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sábado, 27 de janeiro de 2024

Terror nas Trevas / The Beyond / L' Aldilà (1981)

 


Finalizando o mês do giallo eu vos trago uma das obras mais cultuadas do mestre Lucio Fulci produzida em 1981 por Fabrizio De Angelis baseado na história de Dardano Sacchetti e engloba a segunda parte da trilogia não oficial As setes portas do inferno precedido por Pavor na cidade dos zumbis e sucedida por A casa do cemitério.

Por aqui já foi resenhado a terceira parte desta super produção numa época que eu ainda não tinha conhecimento de que havia uma sequencia e um prólogo, por isso que o capítulo inicial ainda não consta, mas num futuro próximo eu concluo e mesmo não sabendo muita coisa sobre, eu já imagino que seja tão bom quanto as duas sequencias a seguir.

O filme inicia na segunda metade dos anos 1920 num hotel da Louisiana onde um pintor é acusado pelos populares de ser um bruxo (ou feiticeiro dependendo da legenda) enquanto que paralelamente uma jovem misteriosa de posse de um livro chamado Eibon conjura uma magia que destranca uma das sete portas do inferno.

Com tudo conspirando contra o pintor, injustiçado ele é levado até uma masmorra no subsolo do mesmo hotel onde é aprisionado, torturado e morto de forma brutal.

Chegando nos dias atuais somos apresentados a nova herdeira do hotel em questão que inicia uma reforma, porém eventos estranhos acontecem a medida que a porta do inferno residente da construção ameaça se abrir novamente trazendo um apocalipse zumbi e muito mistério acerca do passado.

Começando pelo começo, somos introduzidos a um flash back que antecede os eventos principais, mais precisamente em 1927 na Louisiana como já mencionado através da noite numa edição em tom de sépia avermelhado, um grupo de populares enfurecidos e armados com tochas como todo bom clássico de época se dirige até o Hotel Seven Doors, onde Schweick um pintor humilde termina uma tela no quarto de número 36 (gravem bem este número por que ele vai aparecer muito durante toda a trama).

Paralelamente perto de lá, uma jovem loura misteriosa de posse de Eibon, um livro ocultista conjura um feitiço que abre um dos sete portões do inferno (ironicamente no mesmíssimo hotel de nome Seven doors, que é sete portões no português) e este evento acaba fortalecendo as suspeitas dos populares que já estão no hotel de que Schweick é um bruxo, o que ele contesta ao ser arrastado pelos corredores subterrâneos do hotel e ainda diz que ele é o único que pode evitar que o portão do inferno seja aberto.

Sem dar ouvidos, os populares o levam até uma espécie de masmorra onde ele é pregado pelos pulsos na parede (junto a uma marca misteriosa pintada) e posteriormente é torturado após ter o rosto marcado com um golpe de corrente. Não bastasse, um dos homens joga uma substância leitosa e borbulhante em parte do rosto de Schweick que agoniza a medida que a substância é jogada por todo seu corpo levando-o á morte.

Nos dias atuais, Liza Merril coordena a reforma do Seven Doors do qual ela recebera de herança ao lado de seu amigo Martin Avery, que como se pressentisse um mal presságio tenta convencer a jovem de que a restauração do imóvel deveria ser contida e que se possível ela o vendesse, porém Liza está empolgada demais para desistir desta empreitada.

Por entre as paredes da área externa do hotel, dois operários, entre eles Larry acaba caindo do andaime ao presenciar a estranha aparição de uma mulher de olhos brancos e penetrantes do outro lado da janela como se fosse um fantasma o que o faz delirar e enfatizar seus olhos, a única frase que ele consegue em delírio pronunciar.

Depois que o ferido é removido e transferido para o hospital, Liza junto ao seu amigo e legista, o doutor John McCabe encontram em uma das ante salas do hotel uma série de quadros empoeirados mas antes que pudessem analisa-los um painel da recepção emite um alarme advindo do quarto de número 36, ironicamente o mesmo que era ocupado por Schweick no passado.

