A década de 1980 foi um ninho de filmes de canibais seguindo na contramão daquilo que era a maior aposta da época: os filmes slasher por abordar um tema mais realista e mais violento se aproveitando de um tempo onde a censura era menos comum principalmente no terror europeu que sempre foi muito menos conservador que o Hollywoodiano.
Claro que o italiano Eaten alive, cujo título original é Mangiati vivi! não era tão expressivo e polêmico quanto o Holocausto Canibal de Ruggero Deodato, mas apesar do orçamento baixo, o filme dirigido, roteirizado e de autoria de Umberto Lenzi conseguiu o seu lugar ao sol com o seu jeito de fazer terror, mesclando um pouco de aventura a la Allan Quatermaine e com nudez, por que toda obra oitentista italiana tinha que ter genitais de fora, principalmente femininas em cenas de sexo semi explicitas.
Para a época que foi produzido o filme, seus efeitos práticos davam uma boa imersão ajudados pela baixa resolução das tevês de tubo que borravam as imagens que hoje com a máxima resolução já escancaram a precariedade que a equipe técnica enfrentava tentando fazer parecer atos de selvageria e canibalismo.
Mas isso deixamos para o campo das considerações finais e vamos falar sobre a prévia do longa de 1980 que trás uma série de ataques de dardos envenenados executados um nativo africano que intriga a polícia de Nova Iorque e que tem ligação com uma seita religiosa onde se encontra Diana Norris, irmã desaparecida de Sheila que recruta o fanfarrão Mark Buttler para ajuda-la a transitar pelas aldeias de uma ilha na Nova Guiné a procura da irmã.
Lá, a dupla descobre que além da seita liderada por um tal Jonas Melvyn, ainda existe uma tribo de canibais muito perigosa que vive em uma gruta adjacente ao mar e que ataca qualquer um que viole seu território. Então lutando contra o tempo e as armadilhas de Jonas e seus fiéis, Sheila e Mark irão por suas vidas em risco para cumprir seu objetivo de resgate e fugir da ilha para poder contar a história.
Tudo começa há dias para a chegada do natal e o primeiro local que o filme nos leva é nas cataratas do Niágara no Canadá onde um nativo suspeito espreita um grupo de turistas, escolhendo um a dedo ao qual defere um dado de veneno mortal levando-o á desgraça.
Por seguinte, somos levados a Nova Iorque onde um sujeito aleatório telefona em um aparelho público e este se torna mais uma vítima do nativo misterioso.
Depois, ainda em Nova Iorque, próximo a um ringue de patinação, o nativo consegue sua nova vítima fatal, porém ele é descoberto no ato e no calor do desespero o assassino tenta fugir pela rua ignorando o trânsito, o que acaba custando sua vida que é tirada ao ser atropelado por um caminhão.
Durante a introdução, regada a uma típica musica disco setentista somos apresentados a jovem e bela Sheila Norris rumando para a uma agência de detetives onde busca notícias sobre o paradeiro de suas irmã Diana e o professor Carter que conduz a investigação menciona o nativo assassino dos dardos e sua recente descoberta de que ele é natural de uma ilha da Nova Guiné onde existe uma seita religiosa liderada por um suspeito chamado Jonas Melvyn.
A seita prega o ativismo anti-poluição e a purificação do homem pela natureza. O professor Carter mostra á Sheila uma gravação em vídeo conseguida por um informante onde é mostrado imagens da tal ilha onde acontece a seita e em meio a um ritual de flagelamento onde um dos fiéis é içado por ganchos acoplados diretamente na pele de suas costas, podemos ver Diana, irmã de Sheila que se tornou fiel e apresenta um semblante de transe.
Não muito mais tarde, Carter leva Sheila até um ponto barra pesada da cidade onde o investigador dá uma prensa na jovem Alma, ex-amante de Jonas para que confirme seu paradeiro e esta diz que o golpista a abandonou e fugiu da cidade há muito tempo.
Praticamente confirmado as suspeitas de Carter de que Jonas realmente está na ilha, Sheila pega o primeiro voo para Nova Guiné onde horas depois de sobrevoar o oceano, a jovem desembarca em um bar de péssima reputação onde encontra Mark Butler, recomendado pelo professor Carter disputando um braço de ferro verdadeiramente de macho com direito a uma faca cravada no meio da mesa para ferir gravemente o perdedor que é claro é o adversário.
Mark se apresenta como desertor da guerra do Vietnã e se nega a ser o guia de Sheila a princípio por preferir levar uma vida tranquila no vilarejo, mas um bom cheque de 80 dólares o faz reconsiderar e a dupla aluga um helicóptero e sobrevoam até as entranhas de Sharkir que é sua próxima parada e onde eles pousam e seguem a pé.
Depois de um bom tempo de caminhada, a dupla chega finalmente ao vilarejo onde são recebidos a bala por Reeves, o único branco num raio de meio metro naquele fim de mundo que além de não dar nenhuma informações sobre Diana ainda faz Mark e Sheila como prisioneiros em um celeiro.
Curiosa para ver o conteúdo de um balaio, Sheila leva o maior susto ao se deparar com várias cobras mas a ação rápida de Mark faz os animais voltarem rapidamente para o seu refúgio.
Horas depois, já no meio da noite, a dupla observa por uma janela um festejo acontecendo e ao mesmo tempo, Sheila tem uma visão com a irmã.
De manhã, temos um vislumbre de um nativo lutando contra um jacaré até mata-lo e descarna-lo abrindo sua barriga de ponta a ponta aos olhos de Reeves, que após a diversão vai até o celeiro para verificar como andam os prisioneiros que aparentam estar desmaiados, porém aquilo era só uma estratégia de Mark que derruba seu carcereiro e toma sua arma.
Rendido, Reeves revela que Diana Norris está viva e que há dias que ele a viu pela última vez. Mark soca uma nota na boca de Reeves como agradecimento pela informação e vai embora com Sheila seguindo pelo rio em uma canoa com dois nativos conduzindo a embarcação.
Num corte, temos um vislumbre de uma cobra matando um pequeno mico sufocado depois de uma ardorosa luta pela sobrevivência.
Já em terra firme, a dupla pernoita na floresta até o amanhecer quando eles voltam a navegar até que um jacaré enorme abocanha um dos canoeiros para a desgraça, forçando os demais a seguir a nado até a margem.
Depois de um tempo recuperando o fôlego, Mark percebe que o outro canoeiro furtou e fugiu com seus suprimentos. Não muito adiante, a dupla sente uma movimentação estranha e encontram o corpo do canoeiro ladrão esfolado com requintes de crueldade.
Enquanto isso, numa vila próxima, um grupo de nativos aborígenes atacam e estupram uma jovem cujos gritos chamam a atenção de Mark e Sheila que correm ao auxílio da vítima, mas ao chegarem á alguns metros, flagram a coitada já sem vida e sendo canibalizada pelos violadores.
Sheila entra em pânico, mas antes que consiga desferir um grito, Mark consegue abafar a boca da parceira o que evita que os canibais os descubram.
A dupla corre por alguns acres onde após se cansarem acabam montando acampamento e acabam se beijando após uma tórrida discussão.
Não muito depois, Sheila e Mark voltam a correr pois um grupo de nativos os encontram e rapidamente os perseguem e no meio da trilha a dupla se separa e Sheila acaba desmaiando ao ser cercada.
Ao acordar, Sheila encontra-se cara a cara com Reeves e o medico da aldeia que a medica. Depois, ela é levada até Jonas que se apresenta como líder da seita e explica com detalhes sua missão.
Dentro de uma toca, Mark e Sheila presenciam a confecção dos dardos que levam na ponta veneno de cobra e na saída, Jonas reaparece e confirma que Diana está viva e bem e convida os forasteiros para um festejo onde a irmã de Sheila finalmente aparece junto a outras belas jovens aparentando estar numa espécia de hipnose e completamente submissa.
Na cerimônia que é um funeral, o corpo que está ensacado é cremado até restarem as cinzas e ao término, uma bela jovem que é a viúva do morto é despida e obrigada a transar com os três cunhados um após o outro sobre as cinzas do falecido.
Depois da cerimônia, Sheila finalmente se encontra com Diana que diz estar bem com o culto de Jonas e que não mais voltará para a civilização, porém, assim que Jonas se ausenta, a jovem diz ter sido enganada e que o culto é um inferno do qual ela não consegue escapar.
Do lado de fora da toca, os nativos se divertem fazendo uma rinha entre um furão e uma cobra.
Em Nova Iorque, o professor Carter relata a polícia correm perigo com uma tribo de canibais e apesar de um comunicado do consulado constar que Mark e Sheila deixaram Nova Guiné há três dias, a preocupação não deixa de ser o foco do investigador.
De volta a aldeia, Jonas oferece uma bebida aos seus fiéis incluindo Mark e Sheila, porém o aventureiro alerta a parceira para não beber nada pois há um tipo de droga misturado.
Karan, um dos generais de Jonas ataca e amarra Mark fazendo-o prisioneiro. Depois, segue um festejo com direito a um sacrifício humano de um nativo que é decapitado e no mesmo instante, Sheila cai em transe por ter ingerido a bebida apesar do aviso de Mark.
Na sequencia, a jovem é despida e preparada para receber um pênis decepado diretamente em sua linda vagina. Paralelo a isso, Diana dá água para Mark e um nativo, fiel a Jonas, acreditando no bom coração e no propósito nobre de Mark o solta de suas amarras deixando-o fugir.
Mark corre até a margem do rio onde um nativo tenta recaptura-lo mas é morto no processo. Depois, Mark corre pela floresta sendo perseguido e se esconde no alto de uma árvore onde uma cobra o espreita.
Depois de despistar seus perseguidores, Mark desce da árvore e contorna a floresta até voltar para a aldeia onde ele tenta persuadir Jonas a aceitá-lo como seu fiel.
A verdade, é que Mark só está conseguindo tempo até conseguir traçar um plano de fuga com Diana que será pelo rio logo pela manhã.
Na manhã seguinte, Mark toma a bebida de Jonas enquanto passa pelo ritual de iniciação ao coro de "Glory aleluia".
Horas depois, em transe, Sheila é preparada para outro ritual e Diana tenta impedir Jonas de violar a irmã e ela acaba conseguindo ganhar algum tempo quando um dos fieis interrompe a cerimônia alegando que Reeves foi pego bêbado, algo que é proibido na comunidade.
Jonas ameaça banir Reeves da ilha e de seu rebanho apesar das suplicas.
Mais tarde, um jacaré é esfolado e comido fresco pelos nativos, enquanto Mowara, uma amiga de Diana e alheia ao plano de fuga observa a movimentação de seus semelhantes e toma uma canoa.
Enquanto isso, Mark invade a cabana de Sheila e a instrui a não beber mais nada dado por Jonas.
Um tempo depois, um festejo acontece e no auge, Karan denuncia Mark á Jonas por este ter bebido uísque na noite passada, o que ele nega e agride o general nativo.
A noite, Jonas conduz um culto e no auge, ele tenta possuir Diana, mas ela se nega a ceder e é ameaçada.
Mais tarde, Mark, Diana e Mowara vão até a cabana de Sheila que está em transe e se nega a deixar Jonas. Sheila é amordaçada e levada à força.
Ao amanhecer, os sinos da aldeia denunciam a fuga dos forasteiros e um grupo de buscar liderado por Karan é organizado.
Sheila consegue dar um olé em Mark que a persegue mas a perde de vista enquanto Diana e Mowara são pegas. Karan despe Diana e a estupra lá mesmo.
Do outro lado, Mark encontra Sheila presa em um buraco de armadilha e ele a tira de lá bem na hora em que passa o efeito da droga dando prosseguimento a fuga até a dupla ouvir a vos de Diana ao longe.
Ao se aproximarem, encontram Karan morto e decapitado, enquanto um dos canibais decepa e come um dos seios de Diana e outro come um pedaço do torso de Mowara enquanto ambas agonizam.
Não muito depois, as duas são decapitadas e suas cabeças são jogadas em uma fogueira, enquanto suas costelas são abertas ao meio e elas são espetadas virando churrasco..
Mark e Sheila acabam chamando a atenção dos canibais que os perseguem mas são mortos por suas próprias lanças. Emocionados, Mark e Sheila se beijam e para sua sorte três helicópteros da polícia aparecem e cercam o vilarejo.
Jonas ordena que muito veneno de cobra seja preparado.
Enquanto isso, Mark e Sheila fogem pela água sendo perseguidos pelos canibais até que um dos helicópteros avistam a dupla e o veículo dá um rasante resgatando Sheila enquanto Mark luta contra os últimos canibais. Por fim, Mark consegue subir a bordo para a liberdade.
No vilarejo, Jonas oferece bebida para seus fieis se matarem enquanto outros tiram suas vidas certos de que alcançarão os céus com Jonas.
A policia pousa e encontra todos mortos, menos uma menininha nativa que chora.
Uma semana depois, em Nova Iorque, Sheila segue hospitalizada e o noticiário pela tevê nos atualiza sobre a chacina da ilha de Jonas que segue desaparecido muito provavelmente escondido em algum outro lugar remoto do mundo pronto para fazer outro vilarejo de trouxa com sua lábia.
A polícia pede á Mark que não mencione nada á imprensa sobre os canibais por interesses ecológicos e políticos envolvidos, mas Sheila resolve que falará tudo o que viu em respeito a memória de Sheila e para que se faça justiça contra Jonas que não pode ficar impune.
Horas depois, Mark diz á Sheila que o cheque de 80 dólares que ela deu a ele está sem fundo, pois o dinheiro do qual ela dispunha vinha de uma das contas de Diana que foram todas zeradas para que ela começasse uma vida nova na seita. Mark rasga o cheque e joga os pedaços pela janela enquanto rolam os créditos finais ao som da música disco setentista.
Como deu para perceber, o roteiro foi bem frenético e instigante fazendo acontecer de tudo em pouco mais de uma hora e meia sem deixar o filme massante, o que é um ponto a favor.
O ponto negativo como eu já disse lá em cima são os efeitos práticos capengas que envelheceram mal como por exemplo naquela cena em que Mowara e Diana são canibalizadas. Mowara teve uma das pernas arrancadas para servir de tira-gosto mas dá para ver perfeitamente bem que a perna da atriz está simplesmente enterrada no chão falso que salta-se a vista que é algum tipo de carpete que falhou em emular o que deveria ser o mato raso.
O sangue apesar de ter uma cor perfeita e convincente aparenta ser molho de tomate diluído em um pouco de água para dar textura ou algo assim, mas não estraga a experiência, muito pelo contrário, esse tipo de detalhe só é perceptível vendo o filme em qualidade máxima como eu já disse, mas em uma boa e velha tevê de tubo esconde bem as coisas.
A direção de Umberto Lenzi é competente, a ambientação ajuda bastante, além da figuração e a trilha sonora é bem animadinha abrindo e fechando o filme de forma tranquila e positiva, o que sempre foi uma tática válida nesses tipos de filme. Basta ver o próprio Holocausto Canibal que tem uma música suave e dramática sempre ilustrando momentos de terror e desespero para segurar os ânimos do telespectador.
Trailer:
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