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Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

sábado, 2 de setembro de 2023

Não fale o Mal / Speak no Evil / Gæsterne (2022)

 


Uma das maiores surpresas do ano de 2022 foi o europeu Speak no evil que na tradução literal do nome original é "Os convidados", o que cá entre nós teria sido um título muito melhor e mais chamativo aqui para o público americano, mas relevemos e foquemos apenas naquilo que realmente importa que é seu enredo perturbador e seus momentos pontuais de um terror cru e incômodo que nos amarra na poltrona.

O longa retrata um recente laço de amizade entre duas famílias, uma vinda da Dinamarca e outra de procedência holandesa que começou durante um passeio na Toscana e se estendeu até um convite para um passeio na Holanda que se torna um pesadelo conforme as máscaras vão caindo.

É um terror psicológico que mexe com nossos nervos fazendo-nos julgar certas atitudes e dificultando a crianção de um laço de empatia entre os mocinhos que simplesmente não nos ajudam a ajudá-los já que comumente seu método para lidar com diversas situações são fortemente questionáveis.

O clímax é o único ponto em que conseguimos de fato sentir alguma empatia e de certa forma muita pena do casal de protagonistas que tem um fim trágico fruto de suas más escolhas e de sua passividade.

Tudo começa durante as férias na Toscana de uma família dinamarquesa formada por Bjørn (lê-se Biórn), sua mulher Louise e sua filha Agnes.

Durante um momento de diversão na piscina, o agradável holandês Patrick convida os recém chegados para um jantar de confraternização com outros turistas logo mais.

Na manhã seguinte, Bjørn leva a família para passear pelos pontos turísticos onde encontram mais uma vez com Patrick desta vez acompanhado com sua mulher Karin e o tímido filho do casal, Abel.

Os holandeses rapidamente convidam os dinamarqueses para almoçar juntos e em questão de minutos todos se abrem intimamente.

Dias depois, Bjørn recebe um postal de Patrick e Karin convidando os novos amigos para passarem um fim de semana em sua casa de campo na Holanda.

Depois de confidenciar com um casal de amigos de longa data sobre a proposta dos novos amigos, Bjørn resolve aceitar o convite dos holandeses e em questão de pouco tempo a família zarpa no primeiro navio e chegam ao seu destino em algumas boas horas de viagem.

O tempo passa voando e a família de Bjørn finalmente chega ao local indicado onde ambas as famílias passam por bons momentos de descontração se abrindo sobre sua rotina e suas ocupações, até a hora do jantar onde Louise passa por uma experiência desconfortável quando Patrick a obriga a comer um pedaço de carne sendo que ela é vegetariana e ela só o faz para não ficar mal com os anfitriões logo na chegada.

Depois da refeição, Bjørn resolve sair para tomar ar e é surpreendido por Abel que aparenta tentar dizer algo a ele mas o que faz é mostrar o céu de sua boca que estranhamente não possui língua. Patrick vê os dois conversando e diz ao amigo que Abe tem uma doença congênita que o fez nascer sem a língua.

Na manhã seguinte, as famílias fazem um passeio pelo moinho de vento onde Patrick e Abel tem um pequeno problema de comunicação que faz os convidados se sentirem desconfortáveis e isso é notável na volta quando Louise diz ao marido não estar a vontade com a dinâmica desta família estranha, mas Bjørn acha que a mulher só está fazendo alarde.

Na sequencia, Patrick convida os amigos para jantar fora deixando as crianças ao cuidado de Muhajid, um amigo íntimo dos holandeses e mais uma vez Bjørn é passivo a proposta sem achar estranho que um marmanjo que ele não conhece vá tomar conta de duas crianças pequenas, entre elas a sua única filha.

Durante a estadia no restaurante, Bjørn e Louise se sentem incomodados com a liberdade dos amigos que normalizam suas intimidades em público se beijando calorosamente como se estivessem em pré coito.

Depois, Patrick dá um migué na conta fazendo o convidado pagar tudo e como se não bastasse, na volta o holandês ainda dá sinais claros de embriagues ao volante ao ligar o rádio do carro no máximo.

De volta a casa, enquanto toma banho, Louise se sente vigiada e ouve alguém escovar os dentes atrás do box.