Na sequencia, Joe o encanador chega ao hotel para conter uma infiltração no subsolo do Seven Doors que inunda todo o local incessantemente. Guiado por Liza, o encanador chega ao local indicado após atravessar um jogo de escadas e la mesmo encontram uma mulher chamada Martha que junto do faz tudo Arthur é a criada do estabelecimento.

Sozinho no local da infiltração, Joe martela uma parede podre e abre um rombo que dá um cômodo adjacente onde uma das paredes tem a mesma marca tatuada onde Schweick fora executado o que significa que lá é o exato mesmo local.

A parede podre começa a derreter e de lá de dentro sai uma mão apodrecida que espreme o crânio de Joe até um de seus olhos pulares para fora da órbita extinguindo sua vida dando o famoso close, marca registrada de Lucio Fulci.

Na cena seguinte, vemos uma estrada reta no caminho da cidade onde Liza se dirige e quase acaba atropelando uma jovem cega e seu cão pastor alemão que se interpõe em seu caminho propositalmente. Esta se identifica como Emily e diz a herdeira do Seven Door sque a estava procurando.

De volta ao hotel, Martha procura por Joe por conta de sua demora e por entre as poças de água, a criada pressente que algo não está certo.

Enquanto Liza volta ao hotel na companhia de Emily, Martha percorre o subsolo do estabelecimento e encontra o corpo do encanador cuja face se desfazia em uma espécie de fluido o que o deixou deformado e ao mesmo tempo, um corpo totalmente putrefato emerge de uma poça.

Sem dizer exatamente a que veio, Emily aconselha Liza a deixar o Seven Doors o quanto antes.

Horas depois, uma dupla de legistas analisam o corpo apodrecido que apareceu no Seven Doors trazendo junto o corpo de Joe para a autópsia e assim que o necrotério fica sozinho, inesperadamente o cadáver antigo que definitivamente pertence a Schweick volta a ter batimentos cardíacos.

Ainda no IML, uma mulher chamada Mary-Ann e sua filha adolescente Jill fazem os preparativos para a liberação e sepultamento de Joe que é marido da senhora e pai da menina. No mesmo instante o corpo morto-vivo de Schweick desperta perante a viúva que grita em pânico.

Jill que estava na sala de espera tem sua atenção chamada com o grito da mãe e sem pensar duas vezes ela entra no necrotério apenas tendo tempo para ver sua mãe morta tendo sua face corroída com ácido e uma enorme onda de sangue que cobre o chão se aproxima da menina que corre até a porta mais próxima onde a incauta descobre vários corpos em pé e um deles, com o rosto desfigurado cai sobre ela fechando a cena com um close memorável em câmera lenta focando na expressão de Jill.

No corte para a cena seguinte, temos Liza num restaurante com seu advogado, o doutor Harris onde ela fala sobre suas várias carreiras fracassadas e sua atual herança que é sua última chance de se reerguer e fazer algo grande e relevante na vida.

Na cena seguinte que se passa algumas horas depois, temos o sepultamento do encanador Joe e sua esposa Mary-Ann que culmina na solidão de Jill que é amparada por Liza. Neste momento, temos um close nos olhos de Jill que ficam brancos como os de Emily que definitivamente é a mesma dona dosolhos brancos que assustaram o operário Larry lá no início.

De volta ao hotel, Liza procura por Emily e nisso temos um vislumbre de uma face cadavérica até que a câmera paira no ar como um fantasma nos levando ao quarto número 36.

Paralelamente, Emily conta a Liza sobre Schweick, o Eibon e o que o livro representa até que o alarme do quarto número 36 soa. Após um mal pressentimento, Emily pergunta sobre o quarto mencionado, que Liza diz estar vazio e a jovem cega diz que aquele era justamente o quarto do pintor executado e que o Seven Doors abriga um dos sete portões do inferno que no passado foi aberto com ajuda de uma magia do Eibon.

Ao tatear uma parede, Emily encontra vestígios de sangue e corre até o jardim aos gritos no breu total.

Com os primeiros raios de sol, Liza entra no quarto número 36 onde encontra Eibon intacto além do corpo apodrecido de Schweick pregado na parede tal qual fora deixado desde de 1927 e nisso, a jovem se põe a correr até encontrar John. Em pânico, Liza convence o amigo a ir com ela de volta ao quarto do pintor onde não encontra nada do que estava lá antes além dos pregos na parede.

