorrendo até que o próprio Pablo aproveita para voltar a filmar e capta a polícia contendo um ferido com algemas e logo depois obrigando-o a receber uma substância através de uma seringa.

Os feridos acordam do nada transfigurados em criaturas irracionais tal qual a velha Conchita e partem para o ataque á polícia e sem tempo para explicar o que está acontecendo, Pablo ordena Angela que corra e ambos se deslocam até um dos técnicos da assistência sanitária onde cobram explicações para o ataque e este diz que os feridos pram contaminados pelo vírus que se espalha pela saliva e o argumento é validado afinal, a velha maluca mordeu ambas as vítimas e ela própria estava contaminada.

Outro técnico revela que o cachorro da menina Jennifer desenvolveu uma misteriosa patologia a partir de sua saliva o que deixa claro que ele começou o surto e geral joga a culpa na mãe da menina de estar encobrindo que a filha na verdade está contaminada e não com as amigdalite. 

A própria menina desmascara a mãe ao entrar em processo de conversão e iniciar um ataque fazendo geral dispersar enquanto Jennifer com seu último resquício de humanidade corre chamando pelo pai. Todos seguem a menina até chegarem ao apartamento da velha Conchita cujo corpo desapareceu e na sequencia encontram Jennifer paralisada e na sequencia, agora totalmente transformada em morta-viva ela ataca a todos com mordidas precisando ser contida e subsequentemente aparece Conchita que é nocauteada no mesmo instante.

Jennifer consegue se desvencilhar de todos e corre até entrar num cômodo guardado por um portão de metal que é trancado por dentro.

O caos é instaurado com um ataque de contaminados que já são muitos e Angela, Pablo e os outros se escondem. O grupo diverge entre furar o isolamento para buscar ajuda de fora ou esperar que a ajuda venha até eles. O desespero faz com que geral comece a trocar acusações sobre quem pode estar ou não contaminado.

Cesar, um dos moradores sugere uma rota de fuga por um armazém de tecelagem, porém para abrir o porão é preciso que alguém vá até a portaria para encontrar uma cópia da chave, porém antes de por o plano em prática o próprio Cesar é abduzido pelos infectados que estouram o esconderijo.

Sobrando agora apenas Angela, Pablo e Manu, os três lutam pela vida abatendo mortalmente os contaminados agora que já não há mais ninguém ileso além deles. No processo, Manu é abduzido e Angela segue com Pablo até encontrarem a chave do portão da tecelagem.

Procurando pelo paradeiro de Manu, a dupla encontram o bombeiro e o oficial da polícia convertidos em contaminados não sobrando escolha a não ser dar o pinote até finalmente chegarem ao seu destino que por dentro parece um laboratório abandonado.

Lá, eles encontram fotos e recortes de jornais que ilustram o caso de uma menina portuguesa acometida por uma possessão demoníaca, além de exames clínicos e um rolo de fita k-7 cuja gravação nos revela uma pessoa falando sobre uma enzima testada em laboratório que acabou se contaminando e afetando uma menina possuída (que não precisa nem dizer quem é) e que as tentativas de se produzir uma vacina foram até então infrutíferas.

Depois, Pablo e Angela são surpreendidos por um barulho seguido do grito de uma menina esquelética, contaminada, só de calcinha que passa pela dupla sem conseguir identifica-los o que dá brecha para a possibilidade dela não enxergar, porém isso não a impede de ataca-los e de cegar a câmera que era a única fonte de iluminação do local que se torna um breu.

A dupla se encontra através do tato e o que se segue é a menina contaminada andando pelo laboratório até que uma perseguição é iniciada. A criatura desmaia Pablo e ataca Angela que consegue se esconder mas não por muito tempo, pois ao tentar se arrastar para não chamar a atenção, a repórter é puxada pelos pés soltando um berro de pânico e o filme termina com a pergunta no ar: O que acontecerá com Angela?

O sucesso foi imediato gerando mais de 32 milhões dos um milhão e meio injetados no orçamento além das críticas positivas fazendo desta obra uma das melhores dentro do subgênero found footage e não é por menos, o filme é frenético, tudo acontece rápido porém digerível, a história é cheia de segredos saindo do previsível ao inimaginável num segundo.

A atmosfera de pânico, corre-corre, gritaria e incerteza embalam a trama que se quer tem uma trilha sonora marcante, passando por cenas regadas a apenas sons ambiente o que não atrapalha nada no fator imersão, muito pelo contrário, isso só agrega para a experiência.

A maquiagem e os efeitos práticos apesar de simples estão bem ok e as atuações então, nem se fala são o supra sumo da obra tornando convincente toda a situação de pânico que se instaura no condomínio mesmo focando em poucos cenários.

Dois anos depois, a produção espanhola recebeu de imediato um remake norte americano com o nome de Quarentena seguindo o enredo original mas sem o mesmo apelo. Além disso, de 2009 até 2014 ainda foram lançados mais três sequencias de REC que também não alcançaram o mesmo hesito apesar de manterem a direção intacta, além de um jogo para Android em 2012 chamado de REC The video game produzido pela 616 games que até chegou a fazer algum barulho na época do lançamento mas que não provocou tanto alarde e hoje é vendido quase de graça para quem quiser um bom FPS (jogos de tiro com visão em primeira pessoa) com elementos de terror found footage.

Fora isso, o primeiro longa metragem da franquia recebeu diversos prêmios como melhor filme, melhor atriz, melhor direção, entre outros.

Trailer: