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Aqui no nosso point você encontra resenhas, curiosidades, trailers e críticas dos mais variados subgêneros de filmes de terror de todos os tempos. Tudo muito bem explicado para poder atender á vocês da melhor forma possível. Antes de mais nada, estejam cientes que todas as nossas resenhas CONTÉM SPOILER! Por isso, desfrute do nosso conteúdo em sua totalidade por conta e risco. Minhas críticas não são especializadas, eu sou apenas um cinéfilo entusiasta e tudo que eu relato nos parágrafos referentes as resenhas é puramente minha opinião pessoal, por isso sintam-se a vontade para concordar ou discordar mas mantendo a compostura no campo dos comentários ao final da postagem da semana. O cronograma deste blog segue as postagens de sábado sem hora definida e este ciclo só é quebrado tendo mais de uma postagem na semana em caso muito especial como por exemplo lançamentos. Preparados? então, apaguem as luzes, preparem um balde enorme de pipoca, garanta seu refrigerante e bom divertimento!

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

O monstro que vive em mim / Appendage (2023)

 


O mês das bruxas nos brinda com um longa metragem diferente, criativo e cheio de metáforas que narra de forma pouco previsível o dia a dia atribulado de uma jovem estilista que carrega o mundo nas costas envolta a compromissos e um trauma do passado que acarretou a protagonista um quadro de ansiedade mesclado com neurose e depressão.

Até aí tudo bem, mas a coisa muda a partir do momento em que Hannah, a nossa mocinha acaba por desenvolver uma espécie de protuberância cancerígena em uma marca de nascença que a corrói por dentro se alimentando de suas energias negativas até finalmente se tornar uma espécie de tumor auto consciente que fala e interage com a protagonista a pressionando e manipulando com mentiras.

Claro que não fica só nisso. Lá pela metade da trama a coisa vira e se torna um terror com elementos de ficção científica (ainda que para muitos não pareça) que torna a narrativa ainda mais confusa o que acaba gerando ainda mais interesse do telespectador que não sabe o que esperar.

Tudo começa durante um almoço entre família, onde Hannah se sente incomodada com o ambiente frio onde tudo importa mais do que ela. Sua ansiedade para sair daquela tormenta é tanta que Hannah sente algo se mexendo em seu ventre.

O cotidiano de Hannah é muito movimentado e cheio de pressões no qual ela se divide entre seu trabalho como estilista para uma agência famosa cujo chefe é absolutamente criterioso e exigente e sua vida amorosa com seu namorado Kaelin, mas de início está tudo sob controle.

A coisa que se mexe no ventre de Hannah segue a fazendo sentir dores, mas ela se controla como pode para seguir sua vida em frente.

Em mais um dia decisivo durante a entrega de um vestido recém confeccionado, Hannah se sente pressionada pelo chefe e acaba sentindo dores novamente quando ela usa o banheiro.

A dor começa a se tornar uma espécie de deformidade que se forma sob uma marca de nascença junto ao apêndice, o que faz com que Hannah se sinta insegura ao ser tocada por Kaelin.

Mais tarde, a dor volta enquanto Hannah tenta desenhar uma nova peça de vestuário para a agência e desta vez a deformação acaba se tornando um rosto horrendo auto consciente que mal nasce e já chega jogando pressão para cima de sua hospedeira jogando seus fracassos sob suas costas o que faz Hannah desmaiar.

A deformação se solta e segue pressionando Hannah quando esta volta a si e ela resolve tentar focar no trabalho e fingir que nada está acontecendo de fato depois de esconder a coisa tagarela.

Em outro momento, Hannah vai ao hospital para que uma médica examine sua marca de nascença e esta constata que há a possibilidade de que a paciente seja uma quimera humana, ou seja, ela tem um DNA duplo que trocando em miúdos seria tal como um caso de hospedeiro e parasita.

Depois, Hannah vai a um barzinho beber com sua melhor amiga e colega de trabalho Ester para tentar esquecer sua experiência recente, coisa que a amiga tenta pautar, mas a pressão a faz voltar direto para casa exausta.

 De volta ao lar, Hannah descobre que a deformação conseguiu sair de seu cárcere e que ainda por cima se desenvolveu criando braços e pernas. A coisa volta a pressionar Hannah e ainda tenta convence-la de que Kaelin tem um caso com Ester. Fula, Hannah nocauteia a coisa e a esconde amarrada e amordaçada no porão.

Na sequencia, Hannah recebe um telefonema de sua mãe e sua ansiedade a faz desenvolver um tique em que ela atrita a unha em um dedo próximo até acabar de cortando. Ao desligar o telefone, Hannah recebe Kaelin e Ester o que a faz entrar em neurose pelo que a coisa disse e isso faz com que ela não dê atenção a dupla que vai embora em pouco tempo.