Liza explica o que descobriu através de Emily e John revela que o lugar onde a jovem cega disse que mora não tem morador algum há aproximadamente cinquenta anos.

Mais tarde, Liza anda por uma biblioteca e encontra o Eibon e ao perguntar ao esquisito dono do local sobre o livro, este diz que ele está lá há mais de dois anos e ao voltar-se para o livro a jovem percebe que o Eibon sumiu dando lugar a um outro livro aleatório.

A par da história do Eibon, Martin pesquisa a respeito na biblioteca estadual e ao encontrar um livro que conta a história do Hotel Seven Doors, um raio cai sobre o lugar fazendo o amigo de Liza cair do alto da prateleira batendo sua cabeça mortalmente.

Sucedendo a queda, um grupo de aranhas vindas sabe-se lá de onde caminham sobre o corpo de Martin que se torna banquete tendo nacos de sua pele arrancada com carne e tudo numa cena muito bem montada e perturbadora além de lenta e tortuosa.

No cruzamento da estrada principal, John resolve invadir a tal casa velha onde supostamente mora Emily e encontra o Eibon por entre a poeira e o entulho. Ao entrar, o médico lê uma passagem enquanto que paralelamente, Martha volta a cena fazendo a limpeza do quarto número 36.

Ao encontrar a banheira entupida por um liquido escuro, a criada mete a mão nua até o fundo numa tentativa de alcançar o tampão e só encontra um chumaço de cabelo sujo. Das profundezas da banheira emerge o corpo revertido de zumbi de Joe que agarra Martha pelos cabelos e a arrasta até a parede mais próxima onde ele empala o crânio da serviçal em um prego matando-a depois de ejetar um de seus olhos das órbitas.

No IML, John leva Eibon ate os restos de Schweick e ele compara a marca dos bruxos de uma das páginas do livro com uma tatuagem no braço do pintor que é a mesma marca que havia na parede da masmorra.

Enquanto isso, o cachorro de Emily pressente algo nefasto por perto o que é captado pela jovem que invoca quem quer que esteja se escondendo. O invasor é Schweick e fica subentendido através das suplicas da jovem cega que ela veio do inferno por meio de uma das chaves e ela implora para não voltar para lá.

Emily solta o cachorro para cima do morto-vivo que desaparece. Inesperadamente, o mascote da jovem a ataca puxando um bife de seu pescoço e por conseguinte arranca a sua orelha.

Do outro lado, John tenta contactar Liza mas ninguém atende o telefone, pois neste instante a herdeira do hotel está nos corredores dos quartos procurando Martha mas encontra Arthur revertido em um morto-vivo que tenta ataca-la, mas ela se põe a correr desesperadamente.

No breu, Liza é pega por John e só para de gritar quando o reconhece e este admite acreditar na veracidade da história do quarto número 36 e volta a alegar que a casa de Emily está abandonada e que a jovem não existe.

O médico ainda diz ter encontrado o Eibon e os dois correm até o quarto número 36 onde John questiona sua amiga e paciente sobre quem ela é e sua ligação com a Seven Doors que definitivamente é uma das portas para o inferno.

Um clarão seguido de um terremoto faz a dupla correr paralelamente ao mesmo tempo que sangue começa a escorrer da parede.

A dupla evade do hotel no carro do médico enquanto vemos vultos pelas janelas.

Depois de rodar por um tempo, John e Liza chegam ao IML que estranhamente está vazio e no escritório, o doutor se arma e tenta contactar o FBI, até que a herdeira do Seven Doors sente verter sangue de suas mãos ao mesmo tempo que os mortos saem do necrotério.

Um dos mortos-vivos ataca Liza, mas John o alveja dando início a uma fuga até o elevador com uma certa facilidade já que a horda de zumbis é mais lenta que o normal o que gerou a eles a fama de serem os zumbis mais lentos da história dos filmes de terror.

Aliás, esta história toda acaba gerando uma sequencia engraçada onde John desfere vários disparos no exército de mortos-vivos que mal se mexem na sua frente e se quer o atacam, o que dá a entender que seria mais lucrativo ao médico simplesmente meter a bicuda em geral e sair correndo, porém o roteirismo preferiu montar uma cena de heroísmo que se saiu mais como uma comédia pastelão.

