Seguindo o mês do teen slasher vagabundo eu escolhi um filme meio termo: nem fede nem cheira. O longa em questão é Colinas de sangue de 2009 dirigido por Dave Parker que surfava na onda deixada pela revitalização do subgênero slasher causada por filmes como Pânico e Eu sei o que vocês fizeram no versão passado.
Eu tenho que tirar o chapéu por que o que foi feito nessa obra que contou com o roteiro de David J. Schow, John Dombrow e John Carchieta acabou sendo satisfatório apesar de beirar o genérico e não mostrar nada muito novo e que me fizesse prender a atenção, mas conseguiu trazer um conteúdo forte até mesmo para uma produção Hollywoondiana que desde que o cinema existe faz de tudo para não trazer desconforto em suas películas.
A história é uma mescla de gore com mistério que nos leva a um fanático por filmes de terror que está numa busca incessante pela locação de um longa metragem cujos bastidores escondem um segredo extremo e perturbador que fez com que todos os rolos de filme fossem destruídos, mas o nosso protagonista tem pistas de que no tal lugar onde o filme foi rodado ainda pode ter o último rolo e ainda por cima que o assassino da obra que é um slasher ainda anda por aquelas bandas.
Estabelecido o ponto principal, o objetivo principal do filme nós conhecemos um pouco do elenco para ir pegando empatia e no desenrolar da trama a merda é jogada no ventilador com tanta verdade vindo a tona e antes que tudo se torne uma novela mexicana a matança começa pelas mãos de uma figura misteriosa cuja identidade nós vamos desbravando durante o passar do tempo até chegar no desfecho.
A introdução do filme nos dá um vislumbre de uma pessoa mentalmente desequilibrada retalhando o seu próprio rosto e a câmera foca numa máscara de bebê de porcelana.
Depois, nós temos uma narração que fala sobre um filme chamado Colinas vermelhas que foi produzido em 1982 no auge dos slasher que acabou gerando muita polêmica em seu pré lançamento que não por acaso foi o último também já que todas as cópias físicas foram confiscadas e destruídas.
Finalmente somos levados aos dias atuais onde conhecemos Tyler, um aficionado por filmes de terror conseguindo através de um contato da internet um trailer raro de Colinas vermelhas, um slasher clássico que tem como antagonista uma figura alta e forte usando uma máscara de bebê amarrada com um rolo de arame farpado e atada a uma mandíbula de esqueleto chamado de Baby Face, um assassino frio e implacável.
O interesse de Tyler acerca do filme é descobrir o paradeiro do suposto último rolo que sobreviveu a retaliação de 1982.
Lalo, melhor amigo de Tyler acredita que o filme em questão desapareceu por ser uma bosta de uma hora e meia mas movido pela curiosidade resolve ajudar nas investigações tendo como única pista uma tal de Alexa Concannon, filha do diretor Wilson Willer Concannon que pode ter alguma resposta.
Sem tempo a perder, Tyler segue um endereço adquirido com muito custo que é o de uma boate de baixa reputação onde trabalha Alexa que assim que encontrada acredita que o rapaz é um cliente e o leva para uma red room para uma particular.
Enquanto a striper incia uma dancinha para Tyler, Lalo fura o olho do amigo passando o rodo em Serina a namorada descontente do jovem obcecado.
Voltando ao showzinho de Alexa, Tyler que se sente incomodado leva a drogadinha até o barraco onde ela mora onde vemos alguns materiais de divulgação de Colinas vermelhas como posteres.
Enquanto viaja na heroína, Alexa diz não ter o filme em mãos e acredita que Tyler seja só mais um fã da obra obscura do pai que quer tirar proveito dela.
Tyler telefona para Lalo para atualiza-lo sobre o andamento das investigações e logo depois muda da água para o vinho amarrando Alexa, passando a estuprá-la e assim persuadi-la a ceder uma entrevista exclusiva para ele.
Concordando com a proposta, Alexa une-se a Tyler, Lalo e Serina que estava até então puta por que o namorado havia sumido por dias o que a faz desconfiar que ele andou metendo a trolha em vaginas alheias (o que de fato é verdade, porém que moral ela tem para reclamar?).
Com o equipamento de filmagem, o quarteto freta um carro que os leva para as entranhas de uma floresta onde o filme foi rodado para procurar algum vestígio do rolo na casa onde Wilson Concannon viveu até seus últimos dias.
Ao chegar nos arredores, Alexa vê um homem misterioso usando o figurino do Baby Face.
Depois de voltar a pegar estrada, o grupo para num posto de gasolina onde Tyler pergunta aos populares sobre Colinas vermelhas e uma senhorinha que conhece Alexa diz que Wilson costumava a usar sangue de verdade nas filmagens e Sonny outro cidadão ali presente diz ter chegado a ver o filme numa pré estréia exclusiva no drive in que acabou tendo que fechar logo depois por conta da baixa reputação do longa metragem.