Hannah resolve pesquisar na internet sobre sua coisa tagarela e descobre que há uma mulher na cidade chamada Florense que tem este mesmo problema. Ao conhecer a tal mulher, Hannah é convidada para fazer terapia num galpão com outras pessoas que também são quimeras humanas.

Aliviada por não estar ficando louca, Hannah sugestiona ao grupo procurar ajuda médica, mas Steven que aparenta ser o líder diz que um membro que fazia parte do grupo tentou esta opção, e agora ele é cobaia numa pesquisa científica.

Steven explica que aquela coisa que saiu de dentro de Hannah é um apêndice que se alimenta da energia negativa dos seres humanos para se desenvolver e crescer. Não há forma de detê-lo no entanto, mas há uma espécie de sedativo desenvolvido pelo grupo que serve para o apêndice ficar neutralizado e assim não fazer o que ele sabe fazer de melhor: criar energia negativa através de palavras negativas.

Hannah recebe um suplemento de sedativos e faz amizade com Claudia que se apresenta como uma mulher divorciada que ganha a vida como professora no primário e que mantém seu apêndice cativo assim como todos.

De volta a casa, Hannah seda seu apêndice apesar deste dizer que quer ajudá-la e nisso, chega Kaelin de surpresa dizendo estar preocupado com o estado psicológico da namorada e ao citar Ester o rapaz assina um atestado de fim de discussão.

Os dias vãos e passando e apesar do apêndice estar neutralizado, Hannah segue na mesma o que a faz se distanciar de Kaelin e Ester, além de sua família.

Hannah bebe com Claudia e conta a ela sobre um acidente de carro ocorrido no passado no qual ela bateu seu veículo e como seu ânimo já não estava legal na época, a mãe da moça tomou aquilo como uma tentativa de suicídio (que Hannah nega), o que fez a mãe a vigiar a tal ponto que a relação das duas acabou se tornando insustentável.

Claudia se abre com a amiga e revela ser estéril, o que levou o marido a traí-la com outra e a abandonar o lar quando a amante engravidou, coisa que foi alertada a ela pelo seu apêndice.

Hannah resolve ouvir seu apêndice e mesmo um pouco loucão por conta do sedativo este diz a moça que Kaelin e Ester estão se apaixonando o que fará com que a hospedeira termine sozinha.

Hannah tenta sedar o apêndice mas percebe que a seringa está vazia dando a oportunidade para a coisa a atacar e passar por mais uma transformação nas sombras enquanto a moça desmaia.

Quando volta a si, Hannah percebe que o apêndice escapou das amarras e neste instante, a mãe dela liga cobrando um favor e leva um vácuo. Hannah liga as pressas para Claudia para informa-la do ocorrido.

Mais tarde, Hannah vai até a casa da mãe para entregar um bolo que ela estava devendo, mas ela passa mal e acaba vomitando em cima. A mãe acaba pautando o episódio da suposta tentativa de suicídio, fazendo com que Hannah dê o pinote e ligue para Claudia mais uma vez.

Chegando em casa, Hannah se deita para se recompor e o apêndice reaparece num formato quase humanoide abraçando sua hospedeira e a pressionando ainda mais com mentiras. Aproveitando-se da fragilidade de Hanhah, o apêndice suga suas energias negativas através de sua enorme língua fazendo-a desmaiar até que Claudia chega.

Quando volta a si, Hannah descobre que o apêndice evoluiu novamente e agora está quase idêntica a ela a não ser pelos olhos completamente azuis que ela cobre com lentes de contato.

Claudia se revela como o apêndice evoluído da verdadeira Claudia e que foi ela quem esvaziou a seringa de sedativo.

Hannah é mantida presa e sedada no porão enquanto seu clone toma seu celular e começa a viver sua vida na maior putaria com a falsa Claudia. A clone manda uma mensagem de texto para Kaelin para confundi-lo.

Enquanto isso, Ester resolve visitar Hannah e acaba ouvindo um barulho vindo do porão. Nisso, chegam as clones que a recebem e tentam enrola-la, mas Ester liga para Kaelin para alerta-lo que há algo estranho com a amiga, mas o rapaz lava as mãos.

No dia seguinte, a clone de Hannah entrega ao chefe dela um vestido gótico confeccionado por ela e o modelito é aceito na próxima temporada.

Ester observa os trejeitos e o comportamento da falsa Hannah e esta vai a reunião com o grupo de terapia onde Steven os outros também se revelam apêndices e eles dão as boas vindas a novata.

Steven mostra aos amigos um refém chamado Emmett que ele usa como recarga de energia negativa através de um método de parasitismo que ele desenvolveu para sua espécie poder se manter quando o hospedeiro original morrer.

Ester descobre a verdadeira Hannah amarrada e invade o porão a livrando de lá ainda desmaiada.