Já na cama, os dinamarqueses se empolgam e iniciam uma transa até que Agnes que se levantou da cama tenta chamar a atenção dos pais para ela poder dormir com eles, porém o coito fala mais alto e Bjørn convence a mulher de que a filha deve superar seus problemas de sonolência sem a ajuda deles.

Um tempo depois, Louise encontra Agnes dormindo com os holandeses que estão completamente pelados e este é o estopim para a mulher de Bjørn pedir com urgência que os três vão embora daquela casa de loucos naquele mesmo instante.

A família sai na surdina praticamente livres daquele hospício, mas no meio do caminho Agnes percebe que seu inseparável coelhinho de pelúcia não está no carro e implora para o pai retornar todo o trajeto para reaver o bichinho e mais uma vez, Bjørn não consegue dizer não para a filha.

Bem no momento em que a família chega á casa de campo, Agnes percebe que seu maldito coelhinho estava o tempo todo perdido debaixo do carro, mas agora é tarde, pois Bjørn resolve aproveitar a ocasião e o horário para tirar a limpo com os holandeses sobre tudo o que os incomoda sobre seu comportamento conjugal e sobretudo a forma como o casal trata Abel.

Além do mais, o casal ainda joga merda no ventilador sobre o veganismo de Louise e sobre Agnes ter ido dormir com os amigos estando estes como vieram ao mundo. Patrick e Karin pedem desculpas pela carne e justificam o que fizeram a menina alegando que ela estava chorando e que os dinamarqueses tem toda a culpa no cartório já que negligenciaram a filha.

Com os ânimos esfriados, Patrick leva Bjørn para dar uma volta de carro e o leva até um deserto onde eles param em uma colina, onde o holandês faz o amigo botar todas as suas frustrações para fora dando um bom grito no meio do nada certo de que o dinamarquês se sentirá muito melhor e é o que ele faz deixando-o mais disposto na volta para a casa de campo.

Mais tarde, Louise corta o dedo enquanto prepara o almoço e Patrick acaba tendo que desmentir que ele disse lá no início do primeiro jantar sobre o fato dele ser médico e o holandês diz ter contado uma mentira pequenininha apenas para passar uma boa impressão aos amigos.

Depois do almoço, Agnes com ajuda de Abel prepara um número de dança para os pais e bem no meio da performance, Patrick acaba extrapolando com o filho só por que ele não está executando os passos de dança corretamente e o obriga a repetir diversas vezes até o holandês dar um ataque.

Farto, Bjørn mesmo se cagando de medo dá uma aula sobre como ser pai á Patrick que não vê mal algum em seus métodos educacionais acabando com a noite de diversão ali mesmo.

Na hora de se preparar para ir para a cama, Bjørn estranha que Patrick urina no banheiro despreocupado enquanto ele escova seus dentes e não diz nada pois sua fralda já está cheia naquele momento.

Na sequencia, Bjørrn acaba ouvindo as escondidas Patrick dar uma dura sem tamanho em Abel o que o faz sair da cama para observar os amigos de perto.

Pouco depois, Bjørn caminha até encontrar uma casinha adjacente cheia de fotografias em seu interior além de várias câmeras espalhadas. Nas fotos vemos vários casais com crianças que possivelmente seriam turistas que Patrick e Karin conheceram em suas viagens pelo mundo e uma foto chama a atenção do dinamarquês, pois nela vemos um casal junto com Abel que esboça uma felicidade que ele nunca demonstrou até então. Nisso, a mente perturbada de Bjørn começa a ponderar a possibilidade de que aquele casal possa ser na verdade os verdadeiros pais de Abel, mas se é assim, onde eles estão? E por que Abel estaria vivendo com os holandeses se passando por filho deles? 

Ao voltar por onde veio, Bjørn tem a pior das surpresas ao encontrar o corpo do pequeno Abel sem vida na banheira e dando como certa sua teoria sobre a procedência do menino, o dinamarquês tira a família da cama e sem dar maiores explicações pega estrada com elas no meio do breu.

No meio do caminho, Bjørn percebe que um veículo está em sua cola e depois de despista-lo, a família acaba ficando sem combustível no carro e para piorar ainda mais a situação, eles também ficam sem sinal de celular no meio do nada o que os impossibilita de pedir por socorro para a polícia local.