Saindo do estabelecimento, o grupo ruma até uma colina que dá nome ao filme e Alexa menciona ter breves flashs de memória de quando ela era criança e que ela assistiu ativamente as filmagens de Colinas vermelhas que eram tão intensas e realistas que a menina acabou ganhando a reputação de ter enlouquecido após o termino da produção.
Chegando finalmente a cabana de Wilson, Lalo revela ao grupo ter trazido uma pistola para o caso de dar muita merda.
No meio de uma caminhada, o grupo encontra instrumentos de efeitos práticos do filme enterrados e nisso temos um flash back do Baby Face matando uma mulher amarrada numa árvore a partindo ao meio na presença da menina Alexa e aqui eu devo ressalvar que nós temos um efeito de CGI muito porco, uma das maiores reclamações de quem viu o filme.
Durante um acampamento noturno, agora voltando ao presente, Alexa conta aos outros que Baby Face era um cara que nasceu com retardo mental sendo fruto de um estupro. Quando a mãe do menino morreu, o pai o prendeu em sua casa e cortou seu rosto. O menino tentou costurar suas feridas, mas as marcas ficaram para sempre.
O Baby Face tinha uma boneca com o rosto de porcelana perfeito que ele tentou usar como máscara para que o seu pai gostasse dele, mas seu esforço foi todo em vão.
Na hora de dormir, Tyler analisa boa parte de tudo que ele filmou e descobre que o estranho vestido de Baby Face foi pego rapidamente num frame da gravação.
Na sequencia, o rapaz junto de Alexa capta um barulho estranho e ambo seguem com a câmera ligada na tentativa de filmar algo que seja útil, mas na corrida, Tyler é golpeado e capota.
Ao acordar, Tyler descobre amarrado junto com seus amigos e que o ataque foi obra do caipira Sonny do posto de gasolina que resolveu tirar proveito da situação para pegar os forasteiros e repentinamente, o verdadeiro Baby Face aparece e mata a dupla de caipiras com o uso de uma picareta e uma faca.
Alexa tenta pegar a faca de Baby Face mas é impedida e do nada, a vadia resolve canta uma canção de ninar que domina o grandalhão dando brecha para o início de uma fuga.
Enquanto se solta, Tyler diz que o que está acontecendo é igual a uma tomada do filme e vai atrás de Alexa enquanto Serina e Lalo divergem sobre como fugir das colinas e acabam usando o pouco sinal de celular para tentar pedir alguma ajuda de fora.
Tyler chega à cabana de Wilson enquanto que paralelamente, Lalo e a amante correm ao sentirem uma aproximação. Serina acaba caindo no meio do caminho e ao voltar para resgata-la, Lalo dá de cara com o Baby Face.
Lalo tenta assustar o algos com um tiro de sinalizador, porém acaba atingido e é imobilizado.
Tyler invade a cabana e filma todo o material do filme que ele encontra até se assustar com o badalo de um relógio de pendulo.
Enquanto Baby Face corre atrás de Serina, Tyler encontra uma sala vermelha de revelação de fotos e um rolo de negativos com as fotos do encontro que ele teve com Alexa na boate.
Logo depois, Tyler encontra Alexa amarrada, amordaçada e pelada na cama e se deduz que Wilson Concannon está vivo e por trás de tudo com o propósito de dar continuação do filme usando Serina, Lalo e eles como personagens de um Colinas de sangue real!
Sem perda de tempo, a dupla inicia uma fuga, mas Baby Face aparece e agride Tyler jogando-o contra a parede enquanto Serina que havia chegado a cabana mete o foda-se no namorado e em quem ela pensa ser sua amante pondo-se a se esconder.
Alexa do nada ordena á Baby Face que pegue Serina que está se escondendo num celeiro, onde vemos vários corpos esfolados e pendurados de onde o assassino mascarado aparece de surpresa.
Baby Face a procura em um monte de roupas que astutamente se escondeu num tambor de sangue.
Depois de esperar o inimigo ir embora, Serina sai do tambor, se limpa e ao dar alguns poucos passos é pega por Baby Face que estava espreitando do telhado e pulou sobre ela imobilizando-a.
Uma série de flash back até Tyler recobrar a consciência na sala de rolos de filmes onde um deles é a versão definitiva do cobiçado Colinas vermelhas.
Wilson Concannon aparece da penumbra confirmando estar vivo e este diz que o Baby Face original era um ator fraco que não tinha amor pela camisa pois se recusava a matar de verdade e ele foi quem acabou sendo morto a sangue frio pelo diretor que filmava tudo ao mesmo tempo.
Do outro lado, Alexa mantém Lalo e Serina como prisioneiros e revela que ela faz parte de um plano de seu pai que era atrair um grande fã de sua obra que trouxesse até ele pessoas que ele pudesse usar como vítimas reais para finalizar a refilmagem de sua obra.
Baby Face aparece e leva Serina enquanto Wilson revela á Tyler que filha engravidou quando ela era muito jovem e ele aproveitou para moldar a criança como seu novo assassino seguindo o mesmo plot do Baby Face do filme: os abusos, os traumas e a deformação.