Hannah acorda no hospital ao lado de Ester e ela pede desculpas a amiga por ter dado ouvidos a sua ''imaginação'' que a fez acreditar na traição que ela estaria sofrendo com Kaelin.

A clone enquanto isso, visita Kaelin e o leva para o coito. Um tempo depois, a clone percebe que um de seus dentes começou a cair e ela liga para a falsa Claudia que a hospedeira está ganhando energia positiva, o que faz a parasita enfraquecer.

A verdadeira Hannah sente que a clone está passando por uma mudança e deduz que Kaelin está em perigo, o que a faz se dar alta do hospital na hora.

Um tempo depois, a clone se aproveita que Kaelin está vulnerável e o nocauteia enquanto Hannah invade a casa por um duto de ar.

Claudia acaba descobrindo a invasão e a espanca para poder seda-la, mas Ester arromba a porta e acerta a clone nocauteando-a.

Hannah e Ester invadem o quarto de Kaelin que está sendo drenado pela clone e sem perda de tempo a namorada corta a língua da clone que tenta o velho jogo da pressão psicológica.

Nisso, Hannah diz que irá cuidar de seu clone e a beija (não me perguntem) neutralizando-a.

A clone de Claudia começa a perder energia e os sentidos.

Tempos depois, Hannah tenta seguir em frente aparentemente feliz com a vida tendo sucesso nos negócios, frequentando a terapia e levando uma vida um pouco mais saudável com os pais.

Um certo momento, por descuido Hannah fura o dedo e na sequência vai ao porão que virou um tipo de santuário para relaxar, meditar e sentir o odor dos incensos.

Lá, o apêndice de Hannah que voltou ao estágio embrionário é mantido como um bebê com direito a uma manta quentinha, chupeta e o acalento da hospedeira que o alimenta com energia positiva.

É um final deveras confuso e inusitado para um filme tão estranho quanto imprevisível se você apenas desligar e curtir, mas se você observar com um olhar mais clínico e levar tudo pelo lado metafórico da coisa, pois como eu disse lá em cima, este longa é todo metáfora!

Pois bem, o que eu digeri disso tudo e que o apêndice num ponto de vista realista é a representação do subconsciente de Hannah, que as duas são uma só. Para simplificar, o apêndice reage com a carga de energia negativa que a Hannah absorve ao ouvir palavras duras de pessoas próximas.

Para quem já teve ou conhece quem sofre de depressão (e obviamente ansiedade e crises de pânico) é mais fácil digerir que o apêndice é aquela coisinha que fica na cabeça da pessoa enferma direcionando toda energia negativa para dentro da cabeça fazendo-a alucinar com situações que não existem e a jogando para baixo convencendo a pessoa de que ela tem M defeitos, o que claramente casa com o que acontece com Hannah: além da pressão no trabalho, a relação distante com os pais por conta de sua suposta tentativa de suicídio no passado ainda tem a relação com o namorado que a maldita da coisa ruim que insiste em destruir para se fortalecer.

No final, Hannah pelo que eu pude entender, resolveu buscar um equilíbrio e uma coexistência com sua outra metade através de tratamentos terapêuticos e relaxamento mental, por que ela chegou a um consenso de que não adianta tentar fugir daquilo que está dentro dela e nem ao menos mata-lo sem que ela pereça junto no processo já que ambos querendo ou não estão ligados, então a solução foi usar da mesma arma que o apêndice, ou seja, enquanto ele produzia energia negativa em Hannah com suas mentiras para depois se alimentar e crescer, Hannah está produzindo energia positiva e alimentando a coisa ruim com a mesma para que ela não cresça.

Isso é meio que um puxão de orelha subliminar nos portadores de depressão? Acredito que sim, mas eu não sou psiquiatra então o questionamento fica a critério de cada um.

No mais, falando agora da parte técnica do filme (antes que vocês acabem dormindo), eu tenho muito a elogiar. O enredo amarra pela sua imprevisibilidade e vai tomando forma saindo de um terror com um teor psicológico para algo mais ficção cientifica introduzindo clones e apêndices vivos que falam.

Aliás, visualmente falando os efeitos gráficos do apêndice em seus primeiros estágios são excelentes e a maquiagem do mesmo em seu estágio semi final ficou fenomenal e perturbador assim como toda a atmosfera que o filme proporciona.

Apesar da falta de gore e da pouca violência o filme ganha muito com uma direção competente, as atuações são muito boas e não pecam em nada e o desenvolvimento é muito bem fluído sem cansar o telespectador em momento algum, muito pelo contrário, eu mesmo só me senti instigado a desbravar o longa até o seu estranho final.

E só como curiosidade (um tanto obvia, eu sei), o título original Appendage numa tradução ao pé da letra é "apêndice" e o nome que o filme recebeu em terras tupiniquim aqui entre nós casou muito bem e chamou a atenção bem mais do que faria se tivessem mantido a tradução do original.


Trailer:


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