Bjørn pede as garotas que fiquem no carro enquanto ele procura ajuda e ao sair, o pai de Agnes cruza um lago até chegar numa casa aparentemente vazia onde ninguém responde por seus gritos de socorro.

Ao voltar para o carro, Bjørn o encontra vazio e só encontra sua família no carro de Patrick sendo feitas Louise e Agnes como reféns.

Patrick ordena a Bjørn que entre no veículo para evitar que as garotas se machuquem e este o faz sem contestar.

Depois de um tempo rodando pela estrada, Patrick para o veículo de encontro com um outro cujos ocupantes levam Agnes com eles por ordem de Patrick.

Bjørn tenta impedir mas é agredido e do outro carro desce Muhajid, o babá das crianças que corta a língua de Agnes fora tal qual fez com Abel, quando o tirou de seus verdadeiros pais. Aquelas pessoas que até então se passaram por amigos do casal dinamarquês, na verdade são parte de uma organização de traficantes de crianças. Aquelas fotografias no quartinho adjacente a casa de campo são das vítimas anteriores e as câmeras idem.

Os malfeitores rodam com Bjørn e Louise mais um tempo até chegarem no deserto onde Patrick e Karin obrigam seus futuros ex-amigos a descerem do carro e quando o pai de Agnes pergunta o por que de toda esta loucura, o falso médico responde com um sonoro "por que vocês deixaram".

Depois, as vítimas são obrigadas a se despirem e a caminhar no frio da noite até finalmente serem mortos apedrejados numa cena angustiante.

O casal é abandonado sem vida sob uma música de partir o coração e na sequencia, o filme corta e temos um vislumbre de um casal de crianças se divertindo no verão na companhia de seus pais.

Nisso, se aproximam de carro Patrick, Karin e sua nova filha de faxada, a tímida Agnes! Vai começar tudo novamente, assim é o ciclo do tráfico humano...

A atmosfera do filme impacta e incomoda do início ao fim. A sensação que a gente tem é de que o filme vai rolar na maior tranquilidade no maior clima de amizade entre duas famílias com a garantia de ótimas recordações das férias. Mas a medida em que vamos descobrindo os podres da família holandesa a coisa vai ficando doentia até o intragável clímax.

O filme trata abertamente da crítica a passividade retratando a forma com que Bjørn opta por normalizar tudo o que não é normal para tocar a vida a diante devido a sua dificuldade de se impor. Inclusive, este comportamento passivo do pai de Agnes quando este se negou a abrir a porta do quarto para ela acaba dando uma certa justificada na atitude que Patrick tomou ao acolher a menina (ainda que de forma nada convencional) e este ainda joga a atitude negligente de Bjørn na cara do amigo deixando-o sem argumentos.

Não basta isso, Patrick ainda diz ao amigo que ele e sua mulher vão virar janta de urubus no final do filme por que eles eles deixaram que aquilo acontecesse, o que de fato é a mais pura verdade, por que se desde o início o casal de dinamarqueses tivesse se imposto e feito o que era certo teria se evitado a desgraça toda. Tipo quando Agnes supostamente perdeu seu coelhinho de pelúcia; Bjørn poderia ter dando um foda-se, voltando para a casa com a família sãos e salvos e ele poderia simplesmente ter comprado outra pelúcia igual para a menina, mas a passividade, a dificuldade de dizer não sempre fala mais alto no final.

A reviravolta que o filme tem quebra o telespectador com uma revelação totalmente fora das expectativas e o desenrolar da trama até o seu amargo fim é frenético, incômodo e é perturbadora a forma como o roteiro escolheu para finalizar com os dinamarqueses, cuja cena do apedrejamento é de dar um aperto no coração e a forma como o filme fecha deixando claro que o mal vai continuar triunfando e que os vilões seguem seu modus operandi tal qual como o filme começou no maior sangue frio é absurdo é revoltante.

Sem dúvida, Speak no evil foi uma das maiores surpresas de 2022 e a Blumhouse Studios não perdeu tempo e já adquiriu os direitos da obra para fazer um remake que está em produção e vai ganhar as telas já em 2024 com James McAvoy com seu nome confirmado e o nome do longa será o mesmo do original. Se vai dar certo, só o futuro vai dizer, mas eu mesmo não coloco minha mão no fogo.


Trailer:



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