Lalo que está preso pelo tórax num instrumento de tortura tem seu corpo espremido aos poucos.
Serina por sua vez, tenta ludibriar Baby Face com a mesma canção de ninar que Alexa cantou para ele anteriormente, porém o serial killer é debochado dizendo que com ela essa tática não funciona (sim, um assassino de slasher que fala!).
Paralelo, Lalo tem seu sangue drenado e escoado em um balde para ser usado como efeito prático ao mesmo tempo que Wilson diz que o que assusta as pessoas é a realidade e não efeitos práticos baratos.
Serina consegue se livrar de suas amarras enquanto Tyler presencia Lalo sendo torturado e nisso, ele apela para a chantagem barganhando fama em troca da liberdade dele e dos amigos, mas Wilson caga para o discurso deixando claro que o que importa a ele é o amor pela arte extremista.
Através de uma rachadura na parede, Serina observa Wilson filmando e Alexa tira a máscara de Baby Face revelando a atrocidade que o avô fez com o assassino.
Alexa se desentende com Wilson dando início a uma briga e Serina aproveita para procurar uma saída.
Sem a menor paciência e o menor remorso, Wilson dá um tiro nocauteando Alexa. Irado, Baby Face o ataca e nisso descobrimos que o assassino é filho do diretor que estuprou a própria filha para criar o clima perfeito para o nascimento e o crescimento de seu próprio Baby Face.
Baby Face desfere vários golpes de faca no crápula enquanto Tyler filma tudo, mas para quando o assassino tenta ataca-lo, porém Serina surge para salvar o dia perfurando o peito do grandalhão que cai feito jaca podre no chão.
Antes que pudesse respirar aliviado, Tyler é golpeado na cabeça por Alexa que está viva e acorda amarrado e amordaçado diante de várias câmeras numa sala de cinema junto de vários corpos sentados nas poltronas incluindo o de Lalo.
Alexa revela ser a verdadeira diretora por trás do novo Colinas vermelhas por julgar que a sua versão é superior a do pai e nisso, mostra o rolo original do filme contendo tomadas de mortes reais além de cenas de torturas e mutilação.
Num desses cortes, temos as cenas com Lalo e Serina fazendo Tyler enlouquecer de tanto rir.
A cena corta e temos entrevistas com Tyler e seus amigos como se fosse uma espécie de making off.
Os créditos descem porém são cortados para uma cena pós créditos onde Serina aparece amarrada em uma cama e Alexa aparece para acalmá-la e depois acaricia a barriga da prisioneira que se revela estar grávida e canta para ela a mesma canção de ninar do Baby Face dando a entender que este será o novo Baby Face no futuro, o que faz a jovem gestante gritar ao constatar o terrível destino que a aguarda.
Eu não duvido que esta cena tenha tentado forçar uma ponta para uma sequencia, o que os poucos espectadores que gostaram do filme sempre pediram.
O filme em si não é tão terrível como todos dizem, eu até gostei da extremidade da violência, o plot twist foi imprevisível e a história de origem do antagonista apesar de genérica acabou gerando um assassino que mesmo levando todos os clichês dos anteriores em quem ele se inspirou é um personagem que tem certo carisma juntando o elo com a mãe tal qual Jason Voorhees de Sexta-feira 13 com um pouco de deboche tal qual Freddy Krueger de A hora do pesadelo.
A figuração do Baby Face é bacana e criativa e transfigura um assassino básico: silencioso (apesar de saber sim falar), alto e com uma força descomunal, além de ter uma criatividade insana na hora de matar suas vítimas.
O grande problema do filme é a parte técnica que podendo usar e abusar de efeitos práticos simples acabaram optando por ir na onda dos efeitos produzidos em computação gráfica que ainda estava engatinhando e poucos eram os estúdios que conseguiam produzir algo com maestria. Um exemplo disso é a já citada da cena da moça aleatória partida ao meio. Aquilo é um lixo total e se já era tosco na época em que o filme foi rodado, hoje então está catastrófico.
Para vocês terem uma noção do quanto o filme se tornou esquecível para os fãs de terror, sua página oficial na Wikipedia não tem a escalação do elenco, uma ficha técnica descente e tão pouco uma sinopse que passe de três linhas; é lamentável.
Não há rostos conhecidos no elenco mas vale mencionar o protagonista Tad Hilgenbrink que no ano anterior fez parte do também terrorífico Diversão Macabra além de ter dado vida ao personagem Matt Stifler em alguns filmes da saga de comédia icônica de American Pie.
No mais, o filme é um bom aperitivo e segue a cartilha de um bom slasher com tomadas de mortes interessantes, atuações dentro da média e uma trama instigante que te prende. Só não tem tantas vítimas e nem uma produção técnica decente, mas ao menos o roteiro não é de se jogar fora. Está bem dentro da média e me marcou alguns poucos anos depois de seu ano de lançamento que foi quando eu vi pela primeira vez na tevê a cabo, então vale a pena dar uma chance.
Trailer:
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