Enquanto Liza toma o elevador involuntariamente, John se tranca em outro cômodo. Liza chega ao necrotério onde encontra Jill e esta revela seus olhos brancos penetrantes a medida que os mortos vivos se acercam do local.

John encontra seu parceiro, o legista Harris com vida e inicia uma fuga com ele, porém um forte vendaval bate estourando o vidro de uma das portas fazendo os estilhaços acertarem Harris que morre perfurado (detalhe: se você prestar bem a atenção vai perceber que o ator Al Cliver, o intérprete de Harris já sabendo do momento em que vai chover estilhaços cenográficos se adianta e fecha os olhos antes da hora; mas quem sou eu para julgar?).

Liza e John se reencontram na cabine do elevador e a dupla corre junto com Jill até serem cercados pelos mortos-vivos tendo que procurar por outra saída.

Ao mudar sua rota de fuga, o trio dá de cara com Schweick que é imune aos disparos de John. Nisso, Jill ataca Liza do nada e percebendo que a menina agora pertence aos mortos a executa com um tiro.

Sem mais balas em sua arma, John pega Liza e sai do IML, porém subitamente, a dupla é transportada para a masmorra da Seven Doors e subsequente chegam a uma dimensão obscura onde existem vários cadáveres jogados dando a entender que aquela é a entrada do inferno.

Desolados e aparentemente hipnotizados, Liza e John esbugalham seus olhos brancos ficando claro que agora eles fazem parte daquela dimensão como espíritos e no mesmo instante eles desaparecem debaixo da trilha sonora nefasta enquanto rolam os créditos finais.

O final pelo menos para mim dá a entender que tanto Liza quanto John ficaram presos para sempre no inferno se tornando almas cegas como era o caso de Emily. Aliás, a respeito desta personagem o que eu consegui digerir é que ela foi tragada pela mesma dimensão no início do filme e conseguiu voltar para o mundo dos vivos mas cega e sem seu corpo físico como punição.

E o motivo pelo qual ela se impôs no caminho de Liza, foi para convence-la a deixar o hotel para evitar que o Eibon fosse lido novamente por que como ela disse lá atrás, não queria mais voltar para o inferno e como ela sentiu na pele as consequências por mexer com o ocultismo ela não quis que a herdeira da Seven Doors tivesse o mesmo destino, coisa que no final não foi evitado mostrando que ninguém pode fugir do destino e tão pouco das portas do inferno.

A qualidade técnica ficou tal qual uma obra de Fuci: muito sangue, efeitos práticos e maquiagem espetaculares, um enredo que trás ocultismo, mortos-vivos, almas penadas, mistério e altas reviravoltas; não há do que reclamar o conteúdo é absoluto ressalvando a cena do tiroteio no IML no ato final, aquilo foi triste.

A atriz Catriona MacColl já havia protagonizado no ano anterior a primeira parte da trilogia no papel de Mary Whoodhouse, aliás ela é a única que permaneceu em todos os três filmes, seguindo logo depois como Liza em The Beyond e ainda no mesmo ano em A casa do cemitério deu vida á Lucy Boyle, parte do trio de protagonistas deste que também foi um excelente longa metragem trazendo tanta profundidade e qualidade gráfica quanto seus antecessores.

A trilha sonora ficou por conta do compositor Fabio Frizzi trazendo arranjos de gelar a espinha. Frizzi já havia contribuindo com as trilhas de Pavor na cidade dos zumbis, Um gato no cérebro (Cat in the brain), O terror da serra elétrica (Pieces), além de algumas obras do western spaghetti, o que só agrega a qualidade do filme.

Os famosos closes nos olhos dos personagens é claro que não ficou de fora visto que este era o fetiche de Fuci e aqui este recurso se mantem com a mesma qualidade e assiduidade de suas outras obras, além das tomadas memoráveis como o despertar dos mortos no necrotério, o flash back do início que nos banha com uma incrível edição de sépia avermelhada somada à figuração e a montagem de época muito bem feita.


Trailer:



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